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03. i'm not a religious woman '

⋆·˚ ༘ * EU NÃO SOU RELIGIOSA
CAPÍTULO 03 ⋆·˚ ༘ *

HOPE MONROE

             Quando acordei, com a cabeça dolorida, estava sendo estapeada por Enid. Sua feição preocupada me observava com cuidado, averiguando cada detalhe ou sinal de insuficiência respiratória. Ela checou meus pulsos ao mesmo tempo em que conferiu a temperatura da minha testa, e arreganhou minha boca à procura de dentes quebrados enquanto me secava o sangue com um pano.

— Ainda estou viva — asseguro, resmungando ao abrir os olhos. — Você pode parar de me tratar como um cadáver agora.

Ouvi um alto suspiro de alívio quando Enid levou as mãos ao coração. Esperei até que se recuperasse do susto e me preparei para o sermão.

Desconfio estar confundindo as coisas... ela não é minha irmã, é minha mãe!

— Onde você estava com a cabeça?! — eu a escuto em silêncio, cabisbaixa como um cão maltratado. — Sangrando daquele jeito enquanto escalava paredes... Ai meu Deus, você podia ter morrido! — suas sobrancelhas se juntam em negação e, perturbada, ela anda em circulos pelo local, amassando folhas secas com seus passos pesados. — Tem noção do tamanho da sua irresponsabilidade, não tem? — assinto, mesmo que não esteja nem um pouco arrependida.

Logo que me dei conta do que havia feito e de que o garoto estava em segurança, pude sentir o calor de uma chama se acendendo em mim. Pequena e muito, muito fraca. Mas está iluminando alguma coisa e por enquanto, isso me basta.

A sensação completamente desconhecida que meu corpo sentiu pela primeira vez, chamam de "orgulho". Eu estava orgulhosa de mim porque tinha conseguido. Havia feito algo certo pela primeira vez.

Minha esperança havia superado o medo.

— Sorte a sua que eu sei costurar cabeças — Enid praticamente se jogou ao meu lado para se sentar, parecia esgotada.

— Costurou a minha nuca? — perguntei, escondendo o desespero. — Como com agulha e linha?

Ela soltou um riso anasalado, e negou.

— É brincadeira — seu braço envolveu o meu e ela deitou a cabeça nos meus ombros. — Eu só lavei e estanquei até o sangramento parar, depois passei pomada. Não foi um corte fundo, só grande, mas vai precisar de mais remédios se não quiser ter uma infecção horrível.

Sorri, e então a abracei com toda minha força — que não era muita, certamente.

— Certo — me levantei um pouco zonza, e limpei a poeira da calça. — Vamos voltar para a CasaVelha e procurar por medicamentos.

— Não temos remédios — Enid responde. — Peter precisou dos últimos, lembra?

Incapaz de esconder o desconforto ao ouvir tal nome, engulo seco, notando o coração disparar.

— Podemos encontrar mais.

— Não vamos voltar, Hope — ela diz, como uma ordem e não um aviso. — Eles têm o que precisamos. Os observei enquanto conversavam na floresta.

Eles quem?

— O garoto e sua família.

Não. Eu me recuso.

— Não vamos implorar esmola para estranhos, Enid — respondo, sentindo o cansaço me atingir. Minha boca está seca e a voz quase não sai quando recuso sua ideia mais uma vez. — Como você pretende chegar até eles? "Olá! Tem vaga pra novas integrantes?" Adivinhe, a resposta será um tiro na testa.

— Nós vamos sim, e eu não ligo pro que está pensando agora — insiste ela. — Isso é o seu negativismo falando mais alto.

— Não estou sendo negativa, — me pego num tom alto demais. — estou sendo realista.

— Sua realidade é mentirosa.

— Cale a boca.

Enid deixa o queixo cair e estreita os olhos, tal qual uma mãe prestes a deixar sua filha de castigo. Quando ela não faz isso, me sinto surpresa, assistindo seus olhos adotarem compaixão enquanto torna a falar.

— Você não vai contrair uma infecção e morrer, Hope, eu não vou deixar — uma das mãos se apoia na faca do coldre e ela pega sua mochila do chão, levando até as costas. — Eu vou conseguir os remédios, quer você queira ou não.

Ela me dá as costas e continua andando sem olhar para trás, e eu fico parada lá, como um poste que espera a noite chegar para finalmente tomar as rédeas da situação.

Não fui atrás dela. Achei que ela viria atrás de mim.

O sol estava se pondo, abrindo espaço para que a lua se estabelecesse no mais alto do céu, quando cheguei à CasaVelha, sozinha.

CasaVelha: Uma casa de madeira abandonada, batizada por Enid.

