
𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟑𝟒)
Morrer jovem é uma tragédia que o tempo insiste em repetir. O que restam são memórias não vividas, sonhos despedaçados, amores interrompidos. Para alguns, no entanto, a morte não é o fim, mas o início de algo interminável. A eternidade chega com o peso do que não se concluiu, como uma ironia cruel de continuar a existir, sem nunca realmente viver. Morrer jovem, e viver para sempre... Essa é a verdadeira maldição.
Natalie abriu os olhos devagar, ainda presa entre a vida e o desconhecido. O frio tomou conta de seus ossos, mas ela não tremia. Havia algo diferente no ar, e muito errado. Ela não sabia onde estava, mas sentia a presença do inferno ao seu redor, o cheiro metálico do sangue e a sensação de caos tão familiar que chegava a ser reconfortante. As lembranças voltavam em flashes desconexos — Sebastian, o sacrifício, o som de quando o metal penetrou sua carne, o gosto da morte impregnado na língua. Ela se lembrava da dor, da escuridão tomando conta, do seu corpo caindo.
Ela havia morrido.
Não havia mais dúvidas.
Agora, ao seu redor, tudo estava quieto. Ruínas antigas se estendiam à sua volta, pedras quebradas e musgo cobrindo o que um dia poderia ter sido um templo ou uma fortaleza. Ela estava no inferno ainda? Com certeza, e aquela era outra parte dele. Natalie levantou-se, sentindo a força que emanava de seu próprio corpo. Aquela sensação nova... Era diferente. Seu coração estava parado, e mesmo assim, havia algo queimar dentro dela. Algo que era... poder. "O que eu fiz?" ela murmurou, os olhos se arregalando enquanto flashes de sua última ação a atingiam com força. Esfaquear a si mesma. Entregar-se como sacrifício. Tudo o que ela havia tentado evitar, toda a luta e dor para nada. Antes que pudesse tentar entender mais, uma presença começou a tomar forma. Uma figura se destacava em meio às ruínas. Ela era alta, e inegavelmente bela. Sua pele era quente, os cabelos longos e negros caindo em ondas perfeitas, e seus olhos brilhavam com uma luz antiga, algo que transcendeu o tempo.
— Finalmente despertou — a mulher falou, sua voz suave e ao mesmo tempo carregada de um poder impossível de ignorar.
Natalie prendeu a respiração. Ela não precisava perguntar quem era. A sensação fria, o arrepio correndo pela espinha, a certeza de que aquela figura dominava mais do que apenas aquele espaço. Lilith estava diante dela. Natalie sentiu o peso da presença dela e, com o coração parado em seu peito, a pergunta escapou de seus lábios antes que pudesse controlá-la.
— O que vai ser de mim? — A voz dela soou baixa, quase um sussurro no silêncio aterrorizante daquele lugar. — Fui o sacrifício de Sebastian para você, não fui?
Lilith sorriu de uma forma que parecia carregar toda a malícia do mundo, um sorriso que fez o estômago de Natalie revirar. Enquanto os olhos da humana corriam pelo ambiente, ela notou algo se mexendo nas sombras. Serpentes, perigosas e sinuosas, estavam enroscadas nos pilares solitários, observando cada movimento com olhos brilhantes e frios. O ar ao redor delas parecia pesado.
Lilith se aproximou com a graça de uma predadora, sua voz soando como um veneno doce.
— Ah, sim, Sebastian cumpriu metade do que lhe foi pedido. Ele foi obediente até o fim, como qualquer tolo que se acha esperto demais. — Ela deu uma pausa, apreciando o impacto de suas palavras. — Mas ele cometeu um erro fatal, minha querida, não fez o sacrifício na lua de sangue como pedi. E por fim, ele morreu, e isso significa que, mesmo que você tenha se oferecido como sacrifício, foi tarde demais.
Natalie piscou, tentando processar o que aquilo significava. A confusão a tomou, mas logo a raiva subiu à superfície, uma raiva que queimava dentro dela como um fogo que se recusava a apagar.
— E as garotas mortas? E onde Sebastian foi parar?
— Todos foram consumidos pelas chamas infernais, algo que vai além do meu poder.
— No fundo você não estava interessada em conceder o pedido a Sebastian, não era? Por isso pediu para que a Lottie chegasse até ele antes. Você o enganou e usou a Charlotte.
Lilith soltou uma risada suave, quase divertida, enquanto suas mãos delicadamente percorriam o ar, como se estivesse desenhando uma trama invisível.
— Oh, minha querida, todos são enganados, de uma forma ou de outra. — Ela lançou um olhar felino para Natalie, seus olhos brilhando com uma diversão cruel. — É por isso que todos deveriam ler as letras miúdas do contrato. Não é mesmo?
— Sempre foi um jogo para você.
— Nunca jogue com o demônio, principalmente comigo. Eu sempre ganho.
