Enforquem a bruxa
{Capítulo II: Accrocher la sorcière}
"Aqui jaz mais uma 'Flor', machucada, esquartejada, dilacerada, despetalada... É bem me quer ou mau me quer?
Sol Cintilante a Bruxa"
— Isso quer dizer que ele realmente gostava de você. - A menina sorriu, uma história de amor correspondido era ainda mais rara que uma simples história de amor. - Brigar por você e até mesmo pensar em você, isso é tão romântico.
— Minha querida, é comum quando jovens estão amando fazerem coisas irracionais, e olha que ele era mais velho que eu, creio que, quando eu tinha os meus 18 anos, ele tinha cerca de 24 anos, algo em torno de 6 anos de diferença, não era tanto, mas deveria ser o suficiente para que ele agisse como adulto. - Marinette revirou os olhos com um pequeno sorriso no rosto, ele era um adulto e nem mesmo conseguia agir tal. - Essa foi a parte mais encantadora dessa história, os acontecimentos posteriores foram cercados de muitas lágrimas, desejos, brigas, confissões e descobertas.
A menina pareceu empolgar-se ainda mais com o que Marinette havia dito.
— Para mim, parece que chegamos na melhor parte. - Ela falou empolgada sem medir bem seus pensamentos.
Aquela menina fazia Marinette lembrar-se de quando era bem jovem, quase da idade dela, quando acreditava plenamente na beleza do amor e ignorava seu lado sombrio. Atualmente, Marinette não desacredita o tamanho poder que aquele sentimento exercia sobre as pessoas, inclusive a si mesma.
— A princesa havia denunciado uma suposta Bruxa no nosso convento, ela dizia que o príncipe havia sido encantado por uma bruxa que lhe trouxe a sua "misteriosa" doença. - Marinette riu seca, quase irônica. - Se eu fosse acusada pela Inquisição ou não, tampouco era de sua importância. Se fosse acusada, morreria. Se não fosse acusada, teria um aviso para manter-me no meu lugar, que, no caso, para ela, era longe do príncipe.
— Que crueldade, mentir desse modo para ganhar vantagem, é um ato completamente sórdido. - A menina ficava com nojo só de imaginar que tipo de monstro seria capaz de tal ato, principalmente quando se tratava de uma mulher acusando outra, injustamente, de bruxaria.
— Não demorou para o príncipe soubesse dos passos de sua esposa. Ele até tentou tratar de afastar a inquisição do convento, mas, eles achavam que ele havia sido enfeitiçado e não queriam dar ouvidos a ele. - Marinette abaixou o olhar. - Ele passou dias, até mesmo noites inteiras, tentado reverter a situação, o que afetava diretamente os nossos encontros noturnos. Eu era jovem, um pouco impulsiva, tendia a tomar conclusões precipitadas, mesmo quando eu não sabia que o real motivo de sua ausência para que fosse garantido o meu bem estar, fiquei revoltada, obviamente, mais uma vez ele sumia sem me dizer nada, mais uma vez eu esperava ele todas as noites, nem mesmo que fosse para ter uma notícia rápida sua. A ausência solidificou mais os meus sentimentos, quando eu percebi, eu não conseguia pensar em mais nada e em mais ninguém, que não fosse ele...
“Há algo sobre você
(There's something about you)
É quando você fica com raiva
(It's when you get angry)
Me abrace, eu vi misericórdia
(Hold me, I saw mercy)
E você é como um ombro que eu posso recorrer
(And you're like a shoulder to turn to)
Algumas coisas nos salvam quando estamos por um fio
(If some things burn that's when we're hanging on for this life)
Nós seguramos tão forte
(We held on so tight)”
Vinte dois anos antes...
Estava irritada.
Completamente irritada.
Depois de praticamente ter passado uma noite inteira cuidando dos ferimentos daquele gato miserável, tudo o que ele lhe dá em troca é mais um sumiço sem a menor explicação. Sentia-se diminuída, como se sua ajuda não tivesse significado nada para ele. E a idéia de que, talvez, ele estar com alguma outra moça naquele mesmo momento deixava ela ainda mais irada, quase soltando fogo pelas ventas.
