11 - Boa, Perfeita e Agradável.
Naquela noite ela havia decidido não ir à igreja, mesmo o Patrick dizendo que iria com o senhor Henrique à procura do Bruno, ela ainda estava preocupada e angustiada.
Inquieta foi até o gabinete do pai, o local tinha cheiro de criança, sorriu diante dessa metáfora, aproximou-se lentamente da mesa tocando-a saudosa, uma lembrança invadiu sua mente, de quando era menor que aquela mesa, e se aproximava do pai e ele a pegava e colocava sentada sobre a mesa e lhe contava lindas histórias de um povo guerreiro e obediente a Deus que vez ou outra caía, pois se o povo esquece-se de Quem o mantém de pé, o povo cairá, passou as mãos pelos braços uns arrepios percorrendo seu corpo, com o coração em salto continuou a olhar a bagunça na mesa do pai.
- "Continua o mesmo desorganizado de sempre". - Pensou sorrindo, até a adolescência não compreendia como o pai conseguia se encontrar em meio a tantos papéis, livros e bíblias, mas agora sabia que aquela era a bagunça organizada dele, ele sabia onde estava cada item que estava naquela mesa.
Displicentemente pegou um papel riscado e ainda com um sorriso nos lábios olhou para os rabiscos do pai. "Busquem, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua Justiça, e todas essas coisas lhes serão dadas". - Leu e seu coração acelerou.
- Mateus seis trinta e três. - Disse em voz alta e pegou uma bíblia para conferir. - Pelo menos isso ainda lembra-me de um ou outro versículo. - Disse sentando, sentindo-se estranha e vazia, franziu o cenho. Continuou a ler a bíblia do pai a partir do versículo vinte e cinco, pegou o papel que o pai havia escrito.
"Deus supre todas as suas necessidades se você busca-Lo antes de buscar a qualquer outra coisa, Deus quer te dar o melhor dessa terra, mas primeiro você precisa busca-Lo, até porque não há nada mais importante neste mundo do quê Deus, então antes que Ele lhe dê o melhor desta terra você precisa escolher o melhor do céu 'Deus', e não importa o que você queira, ponha o seu querer primeiro em Deus, e não se preocupe com mais nada, pois tudo vem de Deus e tudo é para Deus". - Leu o que o pai escrevera, e seu coração esquentava enquanto lia.
- Quando eu deixei de Te colocar em primeiro lugar Deus? Quando que eu me tornei em uma farsa, e me tornei nessa pessoa que não vive mais o que acredita? Quando eu me tornei tão hipócrita quanto a vida que eu tive com o Bruno? - Disse a si mesma com os olhos marejados. - Eu sinto tanto a Sua falta, e sinto falta de mim mesma, sinto falta daquela garota que Te amava acima de tudo e de todos que sonhava em fazer missões e levar o Teu Nome a todos que precisassem de Ti, me perdoa por ter me perdido de Ti no meio do caminho, me perdoa por ter resistido por um tempo e no meio do caminho te desapontar tão miseravelmente, me perdoe por ter permitido que a minha natureza humana sobressaísse à minha natureza espiritual, me perdoe por não ter feito a Tua Vontade e me afastado de Ti.
As lágrimas molhavam seu rosto e ela chorava compulsivamente, ajoelhando-se em pranto.
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A chuva caia torrencialmente quando Jemima chegou à casa do Marcelo, a senhora Eva separou-se do pai do Marcelo quando ele tinha dois anos, e voltara a se casar com um policial, e eles sempre conciliaram os horários de trabalho de modo que Marcelo e Emanuelle nunca ficassem sozinhos a noite, justo naquela noite em que Marcelo havia viajado para passar o fim de semana com o pai, houve um problema com uma das enfermeiras e a senhora Eva precisou substitui-la e era noite de plantão do senhor Célio, e assim Jemima foi chamada para ficar de babá da pequena Emanuelle.
- Oh, minha querida! Eu ia te buscar! - Disse a senhora Eva enrolando-a em uma toalha.
- Não estava chovendo tão grosso quando eu saí de casa. - Disse tremendo de frio, a dona da casa levou-a até o quarto e pegou-lhe uma roupa seca.
- Tire essa roupa molhada, e vista isso aqui, acho que ficará um pouco curta e folgada, mas é melhor que pegar um resfriado. - A garota era mais alta e mais magra que a dona da casa, Jemima sorriu tímida pegando o vestido. - A diferença das outras vezes em que você ficou com a Manu, é que dessa vez você passará toda a noite aqui, mas não se preocupe que o esquema é o mesmo, você já sabe onde estão os números de telefone para um caso de emergência, do que ela gosta de comer e do que ela pode comer. - Disse sorrindo piscando para a garota. - E lembre-se não deixe ela te levar no bico.
