♠︎TRÊS♠︎
Capítulo Três.
— Prenderam mais dois e mataram três dos nossos, chefe. — Gustavo, mais conhecido como Paçoca, contou ao Vitor o que tinha acontecido na favela durante a invasão da polícia. — Também teve moradores atingidos no meio da bagunça toda, mas nenhum foi grave. — Disse ele, dando mais detalhes.
— Eles sabem que estamos mais fracos, por conta de terem capturado o Coringa, mas precisamos nos prevenir melhor. — Vitor falou, angustiado. Por mais que tentasse ajudar, não era como seu irmão. Não sabia fazer as coisas como ele. — Temos que deixar todos preparados e se eles vierem novamente, não vão nem conseguir entrar! — Vitor falou irritado, por terem matado três dos seus amigos e atingido também moradores. — Onde está o Falcão? — Perguntou, querendo saber do melhor amigo do seu irmão.
— Ninguém o viu, chefe! Ele está sumido desde manhã. — Gustavo contou a ele.
— A polícia o pegou? — Vitor perguntou, preocupado.
— Não chefe! Ele respondeu minha mensagem. Só me disse que estava resolvendo algumas coisas. — Explicou melhor.
— Isso é bom! O Coringa ia ficar muito nervoso em ter seu amigo preso. — Vitor falou, por saber que o Falcão era o melhor amigo do seu irmão desde a adolescência. Eles sempre foram muito unidos.
— Logo ele deve estar brotando por aí, chefe. Não se preocupe. — Gustavo falou, para tranquilizá-lo.
— O Coringa deve ligar em breve. Vou precisar contar tudo a ele. — Vitor falou tristemente, sabendo que seu irmão ia ficar muito nervoso, por ter perdido seus companheiros da facção.
— Eles nem queriam saber quem eram, iam atirando em todo mundo. — Gustavo contou. Ele estava em meio ao confronto de mais cedo, quando os policiais chegaram.
— Vamos nos prevenir melhor… eles não vão ter tanta sorte da próxima vez. — Vitor garantiu a ele.
Mesmo que não gostasse de estar em seu posto, Vitor não gostava da forma que os policiais agiam ali dentro da favela, sem se preocupar com pessoas inocentes, criança ou moradores.
— Vamos reunir todos pela manhã. Temos que nos certificar que a polícia foi mesmo embora e depois, vamos montar uma estratégia para aqueles filhos da puta não conseguirem subir mais até nossa gente. — Disse ele, lembrando da policial ferida que estava em seu quarto, a qual, nem mesmo ele sabe porque a ajudou.
— Vou acertar tudo, chefe. Pela manhã vamos nos reunir e encontrar uma solução. — Gustavo concordou com ele.
— Vamos tentar dar nosso melhor até o Coringa sair, depois ele vai assumir seu posto e saberá o que fazer. — Vitor falou, contando os dias para seu irmão sair logo da cadeia.
— Tudo bem, chefe. Até amanhã. — Gustavo falou e foi embora.
Vitor entrou em casa e seguiu direto para o seu quarto, onde a Sarah tinha ficado cuidando da policial, que ele levou mais cedo.
— Como ela está? — Vitor perguntou, assim que entrou no quarto.
— Me deixando preocupada. — Sarah respondeu, colocando a mão sobre a testa da mulher. — Ela ainda não acordou e está com febre. — Contou ela.
— A febre deve ser por conta da perda de sangue. — Vitor falou, sem muita certeza. — Vou ver se consigo alguns antibióticos e anti-inflamatórios. Devem ajudar um pouco. Se a febre não baixar, me ligue. Vou descer para ver se consigo alguma coisa, pra gente dar a ela.
— Tudo bem. — Sarah respondeu, colocando a mão novamente na testa da mulher, sentindo ela tão quente ao seu toque. — Vai rápido!
[...]
Vitor estava voltando para casa com os remédios que foi buscar, quando seu celular tocou.
No visor mostrava que o número era desconhecido, mas ele sabia bem quem era.
— Alô. — Atendeu no segundo toque.
— E aí irmãozinho. É bom ouvir sua voz. — Vitor sorriu, ao ouvir a voz do seu irmão.
— Também é bom ouvir a sua voz. — Vitor falou, um pouco mais animado, agora que estava falando com seu irmão. — Fico feliz que tenha saído da solitária.
— Aquele lugar é um inferno! — Seu irmão contou. — Mas nos dá tempo para pensar na vida. — Disse ele, suspirando fundo. — Fiquei sabendo que houve invasão hoje pela manhã? — Perguntou, querendo saber os detalhes.
— Pegaram alguns dos nossos, mas não conseguiram subir. — Vitor contou a ele.
— Tô achando essa história muito estranha. — Seu irmão falou e Vitor não entendeu direito do que ele estava falando.
— O que está estranha? — Vitor perguntou, querendo compreender melhor.
— Eles foram atrás de você, Vitor! — O Coringa falou, com convicção. — Não foi uma simples invasão. Tem algo por trás dessa história toda.
— Como assim vieram atrás de mim? Eles nem me pegaram. Nem conseguiram subir. — Vitor falou, sem entender direito aquela conversa do seu irmão.
— Mais cedo, quando o carcereiro foi me tirar da solitária ele falou, que era hora de voltar pra cela que um membro muito importante da família estava chegando. — Contou e Vitor também ficou intrigado. — A invasão ainda estava acontecendo e parecia que ele tinha certeza do que estava falando. Não sei o que deu errado, mas acredito que eles tenham ido atrás de você, irmãozinho. — Seu irmão falou, tendo quase certeza de suas palavras.
— Vou conversar com o pessoal…
— Não! — O Coringa o interrompeu. — Não quero que alarme ninguém. Vamos ser cuidadosos e nos prevenir. Não confio em mais ninguém a não ser você. — Disse ele, preocupado.
