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|ÚLTIMO EXTRA|♛|Primeiro Natal em Adaman 2/2|

BOA NOITE, CLÃ 🐺
Como expliquei na parte 1/2 deste extra, eu precisei dividir o capítulo em duas partes porque estava doente e não tinha conseguido finalizar a escrita e a revisão do texto. Hoje eu trouxe a conclusão (definitiva), e ela é breve, mas fofa, para finalizar de um jeito descontraído, algo que faltava depois de passarmos por tantos dramas em EUVUO, hehe. Peço desculpas pelo cap passado ter sido postado com tantos bugs, o wattpad simplesmente me odeia e alterou toda a diagramação do texto. Espero que isso não aconteça com este cap também...

É isto, gente. Boa leitura e boas festas de final de ano💜

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#LoboDePrata

~🌕🌖🌘🌑~

[Ilustração de minha autoria, postada no IG @ Kaka.Leda, feita para ilustrar Malee e Seiya, protagonistas da versão original de EUVUO, no Natal. Proibida a comercialização não autorizada]

|Último Extra: Primeiro Natal Em Adaman 2/2|

Park Jimin tinha uma grande garantia de que encontraria um voo para a casa de seus pais assim que chegasse ao aeroporto, porque aquilo tudo era um sonho e, até o momento, todas as coisas haviam se comportado em prol dele — exceto quando fez surgir um jardim em toda Gimpo, mas isso devia-se à sua própria culpa. No entanto, Seokjin disse que aquele mundo também agiria de acordo com as vivências do rapaz, o qual, na verdade, jamais tivera boas experiências com aeroportos.
Jimin se lembrou de que sempre pegava voos atrasados em sua vida antes de Adaman. Isso provavelmente havia afetado diretamente aquele sonho de Natal.

— E agora? — balbuciou, querendo chorar enquanto encarava a tela que exibia os próximos voos. Não havia sinal de quando haveria aviões disponíveis para uma viagem à casa de seus pais.

— Podemos viajar através daquelas maquinas... Dos carros — sugeriu Jungkook.

Jimin anuviou-se.

— Gastaríamos várias horas, seria cansativo e, o principal, eu não conseguiria te fazer experimentar um voo de avião. Não quero ir de carro. — Ele puxou alguns fios de cabelo, exasperado. — Onde eu estava com a cabeça de não ter vindo aqui antes? Se bem que, independente do horário, eu provavelmente iria encontrar a situação dos voos desse mesmo jeito, porque sempre fui um lascado nesse quesito.

Sentiu a mão de Jungkook apertando seu ombro num gesto de carinho.

Respirou fundo e tentou pensar em algum plano.

— Eu poderia tentar usar os meus poderes para fazer alguma coisa, mas o que eu faço é controlar a natureza. Ah, se eu conseguisse controlar humanos, controlaria o piloto do próximo avião que vai decolar e...

"Alguém falou em controlar humanos?", a voz da raposa surgiu na mente do casal, acompanhada de risadinhas.

De repente, Seokjin apareceu de trás de uma coluna do aeroporto com os braços cruzados e um sorriso arrogante.

— Querem a minha ajuda agora? Eu posso lhes oferecer uma passagem imediata de avião — ele disse, dando uma piscadela.

As faces de Jimin e de Jungkook ganharam uma carranca.

— Qual é, vocês não têm outra opção, e eu posso controlar o piloto e todo o resto deste aeroporto, sabem disso — acrescentou o feiticeiro.

— Pensei que você fosse só um espectro das nossas mentes — retrucou Jimin.

— E sou. E este sonho também é, sendo assim, é lógico que posso alterá-lo de acordo com os seus conhecimentos sobre o que sou capaz de fazer. Você já me viu controlando um exército inteiro, lembra-se? — O sorriso de Seokjin ficou afiado.

Isso fez os olhos de Jungkook queimarem em vermelho outra vez, agora de ira.

Jimin deu um passo para frente, na direção do homem raposa, e arqueou uma sobrancelha.

— Está bem. Você quer ajudar, pois ajude. Faça uma coisa certa uma vez na vida — disse, usando o mesmo tom de voz do feiticeiro para devolver sua ousadia.

— Au! — Seokjin colocou a mão no coração de um jeito dramático, como se o ômega tivesse lhe enfiado uma estaca no coração através daquelas palavras. — Vamos lá, sigam-me, Majestades.

O casal real caminhou logo atrás do feiticeiro raposa, seguindo-o pelas áreas largas e movimentadas do aeroporto, até chegar às salas restritas, onde ficavam os funcionários que poderiam alterar as rotas de voo daquele dia. A partir desse ponto, Seokjin soltou sua névoa laranja e hipnótica, colocando sob seu controle todas as mentes que foi encontrando pelo caminho.

Em poucos minutos, os telões que exibiam os voos modificaram os destinos das próximas viagens. Com um piscar de olhos, uma ida para a cidade dos pais de Jimin surgiu bem diante de seus narizes, e o avião sairia em menos de dez minutos.

— Boa viagem, Majestades. — Seokjin acenou para o casal e desapareceu no ar, deixando apenas a névoa para trás.

Jungkook encarou Jimin, os dois seguraram as mãos e, em seguida, com os corações palpitando no peito, saíram correndo em direção ao local de embarque. Quando entraram no avião, foram direto para a primeira classe, pois ninguém os parou, e se acomodaram nas poltronas largas e super confortáveis que haviam lá.

Por mais que amasse ficar perto da janela, Jimin deixou que o marido ocupasse o lugar, pois queria que ele tivesse a experiência completa.