— E o que será de mim agora? — A pergunta foi feita quase sem esperança. Havia uma ansiedade em seu peito, um medo profundo de estar presa para sempre naquele ciclo infernal.
Lilith inclinou a cabeça, seus olhos avaliando Natalie com um interesse renovado. Ela deu mais um passo à frente, e sua voz, desta vez, saiu suave, como uma promessa envenenada.
— O que será de você? — Ela repetiu lentamente, quase saboreando as palavras. — Ah, minha criança, você voltará... como vampira. Como minha filha.
Natalie sentiu o ar escapar de seus pulmões, mas antes que pudesse questionar, Lilith continuou.
— Sem o conhecimento de Sebastian, você ingeriu o sangue dele. No momento em que ele morreu, o ritual se completou de uma forma diferente. Agora, você terá uma eternidade para entender as verdadeiras consequências de suas escolhas.
As palavras de Lilith ecoaram na mente de Natalie. Ela estava presa em um destino do qual não poderia escapar, transformada pela própria tragédia em algo que nunca desejou ser. Natalie sentiu o choque da revelação como uma bofetada, mas uma nova dúvida surgiu em sua mente, uma que queimava tão profundamente quanto o horror de sua transformação iminente. Ela olhou para Lilith, sua voz trêmula com a incerteza do que vinha a seguir.
— E o coração da Charlotte? — Natalie perguntou, sua mente voltando ao que Charlotte havia contado sobre o sacrifício necessário para que ela pudesse voltar e matar Sebastian. — O que você pegou dela para permitir que voltasse à terra, quero ele de volta. Agora!
Lilith parou, o sorriso malicioso crescendo em seu rosto como uma sombra, e ela balançou a cabeça lentamente, quase com pena.
— Ah, Natalie... você não entendeu nada, não é? — A voz dela estava carregada de uma doçura venenosa. — O coração de Charlotte sempre esteve com ela. Mas não da forma que vocês pensavam.
Natalie franziu o cenho, sua mente lutando para acompanhar o que Lilith dizia. O demônio deu mais um passo à frente, seus olhos fixos nos de Natalie com uma intensidade predatória.
— O coração de Charlotte... sempre foi você, Natalie. — A revelação saiu como um sussurro carregado de poder. — Ela só conseguiu voltar à Terra porque o coração dela, você, ainda estava pulsando. Vocês duas estão ligadas de uma forma que nem Sebastian jamais imaginou. Quando você retornar, quando aceitar sua nova natureza, o coração de Charlotte voltará a bater. Porque, no fim, foi você quem a trouxe de volta. Você que a salvou dela mesma.
Natalie recuou, as palavras de Lilith a derrubando mentalmente. Ela? O coração de Charlotte? Como isso poderia fazer sentindo? Ela tentou entender, mas tudo parecia tão distorcido, tão cruelmente irônico. A mulher que ela amava, que lutou até o fim para derrotar Sebastian, estava ligada a ela de uma maneira que desafiava qualquer compreensão. E agora, tudo que Charlotte representava dependia da sua transformação. Antes que Natalie pudesse questionar mais, Lilith riu suavemente, como se saboreasse o tormento da garota. Seus olhos brilharam com um misto de admiração e crueldade.
— Todos vocês chegaram até aqui por mérito, sabia? — Lilith disse, quase com uma pontada de orgulho no tom. — Vocês enfrentaram cada obstáculo com uma coragem que poucos teriam. Até os meus cães infernais, que foram enviados para parar Charlotte, não conseguiram impedi-los. Vocês impressionaram até a mim, e isso é algo que não digo com frequência.
Natalie ficou confusa, piscando para tentar processar as palavras de Lilith.
— Cães infernais? — A mente de Natalie tentava conectar os pontos.
Lilith inclinou a cabeça com um sorriso astuto
— Meus bichinhos. — Lilith respondeu, a voz dançando entre sarcasmo e admiração genuína. — Eu os mandei como um teste, para ver se seus amigos realmente tinham a força necessária para enfrentar o que estava por vir. — Ela riu baixinho. — E devo dizer, eles me surpreenderam. Poucos são tão ousados a ponto de desafiar a própria morte e ainda saírem vitoriosos. Você também se saiu bem, de certa forma.
Natalie sentiu uma onda de confusão e raiva crescendo dentro dela. Tudo parecia uma grande farsa orquestrada por Lilith, cada passo cuidadosamente manipulado. E agora, ela sabia que havia sido uma peça essencial naquele jogo macabro.
— Então... tudo isso, todo o sofrimento... era só uma diversão para você? — Natalie balançou a cabeça, incredulidade pintando cada palavra. — O que quer que eu faça agora? Que papel eu cumpro nesse seu plano?
Lilith se aproximou, seu olhar afiado perfurando Natalie como uma faca.
