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7. O DIÁRIO ROUBADO

Cristal arrumava suas coisas, pensando em como o tempo havia passado rápido. Os últimos cinco anos foram como uma espécie de limbo para ela. Depois das coisas que aconteceram, tanto antes de Elise quase ser morta por Kevyn, quanto depois, quando ela saiu com Julian e Bruna para caçá-lo (ou seja lá o que estivessem fazendo, pois todos pareciam concordar em mantê-la no escuro), ela tinha passado a viver em função dos estudos e dos seus relacionamentos familiares.

Isso era difícil, de certa forma, pois muitas vezes precisava fingir que estava bem, que não tinha um trauma, quando na verdade, era tão traumatizada que beirava à neurose.

Viveu quase seis anos apenas superando, se recuperando, mesmo sabendo que certas coisas jamais poderiam ser recuperadas.

No início, teve dificuldade para entender como Elise parecia ter se recuperado tão rápido quando era ela quem tinha uma horrível marca roxa em volta do pescoço por ter sido estrangulada. Então, depois de algumas semanas lidando com seus próprios problemas emocionais, ela descobriu que Elise escondia bem o que sentia quando estava consciente, no entanto, quando dormia, seus pesadelos eram a prova de que ela sofria, pois chorava e se debatia, como se estivesse revivendo a noite em que quase perdeu a vida.

Cristal não sabia se seus pais tinham conhecimento do que acontecia com Elise durante o sono. Nem a própria Elise parecia reconhecer seus terrores noturnos quando em estado consciente. A mais nova sabia disso porque uma vez, quando voltava para seu quarto no meio da madrugada, depois de ter ido à cozinha beber água, ouviu Elise chorando e foi ver, surpresa ao encontrá-la se debatendo na cama, ainda dormindo.

Lembrava-se de ter chamado e sacudido sua irmã com força para que ela despertasse. Naquela noite, elas dormiram juntas e Cristal não viu mais sua irmã tendo pesadelos até a noite antes de fugir com Julian e Bruna, foi quando Cristal entrou furtivamente em seu quarto para passar um tempo com ela e percebeu que chorava e se debatia, como antes.

Mas essa ainda não era a pior parte.

Ninguém tinha a menor ideia do quanto ela ficou em pânico quando soube que Elise sairia de casa para ir atrás de Kevyn. Só de pensar em sua irmã chegando sequer perto dele, Cristal hiperventilava. Os dois meses em que Elise estivera longe de casa, sem nem poder telefonar para a família, foram um verdadeiro inferno para Cristal, que morria de preocupação.

É claro que ela disfarçava, fingia que estava bem, que tinha esperanças de sua irmã voltar para casa com vida. E depois, quando Elise voltou e aquele policial apontou uma arma para ela, ameaçando sua vida para que sua irmã fosse com ele sem lutar, Cristal nunca se sentiu tão impotente quanto naquele momento.

Mesmo depois de pegar o celular seguro de Elise, ligar para um número que dizia "emergências", e ouvir um homem com sotaque garantir que tudo ficaria bem, que ele já estava em contato com a polícia, Cristal chorou de medo. Foi a primeira vez que falou com Andreoli.

Cristal balançou a cabeça, tentando afastar as lembranças amargas do que aconteceu depois que sua irmã foi levada para o hospital e passou por uma cirurgia. Saber que Kevyn estava preso não ajudava a lidar com as consequências de seu envolvimento com ele...

Ela apertou os olhos com as palmas das mãos. Tinha que esquecer isso. Precisava esquecer todo o mal que lhe foi feito. Era uma mulher agora. Uma mulher que estava atrás do emprego que queria.

Por isso estava arrumando suas coisas, escolhendo roupas adequadas para trabalhar ao lado de uma das maiores arquitetas do país. Bem, ainda seria só uma estagiária, mas já era um começo. Pelo que sabia, a Sra. Becker escolhera apenas três estudantes de Arquitetura para ensinar e avaliar o potencial pelo período de quarenta e cinco dias. Depois desse período, ela escolheria apenas um dos três para ser seu pupilo e trabalhar ao seu lado no planejamento de uma grande construção.

Cristal estava ansiosa para mostrar seu talento e aprender mais com Heidi Becker. Viajaria no dia seguinte para a grande São Paulo, de carro, até o apartamento em que ela e os outros ficariam hospedados durante o tempo de estágio.