Jungkook afundou na poltrona e analisou o ambiente aconchegante, os vinhos e os aperitivos disponíveis para eles sobre uma pequena mesa, as aeromoças que vinham atendê-los, as demais pessoas que adentravam aquela parte da aeronave... Ele escutou, atento, as instruções de segurança, os sons daquela imensa máquina de metal que podia voar e as conversas dos passageiros. Sentia-se como uma criança numa viagem mágica, conhecendo um universo completamente novo.

— Vamos decolar agora! — Jimin se agitou ao seu lado e segurou a sua mão. — Fica olhando a janela!

O rei de Adaman o fez. Seus olhos pousaram no cenário para além do vidro e acompanharam a movimentação do avião, que ficava cada vez mais rápido e com turbulência. A aceleração chegou ao pico e deu impulso para o início do voo, foi nessa hora que o chão afastou-se de suas vistas, dando lugar ao horizonte de Seul, aos inúmeros prédios e ao rio que cortava a capital do país. Jungkook arfou quando viu as asas do avião cortar as nuvens, e a neve triscar o vidro da janela. Suas pupilas dilataram quando a cidade sumiu debaixo de um mar de água em suspensão, dando lugar apenas a um céu sem fim.

Ele viu, a quilômetros de distância, uma cumulonimbus imensa ser tomada por raios, granizo e caos, e, mais a frente, alguns arco-íris se formando entre os buracos das nuvens calmas. Era uma vista magistral não tão diferente daquela que tinha quando andava de balão com Jimin, mas distinta à sua maneira, porque eles encontravam-se numa altitude mais elevada, e atravessavam quilômetros de distância num piscar de olhos.

— O que está achando? Fez jus ao que te falei sobre andar de avião? — perguntou Jimin, inclinando-se para apreciar a vista com ele.

— Sim, fez. É espetacular... — A face de Jungkook perdeu um pouco do brilho. — Imagino que sinta muita falta de tudo isso.

— Não tanto assim... — Jimin sentiu os olhos dele estudando-o. — Tem um lugar muito mais legal chamado Adaman que é onde o homem que eu amo e a família que criamos juntos existe. Lá, as florestas são muito bonitas, a comida é boa, as pessoas são gentis e acolhedoras e, cara, eu sou um deus! Por isso, eu não sinto tanta falta assim desse mundo. Só sinto falta de verdade dos meus pais, da minha irmã e do meu melhor amigo, mas eu sei que eles ainda estão por aí, então, tá tudo certo.

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios do alfa. Depois disso, ele voltou a admirar o céu pela janela, e ficou nisso durante boa parte da viagem.

Eles aproveitaram toda a mordomia que lhes foi oferecida na primeira classe. Bebidas caras, comida deliciosa e combos de massagens com skin care. Jungkook ficou estupefato ao descobrir que pessoas usavam argila para cuidar do rosto, e não apenas para fazer artesanato, e adorou saber que era possível esquentar pratos enquanto estavam voando no céu.

Os dois ainda se divertiram escutando músicas por meio dos headphones que ganharam como brindes da companhia aérea. Jimin mostrou ao marido como usá-los e para quê serviam. Ele começou apresentando algumas melodias calmas antes de deixar Jungkook mexer sozinho nos controles. Quando viu, o alfa já estava se perdendo em meio a alguns rocks pesados e várias músicas excêntricas com batidas alucinantes.
O resto da viagem, que não durou muito tempo, seguiu em calmaria, com os rapazes se aconchegando debaixo de um cobertor e olhando para o céu, o qual agora se pintava de azul e laranja por conta do pôr do sol.

O avião pousou e eles desembarcaram na cidade onde o ômega nasceu. Pisar no aeroporto de Busan foi nostálgico para Jimin.
O rapaz sentiu o peito se apertar e uma vontade crescente de chorar, pois todo aquele lugar era familiar, até o cheiro da atmosfera.

De mãos dadas com Jungkook, ele se deslocou até a rua e solicitou outro táxi. No veículo em movimento, ficou se encarando pelo reflexo da janela para arrumar um detalhe ou outro de sua aparência, tornando palpável o seu nervosismo para Jungkook, que o puxou para si e o apertou com ternura.

— Tudo dará certo — disse ele, mesmo sem ter certeza. Jungkook também sentia seu próprio coração palpitar por estar se deslocando até a casa da família de seu amado marido.

— Sim, eu sei. Se lembra do que te falei sobre as pessoas do meu mundo não aceitarem tão bem relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero? Pois é, mas não é exatamente o caso dos meus pais, eles não são coroas ruins, eles sempre souberam sobre mim, e a minha irmã também sabe, principalmente ela... Estou nervoso simplesmente porque estou. Nem faz muito sentido eu estar, mas estou. Acho que a minha pressão vai bater no inferno.

De repente, a temperatura dentro do táxi caiu e, ao lado de Jimin, bem na maçaneta da porta, nasceram espinhos.
Jungkook o abraçou com mais força, na tentativa de transmitir a ele mais segurança. Depois, beijou-lhe a testa num gesto cálido e, por último, levou as mãos até as axilas dele. Foi quando começou a fazer-lhe cosquinhas.

Jimin pulou e se contorceu, e gargalhou alto chegando ao ponto de quase se engasgar com as risadas. Ele pediu, aos gritos, para que Jungkook parasse, e Jungkook fingiu duas vezes que iria parar, até voltar a fazer o mesmo que antes, só que com mais intensidade. Ao final da viagem, o ômega já nem pensava mais em coisas negativas, mas em maneiras de se vingar de seu marido abusado que havia lhe ajudado mais uma vez.

Esse lapso de diversão acabou quando o táxi parou exatamente em frente à casa dos pais de Jimin.

Eles saíram do táxi e ficaram na calçada, encarando o portão de entrada.

Já era o início da noite e as luzes da decoração natalina marcavam presença na fachada da pequena propriedade. O ômega percebeu, nesse instante, que haviam chegado para a ceia de Natal.

