Two
HARRY
Sexta-feira é uma loucura. Porque eu sempre tenho que correr atrás das porcarias que Gibson fez e concertá-las. Ele é legal, gentil até demais — seu verdadeiro erro —, e sempre vende para quem não pode pagar. A parte chata disso é que eu sempre tenho que cobrar a dívida. Isso nunca é legal.
— Lucca. -Falo brincando com o anel em meu dedo, já sujo de sangue. — Você sabe que eu não gosto disso e sabe que odeio ser chamado para as suas dívidas. -Falo e passo a mão dos cabelos loiros escuros de Lucca. Ele é mais novo que eu, bem mais, talvez seja por esse motivo que ele sempre apanha.
Na verdade, ele sempre apanha porque sempre deve. Um maldito que começou fumando maconha e agora deve cocaína e heroína, toda essa merda porque Gibson supôs que podia vender para Lucca, afinal, Gibson é um bom garoto e Anthony sempre falou de importância de lucros, mas vender esse tipo de droga para Lucca, isso foi um erro porque agora Lucca é um parasita aquela mosca irritante, que sempre quer a comida que não pode ter e eu sou o cara que mata as moscas.
— Eu... -Lucca tosse. — Pago amanhã, Harry... Quer dizer, pago semana que vem. -Fala e cospe sangue. Ele está perdido, confuso e ninguém nunca apareceu para ajudá-lo, no entanto, eu não sou seu anjo. Seu rosto está vermelho em uma pele branca e eu sei que estou prestes a deixá-lo mais vermelho. Fazer isso não é nada que me deixa feliz, mas estou bastante envolvido em toda essa merda. Preso a um caminho que me prende a um pecado assombrante.
— Você disse isso semana passada e a sua dívida apenas aumenta. -Falo e olho para meus anéis. — Como planeja pagar 720 cetins? -Pergunto e seguro seu queixo o fazendo me olhar. Ainda podia ver seus olhos azuis. Tristes e decepcionados consigo. Talvez Lucca seja mesmo uma boa pessoa, porém, não posso ter misericórdia eu já tive demais. Além disso, se ele continuar aparecendo, Gibson continuará vendendo para ele e matar Gibson está fora de cogitação para mim o garoto é como um irmão mais novo para mim.
— Harry... -Ele diz desesperado. — Só mais uma semana. -Lucca implora e suspiro. Eu pego minha arma e a destravo. Encosto a arma na sua cabeça. Ele respira rápido. — Harry! Harry! Harry! -Ele grita, agita-se, um animal em um abatedouro. No caso uma pessoa presa em uma cadeira. Fecho meus olhos e beijo meu anel com a pedra vermelha.
— Lucca você é um maldito que me viu três vezes. Não pode acontecer uma quarta. -Falo e abro meus olhos. Ele me olha. Já não me resta mais piedade, então eu atiro.
⚜⚜⚜
Três da manhã. É madrugada de sábado e vejo seu fusca se afastar de mim, indo para lá se sabe onde. Não quero morrer rápido. O que ela sabe sobre a morte? O que eu sei sobre a morte? Trago meu cigarro e olho para as estrelas que parecem fartas, em Papilio. Uma ilha, a única civilização que restou e tudo voltou a ser a desordem que um dia o mundo foi.
— Harry. -Gibson me chama, olho-o e trago o cigarro. Ele sorri e vem até mim. Um bom rapaz. — Anthony quer nos ver. -Fala me olhando e em resposta faço careta.
Anthony me achou no orfanato, porque eu roubei suas pérolas pretas. Joias raras que encantam qualquer um, inclusive um garoto de doze anos. Desde esse dia Anthony me cria como um pai. Porém, ele me tornou quem sou hoje. Um bicho-papão que eu não gosto de ser. Estou prestes a fugir disso.
Sigo Gibson, entramos novamente no Sweet Fantasy subindo as escadas e dessa vez não há uma dança interessante para olhar. Qual é o nome daquela garota? Sempre venho aqui e só a vejo na madrugada de sábado, ela dança uma música e vai embora. Uma mulher de pele dourada que solta a sua essência aqui e apenas isso. Enfeitiça os homens com seus movimentos, com seu olhar castanho intenso e brilhante e desaparece. Uma criatura curiosa que parece um anjo e vive entre os demônios. Não sei se saber o nome dela vai me ajudar, a verdade é que eu deveria tirar a sua imagem da cabeça, ela é apenas uma dançarina em um bordel. Além disso, não pretendo voltar para esse lugar.