Nem mesmo a brisa fria da noite que tanto amava conseguia acalmar os seus ânimos. Estava nervosa, inconstante, quase tendo um ataque. Queria vê-lo, saber se estava tudo bem, ele era infantil e inconsequente, não demoraria muito para ele arrumar outra briga ou coisa pior. Suspirou. Ficar imaginando coisas não ajudaria em nada.
— Acredito que o motivo de estar suspirando pelos cantos seja porque sente a minha falta. - Ouviu uma voz familiar logo atrás de si, virou-se rapidamente dando de cara com aquele irritante sorriso de canto e o olhar brincalhão, porém, de certa forma, ele parecia diferente, um pouco menos energético que o normal, até diria que ele estivesse bem cansado se pudesse ver o seu rosto pra trás da máscara.
— Onde esteve? Fiquei preocupada, já não bastasse você aparecer na minha varanda da outra vez cheio de feridas e agora você resolve fugir de mim mais uma vez. - Marinette cruzou os braços exigindo explicações. Ele sorriu, um sorriso cansado, e sentou-se no meio da pequena varanda.
— Estive resolvendo alguns problemas, mal consegui dormir, eu senti a sua falta também, mesmo quando você briga comigo, eu nunca consigo deixar de pensar no quão adorável você consegue ser. - Ele sorriu, um pouco mais alegre, porém, ainda parecia cansado, quase dormindo sentado. Marinette foi em sua direção e sentou-se em sua frente naquele chão frio.
— Poderia pegar um pouco mais leve consigo mesmo, não adianta nada tentar resolver os problemas perdendo todas as forças. - Marinette o aconselhou ainda um pouco emburrada, mas, compreensiva, ele realmente parecia o tipo de pessoa que tinha bastante problemas para resolver, estes mesmo problemas que não deixavam com que ele fosse mais livre. Talvez por isso, que ele recorre-se para aquela máscara. Para fugir dos problemas. Mas uma coisa ela não entendia, porque justo ela era a pessoa que ele sempre vinha conversar todas as noites?
— São problemas sérios, se não resolvê-los logo podem causar ainda mais problemas sérios e com pessoas que não tem nada a ver com isso. Eu odeio quando isso acontece. Meu pai deu-me influência para que eu tivesse a "liberdade" de agir ao meu favor e favor das pessoas que eu amo e, justo agora que eu preciso desse "poder", sinto-me impotente. - Os olhos dele fechavam um pouco enquanto ele sorria fraco. - A partir de agora eu não sei mais o que pode acontecer.
— As pessoas nunca sabem o que pode acontecer, Chat, o futuro é incerto para todos, isso da medo, mas é a vida. - Marinette pegou na mão dele e o olhou com um sorriso gentil. - Você não é Deus, não tem poderes para saber se suas escolhas trarão consequências boas ou ruins. Porém, você pode ter certeza, não importa o quão ruim você pense que é, eu sempre vou te achar o amigo mais maravilhoso que eu já conheci.
O sorriso iluminado dela quase podia cegar os olhos de Chat Noir, não conseguia entender como ela podia acalmar o seu coração, mesmo quando havia sérias possibilidades de seu futuro não carregar um final feliz. Por parte culpava-se pelo seu egoísmo, se tivesse mantido distância nada disso estaria acontecendo, mas, se não podia mais reverter o seu erro, protegeria Marinette a todo custo. E era isso que fez com que ele percebesse que já havia ultrapassado dos limites.
Não se tratava mais de um simples jogo de sedução, nunca foi um. Marinette não era como ele. Ela era pura, casta, inocente, uma verdadeira donzela, diferentemente de muitas que já havia conhecido, inclusive sua esposa. Não a merecia. Porém a queria por perto, a queria para sempre, simplesmente a queria... porque a amava. A amava como nunca amaria outra mulher em sua vida. Aquilo era o que as moças chamavam de primeiro amor? Algo tão arrebatador e abstrato, que fazia com que ele fosse ainda mais inconsequente e infantil do que já era?
— Conseguiria dizer o mesmo se eu lhe dissesse que não vejo-te da mesma forma? - Perguntou surpreendendo a moça, chegou perto dela, ficando rente ao seu rosto, via os olhos confusos dela.