— Os meus pais não são coroas ruins — murmurou Jimin, fechando as mãos trêmulas em punhos —, mas eu não tenho certeza de como vão reagir a isso. A nós dois. A você. Eu nunca trouxe um garoto para a minha casa, e não sei como seria fazer isso. Se este sonho leva em consideração as minhas vivências, como vai ser depois que eles abrirem essa porta e nos virem juntos? Eu não faço ideia...

Sentiu os dedos das mãos de Jungkook se entrelaçarem nos seus. O alfa murmurou ao seu lado:

— Aquele feiticeiro havia dito que todas as coisas e pessoas reagiriam de acordo com as suas vivências, mas só na maior parte do tempo, meu amor. Essas palavras me levam a crer que, quando você não souber de algo, talvez...

— Talvez a lógica do meu mundo incida por conta própria? Aí é que está... Significa que a reação dos meus pais vai ser verdadeira, e não fruto dos meus desejos. Significa que eu realmente não vou poder prever agora como eles irão reagir ao me ver casado com um homem. Tudo pode acontecer a partir do momento que eu entrar por aquela porta contigo. — Jimin apontou para a porta de madeira decorada com uma guirlanda e se virou para encarar o marido. — Não sei se vou poder te oferecer todo o aconchego e as boas-vindas que a sua mãe um dia me ofereceu quando eu pisei no palácio em Adwan pela primeira vez, Jungkook. Entende isso? Eu sinto muito...

O olhar de Jungkook ficou sério, mas sua postura confiante não cedeu. Uma de suas mãos acariciou a bochecha do ômega quando ele disse:

— Estou aqui para conhecer uma parte sua. Se me aceitarem e quiserem a minha presença, então, eu serei grato e ficarei feliz em tê-los também como uma parte minha. Se não, você ainda continuará sendo a minha família, e isso bastará para mim.
Jimin sustentou a troca de olhares com muito esforço, pois sentia lágrimas pesando em seus olhos.

— Ah, cara... Você é mesmo um príncipe encantado completo — balbuciou. — Vamos lá. Vamos acabar com esse suspense.
Ele avançou pelo portão, e depois dirigiu-se até a porta principal, onde tocou a campainha e aguardou.
Um minuto depois, ele escutou passos ligeiros se aproximando. Quase caiu no choro nesse momento porque imediatamente reconheceu o ritmo daquele caminhado tão rápido, leve e com alguns pulinhos.

A porta foi aberta, e por trás dela, uma garotinha adolescente trajando um vestido vermelho bem temático surgiu.

— Oppa!? — ela gritou, abrindo um sorriso imenso, e se jogou em cima de Jimin para abraçá-lo. — Você veio! Você veio para o Natal! E seu cabelo tá prateado!

— Si-sim, Yeseo. Eu vim, e sim... — Jimin não conseguiu evitar o choro. Era a sua irmãzinha ali, abraçando-o. Ele estava morrendo de saudade daquela pirralha encrenqueira.

— Você também trouxe um cara bonitão! — Yeseo observou, arregalando os olhos para Jungkook. — Quem é ele? É seu namorado? Diz que sim! Ele é muito gato!

Jimin e Jungkook trocaram risadas. Aquela garota realmente não tinha limites.

— Eu sou Jeon Jungkook. É um prazer conhecê-la, pequena lady — disse o alfa, curvando levemente a cabeça para Yeseo. A menina adorou aquele jeitão galante e também se curvou para ele, como se ambos estivessem numa corte real.

— É um prazer conhecê-lo, lorde Jeon. Eu sou Park Yeseo, irmã desse mané aqui. — Ela apontou para Jimin. — E aí? Vocês namoram? Aliás, você parece muito com o personagem de um livro que eu li...

— É, hehehe, ele se parece com vários personagens mesmo, não vamos entrar nesse assunto complexo. Hm! — Jimin pigarreou.

— Onde estão mamãe e papai? Eu tenho uma notícia para dar a vocês todos.

— Notícia? — Yeseo rolou os olhos do irmão para o seu acompanhante e abriu um risinho malicioso. — Eles estão lá dentro, arrumando a ceia. O Tae-oppa também veio e está ajudando na decoração das árvores do quintal.

— Taehyung está aqui!? — Jimin puxou Jungkook para dentro da casa aos tropeços, quase caindo ao tirar os sapatos na entrada de maneira apressada.

Ao chegar à sala de estar, paralisou ao encontrar um cenário natalino que, para ele, era dolorosamente familiar.

O cômodo típico de uma casa sul-coreana continha um pinheirinho verde com luzes, bolinhas coloridas e uma estrela no topo, algumas estatuetas natalinas espalhadas pelas superfícies dos móveis — como um mini presépio, pois os seus pais eram cristãos —, e tapetes e toalhas de mesa com padrões em xadrez verde e vermelho. A mesa principal estava montada com uma louça bonita, alguns pratos de comida, e era iluminada por velas douradas. Jimin arfou quando viu sua mãe pousando uma torta de morango entre os pratos expostos.

— Jimin? — Quem falou foi um homem de meia-idade que ajustava alguma coisa atrás da televisão. Esse homem, que vestia um suéter de xadrez verde e calças beges, e que tinha olhos estreitos, uma barba rala e cabelos pretos cujas raízes começavam a acinzentar, virou-se na direção do rapaz, analisou-o e abriu um grande sorriso. — Filho? Não avisou que vinha.

— Pai, o-oi — disse Jimin, com um nó na garganta. — Consegui vir de última hora.

— Meu amor, você está aqui! — Sua mãe largou a torta sobre a mesa e se aproximou dele com os braços abertos, para agarrá-lo num abraço forte. — E está diferente. Olhe, querido, esse cabelo dele, todo platinado!