Há cercados em volta que dificultam a passagem dos montros, com armadilhas ao redor caso consigam atravessar o limite, e fica localizada a alguns quarteirões de uma prisão que não temos a mínima vontade de explorar.

A garagem nos fundos costumava ser a oficina, onde eu e Enid construíamos nossos próprios móveis. Mas pegou fogo, e não sobrou nada além das lenhas queimadas, e das cinzas que nunca tive coragem de tocar.

A parte de dentro é composta por uma sala minúscula, uma cozinha que nada funciona, um banheiro e um quarto. O segundo andar é uma sala vazia, e não gosto muito de lá. Enid removeu as escadas para que eu não tivesse mais que as ver, então perdemos o acesso.

Jo'Hanna estava deitada na cama quando adentrei, como uma adolescente emburrada depois de confiscarem seu celular. Quis gritar com ela, mandá-la embora mesmo sabendo que não ia funcionar, mas me contentei em fechar a porta do quarto e deitar no sofá.

A casa estava solitária sem Enid. Mais ainda sem Peter.

Avistei os quadrinhos esparramados no chão que  eram dele, e senti uma mão esmagando meu coração. Eu sentia muita falta de Peter, mas a grandeza da minha saudade parecia não ser o suficiente para trazê-lo de volta.

— Catharina disse que estou prestes à cair num poço de solidão fantasmagórica — disse Jo'Hanna, de forma cautelosa e baixa, ao lado da janela onde observava o lado de fora pela fresta da cortina.

Ela era uma maluca que infelizmente podia se teletransportar.

— Eu não dou a mínima — respondi, revirando os olhos, e me levantei, indo em direção ao quarto. — Me deixe em paz.

— 'Coisa, — Jo'Hanna me chamou. Ignorei, cansada demais para discutir. — acha que é verdade? — insistiu, ignorando qualquer falta de respeito para me seguir. — Acha que sou uma vilã?

— Não — fecho a porta do quarto em sua cara quando tenta entrar comigo, apenas para me virar e encontrá-la bem na minha frente. Respiro fundo, contendo o descontentamento. — Os vilões são os heróis de suas próprias histórias, são inteligentes e estrategistas, você só odeia a si mesma. Isso não te torna uma vilã, te torna patética.

Jo'Hanna me encara com seus olhos escuros, e eu sinto como se todos os pelinhos do meu braço fossem feitos de gelo. Ela não diz nada, mas sai me empurrando pelo ombro como alguém prestes a desabar.

— Eu costumava gostar mais de você quando você gostava de mim de volta.

— O que isso deveria significar? — pergunto, a seguindo pelo corredor curto e apertado.

Porque o que diabos isso deveria significar?

Convivo com a presença assombrosa e doentia de Jo'Hanna há anos e posso garantir com tanta certeza quanto a de que estou viva, que nem por um dia sequer, gostei dela.

Eu nunca gostei de nenhuma das irmãs, na verdade, mas Jo'Hanna tinha algo diferente na aura. Seus olhos eram escuros, mas brilhavam muito mais que os das outras. Ela me olhava de maneira quase obcecada, ambicionando por minha atenção. Implorava para brincar comigo e, quando eu não queria, começava a gritar sobre como eu poderia ser facilmente confundida com uma praga.

Não tive paz na infância porque, diferente dos meus pais, ela estava sempre lá. Me forçando a colocar fogo em coisas que não eram minhas, e a comer quando eu não queria.

Eu a odiava tanto quanto odiava existir, e isso ainda não mudou.

— Não há nenhuma possibilidade em sua afirmação — digo, querendo soltar uma gargalhada. No entanto, nervosa demais para isso. — Eu odeio você. Antes, agora, e depois.

— Desejo que pudesse se lembrar, 'Coisa.

— Me lembrar de que?

— De como me procurava pela casa inteira e me encontrava debaixo da cama. De como iluminava o sotão escuro em que eu estava trancada... — ela sorri quando para ao lado da mesa da cozinha e começa a me olhar nos olhos, parecendo ter sido teletransportada para um campo florido com vista para um céu azul sem nuvens. — De como matou aqueles que me ameaçaram.

Sinto medo dela, e essa nova sensação faz meu coração acelerar de maneira desconfortável.

— Eu nunca fiz isso — afirmo. — Pare de ser tão louca e mentirosa, isso é demais até pra você.

Jo'Hanna abre um sorriso de orelha a orelha, e sussurra antes de desaparecer.

— Então como você explica a marca?

CARL GRIMES

Estou me sentindo muito estressado porque ninguém parece se importar com a garota que perdi durante o caminho em que corríamos até a floresta.

