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Capítulo 3


Naruto não havia dormido direito e também não havia conseguido aquela conchinha com Shikamaru, sempre que acordava, passava alguns minutos na cama, enrolando para levantar e mexendo no celular.

Naquele dia ele ouviu o colega de quarto resmungando, provavelmente com algum fantasma.

— O que diabos você tá fazendo aqui? Por que diabos não vai fazer... sei lá o que anjos fazem? penteiam penas?

Por que ele estava falando com um anjo?

Era aquele mesmo que ficava os rondado desde... semana passada?

— Shika! — gritou no pequeno apartamento.

O moreno apareceu andando rapidamente com uma toalha enrolada na cintura, ele prendia os cabelos quando parou ao lado da cama de Naruto.

— O que foi?!

O mais velho sorriu e puxou Shikamaru para a cama, fazendo os cabelos dele caírem sobre o rosto.

— Lembrei que você me deve uma conchinha.

— Fala sério, Naruto. Você me fez vir até aqui pra isso?— ele tentou levantar, mas Naruto o segurava.

— Você devia ficar mais com o cabelo solto Shika, fica muito sexy.

O rosto de Shikamaru se tornou vermelho e ele lutou bravamente para se livrar dos braços de Naruto. E quando conseguiu escapar e se levantar, sua toalha quase caiu, aquilo estava ficando mais embaraçoso a cada segundo.

Shikamaru tinha um corpo muito bonito, e Naruto não tinha decoro suficiente para não admirar.

— Admire o quanto quiser, eu sou hetero.

Naruto sorriu, sabia bem daquilo e às vezes era um pouco doloroso pensar sobre.

— Levanta logo ou vai se atrasar.— alertou o moreno.

— Eu não pretendia sair da cama mesmo. — reclamou se mexendo na cama e abraçando os travesseiros com que dormia.

— Se você não levantar eu não vou com você furar sua orelha.

— Ok, o dia está lindo pra ir pra aula né?— ele sorria enquanto se levantava da cama.

— Se você quer falar com ele, deixe ele te ver oras.— Shikamaru reclamou enquanto andava ao lado do amigo loiro na rua.

— Hã... Shika?— Naruto estava confuso.

— Aquele frango tá sendo um stalker o dia todo e não para de tagarelar no meu ouvido.— reclamou, enquanto acendia um cigarro.

Eles estavam caminhando pela cidade em direção a um estúdio de tatuagem, Naruto pretendia colocar pelo menos dois brincos em uma de suas orelhas e sabia que aquilo iria doer e tinha uma tolerância medíocre para dor.

— Tem certeza? — questionou tirando o cigarro da boca e parando em frente ao estúdio.

— Não, mas você tem que prometer não me filmar chorando.

O moreno sorriu e jogou o cigarro no lixo.

— Isso eu não posso prometer.

— Ah Shika... vai!

Shikamaru se sentia ridículo por não conseguir negar nada para o outro ou muito menos resistir.

— Fazemos assim, se você chorar, eu ganho um desejo, se você não chorar eu fico de cabelo solto uma semana e durmo de conchinha com você.

O rosto de Naruto se iluminou, ele abriu um sorriso tão grande que podia cegar alguém com aqueles dentes brancos. Shikamaru jurou que iria ganhar um abraço, mas o loiro se conteve e por um instante o clima ali ficou desconfortável.

Eles entraram no lugar, Shikamaru tinha brincos em suas orelhas, não achava uma dor excruciante, mas sabia que aquela aposta estava ganha. Naruto chorava quando cortava o dedo com papel, 90% das lágrimas eram de brincadeira e os outros 10% eram a tentativa de não chorar sentindo uma dor fraca.

— Deidara! Quanto tempo! — o loiro disse correndo abraçar o amigo. — O Sasori que vai me furar? Ele me dá medo. — resmungou para o outro loiro.

— Não esquenta, ele tem mão leve. — sussurrou de volta.

Shikamaru ergueu o punho fechado para Deidara, que retribuiu o cumprimento.

O moreno abriu a câmera de seu celular e o entregou para Deidara.

Obviamente, como o esperado, lágrimas escorreram pelo rosto do loiro enquanto Sasori furava a cartilagem da orelha, Naruto colocava as mãos no rosto, tentando se manter parado, até que Shikamaru encostou seu braço no do amigo para que ele o segurasse.

Enquanto o ruivo colocava o piercing na orelha, o loiro deixava as lágrimas escorrerem por seu rosto e apertava o braço de Shikamaru.

— Eu quase morri! — gritou enquanto caminhavam em direção à Universidade novamente.

Shikamaru apenas ria das reações do loiro.

— Bem, eu to te devendo alguma coisa agora, o que você vai querer?

— Eu vou cobrar depois.

O loiro pareceu aliviado e assustado ao mesmo tempo.

— Eu vou pra casa do meu pai essa noite, vai querer ir junto?

Naruto desanimou um pouco.

— Tenho que estudar. — disse forçando um sorriso.

Não iria ser horrível ficar sozinho no dormitório por um dia, poderia até fazer uma pequena festa, mas não era o que Naruto queria, gostava de passar as noites sabendo que Shikamaru estava ali ao seu lado.

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