— É a nova moda entre os jovens, eu acho — comentou o pai, rindo. Ele também chegou perto e fez parte do abraço.

— E está usando lentes vermelhas! — A mãe encarou bem os olhos do filho. — É alguma fantasia de Natal, meu amor?

— Po-pode ser, hm — Jimin pigarreou e respirou fundo, absorvendo os perfumes dele, as temperaturas corporais, a suavidade dos cabelos castanhos de sua mãe e a força dos braços de seu pai. Por dentro, seu corpo explodia de felicidade.

Após um momento imerso nesse ato, ele se afastou dos dois e deu alguns passos para trás até onde Jungkook estava parado, um pouco escondido, aguardando e observando toda aquela cena tocante com um sorriso contido e satisfeito.

O rei de Adaman admirou aquela casa, que era pequena e simples, mas extremamente aconchegante e bonita. Enquanto seu marido matava a saudade dos pais, Jungkook ficou observando as imagens nas paredes — fotos, essa era a palavra que Jimin havia lhe ensinado — e achando tudo muito interessante. Em sua cola, a pequena Yeseo o encarava atentamente, analisando-o de cima a baixo com curiosidade. Quando a garota ia lhe perguntar alguma coisa, Jimin o puxou pela mão mais uma vez e o levou até as vistas dos sogros.

— E-eu... Eu queria apresentar uma pessoa pra vocês. Ele é muito... especial pra mim, é alguém que amo. — As mãos do ômega tremiam, sua voz soava tépida, mas ele não hesitou. — O nome dele é Jeon Jungkook. É meu marido.

O choque atravessou as faces do senhor e da senhora Park e os deixou petrificados. Jimin já esperava por uma reação assim, afinal, quem chega do nada na casa dos pais e dá uma notícia dessas sem nenhum aviso prévio? O que ele temia, na verdade, era o que poderia vir depois.

— MARIDO!? HAHAHAHA! ISSO! ISSOOO! — gritou Yeseo, dando pulos e colocando os braços para cima, super feliz.

— Marido? — A senhora Park arregalou os olhos e colocou a mão na boca. — O meu filho se casou? Quando isso aconteceu?

— Já faz um tempo... — Jimin comprimiu os lábios.

— Por que não nos disse? — O sorriso do pai havia sumido, mas ele não parecia estar com raiva, ou enojado, mas sim triste. — Filho, por acaso não nos contou por achar que nós... De alguma maneira...

Jimin desviou o olhar, fechou as mãos trêmulas em punhos e começou a suar frio. Ele não sabia o que falar, nem sabia se havia feito a coisa certa ao chegar ali e dar aquela enorme notícia tão repentinamente. Deveria ter escolhido outra estratégia, ou simplesmente ocultado a informação de que era casado? Mas ele queria falar isso para a sua família, ele precisava tanto disso há tanto tempo...

Para a sua surpresa, Jungkook, que aguardava em silêncio o momento certo de falar, intercedeu em seu auxílio. Ele deu um passo à frente, inclinou a coluna num cumprimento educado e falou:

— Sei que é tudo muito repentino, mas permitam que eu me apresente e entregue uma explicação plausível. Como Jimin já disse, eu me chamo Jeon Jungkook. Sou de um lugar um pouco... bem, bastante distante daqui. Eu conheci o seu filho num momento delicado de nossas vidas, e, desde o primeiro instante, ele foi o meu ponto de segurança, alguém que eu sabia que iria amar muito... — Seus olhos encararam Jimin de soslaio e sua boca entregou-lhe um sorriso. — Eu não tive outra escolha senão pedir a mão dele. Mas tudo aconteceu numa época caótica, por isso, informar algo tão absurdo para os senhores deve tê-lo deixado receoso. Espero que nos perdoem, e espero que me perdoem por me intrometer assim em suas vidas. Eu amo muito o vosso filho, ele é minha família agora. Estávamos ansiosos para dizer-lhes isso.

Jungkook não disse toda a verdade, ele ocultou detalhes sobre Adaman com palavras que seriam mais fáceis de serem compreendidas pelos senhor e senhora Park. As demais coisas que falou, todas elas foram reais e vieram do fundo de seu coração.

Jimin quase chorou de gratidão e felicidade.

— Ora, bem... — A senhora Park, que visivelmente estava emocionada, por mais que ainda se encontrasse bastante surpresa e confusa, tocou o ombro do marido e mostrou a ele um sorriso cúmplice, como se dissesse "acho que está tudo bem".

O marido suspirou e estudou Jungkook, em seguida, encarou o filho e seus olhos rolaram de um para o outro. Por fim, sua face suavizou-se um pouco.

— Ainda vamos querer mais explicações sobre isso, Jimin — ele disse, limpando a garganta. — Mas hoje é Natal e daqui a pouco será o momento da ceia. É bem-vindo em nossa casa, Jeon-shi, e é um prazer conhecê-lo.

— Eu agradeço, senhor Park. Também é um grande prazer conhecê-los — falou Jungkook, exibindo um sorriso enorme e encantador que pegou os pais de Jimin totalmente desprevenidos.

— Você gosta de torta de morango, Jeon-shi? — perguntou a senhora Park, apontando para a mesa onde as comidas aguardavam por eles.

— Eu aprecio muito, obrigado.

— Ótimo, acabou de ganhar pontos conosco — o senhor Park soltou uma pequena risada.

— Esperem! — exclamou Jimin, de repente. Todos olharam para ele e o encontraram com o rosto mergulhado em confusão. O rapaz respirou fundo, engoliu em seco e encarou os pais. — É-é só isso? Vocês não estão decepcionados comigo? Nem horrorizados ou enojados? E-eu tive tanto medo de atravessar aquela porta e vir dizer a verdade sobre mim, sobre quem eu amo... Quer dizer que está tudo bem mesmo?

