14. california gurls
roi 💜 como vocês estão? espero que o fim de semana tenha sido legal
primeiramente, eu tenho uma surpresinha pra vocês!:
o livro já passou dos 14K, e eu queria comemorar, então no capítulo anterior perguntei que músicas vcs gostariam de ouvir numa viagem de carro (ou algo assim kk) e vcs responderam! obrigada 💖 então eu fiz uma playlist no spotify 🤩
se chama "strangers roadtrip", e o link do meu perfil tá na bio do wattpad :) lá coloquei as músicas que vcs recomendaram e algumas que eu achei legal também. (em breve vou colocar uma foto de capa)
aliás, se você tem alguma indicação comenta aqui pra eu colocar lá! ❤️❤️
usei algumas dicas de vcs pro início desse cap. tmb
boa leitura! 💖
alerta: boiolisse 🥺🤧
...
Quando o grupo saiu de Bright Moon, Catra pensou "ótimo, agora eu posso dormir o restante das minhas oito horas de sono", então cruzou os braços, deixou os pés em cima do painel e se afundou no banco.
E aí veio a música.
Aquela viagem seria um inferno.
— A gente vai ficar ouvindo todas as suas músicas eletrônicas no caminho? — Catra falou como se estivesse prestes a chorar.
— Sim, e acho que tá na hora de você ser mais eclética, Cat. Vem, eu até fiz uma playlist só pra nossa viagem! — Adora apertou levemente a coxa de Catra, e a garota quase teve um surto gay por causa daquilo. Catra escondeu as bochechas vermelhas ao virar o rosto e olhou a cidade passando pela janela.
O som estava baixinho, e Bow e Glimmer não conversavam tanto assim, só nos sussurros entre eles mesmos. Adora manteve a atenção na rua, e seria uma questão de tempo até chegarem na estrada.
Catra não quis se preocupar com a agitação, então tentou relaxar e ouvir "Nostalgic". Até que não era ruim. (Ok, era ótima. Era ARIZONA). A música era quase calma e a vibração do som no carro deixava Catra pensando que estava muito longe dali, quase tranquilizador.
Ela fechou os olhos. Iria dormir de novo.
Adora olhou rapidamente a alma gêmea e sorriu. Às vezes Cat parecia uma criança quando dormia, o que era bom. Ela estava relaxada.
A loira falava com Bow e Glimmer sobre qualquer coisa. De vez em quando os dois falavam sozinhos, olhando algo no celular, e Adora achava melhor não interromper.
Ela olhou a estrada se aproximando, o que significava mais um pouco até enfim chegar em casa. Até que não havia trânsito naquele dia, não tanto quanto ela esperava.
Catra estava quase pegando no sono — naquele estado em que parece que sua alma sai do corpo —, até que um grito animado de Bow e Glimmer a despertou como um tapa na cara.
— Puta que pariu — ela resmungou e checou se o coração ainda estava batendo. — Ai, que susto!
— Desculpa. Katy Perry.
— Isso explica tudo — ela ergueu as sobrancelhas enquanto assimilava a música e a batida familiar.
Adora sorriu sem graça e aumentou o volume. Não podia esconder: estava animada.
Catra cruzou os braços e se afundou de novo no banco, enquanto escutava os três cantando "California Gurls".
Ela suspirou, chateada consigo mesma, porque aquela música era icônica e sabia a letra.
— Hey, Adora, sua música tema — ela sorriu de canto.
— Você gosta né? Admita.
— Nunca.
Catra revirou os olhos e sorriu. Quando ela arrumou a postura, Adora olhou para ela de relance. Catra murmuravam a melodia. Ela sabia cantar a canção.
Bow e Glimmer Ainda faziam o mesmo, agora mais empilhados. Adora balançava o corpo de leve, e Catra admirava o quanto aqueles três eram engraçados.
— California girls, we are unforgettable...
Glimmer fazia uma coreografia rápida e Bow imitou-a. Aos poucos Catra soltou a voz nas partes que sabia a letra, sorrindo, porque nunca em um milhão de anos imaginaria estar presa num carro com eles e cantando Katy Perry como se não houvesse amanhã.
E Adora sorria, cantava, tudo e ainda conseguia dirigir o carro. A paisagem ia mudando aos poucos, e ela ainda tinha os olhos azuis brilhando de felicidade.
Catra cantou mais alto. O carro virou uma boate de 2010. Serviu para acordar mais o grupo e acalmá-los, e fez toda a diferença no restante do trajeto. Todos sentiram uma ligação a mais entre eles mesmos. Aleluia, Katy Perry.