- Jem! - Emanuelle pulou nos braços de Jemima.
- Oi princesinha! - Abraçou-a forte.
- Venha mocinha, a Jem precisa trocar essa roupa molhada, caso contrário ela adoece e nós teremos problemas. - Disse pegando a filha nos braços e saindo do quarto e timidamente ela trocou de roupa e o vestido realmente ficou curto e folgado olhando-se no espelho rodopiou, desde a vergonha que passara na escola no final do semestre nunca mais vestira um vestido, todos os dias a mãe reclamava por ela tê-la feito gastar com roupas que só enfeitavam o guarda-roupa, passou a mão na trança e delicadamente destrançou o cabelo molhado.
Horas depois a chuva já havia cessado, e jemima havia colocado Emanuelle para dormir e guardava os brinquedos que a pequena deixara espalhado quando o som da campainha a assustou.
- Jem sou eu. - Ela saltou feliz reconhecendo a voz de Alex, pulou nos braços dele assim que abriu a porta, ele a apertou sorrindo.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntou o beijando.
- O Marcelo me disse que você iria cuidar da Manu. - Respondeu afastando-se e ela o puxou para dentro. - Passou um furacão por aqui? - Perguntou sorrindo.
- Sim, o furacão chamado Emanuelle hoje ela estava com a corda toda. - Respondeu sorrindo e voltando a guardar os brinquedos, Alex a ajudou e minutos depois os dois se jogaram no sofá, ela se aninhou nos braços dele, passando as mãos em sua barriga. - Você é tão atlético e forte!
- Jem, fica com essa mão quieta! - Disse pegando em sua mão, ela sorriu e começou a beija-lo.
- Você se esquece de que eu já te vi sem camisa?
- E a culpa foi de quem? - Perguntou sorrindo.
- Sua! Que é um exibicionista, eu mal piquei e lá estava você se mostrando. - Disse passando a mão em seu peito por baixo da camiseta, ele fechou os olhos. - Sabe o que eu pensei? - Ele negou engolindo seco. - Que você era o garoto mais lindo que eu já vira na vida.
- Eu também pensei que você era a garota mais linda que eu já vira na vida, e mesmo que eu viesse a viver cem anos eu jamais veria garota mais linda! - Disse a puxando para o seu colo. - E eu estava certo, você sempre será a garota mais linda que eu já vi, principalmente com esse vestido sexy! - Disse sorrindo, ela ficou corada lembrando-se que estava com um vestido da senhora Eva, escondeu o rosto no peito dele.
- Céus! Eu esqueci completamente que estava com um vestido da senhora Eva.
- Você está linda, e acredite-me, você está sempre linda! - Disse a beijando profundamente, ela se ajeitou em seu colo. – Jem, nós precisamos conversar sobre isso! - Disse ofegante.
E só então ela se deu conta de que havia tirado a camiseta dele e acariciava aquele corpo que era pura tentação, estava escarlate com tais pensamentos, deitados no sofá ele sobre ela, ela fechou os olhos sentindo seu próprio corpo ardendo onde ele tocara, a situação era no mínimo delicada e ainda assim, ela só conseguia pensar que aquele garoto lindo era dela e ela dele.
Esforçou-se para se concentrar no que ele estava falando, devagar ele levantou e ajeitou o vestido dela delicadamente, pegou a camiseta e vestiu.
- Desculpe-me! Por perder o controle. - Pediu. - Você é tão linda! - Comentou rouco.
- Eu sei que não sou bonita, e por mais que eu não goste de admitir, a Telma é linda e sexy e você não teria parado o que estava fazendo se estivesse com ela.
- Do que você está falando? - Perguntou confuso. - Eu jamais estaria assim com a Telma, porque eu não iria atrás dela, e não finja que você não percebe o quanto eu te desejo, e o único motivo pelo qual eu parei, como sempre paro, é porque eu sei que assim como eu você nunca fez isso, e eu não quero que façamos de qualquer jeito só porque eu não consegui segurar a onda e você se arrependa depois.
- Eu quero muito esperar pelo casamento, é o que Deus espera de mim, e os meus pais também. - Disse vermelha. - E é o que eu mesma espero.
- Só depois de casada? - Perguntou sorrindo deixando-a ainda mais corada.