Seus pais se entreolharam, surpresos.

Em seguida, a senhora Park tocou o ombro do filho com ternura.

— Nós já sabíamos sobre... sobre você. E, além do mais, a Yeseo vem nos preparando há muito tempo para o dia em que te veríamos de mãos dadas com um garoto. — Ela deu uma risadinha. — Só não esperava descobrir que você se casou ANTES de ser informada que estava namorado.

— Nem eu — resmungou o senhor Park, pigarreando logo em seguida.

Aquilo foi a gota d'água para Jimin. Ele tentou segurar, mas a onda de lágrimas eclodiu com força, criando rios em seu rosto. Suas mãos subiram até os olhos, tentando limpar o choro descontrolado e abafar os soluços constrangedores.

— Poxa, eu amo vocês. E-estava morrendo de saudade... Gostaria que tivessem estado lá naquele dia. E-eu sinceramente... Mamãe, papai, Yeseo... é tão difícil de explicar — balbuciou, puxando o gorro para baixo, tentando esconder a face vermelha e molhada a todo custo.

Nesse momento, ele foi abraçado novamente, agora não só pelos pais como também pela irmã. Os três o apertaram bem forte e deram-lhe tapinhas nas costas.

Jungkook os assistiu com um semblante alegre e soltou um suspiro silencioso de alívio. Alívio por Jimin, que era tão amado naquele lugar. Se um dia o ômega tivesse que voltar para a sua antiga vida, ainda que isso doesse mais que a morte, o rei de Adaman encontraria paz ao saber que era para aquele lar que ele retornaria.

— Certo, vamos terminar de preparar a ceia — a senhora Park convidou, gesticulando para que Jungkook e Jimin se aproximassem da mesa. — Ah, quase me esqueci. O Tae está lá fora, Jimin, arrumando as luzinhas nas plantas do quintal.

"Ah! É mesmo, Taehyung está aqui!", pensou Jimin, tendo um sobressalto.

— Vamos para o quintal — disse, chamando Jungkook. O marido balançou a cabeça e o seguiu para fora da casa.

Quando chegaram à área externa, encontraram um Kim Taehyung vestido com roupas beges e um cardigã azul, carregando um rolo de luzinhas de natal enquanto as pendurava sobre os galhos de uma árvore do quintal. Ele ouvia música em seus headphones, por isso, não notou a aproximação do casal.

Jimin riu e se aproximou sorrateiramente dele. Preparou-se e, num ato furtivo, arrancou os headphones da cabeça do amigo para pegá-lo de surpresa.

— Ei! Qual é?!... Ah?! Jimin!? Você tá aqui?! — Taehyung abriu um sorriso enorme ao reconhecer o amigo de infância, e se jogou sobre ele para dar-lhe um abraço de urso. — Não acredito, cara, você voltou! Ah... Espera... Você voltou? — Seu rosto adquiriu uma feição preocupada. Ele soltou Jimin e o encarou, tentando analisá-lo. — Você ainda está com a aparência do Ômega de Prata...

Seus olhos se ergueram e avistaram Jungkook parado logo atrás, observando-o com os lumes assustadoramente estreitos.

Pareceu ter se lembrado de como as coisas eram em Adaman, porque rapidamente parou de encher Jimin de toques.

— O seu boy também veio para o nosso mundo? — perguntou, confuso.

Nesse momento, Jimin levantou a hipótese de que Taehyung estava se comportando daquela maneira porque o sonho estaria levando em conta o último encontro que os dois amigos tiveram. Na época, Taehyung havia pedido para ir embora de Adaman, então, tudo o que Jimin sabia é que o amigo havia retornado para o mundo deles, e que provavelmente estaria se questionando sobre o que poderia ter acontecido no reino depois de ter partido.

Após ver a reação de seus pais e de Tae, Jimin chegou à conclusão de que, naquele sonho, é como se ele tivesse passado um período longe daquele lugar, pois todos se comportavam como se não o visse há um tempo.

— Nós estamos só... visitando — explicou o rapaz, balançando os ombros e sorrindo para o amigo.

— E dá pra só visitar? Como você conseguiu fazer isso? Seus poderes agora te permitem viajar entre os mundos? — Taehyung arregalou os olhos, agitado com a ideia.

— Não é bem isso. Isto é meio que uma... realização de um sonho — Jimin desconversou. — Enfim, estou com fome e tem torta de morango na mesa. Vamos voltar para dentro logo!

— Sim, sim, vamos. Eu só vou dar um jeitinho aqui e um jeitinho naquele galho ali... Podem ir na frente, eu acabo em dois minutos. — Depois de falar, o amigo se virou para continuar o que estava fazendo com as luzes natalinas.

Antes de retornar para dentro de casa, Jimin deu um tapão nas costas de Taehyung e alguns socos de brincadeira. Então, disse:

— Senti sua falta, cara!

— A-ai! Também senti a sua. Agora deixa as minhas costas em paz.

Os dois gargalharam, e com isso um sentimento nostálgico invadiu o peito de Park. Ele voltou para o lado de Jungkook, segurou a mão do marido e, sem conseguir conter toda a alegria que irradiava de seu corpo, o puxou para voltarem para dentro de casa.

— Amor — chamou Jungkook um segundo antes de atravessarem a porta.

Jimin foi verificar o que era e, quando viu, seu sangue esfriou um pouco. Sobre alguns galhos da árvore que Taehyung decorava com as luzinhas de natal, Seokjin jazia sentado, observando-o com uma expressão misteriosa.

— Devemos fazer alguma coisa? — perguntou Jungkook. Já era possível ver o vermelho da ira banhando suas íris.