Entro na sala de Anthony, os seus capangas estavam lá assim como várias mulheres, mais mulheres do que os homens. Assim que o mais velho me vê ele move os dedos indicando a ordem de saída delas e assim elas fazem. Olho em volta e lá estavam os dez capangas de Anthony. Eu me sento lado dele, pareço um maldito príncipe de um maldito império, eu não nasci para ter uma coroa na minha cabeça. Bebo o uísque do meu lado.
— O príncipe como sempre está mal-humorado. -Eric fala e o olho bravo. — Calma rapaz, não vai arrancar minha orelha por isso eu estou apenas observando. -Diz divertido e sorri. Eric se refere a semana passada, eu acabei arrancando a orelha de um homem, mas não era uma boa pessoa mesmo.
— Devia observar sua vida. -Resmungo. — Ou a sua maldita esposa que fugiu com seu irmão. -Completo, ele se levanta e vem até mim. Eric fica na minha frente. Todo o seu corpo é grande, ele é bem maior que eu, com mais músculos também. Não existe medo em mim, contudo, porque Eric não sabe bater então eu apenas olho para meus anéis.
— O que disse rapaz? -Eric pergunta e me levanto o olhando.
— Eu disse para você observar a sua maldita esposa que fugiu com o seu irmão. -Falo e logo me abaixo. Pois, ele iria me dá um soco. Eu me levanto e soco forte o seu nariz, em seguida seguro-o e o chuto com força sua barriga, depois mais um soco.
— Harry, chega. -Anthony fala. Eu escuto, mas não quero parar. É muita raiva. Muita raiva. Continuo a socar ele.
— Harry chega. -Anthony fala de novo. Mais socos. — Chega! -Anthony grita. Eu paro. Eric gemia e chorava de dor. Suponho que quebrei muita coisa e a minha mão está cheia de sangue.
— Que se dane. -Falo e dou de costas indo embora.
— Harry. -Anthony me chama, calma. Os outros homens me olham assustados ou com raiva, poderiam me enforcar, mas sabem que não devem fazer isso. Continuo a andar para fora. — Filho. -Anthony fala e fecho meus punhos. Não o olho e abaixo a cabeça. Escuto os passos de Anthony até mim e ele coloca a mão no meu ombro. Afasto-me brusco.
— Vamos roubar o banco real. -Anthony fala calmo, como um maldito pai tentando começar um dialogo com um filho que cometeu erros, mas ele não é o meu pai. — Mas se brigarmos desse jeito, vamos todos nos ferrar. -Anthony fala e eu o olho. Ele já não me olha mais, olha para cada um dos homens do quarto.
— Não tem ninguém brigando aqui. É sempre o Harry que saí batendo em todo mundo que vê pela frente. - Jimmy fala e Anthony respira fundo.
— E vocês continuam a provocar. -Anthony fala. Jimmy revira os olhos.
— Deveria arranjar uma puta para ele. -William diz, alguns homens riem da piada dele e eu o olho com raiva. Anthony olha-me com repreensão e bufo sem paciência, isso faz com que Jimmy revire os olhos.
— É sobre isso que estou falando. -Jimmy murmura e Anthony trava o maxilar.
— Vamos assaltar o banco real. -Anthony repete.
— Quando? -Gibson pergunta curioso, passo a língua nos lábios porque eu sei a resposta. Anthony vem pensando a esse plano faz meses.
— Daqui a duas semanas. -Falo e Anthony sorri para mim. — Vão chegar 12 milhões de cetins, mas vamos assaltar antes para expor o banco. Eles vão colocar em outro lugar. Mais guardas, porém mais fácil, porque não terão a segurança do banco. Vamos levar o dinheiro para onde já roubamos.
— E onde seria esse lugar? -Jimmy pergunta.
— A mansão Gates. -Falo. Eles riem.
— Eles devem ter mudado todas as senhas. -Dylan fala.
— Pode ser, mas a arquitetura é a mesma, o sistema e a segurança também. Eu observo o local faz meses e eles quase não aprenderam com o erro. É uma oportunidade ótima para que possamos ter doze milhões de cetins para dividir entre nós. -Falo e Anthony se senta me olhando. Parece orgulhoso. Ele não tem ideia do que eu planejo. Esses 12 milhões de cetins vão ser apenas para mim.
Continua...
Notas: Oi oi tudo bem?
Eu de novo. Gostaram do capitulo? Harry ta muito mal? Mas ele é bom, acreditem em mim.
Espero que tenham gostado. Vejo vocês no próximo capitulo. Love All. Xx
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