𝑳𝑬𝑵𝑨 𝑳𝑼𝑻𝑯𝑶𝑹 — 𝒊𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆

A bandeja de papel reforçado se equilibrava cuidadosamente em minhas mãos, fazendo-me tomar o máximo de cuidado para que algum desastre não acontecesse e os dois cafés que continham dentro da superficie não caissem e se perdessem em meio ao chão que, pelo brilho que possuia, havia sido limpado a poucas horas. Me esquivei das pessoas que insistiam em conversar comigo, e, mais rapido do que eu esperava, estava no elevador, sentindo o cheiro de desinfetante que circulava por todo o ar da pequena caixa metalica. Parei no ultimo andar e sai apressada em direcão a ultima sala do corredor. Lena provalvelmente estava trabalhando, ocupada demais para sequer poder largar seus papeis e ficar comigo, porem, o simples fato de poder ve-la já valia os poucos minutos que teriamos juntas.

Abri a porta de seu escritorio e, para a minha surpresa, a sala estava escura, sendo clareada apenas por velas que se espalhavam por todo o comodo. Flores vermelhas estavam jogadas por cada movel e pelo chão do lugar, o aroma preenchia o ambiente, me fazendo inspirar o cheiro contagiante antes de virar confusa para a mesa em que Lena estava sentada, me olhando, com um sorriso gigante nos labios. Ela se levantou, andando em minha direção, para então passar por mim e fechar a porta de sua sala.

Ainda estava em choque diante de como sua sala se encontrava. Antes que pudesse questiona-la sobre isso, senti suas mãos passarem por minha cintura e seus lábios beijarem meu pescoço de forma delicada e calma, fazendo os pelos de meu corpo se arrepiarem diante de seu toque quente em minha pele. Lena pegou a bandeja com a comida que era destinada a ela e colocou na mesa de centro, para então me virar e ficar cara a cara comigo. Ela sorriu assim que olhou em meus olhos, um sorriso tão verdadeiro quanto o brilho que estampava-se em suas íris . Pela forma que me olhava, senti como se houvesse dias que não nos víamos ao invés de poucas horas.

— Você está linda, meu amor — Ela me disse logo apos beijar minha bochecha e traçar um caminho de caricias pelo meu pescoço. — Eu senti sua falta.

— Faz apenas algumas horas que nos vimos, Lena.

— Eu sei, mas isso é o suficiente para me levar a loucura. — Ela passou seus dedos gélidos pelo meu braço, traçando um caminho com eles até chegar em minha mão, onde entrelaçou-a nas suas, e apertou, antes de leva-la até os lábios e deixar um beijo nas costas. — Eu te amo. —  Ela sussurrara, ainda com sua boca roçando com a palma de minha mão.

— O que é tudo isso? — Olhei em volta de sua sala, confusa, porem ao mesmo tempo encantada com a situação em que o comodo se encontrava. Lena espalhou por todo seu escritório velas, pétalas de rosas e buques de diferentes flores vermelhas. Na mesa no centro da sala, os documentos e computadores já não se amontoavam pela superfície, apenas duas taças de vidro acompanhadas de um vinho.

— Decidi fazer isso quando minha secretaria disse que você viria aqui hoje a tarde — Ela dissera, como se não fosse nada demais. Deixei de observar tudo para olha-la. Lena me encarava, como se diante de seus olhos a joia mais preciosa estivesse exposta. Um sorriso timido crescia em seus labios e ela abaixara o olhar, para depois voltar a me encarar, dessa vez quebrando a barreira que nos separávamos e me puxando para mais perto de seu corpo.

— Por que fez isso?

— Eu estava passando muito tempo no trabalho e não estava priorizando você. — Ela falara, com o queixo apoiado na minha cabeça enquanto eu a abraçava. — Quero lhe mostrar que nada mais importa pra mim nesse mundo além de você. Quero lhe provar que meu tempo livre só é gasto corretamente quando ele é passado com você. — Sua mão esquerda acariciava meus cabelos, enquanto a outra estava depositada sobre minhas costas. Eu tinha meus braços em volta de sua cintura, e a apertava tão forte que temi machuca-la. Eu queria te-la daquela forma pra sempre, sentir seu coração batendo e seu corpo quente encaixado em volta do meu.

— Eu sei de tudo isso. Não precisava.

— Precisava sim, pois quero que entenda o que eu sinto. Não demonstro meus sentimentos por você com frequência que me peguei pensando se você realmente sabe o quão forte eles são. Cada vez que meu coração bate, é por que eu estou pensando em você, pois apenas você é o motivo pelo qual eu vivo. Eu te amo mais do que as palavras são capazes de explicar e os olhos podem transmitir. Me apaixonei por você porque me fez rir quando eu só queria chorar. —  Ela me encarou, pôs ambas as mãos de cada lado do meu rosto e me fez olha-la. Diante da claridade das velas no comodo, pude ver o brilho incomum e hipnotizante que ganhavam vida em seus olhos. Ela me fitava como se houvesse acabado de descobrir uma nova galaxia. Ela me fazia crer que eu merecia todo o universo quando na verdade so precisava de um estrela que já estava brilhando a minha frente. — Eu me apaixono mais por você cada vez que olho em suas iris, elas são como café, me despertam e fazem uma energia eletrizante percorrer as minhas veias. É no escuro de seus olhos que eu encontro a minha luz.

Lagrimas corriam por meu rosto e so percebi que estava chorando quando os dedos de Lena passaram a tentar enxuga-las desesperadamente. Eu sorri. Não conseguia falar nada, então so tentei respirar e fazer com que o choro se cessasse. Lena pegou o meu queixo e o levantou, fazendo-me fita-la.

— Eu a amo. E espero que me deixe ama-la pelo resto da minha vida. — então ela me beijou, gentil como uma pétala de flor e tão carinhosa que me fizera perguntar-me se ela era real, ou apenas um sonho que um dia se dissiparia.

— Tambem te amo. — Eu pude dizer quando o beijo se cessara. Sua testa estava colada a minha, permitindo-me sentir sua respiração bem proxima do meu rosto e seu cheiro doce inundar minhas narinas. — E não so deixo como anseio que me ame e que me permita ama-la até que o que nos separe seja a morte.