- Veja, eu não estou te pedindo em casamento nada disso, eu só estou dizendo o que eu... - Ele pôs a mão no coração dramático.
- Sério? Você não está me pedindo em casamento? Poxa e eu já estava pronto para te dizer um sonoro e vibrante 'SIM'. - Disse fingindo sentir dor.
- Até parece! - Disse esperançosa.
- Estou falando muito sério. Eu vou esperar para fazer amor com você na nossa noite de núpcias, porque eu sei que vou me casar contigo.
- Você tem certeza disso? - Perguntou emocionada.
- Claro que tenho! - Em cima da mesinha de centro havia um anel que vinha com umas balas, este em especial era de uma pedra vermelha, ele se ajoelhou na frente dela. - Jemima Alencar Ferreira você aceita ser minha esposa? - Ela se jogou nos braços dele, caíram, ele de costa e ela sobre ele ambos rindo.
- Eu sempre vou te dizer 'sim'. - Disse beijando-o, ficaram ali no meio da sala deitados no chão se beijando. - Mas quando perguntei se você tinha certeza, eu queria saber sobre não fazermos amor até lá, eu sei que é normal às meninas quererem tanto quanto os meninos, eu também quero, só que... - Ele a beijou interrompendo-a.
- Eu tenho certeza! Eu vou esperar pelo tempo que precisar, eu não tenho pressa, eu só sei de uma coisa eu quero todas as minhas primeiras vezes com você, e se tivermos a bênção dos nossos pais e de Deus, para mim será melhor ainda. - Disse sorrindo abraçando-a.
- Meus pais estão muito envolvidos com a conferência de pastores que será aqui este ano, mas quando tudo isso passar se você ainda estiver de acordo, nós vamos dizer a eles que estamos namorando.
- Será uma honra dizer para todos que namoro a garota mais linda deste mundo!
- Exagerado! - Disse sorrindo.
- Preciso ir. Amanhã no horário de sempre no local de sempre? - Perguntou se levantando e ajudando-a.
- Com certeza! Estarei te esperando no nosso lugar de sempre. - Respondeu alegre.
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Encolhida em um canto chorava compulsivamente, levantou-se e correu até a garagem pegou a bicicleta e lembrou-se que o culto estava terminando, não daria tempo se fosse de bicicleta, com as vistas embaçadas pelas lágrimas viu a moto do André que Pedro viera de Palmas no fim do ano, sorrindo em meios às lágrimas correu ao quarto do irmão e pegou a chave e o capacete, a mãe iria mata-la se ela mesma não se matasse em um acidente, e com esse pensamento correu de volta para a garagem.
- "Que não seja tarde Deus, que o Senhor ainda me ame e ainda queira me curar e me querer de volta como Sua filha, perdoe-me por ter sido tão cega e tola, por achar que só ir para a igreja era o bastante, que permitir que me destruísse faria de mim menos culpada do que quem me destruiu; perdoe-me porque eu não Te dei ouvidos, não vire as costas para mim como eu virei para Ti". - Pensava enquanto pilotava até a igreja.
Desceu da moto tentando se controlar, e andando rápido, entrou na igreja no momento em que o pai fazia o apelo, e sem pensar ela caminhou devagar mais firme ao encontro do pai.
Quando criança acreditava que não precisava fazer uma decisão como todo mundo, até que um dia ela disse o que pensava ao pai, e ele lhe explicou que ela precisava sim tomar a decisão de aceitar a Cristo como Único e Suficiente Salvador da sua vida, o pai lhe explicara que ser filha de pastor não fazia dela uma nova criatura e filha de Deus, que era a decisão dela se ser imitadora de Cristo e o batismo que lhe dava direito a essa condição de filha de Deus perdoada e justificada pelo Amor e Sangue dAquele que a amou primeiro.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntou o pai em seu ouvido.
- Estou me reconciliando com Deus, voltando para aquEle que me amou primeiro. - O pai a encarou surpreso e preocupado, ele chamou a esposa e pediu para que ela colocasse a mão no coração da filha e orou.
- "Obrigado Senhor por trazer a sua filha de volta para a Sua casa, que ela se comprometa a ouvir o Espírito Santo e assim cumprir com o propósito que o Senhor tem para a vida dela, seja o Senhor com ela e que ela se perdoe pelas decisões equivocadas e que o Senhor cure o seu coração quebrado, e que o Espírito Santo a console e a conforte neste momento de mudanças e dificuldades. Senhor, graças Te damos, pois o Senhor é bom e perdoa os pecados daqueles que se volta para Ti. Oh, Senhor cuide para que ela permaneça no Seu Caminho e que ela fique firme na decisão que está tomando agora". - Orou o pastor Gustavo emocionado e abraçou a esposa e a filha.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou a mãe chorando.