— Você já cumpriu seu papel, Natalie. — Ela sorriu de forma enigmática. — Agora, o que resta é aceitar sua nova vida... ou, devo dizer, sua nova eternidade. Sua alma eu já tenho, e em troca, vou lhe dá a vida eterna.
Lilith estendeu a mão e fez surgir uma taça delicada e escura, como se moldada a partir das trevas. O líquido espesso dentro dela brilhava com um vermelho profundo, hipnotizante, e o cheiro que emanava fez os instintos de Natalie despertarem de forma feroz. A garota sentiu a sede, uma fome desesperadora, diferente de qualquer outra que já havia sentido. Seu corpo agora, entre o limiar da vida e da morte, implorava por aquilo.
— Beba. — Lilith disse suavemente, sua voz sedutora como uma melodia perigosa. — Esse é o último passo para sua transição. O sangue. O meu sangue. Aceite sua nova natureza e finalize o que começou.
Natalie hesitou, seu olhar alternando entre a taça e o rosto enigmático de Lilith. Ela podia sentir sua humanidade escorregando por entre seus dedos, o medo de se entregar completamente a essa nova vida apertando seu coração. Mas ao mesmo tempo, aquela sede... era insuportável. Cada segundo que passava a atraía para o sangue, como uma mariposa para a chama. Suas mãos tremiam quando finalmente pegou a taça, seus lábios se separando quase sem que percebesse. Quando o primeiro gole tocou sua língua, um calor profundo tomou conta de seu corpo. O gosto era indescritível, misturado com algo primal, uma energia que fazia cada célula sua vibrar. Ela bebeu, sem parar, até que o último vestígio daquele sangue desapareceu. Um novo poder se agitava em suas veias, e a transição foi completada ali, no inferno.
— Como... — Natalie murmurou, ainda atordoada com a sensação que tomava conta dela. — Como vamos sair daqui?
Lilith a observou a com um olhar satisfeito e deu de ombros com uma elegância cruel.
— Da mesma forma que chegaram. Pelo caminho e pelas escadas. — A voz dela era suave, quase como se estivesse explicando algo trivial. — Mas lembre-se, o que pertence a mim... não passará pelos portões.
Natalie franziu o cenho, confusa com as palavras de Lilith.
— O que isso quer dizer? O que você quer dizer com "pertence a você"?
Antes que ela pudesse questionar mais, a visão de Lilith começou a desaparecer, e o cenário sombrio ao seu redor se esvaiu, como se estivesse sendo arrancada de um sonho.
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Quando Natalie abriu os olhos, sentiu a respiração pesada e seu corpo ainda sensível, mas vivo de uma forma nova. Ela encarou o céu escuro acima de si e, ao mover-se, percebeu que não estava mais sozinha. Três figuras pairavam sobre ela, seus rostos tensos, esperando por qualquer sinal de que Natalie realmente tivesse voltado. Natalie piscou lentamente, tentando ajustar-se à nova realidade. O cheiro metálico do sangue estava mais intenso do que nunca, os sons ao redor mais nítidos, e seu corpo, mais forte. Mas antes que pudesse processar o que havia acontecido, seus olhos focaram em Charlotte, que estava ao seu lado, ajoelhada. Seu rosto estava vermelho pelas lágrimas de sangue que manchava suas bochechas, como se ela tivesse chorado por horas ou dias.
— Você está péssima e... essa jaqueta é minha? — Sua voz era um sussurro, ecoando no ar pesado do lugar.
Charlotte soluçou de alívio ao ver Natalie se mexer, e lágrimas novas começaram a escorrer por seu rosto já marcado. Ela estendeu a mão, tocando o braço de Natalie com gentileza, como se precisasse se certificar de que ela estava realmente ali, viva, ou pelo menos, algo próximo disso.
— Natalie... — a voz de Charlotte saiu como um sussurro frágil, carregado de uma emoção que ela tentava conter. — Você voltou... Como...? Foi Lilith que trouxe você de volta?
Natalie sentiu um aperto profundo no peito, não pelo fato de estar viva ou morta, mas pela intensidade quase sufocante da ligação que tinha com Charlotte. Seu novo corpo estava tomado por sensações ainda mais aguçadas, e ao piscar os olhos, percebeu que as lágrimas, presas em sua garganta, não caíam mais. Tudo era mais acentuado, mais brutal.
— Eu... morri com sangue de vampiro no corpo... — Natalie tentou explicar, a confusão em sua voz refletindo o turbilhão em sua mente. A realidade parecia distorcida e ao mesmo tempo intensa demais. Charlotte franziu o cenho, surpresa com a revelação.
— Isso te torna uma vampira, Natalie. — Charlotte murmurou, sua voz hesitante, como se ainda lutasse para aceitar aquilo. — Você é uma de nós agora...
Havia um temor subentendido em cada palavra, um medo que Natalie reconheceu nos olhos de Charlotte. Ela sabia que a transformação não era algo que Charlotte desejava para ela, mas o que importava naquele momento era que, de algum modo, Natalie estava ali, e para sempre.
