Alice... Alice... Alice estava à minha frente, falando comigo. Eu não podia acreditar naquilo. Como eu imaginaria que um dia falaria com ela.

Era quase certo que isso jamais acontecesse. Mas por alguma razão ela estava alí.

Alice de Sousa...Quem é ela afinal, deves estar a te questionar.
Alice de Sousa é ninguém mais e ninguém menos que...

14 anos atrás (Flashback)

- Ela está na porta filho. - gritou minha mãe.

- Estou a vir. - falei saindo da varanda traseira, correndo até a porta da sala.

- Oi Bruno.

- Olá Alice. Estás bonita. Para onde vais? Vais a festa? - perguntei a Alice que estava com um vestido branco, sapatilhas pretas e tinha trançado mexas.

- Obrigada. Não vou a festa, irei viajar.

- Viajar? Viajar para onde?

- Para França. Meus pais dizem que temos de ir para lá, porque eles vão trabalhar lá agora.

- Assim irão viver lá mesmo? - perguntei curioso.

- Sim. Estou a vir te despedir. - falou Alice.

Naquele momento eu não percebia, mas logo veria o quão Alice era importante para mim. Mesmo sendo apenas um garoto de 6 anos de idade, eu já começava a nutrir um sentimento forte por ela.

- Bom dia menino Bruno. - me cumprimentou o simpático pai da Alice, aproximando-se da minha casa.

- Bom dia senhor Sousa. - cumprimentei de volta.

- Peço para chamar a tua mãe, viemos nos despedir. - falou a mãe de Alice, que por ser muito baixa, eu não tinha notado que ela estava atrás do marido.

- Vou já chamar tia Maria. - falei entrando na sala, para ir chamar a minha mãe.

Fui a cozinha chamar a minha mãe, que cozinhava, e saí com ela para a porta da frente.

- Bom dia.

- Bom dia Dona Beatriz. - cumprimentaram a minha mãe.

- Já estão de partida? - perguntou minha mãe.

- Sim. Daqui há alguns minutos, iremos sair, então viemos despedir-vos. Agradecer pela boa convivência que tivémos. Agradecer por tudo. - disse o tio Sousa apertando a mãe da minha mãe.

- Obrigada pelos dias que cuidou da nossa filha, quando estávamos ausentes. Obrigada vizinha. - agradeceu a mãe de Alice, dando dois beijos à minha mãe na bochecha.

- Foi bom ter vos conhecido. Passámos por coisas boas e más juntos, mas a vida é assim. Façam boa viagem. - despediu-lhes a minha mãe.

- Obrigado.

- A Alice está aonde? - perguntei aos pais dela, porque ela não estava com eles quando saí com a minha mãe.

- Ela já foi. E nós já vamos também. Fiquem bem, tchau. - despediu-se a tia Maria, a mãe de Alice.

Eles saíram dali, entraram no carro deles e partiram. No mesmo dia, numa conversa com a minha mãe, descobrí que França era bem mais longe do que eu podia imaginar. Descobrí que Alice viveria lá para sempre, e que tinham vendido a casa para outras pessoas.

Fiquei triste por ter perdido uma grande amiga, mas com o passar dos anos, percebí que quando tinha seis anos de idade, eu na verdade estava triste por ter perdido um grande amor.