Logo que ela desmaiou, eu a carreguei nos meus braços e a pus próxima das árvores, numa área bem isolada, então voltei para ajudar os outros. Quando todos saímos juntos e eu fui procurar por ela, não estava mais lá. Havia evaporado.

Senti culpa, por isso contei aos outros. Daryl disse que deveria ser uma covarde canibal, sortuda por ter sido devorada antes que ele a encontrasse primeiro, e todos concordaram.

Então, no dia seguinte, há uma garota em nossa frente, com baixa estatura e cabelos lisos, longos e escuros.

Seus braços levantados em rendição anunciam uma trégua. Ela mantém os olhos bem abertos o tempo inteiro, e juro que consigo sentir de onde estou, a brisa de sua respiração acelerada.

— Eu preciso de ajuda! — declara, me encarando de forma assustadora. — Minha irmã está morrendo porque decidiu bancar a guardiã daquele garoto ali — e então apontou para mim, ainda me fuzilando com os olhos.

Rick, meu pai, franziu as sobrancelhas e concedeu sua atenção diretamente para mim.

— Eu te disse — dei de ombros. — Uma canibal não pularia de um prédio por uma carne que não quer comer.

Pude ouvir o som de uma risada anasalada que vinha de Rosita, Sophia e Sasha. Descartei as piadas que provavelmente queriam fazer, voltando o foco para a garota em nossa frente.

— Temos pomada e alguns comprimidos pra dor. Onde ela está?

— Não, Carl — meu pai coloca o braço em minha frente, bloqueando a passagem.

Pff. Como se eu fosse me movimentar.

Deve ser um tique dele, ou algo assim. De qualquer modo, eu é que não vou ser o primeiro a comentar.

— Temos pouco, e nenhuma obrigação de compartilhar — ele continua, trocando o apoio da perna. — Não iremos até sua irmã porque não conhecemos vocês. É um risco que não estamos dispostos a correr, eu sinto muito.

— Eu não estou pedindo para me seguirem até ela — retrucou a garota, abaixando as mãos. Armas sendo agarradas com mais precisão. — Vão com calma... Preciso dos remédios, não de companhia.

Quando me sinto pronto para assentir e entregar a ela o que precisa para que ajude quem me ajudou, meu pai se coloca na frente, repetindo em alto e bom som: Não!

— Vamos embora, Emily. Isso é um blefe. Não podem nos ajudar com remédios porque eles também não tem — acrescentou uma voz acima de nós.

Não. Não era Deus.

Parecia mais um anjo.

A garota, quase transparente de tão pálida, tinha pés pequenos e botas de couro balançando no galho da árvore em que estava sentada.

Daryl foi o primeiro a levantar a besta e demonstrar espanto. Pela primeira vez, não havia reconhecido o rastro de alguém, nem notado sua presença observadora que parecia nos acompanhar há um bom tempo.

Tão rápido quanto ele, os demais transferiram a mira para a loira, intercalando entre ela e a irmã.

— Que armamento diversificado — continuou em defesa, pondo as mãos, cobertas por luvas que não escondiam os dedos, para o alto. — Vocês que fabricam?

Pensei estar enganado assim que senti o sarcasmo viajando por sua língua, mas então me lembrei do dia anterior, e tive a certeza de que estava certo.

Ela era a causticidade em pessoa.

— Hazel, desce daí agora — respondeu a morena com o nome de Emily, tão focada na bronca que passou a ignorar nossa presença. — Sua cabeça tava aberta ontem, você tá doente, esqueceu?

Então Hazel era como a princesa se chamava.

Um olhar de mil jardas foi lançado, e pareceu ser o suficiente para a garota descer de onde estava, atravessando o espaço em nossa frente para ficar ao lado de sua irmã.

Tenho que admitir, elas não eram muito parecidas.

— Você é albina ou algo assim? Porque, bom, seus olhos não me parecem muito saudáveis nessa cor... Anormais, na verdade — Abraham intrometeu o silêncio, questionando de forma sarcástica.

Emily pôs-se a frente da loira, adotando uma postura rígida.

— Os olhos dela são normais! — ela não conteve a indignação no tom de voz e a garota no fundo pareceu se divertir com isso. — Isso foi causado por uma quantidade incomum de melanina em seu estroma iridiano! É uma coisa rara, eu não espero que você entenda.

Daryl achou graça. Rosita, Maggie e eu também.

O fato de que uma criança com aparência tão ingênua calou a ignorância de Abraham era divertido demais para que pudéssemos nos conter.

Ele me encarou como se fosse me matar, então tornei a olhar para Hazel, porque sentia que se eu implorasse com jeitinho, ela me salvaria outra vez.

A BRUXA

             Hope queria enfiar os dedos nos olhos de Carl, o garoto que salvara, apenas para que parasse de olhar para ela e seu vestido longo completamente sujo e destruído.