— Foi o sangue de outra vampira? — Greg perguntou, a curiosidade misturada à preocupação.
Natalie balançou a cabeça lentamente.
— Na verdade, achei um frasco de sangue nas coisas do Sebastian e... bebi. — Ela falou em voz baixa, a percepção de seu ato a atingindo com força. A estupidez do que havia feito parecia clara agora, mas ao mesmo tempo, aquilo a trouxera de volta. — O sangue era dele... do Sebastian.
Charlotte arregalou os olhos, surpresa, e Greg ficou visivelmente confuso. Mas foi Cynara quem quebrou o silêncio com uma risada curta e sarcástica, cruzando os braços com uma expressão de desprezo.
— É claro. Meu irmão guardava o próprio sangue para seus experimentos patéticos, sempre tão dramático. — Cynara disse, revirando os olhos, como se aquilo fosse a coisa mais previsível do mundo. — Sebastian nunca soube fazer as coisas de modo simples.
Charlotte suspirou, ainda absorvendo tudo aquilo, enquanto Natalie, sentindo-se uma peça de algo muito maior, apenas observava, o peso da eternidade começando a se instalar em seu peito. A nova vampira respirou fundo, os sentidos novos e afiados a deixando ainda mais atordoada. Seus olhos então se voltaram para a terceira pessoa que estava ali. Uma garota. Seu olhar curioso fixou-se na desconhecida, e a pergunta escapou antes que pudesse contê-la.
— Quem é... ela? — A confusão na voz de Natalie era evidente, os olhos fixos na figura desconhecida.
Charlotte lançou um olhar para a garota ao lado delas, cuja expressão permanecia indecifrável, um misto de frieza e indiferença.
— Cynara — disse Charlotte, com a voz seca, ainda sem desviar os olhos. — Lily nunca existiu. Era um disfarce o tempo todo. Cynara é a irmã de Sebastian. Ela nos ajudou, então acredito que podemos confiar nela... agora. Nada de matar a vadia, certo?
— Eu ainda estou aqui, Charlotte. — Cynara retrucou entre dentes, com um leve toque de irritação.
Natalie franziu o cenho. A imagem de Lily ainda dançava em sua mente, e a desconfiança que sentia desde o início agora fazia sentido. Havia algo de profundamente errado em tudo o que ela acreditou sobre aquela mulher. Mas o fato de Sebastian ter uma irmã não era o que a perturbava. Era saber que, o tempo todo, ela esteve lado a lado com uma vampira original.
— Você... nos enganou... — murmurou Natalie, a voz vacilando, enquanto a verdade se assentava em seu peito.
— Você vai superar, querida. — Cynara replicou, lançando um olhar rápido ao redor, como se já estivesse ansiosa para seguir em frente.
Charlotte apertou a mão de Natalie com mais firmeza, tentando transmitir conforto.
— Acho que nada mais disso importa agora. — Charlotte disse com um suspiro, sua voz suave, mas resoluta. — Você está aqui, Natalie. Nós estamos juntas. E Sebastian está morto.
Havia um alívio nas palavras de Charlotte, mas também uma sombra de algo ainda não resolvido. O silêncio pairou no ar por um instante antes que Charlotte voltasse a falar, dessa vez com uma urgência diferente.
— Precisamos encontrar Lilith... recuperar meu coração — Charlotte murmurou, mas antes que pudesse continuar, Natalie a interrompeu, segurando sua mão com força.
— Não precisamos fazer isso — disse Natalie, a intensidade em sua voz vibrando como uma confissão.
Sem esperar por uma resposta, ela puxou Charlotte para um beijo urgente. O toque de seus lábios era molhado, desesperado, carregado de desejo e de todas as palavras que elas ainda não podiam dizer. A força daquele gesto falava mais que mil promessas jamais poderiam. Era uma fusão de tudo que havia sido negado até aquele momento. Charlotte sentiu algo mudar dentro dela. Aquele vazio constante que ocupava o espaço em seu peito começou a ser preenchido, como se algo perdido estivesse voltando para o lugar certo. As batidas surgiram lentamente, reverberando em seu corpo, cada uma mais forte que a anterior. Natalie sentiu o mesmo, como se estivesse ligada a Charlotte em um nível mais profundo do que jamais imaginara. Charlotte quebrou o beijo, ofegante, e olhou para baixo, para o decote de sua blusa. Seus olhos se arregalaram ao perceber que a cicatriz em seu peito, o símbolo de seu coração ausente, havia sumido. Com a respiração entrecortada, ela colocou a mão sobre o lugar onde agora sentia as batidas firmes de seu coração.
— Meu coração... — Charlotte sussurrou, incrédula, enquanto seus olhos encontravam os de Natalie. — Está de volta.