— Não. — Jimin colocou a mão sobre o peito dele. — Eu acho que a gente não precisa mais se preocupar com o Seokjin. Vamos, amor. Vamos comer a torta da minha mãe, juro que é melhor do que qualquer coisa que eu já tenha cozinhado para você.

— Nada superaria a sua pizza, meu amor, eu tenho absoluta certeza, ainda que estejamos falando dos dotes culinários de minha honrada sogra — disse Jungkook, acariciando a lateral do rosto do ômega, deixando-o ruborizado e ainda mais sorridente.

Jimin balançou a cabeça, beijou as costas da mão do alfa que segurava, e o levou para dentro da casa.

Mesmo com muitas perguntas no ar, quando eles retornaram para a sala de estar, o senhor e a senhora Park os chamaram para ajudar com os preparativos sem bombardeá-los de questionamentos. Jimin auxiliou o pai com os cabos da TV, pois, após a ceia, este último pretendia reunir todo mundo para verem um filme natalino, e Jungkook deu uma mãozinha na decoração de um bolo feito pela sogra — que elogiou o trabalho tão bem feito por ele. Enquanto tudo isso acontecia, Yeseo andava de um lado para outro tirando fotos de todos os acontecimentos, e agitando a casa ao pôr suas músicas pop em uma caixinha de som para que dançassem. Mais tarde, Taehyung retornou do quintal e, para a surpresa de todos, e para o assombro de Jimin e de Jungkook, trazia consigo, nos braços, um filhote de raposa que ele disse ter avistado no canto da propriedade dos Park. Os reis de Adaman reprimiram uma careta ao notarem a raposa lançando uma piscadela na direção deles.

Chegou o horário da ceia, era um momento perfeito para Jimin mostrar para Jungkook alguns costumes daquele mundo.

Naquela casa, havia a tradição de reunir todos diante da mesa e entoar uma pequena oração. Jimin não tinha crenças cristãs, e muito menos Jungkook, por isso, os dois apenas ficaram assistindo àquele momento. Para o primeiro rapaz, foi como rever uma cena de seu passado, para o segundo, foi experienciar uma cultura totalmente nova. Ao fim da oração, eles se sentaram e começaram a devorar as comidas enquanto exclamavam elogios vigorosos aos pratos servidos. As conversas também se encaminharam para coisas do dia a dia, para assuntos que Jimin não ouvia há anos, como política, o preço das coisas no mercado, músicas e artistas famosos do momento, os últimos dramas lançados na TV que estavam fazendo sucesso, as novels de sua irmã caçula... Em seguida, as atenções se voltaram para Jimin e Jungkook, porque todos queriam saber como eles haviam se conhecido, o que estava acontecendo em suas vidas, o que andavam fazendo e etc.. O casal não podia falar toda a verdade, então substituiu as palavras "Adaman", "Outro mundo" e "Nos conhecemos no meio de uma guerra" para "Algum lugar em Seul", "Outro distrito" e "Nos conhecemos no meio de eventos da universidade". Tirando detalhes específicos sobre o lar real de Jungkook, todo o resto foi dito com sinceridade: O fato de que ele e Jimin se aproximaram mais rápido do que poderiam prever, como se apaixonaram quase que instantaneamente e como se ajudaram em épocas difíceis.

Jungkook foi aquele que mais falou. Ele era ótimo com palavras, sempre houvera sido, e sabia o que deveria e o que não deveria ser dito. Isso mais o fato de que seu jeito educado, seu sorriso encantador, sua voz suave e envolvente e todo o resto de sua presença absolutamente impecável eram perfeitas distrações para o senhor e a senhora Park. Jimin achou engraçadíssimo ver seus pais e Yeseo boquiabertos e totalmente hipnotizados por causa dos trejeitos de seu marido. Ele conseguia entendê-los, era difícil resistir à sedução inerente ao rei de Adaman.

Os diálogos depois se voltaram para outras pessoas à mesa, momento em que cada um falou um pouco sobre si, sobre seus desejos, seus gostos pessoais, uma maneira de se apresentarem para o novo visitante. Taehyung, que era o único que não precisava dizer muitas coisas, foi brincar com a raposa que havia encontrado e chegou a perguntar se teria que arranjar alguma licença governamental para ficar com ela em casa.

Quando a ceia acabou e todos ajudaram a arrumar a mesa e a limpar a louça, eles se reuniram ao redor da televisão para o senhor Park colocar um filme. Naquela noite, iriam assistir a um americano chamado "Os Fantasmas de Scrooge".
Enquanto a animação se desenrolava na tela diante deles, Jimin observou as reações admiradas e espantadas de Jungkook que estava sentado ao seu lado.

— Então, isso é um filme? — perguntou-lhe ele, num sussurro.

— Sim. Mas é um filme animado. Quer dizer que pessoas reais desenharam esses personagens — explicou o ômega, no mesmo tom de voz baixo.

Os olhos arredondados de Jungkook duplicaram de tamanho.

— É possível fazer um desenho se mover? — ele perguntou, estupefato.

— Haha, mais ou menos. Depois eu te digo como funciona.

Eles voltaram a se concentrar no longa-metragem, que acabou mostrando uma história cheia de dramas e sentimentos, e algumas reviravoltas emocionantes. No final, metade dos espectadores choravam e a outra tinha o rosto vermelho porque choraram mais cedo, durante cenas específicas do filme. Jimin e Jungkook se incluíam no segundo grupo.

O relógio já marcava mais de três horas da manhã quando o grupo acabou de comentar sobre suas cenas preferidas e a mensagem do filme. Depois de ser pego cochilando no sofá duas vezes, o senhor Park decidiu se despedir da família e dos convidados para ir dormir. Ele deu um abraço bem forte em Jimin, enfatizou que sentia falta do filho, e ofereceu um amistoso aperto de mão para Jungkook. Em seguida, subiu as escadas e foi para seu quarto.