- Nossa filha voltou para Deus querida. - Respondeu também chorando.
- E desde quando ela estava desviada? - Perguntou a esposa confusa, o esposo apenas sacudiu a cabeça. - Está todo mundo confuso e perdido. - Justificou-se, olhando à igreja que os encaravam.
- Mamãe em casa a gente conversa. - Disse afastando-se do abraço dos pais.
- Esta igreja é a sua família e você pode contar com ela. - Disse o pastor voltando ao microfone ainda emocionado, Jemima sorriu e concordou com o pai.
O pai estava naquela igreja desde quando ela conseguia se lembrar, e talvez o pai não fosse gostar muito das coisas que estavam passando por sua cabeça naquele momento, sorrindo abraçou o pai e a mãe e foi até o primo Benjamim que a abraçou emocionado.
- Seja bem-vinda! Estou muito orgulhoso de você. - Ela o abraçou sorrindo e piscou para o irmão e a cunhada que estavam dois bancos atrás.
O pastor Gustavo deu a bênção apostólica e a igreja se dispersou, não sem antes a maioria olhar torto para a filha do pastor, ela continuou sentada e curvou a cabeça elevando seus pensamentos ao Senhor.
- "Senhor meu Deus, o Senhor é o Único motivo por eu estar aquebrantada e por inteiro aqui na Sua casa, pois se não fosse o Seu Santo Espírito a me incomodar e me mostrar a hipocrisia em que eu estava vivendo eu não estaria aqui, e agora eu sei Senhor que a maior hipocrisia em que eu vivi nos últimos anos não foi o meu casamento falso, mas meu relacionamento com o Senhor, me perdoe por ter valorizado a escravidão do pecado e ter menosprezado a Liberdade que me deste com tanta dor e sacrifício, perdoe-me, pois me esqueci tudo o que fizeste para que eu tivesse vida, para que eu fosse livre em Ti, para que eu me tornasse filha, em nome de Jesus me perdoe e obrigada pelo seu infinito Amor". - Orou. Sentiu alguém sentando ao seu lado.
- Estão todos imaginando o que você fez de tão grave para se reconciliar com Deus, afinal você não faltava um único domingo à igreja e para a maioria dessas pessoas estarem aqui aos domingos religiosamente é o suficiente. - Disse Felipe abraçando-a.
- Talvez se eles fizessem uma autoanálise como eu fiz, talvez eles compreendessem que é necessário muito mais que estar na igreja, é necessário ser a igreja. - Disse triste, pensando que meses atrás ela estaria igual a eles, pensando o que a irmã 'fulana', teria feito para se voltar para Deus humilhada daquela forma.
- Você falou igual ao nosso sobrinho. - Lembrou orgulhoso.
- Ele me fez pensar em muitas coisas que estavam acontecendo na minha vida, enquanto estava evangelizando o Ben. - Ela suspirou. - Mas perceber que você deixou de viver o propósito de Deus e está vivendo o seu próprio propósito, e o que é ainda pior um propósito que te leva direto para o abismo é difícil e doloroso, e por mais que a gente queira tomar uma atitude acabamos procrastinando, por que ainda temos esperança de que todas as exortações que recebemos estão equivocadas, afinal Deus conhece o nosso coração e não o homem e Ele sabe o que nos levou até ali. - Refletiu.
- Estou feliz por você finalmente tomar uma atitude, Deus realmente sabe do que nos levou até onde estamos, mas se estamos em um lugar que nos afasta dEle, então Ele vai querer sim que saíamos deste lugar e estou orgulhoso você saiu de um lugar que entristecia a Deus e te destruia. Se essas pessoas querem pecar pensando e falando mal de você, vamos orar para Deus fazer um tratamento intensivo nelas também. - Disse bem-humorado, ela deu um meio sorriso.
- Há tanto tempo que Deus vem me incomodando sobre minha conduta na igreja, e eu ainda dizia que a culpa era dEle por eu estar vivendo naquela situação, que Ele havia me tirado todas as boas oportunidades e me abandonado à própria sorte. - Disse desolada. - Para essas pessoas as suas vidas estão perfeitas, e o que não está perfeito não é culpa delas e sim do diabo ou do próprio Deus, eu mesma pensava assim. - Suspirou pensando.
- Vamos para casa, o irmão Sebastião vai fechar a igreja. - Disse Felipe olhando ao redor, ela levantou e o acompanhou em silêncio. - Jem, por que você casou com o Bruno?