— Sim, está. — Natalie acenou, puxando-a para um beijo outra vez. — E nunca mais vai te deixar.
Greg se afastou, dando privacidade ao casal, o rosto impassível enquanto Charlotte e Natalie se envolviam naquele beijo desesperado, como se o mundo ao redor delas não existisse mais. Ele já tinha visto amor florescer em meio ao caos, mas havia algo de brutalmente honesto naquela cena. Ele não sabia se era o inferno que tornava tudo mais intenso ou se era a profundidade daquela conexão, mas não conseguia desviar o olhar.
— E elas viveram felizes para sempre. — Cynara quebrou o silêncio ao seu lado, com uma pitada de sarcasmo amargo. Seus olhos também estavam presos à cena, mas diferente de Greg, ela não parecia tocada pelo amor ali. Havia uma melancolia contida na vampira, algo que não admitiria facilmente.
— E você? Não pediu algo a Lilith? — Greg perguntou, os olhos ainda fixos nas duas.
Cynara deu um pequeno riso seco, balançando a cabeça.
— Sim, e espero que ela me atenda, já que fiz tudo que ela me pediu. — Ela virou o rosto, cruzando os braços, o olhar perdido no cenário infernal ao redor.
Greg não respondeu, mas sentiu algo semelhante em seu peito. Seu destino, assim como o de Cynara, parecia incerto. Eles não pertenciam àquela cena de amor e redenção. Não da mesma forma. Enquanto Charlotte e Natalie recuperavam algo que perderam, ele e Cynara permaneciam à deriva, presos em seus próprios conflitos internos, sentindo que algo dentro deles também precisava de cura.
Mas o inferno não oferecia redenção fácil. E eles sabiam disso.
Natalie olhou ao redor, enquanto puxava a namorada pela mão para perto dos outros vampiros. O inferno ainda pulsando à sua volta como uma entidade viva e ameaçadora. O desejo de sair daquele lugar, de finalmente escapar, apertava em seu peito.
— Temos que sair daqui — disse ela, decidida, com os olhos fixos na estrada tortuosa que se erguiam ao longe.
Cynara cruzou os braços, franzindo o cenho.
— Eu não vou com vocês — ela disse, sua voz firme, mas sem hostilidade. — Ainda tenho algo a fazer aqui. Preciso encontrar Lilith. Ainda quero minha namorada de volta.
Natalie encarou a vampira por um instante, surpresa pela determinação em seu olhar. Assim como Charlotte e Greg a encararam. Mesmo após tudo, Cynara ainda estava disposta a lutar por Isotta, para ela as coisas ainda não haviam terminado. Charlotte se aproximou, trocando um olhar silencioso com Cynara. Havia uma compreensão mútua ali, uma aceitação de que os caminhos delas se separariam naquele momento.
— Então... boa sorte, eu é que não fico aqui por mais nenhum minuto. — Charlotte disse, com um suspiro cansado, mas sincero.
Cynara apenas deu de ombros, mas seus olhos suavizaram por um breve segundo.
— Não se preocupem. O inferno é mais minha casa que a de vocês.
Natalie acenou em silêncio, sabendo que não haveria argumentos que mudariam a decisão de Cynara, assim como ela não queria perde mais tempo ali. Com isso, o trio se despediu da melhor forma: um gesto simples de cabeça. Começaram a se mover, deixando Cynara para trás. Natalie encarou o horizonte infernal, sentindo cada fibra de seu corpo desejando sair daquele lugar sombrio. O instinto de sobrevivência pulsava forte em suas veias recém-transformadas, mas algo ainda estava errado.
Quando ela e Charlotte se aproximaram dos portões, o alívio foi cortado abruptamente quando perceberam que Greg não as acompanhava. Ele estava parado, a poucos metros de distância, o rosto sério e uma resignação que ela não compreendia.
— Greg, o que está fazendo? — Natalie perguntou.
Ele respirou fundo, os ombros tensos como se carregassem o peso de uma decisão inevitável.
— Eu fiz um trato com Lilith — ele disse, sem rodeios. — Eu não posso ir com vocês. Tenho que ficar... por toda a eternidade.
— Isso é uma piada, certo? Qual a parte que não se faz acordos com Lilith você não entendeu nessa historia toda? — Charlotte, ainda ao lado de Natalie, franziu o cenho em choque.
— Eu sabia das consequências, Charlotte. Sabia o que estava fazendo. E eu precisava ajudar a Natalie. Foi... uma escolha. — Greg deu um pequeno sorriso, cansado, e balançou a cabeça.
Natalie sentiu um nó apertar em seu estômago.
— Não pode ser. Não faz sentido. — Ela balançou a cabeça, dando um passo em direção a ele, mas Greg permaneceu firme. — Você pode vir conosco. Vamos dar um jeito nisso. Sempre há um jeito...
Ele suspirou, os olhos suaves, mas com uma certeza inabalável.