Chegou na parte do rap. Eles ficaram em silêncio, mas Adora começou a cantar rapidamente de cabeça. Ela sabia cantar todo o rap do Snoop Dogg. Catra cobriu a boca e arregalou os olhos. Adora sabia cantar do jeito engraçado e desengonçado dela, mas sabia, e como sabia. Ela parecia a dona do mundo. Os amigos comemoraram, e a loira não parava de se exibir com orgulho. Catra soltou uma risadinha. Caramba, aquela garota era perfeita.
— Quer saber, foda-se — Cat dispensou com a mão e olhou para Glimmer. — Coloca logo o Teenage Dream todo. Quero ver o Bow perdendo a voz quando chegar em "Firework".
— Muito engraçada — ele falou irônico e acabou sorrindo. — Pra sua informação eu sou um ótimo cantor que a Ohio tá perdendo. Fica atenta, Cat.
Adora e Glimmer se olharam com divertimento. Bow era péssimo em cantar, tipo, nem no banheiro a acústica ajudava. Um dia Catra o escutaria.
"Riptide" começou logo depois. Catra sorriu com a música, porque foi uma das primeiras que aprendeu a tocar. Ela cantou e não ficou surpresa quando todos acompanharam. Era uma música feliz, animada, e que trazia muita nostalgia de uma época mais tranquila. Cat sorriu e observou a paisagem lá fora.
— Ok, Bow, escolhe uma — Glimmer estendeu o celular para ele, que deu uma risada maligna ao olhar as músicas. — Retiro o que disse! Por favor, não...
Tarde demais.
Catra ficou atenta na melodia do piano. Ela e Adora perceberam logo o que era, e Glimmer escondeu o rosto com vergonha. Bow cantou para a alma gêmea, abraçando-a:
— Making my way downtown, walking fast, faces pass and I'm home bound — Ele disse. Glimmer riu com o rosto ainda coberto. Catra apertou a têmpora de tanta vergonha, e Adora não sabia se ria ou se juntava-se ao amigo.
Bow agitou os ombros, dançando:
And I need you
And I miss you
And now I wonder
— If I could fall into the sky, do you think time would pass me by? Cantem comigo!
As garotas gargalharam, e Catra mais ainda:
Cause you know I'd walk a thousand miles
If I could just see you... Tonight!
Bow aplaudiu. Glimmer aproveitou a chance e pegou o celular para trocar a música e poupar aquela vergonha, mas ela ainda estava com um sorriso no rosto e mais vermelha que o normal.
Catra voltou a atenção para o lado de fora. Um sentimento de alegria cresceu no peito. Uma grande euforia. "Someone To You" ecoava pelo carro, e ela se viu naquela música. Um pedacinho de paz que ela podia guardar para si estava seguro em suas mãos. Ela olhou para Adora, e ambas a comunicaram pelo olhar, exatamente como em outras vezes em shows:
Eu nunca tive ninguém e nenhuma estrada para casa
Eu quero ser alguém para alguém
E se o sol se põe e o céu esfria
Então, se as nuvens ficarem pesadas e começarem a cair
Eu realmente preciso de alguém para chamar de meu
Eu quero ser alguém para alguém
Alguém para você
Elas se amavam.
Muito.
Catra queria avançar mais um passo. Mas podia esperar mais um pouquinho.
Adora manteve os olhos na estrada. Catra olhou seus cabelos aos poucos se soltando do elástico, as roupas, a concentração... Adora era toda sua.
Bow e Glimmer também ficaram em silêncio. Catra olhou de relance para eles: a garota com a cabeça descansando no ombro dele, e sorriu.
Logo iria ver o litoral com aqueles três malucos. Ela era um deles agora.
...
— Bem-vinde à Casa da Barbie — Bow imitou a voz do GPS. — Você chegou ao seu destino.
Todos riram, exceto Adora. Ela desligou o carro assim que chegaram em casa.
— Já começaram as piadas? Tá cedo — a loira respondeu. Catra balançou o celular na frente dela.
— Eu fiz uma lista de referências e trocadilhos. Quer ouvir?
— Não.
— Sim! — Glimmer e Bow exclamaram com divertimento. A amiga lançou um olhar mortal. — Deixa pra lá.
Adora sorriu e saiu do carro assim como os outros. Catra fez uma lista de piadinhas sem graça para provocar a alma gêmea — que iam desde Lilo & Stitch até Tá Dando Onda —, mas se calou quando percebeu onde estava. A casa de Adora era enorme.