Minutos mais tarde, foi a vez da senhora Park ir se recolher, pois também já apresentava sinais de sono. Ela beijou a testa de Jimin, agradeceu pela aparição dele e por ter trazido Jungkook para que o conhecesse.

— Amanhã, quando acordarmos, vou querer saber de toda essa história de casamento — disse, apertando a orelha do filho.

Não haveria um "amanhã", mas Jimin assentiu com um movimento de cabeça e a beijou na bochecha.

— Vamos, Yeseo! Está na hora de dormir — a senhora Park chamou, arrastando a filha caçula pelo braço. A garota se recusou num primeiro instante, mas depois cedeu quando um bocejo veio.

Antes de seguir a mãe pelas escadas, a menina saltou em cima do irmão mais velho, pendurou-se no pescoço dele e girou, quase derrubando-o.

— Sua malandra! — exclamou Jimin, sorrindo e segurando o tronco dela para equilibrar o giro. — Vai dormir, pirralha.

— Eu vou, seu mané. — Yeseo saltou, voltando para o chão, deu mais um pulo, agora para beijar a bochecha do irmão, e retornou para a cola da mãe.

— Boa noite, meninos. Foi um prazer te conhecer, Jeon-shi! — disse a senhora Park, e desapareceu escada acima.

— Jeon Jungkook oppa, está muito aprovado para ser o meu cunhado — exclamou Yeseo, mostrando o polegar direito num gesto de "legal". Ela foi para o segundo andar em seguida.

Agora só restavam os três rapazes e a raposa na sala. A sensação de fim de festa pairava no ar.

— Conseguiu conquistar a família do boy, garanhão. Parabéns! — Taehyung cutucou Jungkook com o cotovelo.
Jungkook soltou uma risada baixa.

— Eu adorei conhecê-los — disse para Jimin, rindo. As mãos unidas deles se apertaram, cheias de calor e felicidade.

— Agora, eu vou voltar para a minha casa — disse Taehyung. Em seus braços, a pequena raposa dormia, alheia a tudo. — Nos vemos amanhã, né?

Os olhos de Jimin se voltaram rapidamente para Jungkook, de soslaio, com um brilho sutil de tristeza. Em seguida, ele falou:

— É... vamos nos ver. — Fingiu um sorriso. — Foi legal te reencontrar, Tae.

— Foi sim, cara. — O amigo começou a caminhar para fora da casa, balançando a mão para o casal, numa despedida. — Até depois.

Assim que Taehyung se retirou, a casa caiu num silêncio soturno, com apenas os sons da noite e dos pisca-piscas vibrando pelo ambiente. Ainda faltava algumas horas até o amanhecer, e todo aquele sonho chegar ao fim, portanto, o casal ainda queria experimentar um pouco mais.

Jimin decidiu levar Jungkook para seu quarto, um gesto simples para algo que ele secretamente sempre quis fazer quanto um dia tivesse um namorado. Neste caso, estaria levando o marido, então, era quase a mesma coisa.

Eles subiram as escadas e andaram até o cômodo da segunda porta que encontraram. Lá dentro, tudo estava do jeitinho que o ômega havia deixado um pouco antes de ir para Adaman. Sua cama arrumada, sua prateleira com jogos, livros e quadrinhos, seu espaço gamer com PC e consoles, um armário arrumadinho e salgadinhos em cima da escrivaninha cheia de materiais da universidade.

— Eu dormia aqui — disse Jimin, apresentando o quarto. — É bem pequeno, comparado ao que você me deu em Adaman, mas eu achava maneiro. Tinha quase tudo o que eu precisava.

— Quase tudo? — Jungkook passou a mão pelas coisas organizadas na prateleira. As cores e as imagens chamaram sua atenção, pois era tudo muito diferente e peculiar. — O que faltava para ter tudo?

Jimin sentou-se na ponta da cama e encarou o marido.

— Agora, faltaria você e tudo o que temos juntos — murmurou.

O alfa virou-se na direção dele e se aproximou, andando alguns passos. Assim que chegou perto do marido, arrancou o gorro de sua cabeça e acariciou-lhe os cabelos prateados, tocando a ponta dos chifres recém-cortados que se ocultavam entre os fios.

— Depois de ver tantas coisas de seu mundo, eu comecei a me dar conta das razões e dos sentimentos que sempre o levam a pensar nele. Eu passei a entender um pouco mais o peso que foi se despedir de tudo isto para viver ao meu lado. — Ele se ajoelhou diante de Jimin, sobre seu colo, segurou suas mãos. — Não sei como agradecer por isso, por ter aparecido do absoluto nada e feito parte de minha existência.

Jimin segurou o rosto dele e o ergueu com carinho, para que o encarasse.

— Você só pode estar brincando — disse, balançando a cabeça, incrédulo. — Você me deu uma vida incrível, mágica, uma família, amigos leais, e o seu amor... É claro que eu sinto falta dos meus pais e dos meus amigos daqui, mas Adaman é o meu lar, Jungkook, onde estou contigo e com as crianças. E, vamos ser sinceros, uma metrópole cheia de asfalto e prédios cinzentos não é capaz de superar um reino como o nosso, nunquinha...

Jungkook riu e comentou:

— "E sou uma divindade" você também diria.

— Isso! Eu já ia acrescentar essa parte. — Jimin ergueu o queixo, numa pose brincalhona de arrogância. — Este sonho está me fazendo realizar um desejo que sempre tive desde passei a me dar conta de que te amo. Consegui te mostrar de onde vim e como são os meus pais. Estou satisfeito e feliz, é o melhor Natal que eu poderia ter.