Ouviu uma batida na porta e foi abrir.

Sua cunhada, Rebeca, apareceu trajando um vestido longo floral. Seu irmão e a esposa haviam conhecido uma igreja evangélica que guardava o sábado e não comia alguns tipos de alimentos, por isso ela não se vestia mais tão sensualmente como antes, mas sempre seria uma mulher linda e elegante. Seu temperamento também mudou muito desde que eles começaram a estudar a bíblia com um casal de amigos dessa igreja, e a pequena Ruth aprendia novas canções infantis cristãs toda semana.

— Oi, Beca. Linda como sempre, hein!

Rebeca beijou seu rosto e a abraçou.

— Obrigada, cunhadinha. Mas é você que continuará com esse corpo curvilíneo maravilhoso enquanto a minha cintura vai adquirir a curvatura de uma bola nos próximos meses.

Cristal revirou os olhos.

— Até parece. Você, francamente, foi a grávida mais bonita que eu já vi. Vai continuar ainda mais linda com meu novo sobrinho aí dentro. — Pegou na barriga quase imperceptível da ruiva. — Já descobriu se é menino ou menina?

— Não. O bebê colocou as mãozinhas na frente do sexo durante a ultrassom, não deu pra ver. Mas teu irmão acha que é uma menina.

— E tu? O que acha?

Ela sorriu.

— Eu imagino um garoto idêntico ao Aquiles, de cabelos negros e olhos verdes.

— De um jeito ou de outro, esse bebê já é muito amado.

A ruiva suspirou.

— Sim, ele é. Viemos fazer uma visita para nos despedir de você. A Ruth vai sentir falta de ser mimada pela tia Cris.

Cristal sorriu com ternura.

— Eu também vou sentir muita falta da minha bonequinha. Ela está com a mamãe?

— Com o Carlos, na verdade.

— Ótimo. Vou só fechar minha mala e já desço pra dar um beijo nela.

— Ok. — Rebeca se virou para ir para a escada, mas parou. — Ah, já ia esquecendo. Eva mandou isso pra você. Disse que chegou agora.

A ruiva entregou um envelope para a morena e desceu. Cristal entrou no quarto e fechou a porta antes de ver o remetente da correspondência.

— R. Moraes — ela murmurou, empalidecendo. — Não é possível.

Sentindo as pernas vacilarem, sentou na cama e abriu o envelope, com as mãos tremendo. Não podia ser Kevyn. Ele não seria tão descarado assim para mandar uma correspondência com seu nome falso para ela. Seria?

Havia uma carta digitada e uma foto. Olhou a foto e arregalou os olhos. Era de uma página do primeiro diário que escreveu, depois que Elise a recomendou escrever para não ter que encarar um psicólogo.

Sentiu um tremor na coluna e uma sensação desagradável no estômago. No papel, uma transcrição do que estava na foto. Começou a ler:

"Lembro de como me senti quando vi Ricar... Kevyn (ainda não me acostumei com o seu nome verdadeiro) entrando na sala da minha casa ao lado do meu irmão. Primeiro pensei que era uma grande (e feliz) coincidência, afinal, eu só o tinha visto uma vez, no aniversário da Nicole, e não sabia que Elise continuava tendo contato com ele depois daquela noite.

Fiquei surpresa quando ele e Aquiles quase discutiram por causa de seu envolvimento com ela, mas o que realmente me confundiu foi que minha irmã tenha dado o número de seu celular para ele depois de um único encontro, pois Elise havia demorado semanas para dar seu número ao Marcos, seu ex-namorado traidor.

É claro que agora eu sei que ela não deu o número, foi ele que hackeou o celular do Aquiles e o achou, depois falou para ela que eu o dei. Até nas mínimas coisas, ele é mentiroso. Eu só não consigo entender como nenhum de nós percebeu desde o início o quanto Kevyn é manipulador. Ele nos enganou de tal forma que ainda é difícil aceitar que ele não é o homem que mostrava ser.

Ainda me arrepio ao lembrar de como meu coração acelerou e eu me tornei atrevida o suficiente para tentar flertar com ele. Quão patético é isso?

Eu estava ali, encantada pelo cara que quase matou minha irmã.

O olhar dele sobre mim... suas palavras giraram em minha cabeça durante semanas.