Catra olhou em volta. Já havia um carro na garagem, e o grupo teve que passar por um portão e subir um pouco rua até chegar de fato na frente da casa. Tinha um jardim básico, a porta grande de madeira, tudo em cores de tons brancos ou terrosos. Ainda tinha um andar onde provavelmente ficavam os quartos. Catra engoliu seco. Ela nem tinha entrado lá dentro e queria passar o resto da vida morando na casa.
Ela pegou o violão, e quando Adora abriu o porta-malas para lhe entregar a mala, Catra visou o seu lado esquerdo e soltou uma exclamação.
A praia.
Bastava descer um pouco em meio a areia e pedras que se chegava na praia. Não era a toa que Adora era muito bronzeada antes de ir para a universidade: ela vivia saindo de casa, talvez até fazendo aquele caminho que Catra olhava, e corria, nadava, surfava ali.
Mas Catra não ficou surpresa com a proximidade. Foi porque, quando um vento com cheiro do mar bateu contra seu rosto, ela olhou atentamente para as ondas e areia branca, e reconheceu tudo.
A praia que ela sonhou por anos estava bem na sua frente.
Catra respirou fundo. Até o som das ondas era familiar.
— É bonita, não é? — Adora disse quando chegou ao seu lado. Ela carregava duas malas sem dificuldade. Cat assentiu. — Senti falta disso.
Adora também respirou fundo para sentir o cheiro da praia. Aquela era sua casa.
— Adora! — alguém gritou seu nome. A loira arregalou os olhos quando viu Mara na casa. Ela estava com uma toalha enrolada na cabeça, chinelos, bermuda com estampa de Harry Potter e um roupão. — Eu estava me trocando quando a Hope avisou que você tava chegando, e aí vim correndo!
Adora soltou uma gargalhada a correu para os braços da tia. Mara apertou-a forte e Adora retribuiu, deixando beijinhos no rosto da mulher e vários sorrisos. Como ela conseguiu ficar longe por quase três meses?
Cat apertou o próprio corpo. Ficou apenas olhando as duas se abraçando e sorrindo, e o jeito que Mara acariciava a cabeça da sobrinha era o mesmo que Amanda fazia.
Ela não achou as duas muito parecidas, — exceto pelos olhos azuis que eram os mesmos. Catra até se assustou com a semelhança. Era como se o oceano estivesse ali — Mara tinha pele mais escura, que devia ser igual a do pai de Adora, e fios castanhos de cabelo que escapavam da toalha.
— Eu disse que podia continuar se arrumando e me deixasse receber todos — uma mulher alta surgiu atrás de Mara. Pele escura, cabelos lisos e longos quase que platinados. Ela falava calma, quase séria, com exceção de um sorrisinho se formando aos poucos no canto do lábio ao ver a sobrinha. — Você molhou o corredor, escorregou, e tá nua debaixo desse roupão.
— Desculpe. Eu queria ver logo a Adora — Mara apertou de leve o braço de Hope, ainda sorrindo.
— Oi, tia — Adora sorriu e abraçou Hope.
— Como foi a viagem?
— Divertida — ela sorriu para os amigos. — Bow e Glimmer vocês já conhecem.
Eles cumprimentaram as tias de Adora — Hope apenas com um aperto de mão e Mara com um abraço, o que foi meio estranho considerando que ela não tinha nada por baixo do roupão além da bermuda —, mas eles sorriram e entraram na casa.
Adora chamou Catra, que já se aproximava devagar da família.
— Tias, essa é a Catra. Minha alma gêmea — Adora segurou a mão dela. Catra nunca esteve tão nervosa na vida. Adora também estava, mas o jeito que ela disse aquelas palavras foi com orgulho. — Essas são Mara e Hope.
Hope estendeu a mão primeiro para Catra, e quando a latina apertou, a mulher sorriu. Graças à Etheria, porque Cat sentiu a pressão caindo a cada segundo. Ela dizia para se mesma "não tem como elas fazerem algo comigo se não gostarem de mim porque afinal... almas gêmeas né? Certo? Certo".
— É um prazer conhecer vocês — Cat disse tímida.
— O prazer é nosso, querida — Mara apertou a mão dela também, sorrindo brilhante e sincera como o Sol. — Adora contou tudo sobre você.
— Tudo? — Catra choramingou para Adora. Ela não era a melhor alma gêmea que os pais iriam querer (pelo menos não alguns meses atrás).