Ele se inclinou e beijou os lábios de Jungkook, inspirando fundo para absorver o cheiro dele. Amava como o toque quente daquela boca também carregava uma maciez singular que o fazia querer ficar ali pelo resto da vida.

— Você gostou de conhecer essa parte da minha vida? — perguntou, sem se afastar muito dos lábios do alfa.

A respiração dele acariciou sua face.

— Sim. Tudo o que vi... Não consigo pôr em palavras — suspirou Jungkook.

— O que mais gostou?

— O avião. Definitivamente a viagem de avião. Mas eu também gostaria de colocar no topo da lista o momento em que realizamos a refeição com sua família.

— A ceia?

— Isso! A ceia.

Jimin crispou os lábios, contendo um sorriso. Em seguida, desceu as mãos até a gola da roupa de Jungkook e o puxou devagarinho.

— Não vai acrescentar o nosso momento no provador lá em Gimpo nessa sua lista? — murmurou num tom sacana.

O olhar do alfa estreitou-se. Seus dentes surgiram por baixo dos lábios.

— Jimin... — De soslaio, ele encarou a superfície convidativa da cama e pensou por um instante. — Essas paredes são finas, e está muito silencioso. Não quero fazer coisas constrangedoras com sua família por perto, portanto, não me tente.

O ômega gargalhou e apertou as bochechas dele.

— Não vou. Estou brincando, também não quero fazer isso aqui — disse, puxando-o para que se sentasse ao seu lado na cama.

— Daqui a pouco, nós vamos acordar em Adaman, se Seokjin não tiver nos enganado.

— Acha que nos enganou?

Jimin negou com um movimento de cabeça e se aconchegou no ombro do alfa.

— Aquela raposa idiota parecia estar falando a verdade — murmurou, e, em seguida, soltou um suspiro pesado.

— Você ficará triste por voltar?

— Não... mas vou ficar triste por dizer tchau.

Jungkook colocou um braço ao redor dele e o apertou num abraço.

— O que mais pode me mostrar daqui antes de irmos embora? — Com essa pergunta, sua intenção era tornar os últimos momentos naquele sonho agradáveis para o marido.

Sua atitude surtiu efeito, pois Jimin imediatamente arregalou os olhos, abriu um sorriso e saltou para pegar algo na prateleira.

— Deixa eu te apresentar as minhas HQs de super-heróis! — exclamou ele, entregando ao marido uma pilha de quadrinhos. — Tá aqui uma coisa que deveria ter naquela biblioteca do castelo! Eu adoro livros, você sabe, mas sinto falta de umas coisas desenhadas.

— São histórias com ilustrações? — Jungkook folheou as páginas coloridas. — Que interessante... Irei sugerir aos escrivães para que insiram coisas assim em nossas estantes.

— Você quer ler uma comigo?

— Sim, claro. Faça a sua recomendação.

— Tá bem, vamos ver... Essa aqui, é muito boa e é volume único, leremos rapidinho. — Jimin deitou-se na cama com a HQ, afofou o travesseiro e convidou Jungkook para que se deitasse em seus braços. O alfa se acomodou ali, no espaço entre o tronco e o braço do ômega, e ficou observando atentamente as páginas ilustradas e com vários balões de fala da revista erguida diante dele.

Jimin tomou a posição de orador-interpretador e foi lendo as falas e as narrações, injetando dramaticidade a elas, tornando a experiência ainda mais singular para o marido, que, a cada página lida, ficava mais imerso na história, mais interessado no que viria a seguir.

A HQ foi concluída pouco tempo mais tarde, restando apenas alguns minutos antes de o Sol nascer. Cansados depois do dia cheio, o casal se manteve ali, enroscado sobre a cama e encarando o teto, dando os últimos adeus para aquele sonho.

Quando o amanhecer brilhou tépido através das janelas do quarto, eles sentiram algo puxando e tudo se tornou nublado em suas vistas. Ao piscarem os olhos, o teto foi substituído por um céu azul e limpo, de uma nova manhã, e a cama debaixo deles virou o pátio do palácio.

— Será que estão em coma? — disse uma vozinha infantil familiar.

— Shhh, só estão dormindo, Hyunjin — outra vozinha censurou. Parecia ser Yeonjun.

— Mas, no meio do pátio? — Agora a pergunta veio de Yeji. A sombra dela pairou sobre Jungkook e Jimin antes de suas mãos apertarem as bochechas deles.

— Ai... — resmungou o pai ômega. — Estou acordado, não precisa mais me apertar.

Ao seu lado, Jungkook soltou uma risada calorosa e puxou Yeji para fazer cosquinhas nela. A princesa gritou e gargalhou.

— Por que dormiram aqui? — perguntou Soobin, que estava agachado quietinho perto deles, observando-os com preocupação.

Jimin e Jungkook se entreolharam e sorriram um para o outro, como cúmplices de um segredo.

— É porque o sono estava muito bom — disse o ômega, acariciando os cabelos do menino. — E aí? Estão preparados para hoje?

— O que terá hoje?! — Yeonjun pulou em cima dele, cheio de curiosidade.

— O Natal, ué? Acharam que só iriam ganhar esses coqueiros? Ainda tem mais umas coisas para a noite de hoje. — Jimin fez suspense, e Jungkook complementou, adicionando um pouco mais de mistério:

— Sim, é verdade. Coisas deliciosas, e presentes...

Os olhares das crianças duplicaram de tamanho, cheios de expectativas. Elas deram pulinhos e gritaram, animadas.

Jimin e Jungkook olharam para aquela cena, felizes por estarem de volta, e ansiosos para o início de mais uma tradição singular no Reino de Adaman.

~🌕🌖🌘🌑~

#LoboDePrata
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Tchauzinho da Kaka💜

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