— Trato é trato, Nat. E agora que vocês estão livres, eu vou cumprir a minha parte. Mas, se houver uma chance de sair daqui, eu vou tentar. Prometo.
O silêncio que caiu entre eles era pesado, carregado de emoções não ditas. Charlotte mordeu o lábio, como se quisesse protestar, mas sabia que Greg estava decidido, acima de tudo endividado. Isso também respondia às perguntas que ela se questionava em silêncio. Greg soube facilmente da localização de Natalie e da entrada do portal do inferno, algo que ele não descobriria se não tivesse um tipo de ajuda. Natalie, por outro lado, sentiu uma pontada de desespero. Eles haviam lutado tanto para sair daquele inferno, e agora ele estava se rendendo.
— Você não precisa fazer isso... — Natalie tentou, a voz falhando.
— Eu vou ficar bem, Nat, eu só fiz o que precisava para te encontrar e te salvar, e Lilith agora está me cobrando pela informação que me deu — ele respondeu com um sorriso pequeno, que não alcançou seus olhos. — Vocês duas merecem ser livres. Não deixem isso para trás por minha causa.
Charlotte respirou fundo e finalmente colocou a mão no ombro de Natalie, tentando consolá-la, mas ela também parecia à beira de lágrimas.
— Vá, Nat — Greg disse, seu tom suave. — Vivam. Isso é o que importa agora. E se eu consegui ir lá em cima algum dia, vou te visitar e prometo não fazer ligações, porque você odeia falar ao telefone.
— Greg, eu te odeio... — Natalie soluçou. Então correu para abraçá-lo. Seus pés descolaram tão rápido do chão que ela quase caiu, por alguns segundos, havia esquecido o que era. Seu abraço com o garoto foi forte, tanto, que se ela ainda fosse humana, com certeza desmaiaria sufocada ou quebraria alguns ossos. — O que vou dizer a sua mãe? O que vou dizer para todo mundo?
— Vou confiar na sua criatividade. — Disse ele, deixando um beijo no topo do cabelo loiro.
— Natalie, precisamos ir. — Charlotte chamou quando reparou que escadas começavam a surgir outra vez no caminho.
Com relutância, Natalie e Greg finalmente se afastaram. As palavras dele ecoavam na mente de dela como uma despedida permanente. Ela queria voltar, dizer algo mais, mas sabia que não adiantaria. Ele tinha feito sua escolha. Enquanto os portões se fechavam atrás delas, um peso caiu sobre o peito de Natalie. Ela havia sobrevivido, mas parte dela, parte daquele laço com Greg, estava destinado a permanecer no inferno. Eram livres, sim. Mas o preço da liberdade era sempre alto. E agora as palavras de Lilith faziam sentido em sua cabeça:
O que pertence a mim... não passará pelos portões.
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Natalie e Charlotte subiam as escadas que rangiam sob seus pés, cada degrau ecoando como um lembrete de tudo que haviam passado. O ar ficava mais frio e pesado à medida que se aproximavam da superfície, até que finalmente, uma porta velha e enferrujada rangeu ao ser aberta, revelando um portão de ferro. Já era noite dominava o ambiente, com a lua parcialmente escondida atrás de nuvens espessas. Elas saíram no que parecia ser o porão de uma velha construção. Charlotte olhou ao redor, seus sentidos aguçados captando a presença de alguém que logo apareceu à porta do porão: Vera.
— Natalie! — O grito de Vera ecoou, carregado de emoção. Ela correu para a filha, segurando-a nos braços como se nunca fosse soltá-la. — Eu achei... achei que tinha perdido você...
Natalie sentiu o calor dos braços da mãe em torno de si, mas algo estava diferente. Havia uma distância entre elas, uma barreira invisível que a fez hesitar. Vera afastou-se um pouco, examinando a filha com cuidado, uma preocupação sombria surgindo em seus olhos.
— Tem algo diferente em você... o que aconteceu? — a voz de Vera estava cheia de hesitação, como se ela já soubesse a resposta, mas não quisesse ouvir.
— Está de noite, demoramos tanto assim? — Charlotte perguntou.
— Se passaram três dias — Vera continuou, olhando agora para Charlotte. — Achei que vocês nunca fossem voltar. — Então ela parou de falar e observou melhor ao redor. — Onde estão Greg e... Cynara?
Vera afastou-se um pouco mais, ainda segurando os ombros de Natalie, examinando-a como se procurasse algo diferente. Ela percebeu a tensão nos músculos da filha, a respiração mais controlada, mas hesitante, como se algo estivesse errado. Vera franziu o cenho, agora mais alarmada.
— O que aconteceu lá embaixo? — insistiu outra vez, sua voz ligeiramente desesperada. — Eu sinto... eu sinto que você está diferente, Natalie. O que você e Charlotte enfrentaram no inferno?
Charlotte suspirou, trocando um olhar breve com Natalie, antes de responder.
