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4 - Tênis na Areia

Alguns dias se passaram desde aquele almoço. Lucas continuou hospedado na pousada e, embora o objetivo fosse se isolar para investigar e, eventualmente, descansar, por aqueles dias ele só conseguiu dormir algumas horas por noite, isso se somasse todos os momentos em que conseguiu pregar o olho.

Por esse motivo, nesta manhã, ele se sentia exausto. Os ombros chegavam a queimar, e os olhos pareciam ter sido lavados com vinagre. Quando procurou um local para se hospedar, chegou a pensar que, se estivesse num lugar diferente, talvez pudesse se sentir mais confortável para descansar, mas claramente estava enganado. Definitivamente, seu problema não tinha nada a ver com espaço ou ambiente.

Os distúrbios com o sono começaram logo que Alice desapareceu. Obviamente, nos dois dias em que as autoridades fizeram as buscas, Lucas se manteve totalmente acordado e envolvido com a procura, e na noite em que ela finalmente foi localizada, ele não dormiu. Nem naquela noite, nem nas posteriores, e sua existência passou a ser um misto de busca incessante enquanto acordado e cochilos breves quando o cansaço se tornava insuportável.

A falta de sono o fez procurar o terapeuta da polícia uma vez. Lucas queria um encaminhamento para obter uma receita de remédios para dormir. Ele poderia conseguir isso sem a necessidade de um médico, já que, como policial, conhecia todos os caminhos. Seria a coisa mais fácil do mundo ter acesso a opioides trabalhando no DEIC, mas a mãe dele o levara à igreja por tempo suficiente para que ele desenvolvesse um medo exacerbado de ir para o inferno. Ele nunca conseguiu se apropriar de um lápis caído no chão da escola, quanto mais conseguir narcóticos.

O médico não o ajudou com remédios para dormir. "Alto nível de dependência entre policiais". Esse foi o motivo, segundo o profissional. Pura estatística. Lucas teria que levar a terapia a sério, mas ele não estava a fim, então o sono virou mais uma coisa que ele não conseguia alcançar por si só.

Às vezes, ele até se permitia dar atenção ao que o terapeuta orientara, mas no geral, ignorava os conselhos do Dr. Joaquim. Talvez por sua natureza beligerante, principalmente no que dizia respeito a si mesmo, Lucas se achava no direito de recusar ajuda, e não assumia de forma alguma que talvez houvesse algo de errado com ele.

Uma das razões para ele se sentir assim foi a depressão de Alice. A forma como ela lidara com o problema, como fora tratada e todas as consequências que os cuidados médicos trouxeram a ela fizeram com que Lucas criasse um repúdio aos métodos tradicionais de tratamento de distúrbios mentais.

E ele, obviamente, negava terminantemente que tinha algum tipo de transtorno.

Irritado, colocou os óculos escuros e foi até a sacada. Não passava das 6h da manhã; os primeiros raios de sol começavam a despontar na linha do horizonte, criando um arco multicolorido de luz. A cena era linda de se ver, e ele se recordou de quando ficava na sacada de sua própria casa contemplando o nascer do sol, como agora.

Distraído com a lembrança, viu a garota da pousada caminhando em direção à faixa de areia. Ela estava novamente de wetsuit, o cabelo preso num rabo de cavalo, e caminhava determinada com a prancha debaixo do braço. Ele gostou da tranquilidade que ela passava enquanto caminhava sozinha. A silhueta recortada pelo céu clareando logo à frente formava um quadro que transmitia uma paz profunda e acolhedora.

Lucas chegara a cruzar com a garota algumas vezes ao longo da semana. Basicamente, os encontros ocorreram quando ele precisou entregar a chave ao sair e pegá-la de volta quando retornou. Não passou disso, apesar de, a cada dia, ele se sentir mais curioso sobre ela.

Numa certa noite, ele a ouviu conversando pelo celular. Ela falava em inglês, e ele ficou impressionado com a fluidez com a qual ela fazia isso. Quem olhasse para ela jamais imaginaria que fazia alguma coisa além de ficar no notebook numa recepção de pousada, e ele ficou envergonhado de si mesmo pelo pensamento preconceituoso.