Ela se fazia essa mesma pergunta há anos, e nos últimos meses se perguntava com mais frequência.
- Sinceramente? Eu não faço a menor ideia, mas imagino que tenha sido porque eu acreditasse que o amava.
- Você nunca o amou. Tanto que ele praticamente te obrigou a aceitar o seu pedido, você se recorda? - A cunhada veio ao encontro deles sorrindo, Jemima apenas assentiu e Felipe mudou de assunto. - Estou muito orgulhoso de você. - Disse puxando a irmã para um abraço.
- Sua mãe está furiosa porque você veio de moto. - Disse a cunhada sorrindo.
- Uau! Você veio na moto do André? - Perguntou o irmão assoviando. - Com certeza hoje você tirou a noite para causar. - Disse sorrindo.
Os pais dirigiam na frente dela, essa foi a condição da mãe para que ela voltasse para casa de moto, e definitivamente o pai queria testar sua paciência, ela teve vontade de parar e esperar que eles tivessem uma boa vantagem à frente dela, mas ela conhecia sua mãe e sabia que se parasse ela faria o pai parar também, aí sim não chegariam em casa tão cedo. Finalmente chegaram à casa, e mal ela entrou a mãe começou.
- Isso é vestimenta de você ir à igreja? - Perguntou irritada, o pai se retirou sacudindo a cabeça.
- Não há nada de errado com minha roupa. - Disse olhando-se pela primeira vez. - "Pior que ela está certa". - Pensou.
- Nada de errado? Você aparece na igreja na hora do amém, vestida no moletom do seu irmão e não há nada de errado! - Exclamou sarcástica, Jemima franziu a testa, sarcasmo não era natural da mãe, as coisas estavam mais complicadas do que ela pensara.
- "Graças a Deus que não estava vestida de baby dool ou camisola". - Pensou mordendo o lábio, tentada a falar em voz alta, mas preferindo ficar calada, não queria piorar as coisas com a mãe, estava sentindo como se estivesse voltado à adolescência e estivesse levando uma bronca da mãe, só faltava o castigo. - "É no que dá voltar a viver na casa dos pais". - Pensou frustrada.
- Você não vai me falar nada? Vai ficar aí com essa cara de quem ainda vai me aprontar mais uma? - Perguntou furiosamente.
- Mamãe, Jesus disse para os cansados e oprimidos O buscarem, e eu estava cansada e oprimida, eu sinto muito se a senhora esteja envergonhada por ter uma filha que sofria violência doméstica e ainda admitiu em público que estava vivendo uma farsa cristã, perdoe-me mamãe, eu nunca quis envergonha-los, mas antes de qualquer coisa eu preciso me acertar com Deus, e foi a senhora e o meu pai que me ensinaram isso.
A mãe a encarou e sacudiu a cabeça visivelmente frustrada, Jemima sabia que ela detestava quando qualquer um deles usavam seus próprios ensinamentos contra eles, e revirando os olhos ela sorriu abriu os braços, a filha sorriu também e se jogou nos braços da mãe.
- Estou orgulhosa da sua coragem! - Disse abraçando-a. - Você sabe que a igreja vai te olhar ainda mais atravessado.
- Eles já estavam me olhando torto. - Disse tranquilamente. - Desde que vocês estejam comigo e eu não seja obrigada a escolher entre vocês e Deus, está tudo bem para mim.
- Até porque todos nós sabemos qual seria a sua escolha. - Disse a mãe sorrindo beijando a testa da filha.
- Exatamente! - Respondeu sorrindo.
- Eu te amo minha filha e estou muito feliz por você, assim como o seu pai.
- Eu te também te amo mãe, e sou muito grata por ser filha de vocês, obrigada! - Disse abraçando-a, despediu-se da mãe indo para seu quarto, sentindo-se renovada.
Sabia que as coisas não seriam fáceis, e quem disse que seriam? Jesus não prometeu facilidades, Ele prometeu que sempre estaria com ela, e era exatamente disso que ela estava precisando, confiar plenamente em Deus, pois só Ele poderia ajudá-la naquele momento tão difícil, e em todos os momentos independente de qual aflição seja.
- "Obrigada Deus, pois Tu és o meu refúgio no momento de turbulência, eu Te amo Senhor". - Pensou antes de pegar no sono.
Naquela noite ela dormiu tranquila e em paz como a muito não conseguia, estava tão plena que nem se preocupou mais com o senhor Henrique, Patrick ou Bruno.
Continua...
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