— Tudo não, só o importante — Adora dispensou com a mão. Catra relaxou mais.
Mara não se conteve e abraçou Catra também. A latina quase deu um gritinho assustado, mas deixou a mulher fazer aquilo. Aquele era um bom sinal.
Hope revirou os olhos e sorriu, depois ajudou Adora a carregar as malas dela e de Catra para dentro da casa. Mara continuava abraçando Catra, e ela gostou. A mulher queria olhar a garota bem de perto.
— Não sou o que vocês imaginaram, né? — ela disse baixinho, apenas para Mara.
A mulher sorriu levemente e olhou em seus olhos.
— Na verdade eu acho que vocês são ótimas juntas.
Catra ergueu as sobrancelhas.
— Eu já notei como vocês ficam confortáveis perto uma da outra, e eu sempre quis que a minha sobrinha tivesse um pouco mais de amor também.
Ela gostou de Mara. Definitivamente.
Porque Adora e Catra precisavam de amor.
— Vem, pode entrar e ficar à vontade — a mulher guiou-a para dentro. — Tode amigue da Adora é minhe também.
Catra entrou ainda tímida, mas visou o local curiosa. A casa era grande, e de cara tinha a sala com televisão à esquerda, à direita uma porta que provavelmente levava ao escritório de Hope e um banheiro do lado. Mais na frente a mesa de jantar, e de fundo a cozinha e as escadas que levavam aos quartos. A casa era aberta e bem iluminada, até porque uma das paredes tinha portas de vidro.
Adora chamou Catra até lá, e ela foi. As duas ficaram olhando o lado de fora: a mesma visão de um gramado pequeno com flores, e descendo... A praia. Estava tão pertinho.
Adora esperou a alma gêmea falar alguma coisa bonita. Ela observava a praia familiar de boca aberta.
— Puta merda — foi tudo o que Catra conseguiu dizer.
Catra recebeu um empurrão de Adora.
— Que foi? — Cat respondeu sarcástica e rindo rouca. — Você é a Hannah Montana. Pronto. Falei.
— E você não tem jeito — Adora gargalhou e cutucou Catra de novo.
Catra soltou uma risadinha e tentou escapar de Adora, mas a loira a pegou pela cintura e bagunçou sua cabeça. Catra tentou fazer cócegas em Adora, mas ela era mais forte.
— Eu só vou parar quando você prometer não fazer mais piadinhas comigo.
Catra tentou se soltar. Era impossível. Ela sorriu maliciosa.
— Não posso te prometer isso, Dorinha — disse manhosa. Adora bufou de frustração e largou Catra.
— Vamos, eu te mostro os quartos e daqui a pouco a gente vai na praia — Adora indicou as escadas com a cabeça e continuou antes que Catra pudesse protestar — ainda são nove da manhã e é a hora certa pra pegar Sol.
Elas subiram as escadas e Catra revirou os olhos. Se Adora queria, então ela iria.
Chegaram lá em cima, e eram muitas portas. Catra ergueu uma sobrancelha. Bow e Glimmer já estavam guardando as coisas e Mara tinha ido se trocar de verdade.
— Quantos quartos? Pode dizer sem timidez — ela provocou Adora, que corou.
— Só três. Você vai dormir com a Glimmer na cama e o Bow em um colchão no chão do quarto de hóspedes — Catra abriu a boca chocada. — Ordem das superiores, não minhas. Fica no final do corredor.
— Você tá separando dois casais de almas gêmeas e ainda vai ter o seu quarto só pra si sendo que podia passar a noite agarradinha comigo — Catra disse resmungando e Adora corou. — Enfim, a hipocrisia.
(Até parece que a Catra iria dormir separada de Adora) (e Bow de Glimmer (aquela era a chance de juntar os dois)).
Catra teve que brigar com Glimmer e Bow para o espaço da cômoda e do guarda-roupa no quarto de hóspedes, e Adora apenas observou-os quase se estapearem pelo espaço, principalmente as garotas. Por sorte Bow era organizado e meio paranóico com essas coisas, então resolveu rápido o que viria a ser um conflito — até porque se Glimmer levasse um arranhão de Cat na cara ele também podia sentir, então melhor não arriscar.
— Vamos logo porque eu tô doida pra sair! — Adora apressou-os para se trocarem. Catra deu uma risadinha e pegou as bolsa onde estava o biquíni. Ela saiu do quarto com Adora. — Por que você tá com essa cara?
