Um jantar Slug-Caos
"Me lembro da minha primeira visão aos 7 anos. Minha mãe me levou a um templo religioso em Xangai, ela viajava tanto que as vezes eu me perdia entre as multidões. Ela não se importava muito com meus sumissos entre os trouxas já que havia um rastreio e uma proteção mágica em mim. Eu estava no beiral de um lago vendo carpas coloridas nadarem quando a água se transformou em um vasto campo aberto de terras escuras. No horizonte só podia ver montanhas, mas com o tempo descobri que o maior pico era um vulcão, que aliás, fora responsável pela devastação daquele solo séculos atrás. Laki se tornaria um dos mais férteis solo na Islandia para o mundo bruxo. "
Era um relato interessante do livro da minha avó. Eu já podia vê o desfecho de tudo aquilo.
Estávamos na sala de estudos após o almoço, nevava muito para ficarmos no pátio. Era uma tarde de quarta-feira, horas antes de nós irmos ao jantar do professor Slughorn.
- Jenna, posso te fazer uma pergunta? - Perguntou Sophia
- Já fez. - Disse eu passando os olhos pelos capítulos do livro da minha avó.
- Você já sentiu atração por outra mulher?
- Acho que não. - Tinha um capítulo interessante "Um olhar do paraíso". Qual seria esse tal paraíso?
- Você acha que só está comigo por causa minha magia?
- Foram duas perguntas. Mas acho que não. - Eu marquei o capitulo para ler mais tarde. - Todas as partes do seu corpo me atrai e me excitam.
Eu não gostava muito de ler mas tinha que admitir, estava começando a ficar interessante.
- Se você se interessar por outra, você me fala?
- Claro. - Que não. Sophia estava começando a me preocupar com com a insegurança dela. - E você, não está com ninguém?
- Eu estou com você.
- Eu quero dizer, com quantas mais você ficou depois de mim? - Havia um prefácio que eu tinha ignorado.
- Ah... Eu não fiquei com mais ninguém.
- O que!? - Infelizmente, tive que mudar o foco.
- Olha, eu até tentei. Quero dizer, eu comecei a conversar com a Tifanni, amiga da Emily, sabe, no começo do semestre mas ela começou a me lembrar você, tipo...- Sophia apenas me olhou de baixo pra cima como se quisesse suplicar algo.- Qualquer coisa que ela falava me lembrava você, então...
Vixi. Isso podeira ser um problema.
- Hmm..?
- Aquilo que você fez na segunda foi incrível.
- Nunca se sabe quando vai ser a última vez agora, já que você está tentando se matar.
Sophia riu carinhosamente me dando um beijo no pescoço. Até me lembrei do perfume que Neville me deu. Era uma boa ocasião para usá-lo e conhecer seu cheiro, ou melhor, o meu. Tive medo de usar o óleo da Patrícia, eu não precisava de homens me desejando mas fiquei muito curiosa pra saber qual efeito que ele teria em mim, e claro, suas consequências.
- Você está muito atraente. - Disse Sophia após eu me arrumar. Ela estava de pé ao lado da sua cama andando bastante de um lado ao outro.
- E você mais insegura do que nunca. - Disse borrifando de leve no pescoço o perfume de Neville me deu.
- Eu acho que estou crescendo, sabe? Mudando.
- É, todas nós.
Também coloquei um colar prata em formato de cobra, que Sophia tinha me dado, junto a um vestido verde escuro muito justo, percebi que eu iria ficar com dificuldade em andar.
- Agora estou começando a sentir o peso da responsabilidade.
- Agora que você quase morreu!?
- As chances que você tem de futuro, novos amigos, está interagindo mais como monitora...
- Por isso me deu um monte de presente? Está marcando território como o Zyan fazia?
- Mas claro que não! Se bem que... - Ela ficou pensativa coçando a cabeça.
- Você está incrível de terno. - De alguma forma, era excitante ver ela assim, até seu olhar inseguro me deixava instigada.
Ela com certeza estava começando a entender que ser responsável pela própria vida não era uma tarefa fácil e que se ela não tivesse sua maturidade desenvolvida, acabaria se pondo em risco.
Nos fomos para o escritório do professor Slughorn que ficava no primeiro andar onde era o antigo escritório da Professora Merrythought. Soube que era uma sala bem grande.
No meio do caminho senti muito frio.
- Merda. Eu vou volta e pegar minha capa.
- Ah, Jenna!
- Sophia, está muito frio.
- Não é aquela história babaca de estar se sentindo depravada, ou é? Esse vestido nem é tão decotado.