— Cristal. Nome bonito. Se você fosse oito anos mais velha, Cristal, eu consideraria me arriscar a apanhar do Quil para ficar com você, já que a tua irmã não me quer.

Dá pra acreditar que eu me senti elogiada com essas palavras? Ele praticamente me disse que eu poderia substituir minha irmã se eu fosse mais velha, e eu fiquei toda alvoroçada.

Eu era uma idiota.

Não, eu sou uma idiota. Nunca devo deixar qualquer outro homem se aproximar de mim, porque sou um desastre ambulante. Idiota. Idiota. Idiota.

Agosto de 2018, 2am"

No fim da transcrição havia um bilhete:

"Sim, você é idiota. Mas é bem mais que isso, não é? Tua família sabe o quanto você pode ser cruel?"

Cristal colocou o papel em um pires que ficava na escrivaninha e pegou o isqueiro que usava para acender velas perfumadas. Tocou fogo no papel com alguma dificuldade, pois sua mão ainda tremia, e colocou a foto para queimar junto.

Correu até a parede onde sua cama ficava encostada. Puxou a cama para afastá-la da parede, de onde tirou uma escada que usou para chegar ao teto. No canto do forro, onde seu quarto fazia divisa com o corredor, havia um corte que dava acesso ao interior do forro, um erro de construção, pois a portinhola que levava ao sótão foi feita no final do corredor, do outro lado do quarto dela.

Cristal havia notado esse recorte pequeno e conseguiu abri-lo para esconder coisas ali. Havia uma caixa de sapatos com lembranças, alguns livros que seus pais não aprovariam e os diários onde ela escrevera nos últimos cinco anos e meio. Eram quatro.

Apalpou o esconderijo, sentindo os livros, a caixa e os diários empilhados. Contou pela separação das capas.

— Isso não tá acontecendo. Porra! — ela xingou baixinho ao sentir apenas três diários.

Para ter certeza, puxou os diários para fora. Xingou novamente. Estava faltando um. Justamente o que falava dos sentimentos dela por Kevyn. O mesmo diário que alguém estava usando agora, mas para quê? Amedrontar, chantagear? O que essa pessoa queria, afinal?

Alguém teve o trabalho de entrar em sua casa, em seu quarto, e roubar o seu primeiro diário, que ela não tirava do esconderijo há, pelo menos, dois anos. Mas quem e por quê?

O pior de tudo é que só duas pessoas sabiam do seu esconderijo secreto. Uma era sua melhor amiga, Nicole, que jamais faria uma brincadeira tão cruel, sabendo o que acontecera na época em que estava escrevendo naquele diário. Nicole esteve ao seu lado, encobriu tudo que ela fez, não fazia sentido a amiga brincar com isso.

A outra opção era aterrorizante para ela. Além de Nicole, somente Kevyn sabia.

Isso não era possível. Ele estava preso há mais de cinco anos, não teria como roubar seu diário.

Cristal desceu, guardou a escada e sentou-se na cama, com as mãos na cabeça. O que estava acontecendo? Por que fariam esses joguinhos doentios com ela?

A morena se deitou e segurou os joelhos contra o peito, como uma bola. As lágrimas começaram a rolar livremente enquanto lembranças invadiam sua mente. Nunca teve a intenção de se apaixonar por ele. Nunca sequer pensou que teria alguma chance com o loiro lindo que ela pensava se chamar Ricardo, cujo nome ela escreveu em seus cadernos e troncos de árvores, rodeado de corações, como a maioria das adolescentes normalmente fazem.

Lembrava-se de como os garotos se afastavam dela por achá-la pouco feminina. Seus colegas pensavam que ela gostava de garotas, inclusive Lucas, o garoto de quem ela gostava. Na época, pensava que estava apaixonada por Lucas e ficou muito triste ao vê-lo beijando Manuela no aniversário da Nicole. Mas o que sentia pelo moreno nem se comparava com o que ela sentiu por Kevyn.

Ninguém sabia como havia começado isso, nem ela mesma. Um dia conheceu formalmente o amigo de seu irmão e descobriu que ele e Elise tiveram um "lance", e no mesmo dia presenciou uma briga brutal entre ele e Julian por causa de sua irmã.