— Infelizmente não consigo colocar minha roupa de banho sozinha e você vai me ajudar.
Adora riu irônica e indicou o próprio quarto. Quando Catra entrou lá viu a personificação da alma gêmea num cômodo: quase tudo em tons brancos, poucas prateleiras de livros de todos os gêneros, pôsteres e recortes de filmes na parede que iam desde "De Volta Para o Futuro" e "Sociedade dos Poetas Mortos" até "Mulan" e "Capitã Marvel".
A loira ficou nervosa ao mostrar o quarto. Quando ela não estava na praia geralmente passava o dia todo ali. Não havia muita coisa interessante além da decoração. Ela não tinha um computador ou televisão, luzes ou coisas do tipo. Ela gostava de preencher as paredes com recortes de revistas de coisas que gostava, porque pelo menos se lembrava do que a fazia feliz. Até algumas imagens de obras de design estavam ali pelo meio.
Ela gostava tanto de arte. Mas não era o suficiente.
Adora foi até a cômoda para pegar a roupa de banho e surfar, tentando não ficar nervosa por Cat vendo todos os seus bens.
Catra vagou o quarto com olhos curiosos. Ela parou no meio da mesa onde haviam alguns CDs empilhados e olhou um por um. Óbvio que se interessou mais pela música.
— Não acredito que você gostava de "Panic! At the Disco" esse tempo inteiro e nunca falamos sobre isso — ela disse e Adora se voltou para ela. Cat agitou um CD. — Desde quando?
— Anos. Acho que meu álbum favorito é...
— Too Weird to Live, Too Rare to Die — Elas disseram ao mesmo tempo e riram. Mais um tópico na lista de coisas em comum.
Adora achou a roupa de banho no local de sempre e mandou Catra se virar. A latina revirou os olhos e obedeceu, então ficou olhando melhor a mesa: alguns enfeites, post-its, canetas e muitos (muito mesmo) papéis coloridos. Adora tinha vários pacotes num canto, e Catra presumiu que ela usava para fazer origami.
Até no teto Adora havia dado um jeito de grudar. Passarinhos de várias cores eram suspensos por cordinhas e presos com fita como se estivessem voando.
Catra achou fofo. Ela continuou olhando a mesa e prestou atenção numa moldura e a foto: uma mulher igual à Adora, só que mais velha e de cabelos mais compridos que iam até depois dos ombros. Ela estava abraçada a um homem com pele e cabelo iguais aos de Mara, e olhos azuis brilhantes. Ele passava um ar mais divertido na foto, animado e vivo, do mesmo jeito que Adora ficava quando estava empolgada com alguma coisa. Era o mesmo sorrisinho de canto, mesma aura. A mulher era quase o contrário: não sorria muito, mas as sobrancelhas estavam erguidas como se fizesse esforço para tirar uma foto.
— Esses são os seus pais, certo? — Catra perguntou em tom suave sem tirar os olhos da fotografia. — Você é igualzinha a eles...
Catra apertou mais a vista. Ela tinha um pressentimento bom sobre eles. Ela os conhecia. Aquela foto a deixava tranquila só de olhar.
— Sim — Adora sorriu, um gesto de carinho e tristeza. — Randor e Marlenna. Tiraram essa foto quando eu era pequena. O fundo é o quintal da antiga casa que eu morava.
Antes de... tudo.
Não era muito visível, mas Catra enxergou parte de uma cerca e uma árvore. Ela lembrou de Adora mencionar que depois que Randor e Marlenna morreram ela veio morar no litoral.
— Já tô pronta — Adora disse e Catra se virou. Short jeans, chinelos, e maiô de surf em tons preto e azul escuro, colado ao tronco e braços. Adora franziu as sobrancelhas. — Que foi? Você tá vermelha.
Catra estava pensando o quão linda Adora devia ser naquele traje assim que ela mostrasse tudo. Ela agradeceu à pessoa que fez o design daquela roupa e respirou fundo.
— Eu nunca me senti tão gay na minha vida inteira quanto agora — Catra disse meio que sem ar.
Adora sorriu sem graça, gaguejando e quase tropeçou quando foi pegar a bolsa de Catra.
— Eu só vou entrar no mar se for com você — Catra disse enquanto se trocava também. Ela sentiu um arrepio por todo o corpo quando Adora ajudou-a a amarrar o biquíni. — Igual no Halloween.
Catra nunca aprendeu a nadar. Era meio humilhante quando ela se comparava à alma gêmea, mas tentou não pensar nisso ou se sentir insegura.