— O Falcão é seu braço direito, Coringa. — Vitor falou, por confiar nele.
— Não confio em mais ninguém, irmãozinho! — Leandro falou, com convicção. — Quando me prenderam, os policiais foram direto até onde eu estava naquela festa. Parecia que eles sabiam exatamente onde eu estava e adivinha só? — Disse ele. — O falcão recebeu uma ligação e saiu minutos antes da polícia me prender.
Vitor ficou pensativo na história que seu irmão acabou de contar e se lembrou de algo que o Gustavo tinha contado a ele.
— Hoje ele estava sumido. O Paçoca contou que ele estava fora, resolvendo algumas coisas. — Vitor falou, achando muita coincidência aquela história toda.
— A solitária nos dá muito tempo para pensar, irmãozinho. — Seu irmão falou, parecendo ter certeza de suas palavras. — Minha fuga vai ser adiantada, não confio que vai dar certo no dia marcado. Muita gente está sabendo, inclusive o Falcão e se ele for mesmo um traidor, quem me botou aqui dentro, não vai me deixar sair!
— Acha que ele é mesmo um traidor? — Vitor perguntou com raiva, pensando que o melhor amigo do seu irmão o traiu.
— Não tenho cem por cento de certeza, mas tem muitas coisas que o colocam na primeira linha da minha lista. — Seu irmão respondeu.
— Precisamos colocá-lo contra a parede. Se ele estiver nos traindo, vai pagar caro! — Vitor falou, querendo resolver tudo de uma vez.
— Não quero alarme, Vitor. — Seu irmão pediu. — Deixe ele tranquilo, achando que não desconfiamos de nada. Vou conseguir mais coisas sobre essa história toda e quando eu sair daqui vou ter uma conversa bem proveitosa com ele, eu garanto! — Seu irmão garantiu a ele.
— Tudo bem. Vou ver se consigo algo também. — Vitor falou, também querendo descobrir se o Falcão era mesmo um traidor.
— Não conte a mais ninguém sobre nossa conversa, nem mesmo a Sarah. — Pediu ele. — O Falcão morre de amores por ela e a Sarah pode falar algo, já que ela não mede esforços para implicar com ele.
— Não vou contar! — Vitor garantiu a ele.
— A fuga vai ser dois dias antes. Não quero ter surpresas e algo me diz, que tem gente nossa junto com a polícia. Vou precisar do dinheiro adiantado pra pagar o pessoal aqui, mas isso, depois a gente conversa. Só nós dois, ninguém mais pode saber! — Pediu novamente segredo, sobre a conversa que tiveram.
— Vou guardar segredo, eu prometo! Me avise quando tudo estiver pronto e eu mando o dinheiro. — Vitor falou.
— Até mais, irmãozinho, fica bem! Manda um abraço pra Sarah. Eu amo vocês.
— Fica bem, mano! Também amamos você! — Vitor falou, feliz em poder ter conversado com seu irmão, já que nem mesmo podia ir ao presídio.
— Logo estaremos juntos novamente. Até irmãozinho. — Seu irmão falou e desligou.
Vitor guardou o celular no bolso e continuou subindo as escadas, pensando em tudo o que seu irmão falou.
Quando ele ouviu a invasão, seu instinto foi ir atrás da Sarah. Saiu imediatamente atrás dela. E por pensar em proteger sua irmã, acabou salvando sua própria vida, já que, tinham ido direto até a casa atrás dele, mas não encontraram, mas esse era um detalhe que ele ainda não sabia.
— Trouxe os remédios? — Sarah perguntou, assim que seu irmão chegou.
— Tá aqui. — Vitor falou, entregando a sacola com os remédios. — Sarah, você viu o Falcão hoje? — Perguntou, sem demonstrar muito interesse. Ele não ficava um dia sem ir atrás da Sarah.
— Eu vi ele mais cedo, quando estava vindo atrás de você. — Contou ela e Vitor precisou se controlar para não demonstrar sua raiva. — Ele tinha vindo atrás de você também, mas quando eu cheguei, ele ficou todo estranho e foi embora. — Sarah contou, sem saber que tinha dado a ele a certeza que Falcão era mesmo o traidor. — Aconteceu alguma coisa? — Perguntou confusa.
— Não aconteceu nada. — Vitor tentou desconversar. — Eu só não vi ele hoje.
— Aquele idiota estava aqui pela manhã. — Sarah falou, por não gostar das cantadas idiotas dele. — Vou levar os remédios. Nossa nova hóspede está queimando de febre. — Contou a ele.
— A febre ainda não baixou? — Vitor perguntou preocupado, seguindo atrás da sua irmã até o quarto.
— Não. Eu te liguei, mas o celular estava ocupado. — Contou ela.
— Estava conversando com nosso irmão. Ele mandou um abraço. — Contou ele.
— Não vejo a hora do Leandro estar aqui com a gente. — Sarah falou, sorrindo, por pensar no seu irmão.
Sarah não era tão unida a ele, como é com o Vitor, mas sentia muito a falta dele. O Leandro nem mesmo a deixava ir visitá-lo na prisão. Não queria que ninguém soubesse que ela era sua irmã, para protegê-la dos seus inimigos
— Em breve ele vai estar. — Vitor falou, pensando na conversa que teve com seu irmão a pouco.
— Preciso que me ajude a tirar a roupa dela. Preciso colocar algumas toalhas úmidas para ajudar a baixar a febre logo. — Sarah falou, pedindo ajuda ao seu irmão.
Vitor pegou uma camiseta dele da gaveta e foi até a cama, ajudando a Sarah a tirar a roupa da policial e, com todo cuidado, vestiu sua camiseta nela, não querendo deixá-la sem roupa.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro