Os primeiros dias na nova cidade foram calmos e agradáveis. Minha mãe não ficou tanto no meu pé e consegui conhecer alguns pontos turísticos. O último ano da escola começaria mês que vem e estava apreensiva. Sentia falta da minha melhor amiga e sabia que não conseguiria criar um vínculo tão fácil por aqui.

Todo mundo que eu sorria na rua virava a cara como se eu tivesse alguma doença.

Eu não sabia qual era o problema desse povo e não estava interessada.

A sorte é que eu tinha conseguido arrumar meu quarto e agora dormia em um lugar decente.

"Vou chegar um pouco tarde, vê se não dorme tão tarde"

Essa foi a mensagem que minha mãe me enviou, o que me fez acreditar que tinha a casa só pra mim. Dare não passava muito tempo aqui, estava passando um tempo com os amigos antes de voltar para a faculdade.

Estranhei quando comecei a ouvir algumas risadas que pareciam vir do primeiro andar. Afastei as cobertas e levantei da cama.

Após sair do meu quarto, desci as escadas e reparei no grupo de jovens que estavam sentados no sofá.

Contei 5 no total. 3 meninas e dois caras, contando com Dare. Falando no outro cara, ele foi o primeiro a notar minha presença e pela forma que me olhou, me odiei por estar só de pijama. Seus olhos azuis estavam um pouco vermelhos e podia jurar que não era por falta de sono.

- Que coisinha mais agradável é essa que você está escondendo, Dare. - ele falou, ainda me olhando.

Cruzei os braços tentando parecer indiferente a sua observação.

Nesse momento, todos me olharam de forma curiosa.

Uma garota levantou do sofá e veio na minha direção. Ela sorria de forma acolhedora e isso melhorou o embrulho no estômago.

- Oi, sou a Stacy. - se apresentou. - Desculpa se te acordamos, Eli costuma ser muito escandalosa.

Olhei em direção a uma morena que estava ao lado do Dare. Apostei que ela era a tal Eli porque a mesma revirou os olhos parecendo não gostar do que Stacy falou.

- A culpa não é minha, e ela nem devia estar aqui. É hora de criança estar na cama. - Eli, exclamou.

- Não seja grossa, a casa é dela. - Stacy falou brava.

Eli deitou a cabeça no ombro do Dare e me perguntei se ela era sua namorada. Não que isso importasse na verdade.

- Está tudo bem, eu vou voltar para o meu quarto. Só desci pra beber água.

- Então vou com você pra cozinha, tenho que pegar mais cerveja. - Stacy falou e segurou meu braço como se fossemos amigas. - Vem Kate.

A outra garota loira pulou do sofá e correu na nossa direção. Ela parecia bêbada e sorria feito uma maníaca.

- Se eu beber mais não vou conseguir acordar amanhã. - Kate falou. - Eu até esqueci seu nome, me desculpa.

- Mas eu não falei. É Aria.

Stacy me olhou com reconhecimento e sorriu na direção do Dare.

- Eu ouvi falar de uma Aria. - ela disse e ele bebeu sua cerveja não respondendo. - Mas deve ser outra garota.

Dare não estava olhando na minha direção e isso me incomodou porque parecia ignorar minha presença.

Stacy começou a nos levar para a cozinha fazendo Kate seguir.

- Vocês não vão me chamar? - Eli gritou.

Ninguém respondeu e ela não insistiu.

Na cozinha, Stacy me soltou e foi até a geladeira. Kate se encostou no balcão ao meu lado e ficou piscando os olhos como se estivesse tentando se manter acordada.

- Está gostando da cidade? - Stacy perguntou.

- É um lugar bonito, a cidade que parece não gostar de mim. - revelei.

As duas se olharam como se estivessem contando um segredo pelo olhar. Isso me deixou curiosa.

- O que? - quis saber.

- O problema não é você... Você sabe... - Kate disse, e parecia com dificuldade para terminar seus pensamentos. - É só... Stacy, conta pra ela.

- As pessoas daqui não gostam do James, e como você é filha da nova mulher dele, a raiva te seguiu. - Stacy disse e colocou três latas de cerveja no balcão.

- Por que isso?

- A mãe do James era a prefeita da cidade, e não uma muito inocente.

- Ela era corrupta?

- Não fala isso em voz alta, é um assunto delicado para o Dare. Só estou te contando porque você vai ficar sabendo de um jeito ou de outro. E se for pelas pessoas da cidade, vai ser da pior versão. Eles gostam de um drama. - Stacy esclareceu.

Eli entrou na cozinha parecendo chateada.

- Eu estou bonita? Dare nem está me dando muito atenção.

Kate riu parecendo acordar.

- E quando ele deu?

- Kate. - Stacy a repreendeu.

- Desculpa, estou bêbada demais para guardar as palavras. - a loira disse e sentou na mesa. - Ele só deve estar com a cabeça em outro lugar, Eli.

Eli suspirou e se apoiou na parede.

- Não sei, acho que tem outra garota.

- Acho difícil, você conseguiu expulsar todas de perto dele. - Kate voltou a falar.

Eli bufou e saiu pisando duro. Stacy riu e abriu uma cerveja.

- Amanhã eu peço desculpas pra ela. - Kate disse.

- Ela não é namorada dele? - perguntei, interessada na resposta.

As duas riram como se eu tivesse contado uma piada.

- Nem se ela nascesse de novo com outro rosto e nome. - Kate disse. - Corre atrás dele há mais de 5 cincos anos.

- Você lembra quando ela forçou ele a jogar aquele jogo idiota da garrafa só pra ver se conseguia roubar um beijo dele? - Stacy disse. - No final ele acabou beijando a Grace e Eli passou o resto da noite chorando.

- Senti pena dela. - Kate disse. - E lembra quando ela ligou chorando falando que estava passando mal e ele foi até a casa dela para ajudar, e chegando lá, ele nos ligou irritado falando que ela fingia que estava desmaiando pra ficar pegando no pau dele?

- Uma merda doente. - Stacy, exclamou. - E Aria, não fique intimidada com a Eli, ela odeia qualquer garota que se aproxima do Dare, mesmo que seja alguém da família dele.

Família dele. Porque era isso que eu era agora. Familia. Mas por que não me sentia assim?

- Está tudo bem. Ela não tem porque sentir ciúmes, eu não ofereço nenhum risco.