— Vou ficar com você o tempo todo — Adora disse tranquila e Catra relaxou a tensão nos ombros. A loira deu um beijinho na bochecha dela e olhou-a de corpo inteiro. — Você é linda.
Cat sorriu de lado. Ela ficaria bem.
...
— Finalmente! — Glimmer disse alto quando o grupo chegou na areia. Estava ventando frio, mas fazia Sol. A garota estendeu uma toalha no chão e colocou a bolsa em cima. — Eu amo a praia.
— Eu também amo ficar com areia em todos os lugares possíveis e impossíveis do meu corpo — Catra resmungou. Glimmer mostrou a língua.
Bow pôs as mãos na cintura e olhou por toda a extensão da praia que se podia: algumas pessoas aqui e ali, não o suficiente para encher. Estava um dia bom. Haviam vários surfistas também. Ele inspirou e sentiu o cheiro do mar.
Adora foi quem chegou por último. Ela tirou os chinelos e sentiu a areia úmida. Nada como estar em casa. Era como o paraíso.
Ela soltou uma risada quando viu Bow. Ele tinha protetor solar demais.
— Acho que você precisa espalhar melhor isso aí — ela cutucou-o e acenou com a cabeça na direção de Glimmer. — E nas costas não tem nada.
— Ah, eu esqueci dessa parte — ele disse sem graça e correu para a alma gêmea.
Adora observou a garota corar, mas mesmo assim espalhou protetor solar pelas costas dele.
— Catra, me dá — Adora mandou. A latina estava de pé, prancha de surf debaixo do braço e óculos escuros.
Catra segurou mais firme.
— Mas eu pareço tão descolada! — ela insistiu. Adora estendeu a mão, pedindo mais uma vez. — Tá, tanto faz. Pega a sua prancha, vira sereia e depois você volta.
— Obrigada — Adora respondeu sarcástica. A prancha era branca com detalhes em amarelo e azul claro.
Catra sentou-se na toalha e observou a alma gêmea ficando apenas com a roupa de banho. Ela verificou a pulsação para ter certeza se ainda estava viva quando Adora acenou rapidamente e foi na direção do mar. Catra cobriu o rosto para esconder a vermelhidão — ela estava tão encantada e perdida por Adora, mais do que imaginava ser possível. Aquela garota era um sonho. Um sonho lindo.
Adora teve medo de voltar ao mar de início. Tentou pensar que era exatamente como andar de bicicleta ou tocar um instrumento: você pode até ficar muito tempo sem praticar, mas ainda sabe. E ela ainda tinha jeito para aquilo.
Entrou no mar e apertou os lábios. A água estava um pouco gelada, mas já havia aguentado dias piores. Quando chegou numa distância e altura boas, deitou sobre a prancha e remou com os braços para mais longe até onde as ondas eram cada vez maiores.
Adora respirou fundo. Era satisfação por estar onde sempre quis.
Tudo na sua vida era pela metade: ela gostava de música, arte, desenhar, de assistir filmes... mas nada era o suficiente para se sentir completa. As únicas coisas que Adora tinha certeza eram o surfe e Catra.
Porque o mar a ajudou a se recuperar. Mara e Hope a abraçaram como se fosse delas, e depois lhe apresentaram o esporte. Uma alternativa. Escape.
E Catra era sua outra metade. Tudo era certo. Ela era uma âncora.
Quando Adora remou e sentiu a água mudando para a onda que começava a crescer, ela se posicionou corretamente. Quase dez anos antes ela estava aprendendo a fazer aquilo. Mara e Adora iam até lá todos os dias para praticar e tentar tirar aquela ansiedade do peito.
Adora ficou de pé e seguiu a onda. Era como se ela desenhasse na água e a deixasse guiar para onde precisava. Ela sorriu.
Lembrou-se de quando chegou naquela cidade nova e estranha. Ela não tinha amigos e nem queria. Ela só pensava em seus pais e como eles não estavam mais lá. Ficou isolada sozinha por muito tempo apenas com suas lembranças. Os dias passavam rapidamente e Adora se sentia estática no mesmo local o tempo todo.
Ela estava vazia.
Totalmente vazia.
Por meses Mara tentou animar a garota com qualquer atividade como filmes, e até que ajudaram um tempo a esquecer, mas não era como se aquilo fosse simplesmente ser apagado. Hope puxava conversa, a convidava a falar sobre qualquer coisa, fosse sobre como se sentia, como o dia havia sido e etc. No fim Adora apenas voltava ao quarto, colocava um dos CDs de The Corrs da mãe e aprendia um novo bichinho de origami.