Claramente, o episódio o deixou mais intrigado sobre ela. Talvez ela não fosse uma adolescente, mas ele não lhe dava mais do que 19 anos.

"Você já devia ter avançado nas investigações; ao invés disso, fica perdendo tempo fazendo contas sobre a idade da garota..."

O caso é que ele andava muito cansado. De tudo. De não dormir, de não avançar... apenas cansado. Dos meses que se seguiram à morte da ex-esposa, dois deles ele passou brigando com tudo e todos. Depois das explosões, sempre vinha uma onda de desânimo, e ele se sentia numa constante oscilação entre picos de adrenalina e hiperfoco, e baixas de apatia e mágoa. Foi assim até que começou a ter problemas na casa da mãe, então achou melhor se isolar de vez.

Ele havia conquistado alguns avanços no caso, contando com a ajuda escassa de um único contato dentro da delegacia. Rastreou alguns nomes e realizou uma pesquisa competente, mas as pistas dispersas não convergiam para um enlace comum. Sua mente exausta pela falta de sono não conseguia estabelecer as conexões como outrora.

No passado, Lucas destacava-se nesse tipo de investigação. Possuía uma percepção aguçada, um olhar atento e uma lógica única que o permitia enxergar o que escapava aos olhos de outras pessoas. Ele era capaz de extrair informações de gestos simples ou olhares, mesmo em meio a quadros repletos de detalhes. Sua mente operava velozmente, ele memorizava com detalhes tudo o que ouvia e via, e essa combinação de habilidades foi crucial para sua rápida ascensão na carreira até alcançar o cargo de investigador.

E foi assim até não ser mais, até que suas percepções fossem tão refutadas ao ponto de nem mesmo ele acreditar na própria capacidade. Suas habilidades foram gradualmente desacreditadas, e isso o afetou profundamente, pois o que ele fazia, sua competência na investigação, era a essência de quem ele era. Sem isso, ele perdeu a própria identidade, e sua autoconfiança foi enfiada num saco funerário assim como sua ex-esposa, e colocada em uma geladeira funerária.

Ainda apoiado no parapeito da sacada, dirigiu o olhar para o interior do quarto, onde a cama exibia lençóis desarrumados devido às tentativas frustradas de pegar no sono. Voltar para lá não era uma opção viável, definitivamente. Talvez fosse o momento certo para tomar alguma atitude, considerar os conselhos do terapeuta que havia visitado apenas duas vezes antes de abandonar o tratamento.

O Dr. Joaquim havia sugerido que retomasse a prática de exercícios, mas enfatizou a importância de escolher uma atividade esportiva que envolvesse competição, adrenalina e diversão. Isso, segundo ele, teria mais impacto do que qualquer psicotrópico, ansiolítico ou sonífero que Lucas eventualmente considerasse consumir.

Em outras palavras, simplesmente frequentar uma academia não seria suficiente; ele precisaria se esforçar um pouco mais.

Pensar nisso o levou à garota da pousada e ao que ela mencionara sobre surfar. Ela parecia ter compreendido isso sem a necessidade de terapia, por isso caminhava tranquila, sorria com tanta facilidade e aquecia qualquer conversa trivial. Bem, ele não sabia surfar, mas a ideia o motivou a trocar de roupa e ir até a praia. Talvez um mergulho seguido de uma intensa natação entre as ondas pudesse proporcionar alguma energia, resultando, posteriormente, em um desgaste bem-vindo que favoreceria um sono melhor.

Foi somente ao chegar à praia que percebeu ter esquecido de colocar um chinelo e ainda estava de tênis. Uma rajada de vento levantou a areia ao redor, atingindo-o com uma nuvem de partículas que penetrou por baixo da roupa e, surpreendentemente, encontrou um caminho entre os óculos escuros e o rosto, acertando-o diretamente nos olhos injetados. Relativamente puto com a situação, ele removeu os óculos e os tênis, e depois de meses, sentiu novamente a areia fria sob os pés.

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