— É uma longa história, Vera. Muita coisa aconteceu lá embaixo — Charlotte disse, sua voz carregada pelo peso do que precisavam contar.
— Mesmo assim, vocês estão escondendo algo. Natalie? — Vera encarou a filha.
Charlotte ficou em silêncio, observando a troca entre mãe e filha, com os lábios apertados e a expressão séria. Natalie, por outro lado, sentiu o calor da presença de Vera tão próximo que fez seus instintos borbulharem sob a superfície. A sede. Algo primitivo dentro dela começava a despertar, e ela teve que lutar contra o desejo de atacar, de cravar os dentes na pele da própria mãe. Seus olhos percorreram rapidamente o pescoço de Vera, e ela engoliu em seco, tentando se concentrar em qualquer outra coisa. Charlotte percebeu o tremor nas mãos da recém-transformada. Ela já havia passado por isso antes, já sabia o que Natalie estava sentindo, mas seu autocontrole era impecável. Quase com um toque sutil, Charlotte deu um passo à frente, entre Natalie e Vera, como uma barreira silenciosa.
— Mãe, eu... nós enfrentamos muitas coisas. Sebastian, Lilith... — Natalie começou a falar, mas sua voz falhou. Cada vez que ela tentava explicar, as palavras se embaraçavam em sua mente. A proximidade de Vera estava sufocando, intensificando seu novo instinto vampírico. — Greg... ele... — ela hesitou, sentindo o olhar inquisidor de Vera se intensificar. A mãe começou a perder a paciência.
— Natalie, por favor, para de rodeios! Eu sou sua mãe, eu tenho o direito de saber o que aconteceu com você! — Vera implorou, sua voz cortando o silêncio. — Por que você está tão estranha? O que você está escondendo de mim?
A pressão tornou-se insuportável. Natalie respirou fundo, e as palavras saíram num rompante.
— Mãe... — Ela parou, os olhos se encontrando com os de Charlotte por um segundo. O silêncio parecia ecoar ao redor delas. — Eu morri lá embaixo, mas morri com sangue de vampiro no organismo, e voltei.
O impacto das palavras foi imediato. Vera arregalou os olhos, soltando os ombros de Natalie como se tivesse sido queimada. Ela recuou um passo, as mãos trêmulas indo para a boca, incapaz de processar o que havia acabado de ouvir.
— O quê...? — a voz de Vera vacilou, misturada com incredulidade e medo. — Você é uma... vampira?
— Eu morri, mãe, mas o sangue de Sebastian estava em mim. — Natalie explicou, cada palavra pesando em sua garganta, sentindo a necessidade de se controlar enquanto as emoções de Vera transbordavam. — Eu sou uma vampira. Agora, como Charlotte. Mas nada mudou, ainda sou a Natalie, sua filha, seu pequeno milagre.
Natalie sentia os olhos da mãe cravados nela, cheios de confusão e dor, mas também de um amor incondicional que tornava tudo mais difícil. Charlotte permanecia ao seu lado, firme, mas silenciosa, deixando que Natalie contasse o que pudesse.
— E Greg... — Natalie começou, a voz baixa, como se as palavras fossem difíceis de formar. — Ele ficou lá embaixo. No inferno.
Vera piscou, a incredulidade aumentando em seus olhos. Ela deu mais um passo para trás, tentando absorver o que a filha estava dizendo.
— Como assim? — A voz de Vera era um sussurro, como se estivesse em negação. — Greg ficou lá? Mas por quê? Ele não deveria... não deveria ter voltado com vocês?
Natalie mordeu o lábio, sentindo o peso da verdade se avolumar.
— Ele estava em dívida com Lilith. Fez um trato para me encontrar. — O aperto em seu peito se intensificou ao falar isso, como se finalmente entendesse o sacrifício de Greg. — E agora, como parte do acordo, ele tem que ficar lá... por toda a eternidade. Ele disse que... se tiver uma chance, ele vai tentar sair. Mas por enquanto, ele está preso lá.
O silêncio foi sufocante por um momento. Vera ficou ali, parada, processando. Charlotte, vendo o peso daquela revelação nos olhos de Vera, interveio.
— Cynara também ficou — disse Charlotte, com um tom mais calmo. — Ela ainda está procurando por Isotta, a namorada dela, e Lilith é a única que pode ajudá-la. — Ela fez uma pausa, olhando diretamente para Vera.
O rosto de Vera se contorceu, como se cada palavra fosse uma nova facada no coração. Ela abriu a boca para falar, mas nada saiu. Só havia uma angústia crescente em seu olhar, uma confusão que não conseguia processar. Natalie olhou para a mãe, vendo o medo em seus olhos, mas também uma sombra de aceitação. Ela sabia que, apesar de tudo, Vera sempre quisera uma coisa acima de qualquer outra: que Natalie estivesse viva. Mesmo que agora "viver" tivesse um significado diferente.