Adora respirou fundo quando voltou para a próxima onda. Já estava encharcada, e teve que umedecer os lábios para tirar o gosto de sal. Ela piscou e sentiu ardência leve, mas não a importou. Era bom. Havia voltado para casa.
Então foi atrás da próxima onda. Ela era parte do oceano.
Quando Mara propôs o esporte, Adora não quis. A tia insistiu e logo no dia seguinte acordou Adora ao mesmo tempo que o Sol nascia. As duas saíram para uma corrida forçada. Elas brigaram enquanto corriam porque a garota não tinha nem doze anos e se achava muito fraquinha e insistia que preferia passar o dia chorando no quarto a correr.
" — Vamos apostar uma corrida — Mara disse sem fôlego. Adora fez um bico. — Se eu ganhar, nós vamos surfar juntas. Eu te ensino todos os dias de manhã antes da escola e você não vai reclamar. Se você ganhar pode fazer o que quiser.
— Você é adulta.
— E você é criança. Com certeza é mais capaz de correr do que eu — Mara apontou para uma cadeira de salva-vidas a alguns metros. — Aquela é a linha de chegada. Topa?
Mara respirava rápido. Adora bufou e analisou as opções. Ela tinha chance de ganhar.
— Ok.
Mara sorriu. As duas ficaram em posições. Aquilo era loucura: estava frio pra caramba, cedo e Adora era apenas uma criança.
Elas correram. Mara foi lenta primeiro para dar uma chance e esperança na garotinha e suas pernas curtas. Adora sorriu indo na frente, confiante, e foi assim por quase todo o percurso. Então bem no final Mara acelerou e passou. A mulher derrapou na areia, e Adora tropeçou, e levantou-se com o cabelo cheio de sujeira.
A mulher estendeu a mão e ergueu a sobrinha com um sorrisinho vitorioso.
— Eu ganhei.
— Não foi justo!
Mara tirou a areia do cabelo de Adora.
— Quando você tiver lindos braços musculosos e cabelo meio castanho vai me agradecer.
— Se você diz... — a menina resmungou.
Mara riu e acariciou a bochecha de Adora.
— Escuta, toda vez que você se sentir mal e ansiosa pode correr ou surfar. Eu te garanto que vai ajudar. Digo isso porque me ajudou também, eu sei exatamente como é — ela disse doce. Adora ergueu os olhos azuis. — Você se sente mais viva, o peito se enche de ar, e é como se fosse só você no mundo. Sua mente se concentra assim como o coração e fica tudo equilibrado.
Adora sentiu o alívio no corpo inteiro. Ela percebeu o coração acelerado pela corrida, e aquela era uma coisa boa. Ela havia ficado daquele mesmo jeito sem correr antes, aquela coisa vinha do nada e não sabia como parar. Mas apenas com aquela corrida houve uma melhora nela mesma. Adora estava mais viva que nos últimos meses.
— Eu topo."
Adora olhou para a próxima onda se aproximando. Estava pronta para aquilo. Estava pronta para tudo.
Ela ficou de pé na prancha, manteve as pernas e braços firmes, sendo guiada pela água. Não prestou atenção nos amigos na areia, mas pessoas, no cabelo molhado saindo do elástico. Apenas se preocupou em sentir a água em sua mão e de controlar o caminho dali para frente. Ela podia fazer qualquer coisa.
Passou muito tempo tendo incertezas, e ela ainda tinha e teria por muito tempo — esse tipo de coisa não se resolve de uma hora para outra.
Mas pelo menos uma vez Adora estava decidida. Ela não deixaria aquela felicidade escapar. Não mais.
...
Catra sentiu alguma coisa lisa tocando o seu pé embaixo d'água.
— Adoraaaaaa — ela choramingou e correu para os braços da loira.
Espirrou água para todos os lados, e Adora segurou-a. Catra abraçou Adora e envolveu suas pernas na cintura dela. Elas estavam com a água na altura do quadril.
— Deve ter sido uma alga — Adora disse despreocupada. Catra estremeceu de nojo. — Você tem que ficar aqui?
— O quê? Eu não tô fazendo nada — ela sorriu maliciosa.
— Adora, pode se concentrar aqui? — Glimmer chamou-a. Ela estava tentando remar na prancha da garota.