Marinette não entendia o porque de seu amigo estar agindo de tal modo, nunca fora tão invasivo antes, nem mesmo por graça. Riria nervosa mandando-o parar com a brincadeira, se o olhar esverdeado dele não carregasse tanta seriedade enquanto mantinha-se fixo nela e somente nela. Aquele fato fazia com que seu coração disparasse ainda mais.
— O que quer dizer? - Juntou todo o seu fôlego para formular aquela pergunta e tentar falar de forma firme, mas sua voz saiu um tanto arrastada e irreconhecívelmente sedutora.
— Conseguiria dizer o mesmo se soubesse que nesse exato momento eu quero fazer coisas com você naquela cama que eu tenho certeza que nenhum outro amigo seu ousaria fazer? Pelo menos não por cima do meu cadáver.
— Sim. - A resposta de Marinette era mais um pensamento que automaticamente saiu de sua boca, ela ficou extremamente envergonhada quando notou sua gafe. - Quer dizer, eu não vou mudar de idéia mesmo se você pensa de um jeito diferente sobre nós... - Sentiu a mão dele na sua cintura. - Porém, eu não tenho certeza se poderia satisfazer os seus desejos e... - Ele havia suspirado em seu ouvido. - E... - Mordiscou o seu pescoço. - E... - Voltou a olhar diretamente para os seus olhos. - E também, eu não sei nada sobre isso.
— Quer que eu te ensine? - O olhar dele abaixou para a boca dela mais uma vez.
— Eu quero.
Sem esperar uma segunda ordem, os lábios de Chat Noir entraram em contato com os lábios de Marinette. Foi a sensação mais maravilhosa que ela teve em anos. Era um beijo simples e calmo, ela não entendia absolutamente nada do assunto beijar, mas conseguia acompanhar um pouco os movimentos dele. Sentiu ele puxar um pouco a sua cintura, então abriu de leve os olhos ficando um pouco envergonhada por tê-lo tão perto. Viu ele abrir um pouco os olhos também, e, aos poucos, cessar o beijo para olhá-la. Ambos não ousaram pronunciar nenhuma palavra. Os lábios ainda estavam quentes e formigavam implorando por mais beijos. Parecia que ninguém teria a coragem de tomar a iniciativa. Até que Marinette falou:
— Acho que ainda não consegui aprender o suficiente.
Ele sorriu. Não fez cerimônias para retomar o contato. Daquela vez era diferente, um pouco mais ousado. Ela tinha mais dificuldade para acompanhá-lo, então deixou que ele a guiasse. Quando ele colocou a língua entre seus lábios, deixou que ela entrasse. Quando ele trouxe ela para o seu colo, deixou que ele a levasse. Quando as duas mãos dele apertaram forte sua cintura, deixou que um leve suspiro de prazer saísse de sua boca. Quando suas próprias mãos entraram no cabelo dele, deixou que elas apertassem os fios com força. E quando ele gemeu baixinho em satisfação, deixou que, em seu íntimo, ficasse feliz com a descoberta de um ponto fraco.
Então ele levantou-se do chão, segurando as duas coxas de Marinette para que ela não caísse. O movimento súbito a surpreendeu, mas não sentiu-se incomodada.
Sentiu a parede de seu quarto em suas costas e os beijos quentes dele passarem para o seu pescoço. Sua respiração estava entrecortada, quase não conseguia soltar o ar sem soltar algum suspiro ou um leve gemido. Suas pernas instintivamente abraçaram a cintura dele, trazendo-o para perto. Uma mão atrevida do loiro saiu de sua coxa e apertou levemente um de seus seios.
Estava nervosa, obviamente, porém, a enorme volúpia que sentia naquele mesmo momento não deixava que ela se lembrasse do seu nervosismo. Gemeu um pouco mais alto quando ele a apertou com força. Ele sorriu travesso e sussurrou em seu ouvido:
— Se continuar assim alguém vai nos pegar. - Aquela promessa aumentou ainda mais o desejo dela, ela nem mesmo se reconhecia daquele jeito, nunca foi devassa a tal ponto, mas, naquele momento não conseguia pensar em outra coisa mais excitante.