— Já está tarde e nós precisamos ir. Agradeço que não tenham nos matado — ela segurou a mão de Enid e a puxou para junto de si, dando as costas ao restante do grupo. — Desejo-vos boa sorte na sua temporada.

— Temporada? — Rick estreitou os olhos, segurando prontamente a arma em sua mão. — E onde exatamente vocês pensam que vão?

Enid se virou rapidamente, nervosa pelo tom severo do homem.

— Ela quis dizer "jornada"! Hazel tem um vocabulário extraordinário — riu nervosamente.

Porque, como você, caro leitor, já sabe, a garota de cabelos loiros não poupa palavras de época ao se comunicar, já que suas conversas mais longas acontecem em sua própria cabeça, com as assombrosas mulheres dos séculos passados que insistem em atormentá-la.

Seu sotaque britânico, puxado da mãe que nasceu em Londres e que a ensinou a falar, deixam suas frases ainda mais frias, como se zombasse de para quem as profere.

— Estamos indo para onde pertencemos, nossas casas! — ela respondeu, contorcendo-se para não assumir um tom ignorante. Já estava ficando de saco cheio por estar rodeada de tantas pessoas reais.

— Vocês não estão indo a lugar nenhum, para ser totalmente sincero — usando da mesma linguagem, debochou Rick. — Ficarão conosco até que tenhamos certeza de que não pertencem à uma comunidade que possa nos roubar ou matar durante a noite.

— Não ficaremos não — Hope encarou até a última gota de suor do homem. — Não ficaremos porque você está errado e nós não pertencemos à povo nenhum. E mesmo que sim, o que ganhariam se viessem atrás de vocês? Os senhores não tem nem onde caírem mortos, com todo respeito.

Rick franziu o cenho, abismado com tamanha insolência.

Por mais que estivesse certo em possuir desconfianças, não conseguiu encontrar nenhuma resposta que parecesse boa o suficiente.

O homem fora salvo pelo gongo quando gritos ecoaram pela floresta.

— Pai, vamos lá! — implorou Carl para ele. Ignorando por um momento a garota e a conversa que acontecia. — Temos que ajudar! Vamos logo!

Rick acenou, mas correu na frente e ordenou que Carl não se envolvesse a fundo pois era perigoso demais. O garoto, assim como Abraham, foi encarregado de segurar as duas meninas para que não fugissem caso aquilo fosse uma distração ensaiada.

Abraham pôs os braços de Enid para trás e agarrou firmemente seus pulsos com uma só mão, a outra empurrando suas costas para que ela andasse no eixo.

Carl tentou imitar seus movimentos com Hope, mas não tinha tanta prática quanto o mais velho.

Hope revirou os olhos e caminhou até onde iam com pressa, fazendo com que Carl, que tentava não deixar os pulsos da garota escaparem, tropeçasse várias vezes em seus próprios pés, transformando todo seu esforço em uma inútil tentativa.

Quando chegou ao o quê todos rodeavam, encontrou um homem que tremia como um tolo, vomitando até as tripas. Sua pele e olhos escuros transpareciam o quanto temia, e suas vestes serviriam perfeitamente para uma noite na presença de Deus.

— Um padre — a garota deixou os pensamentos falarem mais alto. Era óbvio que ele era um padre.

Rick se aproximou do homem desesperado, avançando em um olhar que seria capaz de deixá-lo mudo para sempre.

— Você as conhece? — perguntou, deixando bem claro que, caso mentisse, o mataria.

O padre pensou por um instante, assumindo que sua resposta o ajudaria a se livrar do mal que fosse.

Ele assentiu, como se dissesse que sim.

— Mentir é um pecado capital! — Enid o confrontou pois não fazia ideia de quem era aquele homem. — Deus o abominaria se estivesse aqui.

Hope sentiu a ira de Rick se multiplicar, insatisfeito por não ser capaz de distinguir a verdade da mentira.

Quando ele olhou para a garota, ela logo tratou de se defender.

— Eu não sou uma mulher religiosa — disse, e sentiu o aperto de Carl em seus braços, lembrando-se de que ainda era mantida como refém. — E também não entendo porque nos temem tanto. Emily realmente precisa ser segurada por um homem de mil metros para que não se sintam ameaçados? Eu realmente preciso que um magrelo segure minha mão para que vocês não morram de medo de morrer? Qual é! Eu poderia ter quebrado o queixo desse menino com uma só cotovelada se quisesse.

— Não poderia não — Carl franziu as sobrancelhas, convencido de que lidaria com isso tranquilamente caso ela tivesse tentado.

— Você quer testar? — indagou a loira de forma sugestiva e intimidante.

E então o padre vomitou novamente.

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