— Mãe, eu sei que é muito... — Natalie começou, a voz suave, mas cheia de pesar. — Eu sei que parece aterrorizante, e é. Mas eu estou aqui. Eu estou viva. De um jeito estranho, mas estou. E isso é o que importa, certo?
Vera olhou para ela, seus olhos marejados, mas sem lágrimas. Havia um brilho de alívio misturado à dor, como se uma parte dela tivesse medo de admitir que preferia ver a filha de volta, mesmo como vampira, do que nunca mais tê-la em seus braços. Ela suspirou, baixando a cabeça por um momento, tentando conter o turbilhão de emoções.
— Você está... viva. — Vera repetiu, quase como se estivesse tentando convencer a si mesma. — Eu... eu só queria você de volta. Não importa como.
O silêncio voltou a cair sobre elas. Vera ainda estava assustada, é claro, mas agora havia algo mais: uma centelha de esperança, por menor que fosse, de que sua filha, apesar de toda a escuridão que enfrentara, estava de volta.
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Vera explicou a caminho do hotel que passará os dias dentro da casa esperando, sem dormir, sem comer, sem descansar. Apenas sentindo o medo e a angústia como companheiros. No hotel, o peso de tudo o que haviam enfrentado parecia finalmente recair. As sombras da noite envolviam as paredes do quarto, e o silêncio era interrompido apenas pelos passos cautelosos de Vera. Charlotte entrou logo atrás, ainda com uma expressão distante, enquanto Natalie observava tudo com seus sentidos aguçados, uma nova percepção do mundo pulsando em suas veias.
— Onde está a Christine? — Vera perguntou, olhando ao redor.
Natalie franziu o cenho. Seus olhos captaram algo sobre a cama. Uma carta, cuidadosamente deixada ali. Ela caminhou até o papel, pegou-o com as mãos trêmulas e começou a ler em voz alta:
"Se vocês estão lendo isso, espero que Sebastian já esteja morto. E se ele não estiver... bem, eu estou torcendo por vocês. Mas, de qualquer forma, eu não posso ficar mais. A verdade é que preciso conhecer o mundo, preciso encontrar algo que seja só meu. Não vou mais voltar para Toms River, porque não há mais nada lá para mim. Minha família se foi, suas memórias apagadas. Não há motivo para eu continuar me agarrando ao que foi perdido."
A voz de Natalie falhou, mas ela continuou.
"Lottie, eu perdoo você por me transformar. E, se tudo deu certo e você está lendo isso, quero que saiba que espero te encontrar um dia, como uma velha amiga. Espero que, quando isso acontecer, possamos rir de tudo isso. Mas agora, tenho que seguir sozinha. Natalie... pare de se meter em confusão, garota. E também, largue os cigarros, principalmente os de nicotina, pelo amor de Deus. Sei que você vai ficar bem, você é forte. Eu vou sentir saudade de vocês. Das amigas, do time, até mesmo da escola. Mas eu preciso enfrentar meu destino."
Natalie parou de ler, seus olhos marejados, as palavras de Christine ecoando em sua mente. O quarto ficou em silêncio por um instante, pesado com a ausência de Christine, como se a presença dela ainda pairasse ali, mesmo que tivesse partido.
— Ela se foi... — murmurou Natalie, dobrando a carta lentamente. — Como vai ser de agora em diante?
Charlotte observou a namorada, sentindo a mesma pontada de dor. Não era apenas a ausência de Christine que as afetava, mas também o novo caminho que se abria diante delas. Um caminho incerto. Vera se aproximou de Natalie, pousando uma mão gentil no ombro da filha.
— Vamos pensar em algo, querida — disse a mais velha, sua voz era suave, mas cheia de determinação. — Somos boas em sobreviver. Sempre fomos.
Charlotte olhou para as duas. Um sentimento de gratidão e lealdade preenchia o vazio em seu peito, especialmente agora que tinha Natalie ao seu lado. Sabia que, de alguma forma, encontrariam um novo propósito. Todas elas.
— Voltaremos para Toms River — disse Charlotte, sua voz firme. — Daremos um novo rumo às nossas vidas. Juntas.
Natalie assentiu, respirando fundo. Elas não sabiam o que o futuro lhes reservava, mas sabiam que, de alguma maneira, estariam preparadas para enfrentá-lo. As três saíram do hotel em direção à noite, o destino chamando por elas. O inferno havia ficado para trás, mas as cicatrizes da batalha permaneciam, gravadas em suas almas. Ainda assim, havia uma nova jornada à frente — e, dessa vez, elas estavam prontas para reescrever suas histórias. Juntas.
Não, ainda não acabou... a boa notícia é que vocês terão dois finais para escolher qual vocês mais se identificam 💖
CAPITULO ATUALIZADO: 12/04/2025 - NÃO REVISADO
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