- Não, está frio. Eu já volto. - Eu estava me sentindo mal sim.
Peguei a capa e por "estilo" peguei a bolsa do Djinn. Eu tive medo de prende-lo novamente e ver aquela criatura, mas comecei a considerar ter tido uma alucinação ou até pior, uma brincadeira de algum aluno doido fazendo um feitiço de ilusão.
No longo corredor da sala do professor de poções eu vi uma cena que me chamou atenção. Neville vinha com uma planta em seu colo, descontraido mas ao me ver começou a mudar o jeito de andar. Isso não me chamou tanto atenção quanto Snape atrás dele, o olhando como se estivesse lendo-o.
- O que pensa que está fazendo!? - Disse alto e com impaciência para Snape.
- Ah... - Começou a balbuciar Neville parando no meio do caminho. - Eu acho que ele vai gostar de ver, é uma planta rara chamada Strong...
- Não estou falando com você, Neville!
Snape parou também. E eu fui até ele passando por Neville que estava com cara de espanto, principalmente ao notar quem estava atrás.
- Eu posso ter me esquecido aquele dia. - E comecei a falar baixo com Snape. - Eu decidi tomar veritasserun por causa dessa merda de comportamento que você têm!
- Esse perfume..?- Disse Snape se aproximando.
- Isso tem que acabar! Sábado às 8 da noite em seu dormitório! - Tentei falar mais baixo ainda.- Temos uma longa conversa em sua penseira e preciso te mostrar um livro, você entendeu!?
- Perfeitamente. - Respondeu o professor lentamente sem pestanejar. Eu até poderia achar estanho a subserviência dele, mas eu estava chateada para pensar nisso.
- Vamos, Neville.- Disse me aproximando dele e pegando seu braço livre. - Vamos chegar juntos.
- Ah, uau. Legal. - Disse olhando descrente eu pegar em seu braço e entrelaçar no meu.
- Qual o nome dessa planta mesmo? - Perguntei mais para disfarçar até o professor sumir pelos corredores.
- Strongylodon macrobotrys.
- Nome legal.
- É da Tailândia. - Neville e eu paramos na frente da porta do professor Slughorn olhando o corredor onde Snape desapareceu.- O que aconteceu? - Perguntou ele.
- Depois eu te conto. - Disse batendo a porta.
- Você está usando o perfume.
- E como sabe que é o que você deu?
Neville não respondeu de imediato. O professor de Poções abriu a porta para entramos.
- Que bom que vieram. Juntos? Casal incomum.
- Não somos um casal. - Disse irritada ao entrar.
- Ah! Sua tia Anastasia vivia falando isso.
- Chega, Horácio. Não me interessa mais.
- Oh, desculpa, deve ser a cerveja amanteigada. - Disse ele rindo batendo os dedos na cabeça.- Fique a vontade, por favor.
Não o bastante para eu dar um tapa em sua cara, não é mesmo?
Snape me irritou, mas era sempre assim. Me sentei entre Sophia e Neville, notei Blasio no outro lado da mesa me olhando com ódio. Ainda não entendia muito bem esse sentimento ruim dele por mim. McLaggen e a Granger também estavam a mesa e alguns alunos da Corvinal e um da Lufa-lufa estavam compondo um grupo incomum.
- Tira essa capa, aqui está muito quente. - Disse Sophia me servindo de cerveja.
- Que conveniente! - Disse para ela com raiva mas considerei tirar.
Infelizmente, ir até o gancho e pendurar o meu casaco não foi uma atitude muito boa, todos se calaram para me observar. Notei que estava novamente inadequada para a cerimônia comum, que legal!
- Desculpa. - Disse ao me sentar.
- Então você fez aniversário essa semana, Gibbon?- Perguntou o professor na ponta da pesa oval.
- Ah... - Era mais constrangedor do que imaginei falar em público com alunos desconhecidos. - Sim, senhor.
- 19 não é?
- Sim.
- Sublime!- Disse ele rindo.- Afinal, agora o mundo é seu, e você pode explorar várias possibilidades.
- Não me diga. - Disse com sarcasmo.
- Verdade, você ganha mais privilégios. - Disse ele com um sorriso muito grande ao ponto de eu sentir nojo.- Por exemplo, pode tomar esse hidromel comigo, sem eu me sentir culpado.
Aí meu Deus!
Eu preferi ignora-lo e me servir de cerveja amanteigada, eu precisava me acalmar um pouco. Agradeci por uma aluna da Corvinal puxar assunto com ele.
O jantar surgiu da maneira que acontecia no Grande Salão, apareceu na mesa e nos servimos.