Ele não apareceu por um longo tempo. Conforme o tempo passava, Cristal assistia à sua irmã se apaixonando por Julian e eles começando um relacionamento, e Kevyn nunca mais tinha aparecido. Ela viu sua irmã cada vez mais assustada com um assassino perseguidor que ameaçava sua família, e Kevyn continuava longe. Por tudo que ela sabia, o loiro havia saído de suas vidas definitivamente depois que Elise começou a namorar Julian.

Então, um dia, ele apareceu.

Não foi em sua casa, nem tentando conquistar sua irmã, mas foi em uma situação embaraçosa, quando Cristal se sentia acuada.

Ela tinha ido a uma festa de aniversário com Nicole. A aniversariante era Daiane, uma ruiva de cabelos tingidos que jurava ser ruiva natural. Manuela, que havia namorado seu amigo Lucas por um tempo, começou a provocar Cristal com relação à amizade dela com Nicole, dizendo que ela gostava de garotas gordinhas, por isso as "roliças" tinham que ter cuidado com ela.

Cristal não respondia a essas provocações, mas ficava profundamente irritada por tirarem sarro de sua amiga e por seus "amigos" garotos rirem dela e fazerem chacota sobre não ser justo ela ser concorrente deles, pois era muito bonita e não gostar de meninos era um desperdício.

A garota xingou todo mundo com um palavrão e recebeu uma reprimenda de Lucas, agora agarrado com outra garota de quem ela não gostava.

— É por isso que as pessoas te acham masculinizada, Cris. Você tem uma boca suja e não se veste como uma menina normal. Talvez, se fosse mais delicada, encontraria uma namorada.

— Vai à merda, Lucas. Vocês ficam aí falando de mim como se soubessem alguma coisa a meu respeito. Quem disse que eu gosto de garotas?

Manuela riu com desdém.

— Se você gostasse de garotos, não agiria como um deles. Aposto que não sabe o que é um salão de beleza. Olha essas unhas roídas e esses cabelos encrespados! Existe uma coisa chamada chapinha, sabia?

— Foda-se, sua vaca! — Cristal respondeu, mostrando-lhe o dedo do meio.

A garota fez menção de avançar para brigar com ela, mas recuou, rindo cinicamente.

— Não, eu não vou tocar nessa... coisa de cabelos de bruxa. Vai que ser sapatão é contagioso!

— Sua idiot...

— Cristal? — Ela foi interrompida por uma voz suave de tenor.

Olhou para trás e sentiu um tremor atravessar seu corpo. O loiro era tão lindo que doía. Ele se aproximou, sorrindo, passando facilmente pelo grupo de adolescentes que a cercava, e segurou suas mãos com delicadeza.

— Olá, princesa. — Sua voz era como mel. — Há quanto tempo não nos vemos. Você continua linda, como sempre.

Alguns arquejos foram ouvidos. Cristal sorriu.

— Ricardo. Obrigada. — Tirou as mãos das dele. — O que faz aqui?

— Sou amigo do Nathan, irmão da aniversariante. Estava ajudando a arrumar o local e os refrigerantes, para seus pais cuidarem do resto. Te vi lá da janela da cozinha e não resisti. Você é tão linda. Um colírio para os olhos.

— Você sumiu. — Ela corou profundamente, olhando para baixo. Geralmente não falava tão educadamente, mas ele a deixava tímida.

— É... eu não tinha mais o que fazer na tua casa. Mas continuo frequentando o apê do Aquiles. Sabe, sei que ele é ciumento, porém, se quiser aparecer por lá um dia... Quer dizer, ou eu posso te dar o número do meu celular para conversarmos. Você é muito divertida.

Ela levantou a sobrancelha, incrédula, e ele aproximou a boca da orelha dela para sussurrar:

— Finjo que não te noto na frente da tua família por causa da nossa diferença de idade. — E mais alto: — Você é uma garota interessante, Cristal Albuquerque.

Ele sorriu, charmoso, depois piscou para Nicole, que olhava a cena com a boca aberta, como os outros.

— Você é Nicole, certo? Cuida bem da tua amiga. Ela é importante.

Beijou o rosto de Cristal e saiu, deixando todos chocados.

Olá! Está gostando da história?

O que será que aconteceu entre Cristal e o serial killer que atormentou sua família?

Não esqueça de comentar, interagir com a autora motiva a produzir boas histórias.

E pinta essa estrelinha de laranja pra deixar mais bonita!

Beijos no coração❣️

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