— É, Adora, se concentra — Catra provocou. Estava meio difícil com ela em seu colo.
Adora disse para Catra se apoiar em suas costas, e foi exatamente o que ela fez. Ela carregou-a consigo e voltou a ajudar Glimmer a nadar um pouco.
Bow ficava apenas olhando e garantindo que a alma gêmea ficasse bem. Ele segurou a mão dela caso escorregasse, e os dois acabaram rindo de qualquer coisa que ele dizia. Foi fofo.
Catra descansou a cabeça na curva do pescoço de Adora. Sentiu o cheiro da água salgada, o rosto molhado, e relaxou o corpo, ainda prendendo-se à ela.
Ela não teve medo da água ou de nada porque sabia que Adora estaria lá por ela.
— Hey, Adora.
— O quê? — ela respondeu doce e entrelaçou os dedos com os de Catra. A latina sorriu.
— Eu gosto daqui. É divertido.
Adora sorriu e inclinou a cabeça para trás de modo que visse apenas os olhos da alma gêmea.
— Eu também acho.
— Agora é a vez da Cat! — Glimmer chamou e desceu da prancha. — Só um pouquinho pra nadar.
— Sem chance, Sparkles.
— Você consegue — Adora guiou-a com a mão e Catra deixou. Ela ajudou a garota a se sentar. — Ok, agora deita e rema com os braços um pouquinho assim — Adora fez o movimento. Catra bufou e revirou os olhos, mas obedeceu. — Isso, agora só mais forte. Você vai nadar mas não necessariamente tocar na água.
— Vamos estar aqui do lado — Bow assegurou.
Catra visou os olhos de Adora. A loira fez sinal positivo, e tinha um brilho de orgulho nos olhos. Aquilo a deixava tão feliz...
Ela remou, puxando a água e se movendo. Era fácil na verdade. Catra continuou nesse ritmo, e percebeu que estava indo mais rápido. Os amigos logo atrás. Ela sorriu levemente quando eles exclamaram felizes.
Catra achou incrível. Era nadar e não ao mesmo tempo. Quem sabe um dia ela superaria o medo e tentasse aulas de natação? Era boa em aprender coisas novas. Por que não aquilo também?
Diminuiu a velocidade, e Bow e Adora seguraram a prancha para parar. Catra respirou fundo.
— Você conseguiu! — Glimmer comemorou e deu um beijo na bochecha de Catra.
— Abraço em grupo! — Bow disse sorrindo, já abraçando Catra e Glimmer. A latina protestando, mas lá no fundo gostou do gesto. Adora sorriu também e se juntou ao abraço. Suas pessoas favoritas do mundo juntas. — Melhores amigos para sempre!
Todos passaram o resto da manhã na praia, banhando no mar, tomando Sol, rindo e sentindo nada mais que felicidade.
...
oi maravilhoses 💜
mds esse capítulo foi simplesmente muito fofo
resumo: gatilhos demais pq sinto saudade da praia. é isso.
eu fiquei totalmente imersa enquanto fazia a parte da adora surfando, foi tipo aaaaa uma emoção de coisas vindo na minha cabeça e eu só coloquei pra fora. em breve vocês vão ver mais sobre os pensamentos dela em relação à tudo
a Mara é TUDO PRA MIM SCRR eu amo ela demais 😭❤️ (eu se fosse tia)
referências da katy perry sempre (old)
a Catra boiola é exatamente o que vocês pediram kkkkkk eu já tinha escrito isso é vendo os comentários de vcs antes pensando só nela ficando doidinha
Adora: a
Catra: me c*me por favor 🥺🙏🏼😔
as referências = tudo. sempre que eu tiver uma oportunidade eu VOU FAZER
então, eu tava escrevendo e pensando em esportes (wow... sports) e queria saber se vcs praticam alguma coisa? eu fazia natação e amava demais, dança tmb. tive que parar pq já era coisa demais e pouco tempo
enfim, deixem suas opiniões que eu vou adorar saber ou tirar dúvidas! 🥰
o próximo capítulo promete partes bem fofas também, mas não garanto só felicidade ok? ksksks scrr gente tá quase acabando eu to muito triste
não esqueçam de deixar o voto se gostaram :)
até sexta-feira 💜
se cuidem, fiquem bem, bebam muita água, assinem petições e doem como puderem (no twitter tem vários links, basta pesquisar) porque qualquer ajuda já é bom ☺️ se alimentem bem, durmam direitinho, ajeitem a coluna!
beijão 💖💛💕
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