- Então você é a Jenna Gibbon? - Disse McLaggen.
- É, sou eu.
- Um cara da Corvinal veio me perguntar se eu estava namorando com você. Questionamento engraçado, porque eu nem me lembrava da sua existência mas conversando com algumas colegas, elas me disseram que você namorou o Duque Lammont. Eu respondi, se ela o rejeitou eu provavelmente tenho chance, afinal...
- Não, você não tem!
Granger, Neville e Sophia riram, até Blasio tentou escondeu o riso mas eu não achei graça. McLaggen pareceu chateado, ainda bem que não insistiu no assunto, o foco dele parecia ser a Hermione. Mas era impressionante como ele se achava muito importante e atraente pelas coisas que dizia.
- Triste. - Disse o professor cortando o assunto de uma aluna. - Sempre convido ele para os jantares e ele sempre rejeita com muita educação. Afinal, temos um aluno da realeza em Hogwarts que pertence a Sonserina, isso é um feito e tanto para nós. Então você, Gibbon, namorou ele, foi?
- Não. - Não menti.
- Ficaram de caso e ela chutou ele pra ficar com os gêmeos Weasley. - Disse a garota da Corvinal.
- Ah! - Disse McLaggen. - Agora me lembrei, vi você com um deles dormindo na Grifinoria. Caramba, você é bem audaciosa, não é?
- Muito.- Resmungou Blasio com deboche.
- Mas o mais interessante... - Continuou o professor. - Snape me contou que você matou um Bicho Papão. Formidável! - Disse ele rindo. - E como ele era?
- Uma massa cinzenta despedaçada. Não muito diferente do Snape. - Disse com deboche fazendo todos rirem.
- Não se arrepende de ter o matado? - Perguntou o professor com uma voz dramática.
- Não, eu não me arrependo de nada que eu já fiz, inclusive mataria novamente se eu tivesse a chance.
Todos ficaram em silêncio, inclusive Neville que engasgou com o jantar fazendo eu me senti mal por estar ficando nervosa em sua presença, decidi que eu precisava me acalmar.
- Interessante. Sua mãe era intensa também...
- Agora vai virar um bate papo sobre minha família!?
- Não, não se aborreça. - Disse Slughorn com gentileza. - Todos aqui tem familiares muito interessantes. Sua mãe certa vez veio nos meus jantares com Sirius Black, afinal, ele tinha um sobrenome forte, seu tataravó foi direitor de Hogwarts...
- Como é que é? Ela namorou o Sirius Black?
- Bom, para o ódio do seu pai. - Disse ele com uma careta estranha, parecia rir de algo mais profundo.
Que merda. Tinhas umas peças que começaram a encaixar.
- Neville. - O chamei com a voz baixa. - Onde está Gina? Ela faz parte desse clube boboca, não faz?
- Eu a vi discutindo com o Dino, acho que ele anda com muito ciúmes dela.
- Ah, que merda. - Fiquei realmente preocupa.
O assunto desandou para tia da Sophia e a mãe do Blasio e as semelhanças delas em terem maridos ricos que morriam misteriosamente.
- Minha tia sempre foi rica, nasceu na França e era herdeira junto ao meu pai, ao contrário da mãe do Blasio que nasceu num beco qualquer de Nova York.
- Ela nasceu de puros sangues que veio para Londres, eram donos de fabricas de caldeirões.
- Será mesmo?
Ela também bebia como se não houvesse amanhã.
- Conversa enriquecedora. - Riu o professor. Ele parecia se divertir com as discussões.
- Seu pai era um Comensal cruel, ouvi dizer.
- Então ouviu errado, ele foi muito pior que cruel, o mais ferrenho assassino do Lord das Trevas, mas o vô da Jenna matou aquele monstro, morreu tarde.
Até Horácio dessa vez ficou impressionado, no fundo eu sabia que ele estava em êxtase com tantas informações novas.
- O avô da sua namorada o matou?- Disse sorrateiro Blasio com um olhar de nojo.- Você deve ser muito doente.
O copo do Blasio explodiu, ele cortou um dos dedos e teve que enrolar em um guarda-napo. Passou parte do jantar me encarando com um certo temor e raiva. Zabine estava começando a entrar num terreno hostil, era melhor ele ficar quieto.
- Vocês duas namoram? - Perguntou o franzindo garoto da Lufa-lufa.
McLaggen me media com curiosidade e eu comecei a rir de nervoso, não valia discussão.
- Bom, vamos para as sobremesas. - Disse o professor a essa altura com as bochechas vermelhas.
A sobremesa era uma taça de sorvete muito bem servida.
- Sabe. - Começou Neville do meu lado. - É engraçado como quase sempre tem brigas quando vocês duas estão juntas.
- Acho que a gente está azarada. - Respondi a ele um pouco tristonha.
Ele tinha razão, sempre participavamos de situações tensas, das quais metade faziam eu surtar e comecei a achar mesmo que a gente carregava mau agouro.
Achei estranho quando Neville tocou levemente minha mão em um ato de consolo, mas retribui o sorriso.
- Talvez Ana tivesse razão. - Disse pra ele.
- Não, ela não tem. - Disse ele com firmeza.
- É assim que se fala Neville, aquela vadia precisa respeitar a gente se quiser fazer parte da turma.
- Está um pouco alterada, Sophia.
- Eu sempre tenho aquela poção na ponta da língua.
- É mesmo? - Perguntou o professor com visivel sorriso frouxo xeretando nossa conversa.
- Sim professor! Não só uma, algumas, advinha quais!?
- Ah...
- Vamos lá, questão de uma aluna para um professor. - Disse Sophia com um voz melosa, quase sussurando.
Não consegui ver exatamente seu rosto, mas acho que Sophia estava sorrindo de um jeito malicioso porque alguns alunos olharam para ela em silêncio, atentos de uma forma anormal. Slughorn estava um pouco sem jeito com os olhos arregalados.
- Poção de quebra-alcoolica, poção de regeneração, antídoto contra alergia, contra poções básicas e contra veneno comum, acertei?
- Antídoto contra poções avançadas...- Disse ela em um sussuro que parecia um sibilar de cobra.
Foi de arrepiar. Acho que Sophia nunca falou daquele jeito.
- Tá precisando tomar todos esses, eu acho. - Falei para ela sorrindo de nervoso.
Ela me puxou pelo pescoço e me deu um beijo.
- Bom, eu acho que isso acaba aqui.- Disse me desvencilhando dela e me levantando.
- E porque? Esta tão interessante. - Disse o professor.
É, a gente estava virando um tipo de entretenimento, e eu estava ficando de saco cheio.
Peguei minha capa e a bolsa e me despedi do professor, Sophia ficou um pouco desconfortável e Neville também, mas acho que fiz a coisa certa.
Andar de volta pelos corredores a noite um pouco alcoolizada não era muito bom, eu estava tonta mas lúcida. Após entrar na sala comunal que à primeira vista estava vazia, me sentei no sofá a frente da lareira e não notei quando Draco se virou para mim de sua poltrona favorita.
- Deve ter sido um tédio. - Disse ele me vendo tentar segurar a cabeça escorada no sofá.
- Não tanto, mas é sempre melhor eu sair de perto antes de surtar.
- Tinha uma época que você parecia gostar de chamar atenção. - Disse ele entediado.
- Uma época que eu não tinha tantas responsabilidades. - Murmurei.
- Pois é, agora tem que prestar contas ao Ministério se agredir um jovem.
Ele estava certo, mas essa era a menor das minhas preocupações. Comecei a olhar pra ele e suas olheiras profundas e visíveis pálpebras inchadas, estava muito forte em seu rosto que ele provavelmente tinha chorado muito.
- Você também deveria prestar contas por estar tentando matar Alvo Dumbledore.
Ele empalideceu. Não sabia que Draco poderia ficar mais branco.
- Você sabe...
- Chato, né? - Disse eu me levantando e me aproximando dele. - Eu detesto saber dessas coisas que não são da minha conta. - Conclui me sentando no sofá ao seu lado. - E que alguns insistem em dizer que é da minha conta. - E me debrucei no braço.
- E porque seria!?
- Você é idiota? Eu sei o que pode acontecer quando eu quero.
- Então sabe se vou ter sucesso!?
Eu ri.
- Um moleque como você, matar Dumbledore?
- É... Eu odeio ele, mas matá-lo é outro assunto. Não queria...
- Sabe, Draco? Qualquer dia desses a gente conversa sobre a merda da sua vida.
- Você parece meio bêbada.
- É, parece mais gostoso do que está sobrea.
Nesse momento Zyan aparatou na Sala Comunal. Eu fiquei muito espantada.
- Que porra é essa!? - Disse me levantando.
- Ah, vocês ainda estão aqui...
- Como assim você aparatou aqui!?
- Você não sabia? - Perguntou Draco parecendo confuso. - Todo esse tempo a gente aparata aqui. Achei que soubesse de tudo.
Merda! Eu não sabia de tudo!
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