Os beijos desciam ainda mais, até encontrarem o início do contorno de seus seios ainda cobertos pela sua roupa de dormir. Chuparam aquela região da forma mais devassa que Marinette já pode ver em toda sua vida, enquanto ele se esfregava seu corpo fazendo com que ela, automaticamente, se esfregasse de volta.
Por consequência, conseguiu sentir o volume que se formava por dentro das calças do rapaz. Aquilo fez ela acordar de seu transe e perceber a gravidade de seus atos. Afastou-se rapidamente dele, quase caindo no chão no processo. De início, ele ficou confuso, até perceber que haviam passado dos limites. Mordeu o lábio inferior nervoso, nunca havia ficado tão atraído por uma mulher como havia ficado com Marinette naquele exato momento. Não podia fazer as coisas daquele jeito, não com ela.
— Desculpe-me. - Tentava recuperar um pouco o fôlego enquanto ficava envergonhado por suas ações.
— Não se preocupe, nós dois tivemos nossa parcela de culpa, e nós dois sabemos que gostamos. - Marinette foi sincera e até mesmo madura. Chat teve que sorrir, nunca conseguiria agir de tal forma. - Eu só... eu só não estou pronta para algo assim e... gostaria que entendesse que eu não quero um relacionamento que não seja sério, principalmente com alguém que tem tanta relutância em me dizer quem é ou o que tanto faz para ficar tanto tempo sem vir me ver.
— Eu te entendo, gostaria que... tivéssemos conseguido manter a nossa amizade, mas pelo que vejo vai ser difícil daqui pra frente. - Ele andou até a varanda. - Acho que precisamos de um tempo, prometo voltar o mais rápido possível para resolvermos isso entre nós.
Ele foi embora. Marinette não o viu ir, mas ele foi. Fechou os olhos deixando lágrimas, que ela nem mesmo sabia que estavam lá, caírem.
⚔
Estava ajoelhada, rezava com todas as suas forças, cada bolinha do seu terço era uma oração diferente destinada aos mesmos pedidos. Queria manter-se longe do pecado da carne, queria casar-se ainda pura e queria que Chat Noir deixasse de guardar segredos dela para que pudesse amá-lo sem culpa.
— Está rezando com tanto fervor, isso quer dizer que sentes culpada por algo. - Ouviu uma clássica provocação de Alya, ao seu lado estava Isabele que sorriu quando a viu.
— Está passando por dificuldades, Marinette? - Isabele perguntou preocupada, adorava o quão doce aquela menina podia ser, ao contrário de sua melhor amiga que lhe acusava antes mesmo de saber sobre seus remorsos.
— Acho que... - Suspirou, não conseguiria manter segredo nem se quisesse. - Acho que estou apaixonada.
— Ora, isto é ótimo. - Isabele sorriu alegremente enquanto Alya mantinha uma carranca. - Alya, tente ao menos parecer feliz, Marinette finalmente admitiu estar apaixonada, você também deveria fazer o mesmo.
Alya corou violentamente com aquela afirmação.
— E-eu não estou apaixonada pelo Nino, e estou feliz pela Marinette. - Ela cruzou os braços nervosa.
— Isabele nunca dissemos que estava apaixonada pelo Nino. - Foi a vez de Marinette provocá-la com um sorriso brincalhão, o que deixou a amiga ainda mais vermelha.
— Deixem de judiar de Alya, meninas. - A madre Bustier entrou na paróquia com um sorriso gentil em seu rosto. - Não verem que ela ainda está em fase de negação?
— Até a Senhora, madre? - Alya falou indignada sentido que todas estavam contra ela.
Elas sorriram ao ver Alya tão nervosa, com aquilo Marinette permitiu-se esquecer por um momento de seus problemas. Mas, quando a porta da paróquia abriu-se subitamente sentiu um certo dejá vù, e, ao mesmo tempo, um pressentimento ruim.
Vinham em sua direção um grupo peculiar de pessoas. Um homem idoso com roupas religiosas, de seda pura por cima do corpo gordo e baixo, atrás dele haviam outros dois homens estes vestidos de preto e com um terço em seus pescoços. Ao lado dele estava uma mulher, de cara podia-se notar que era alguém de alta nobreza, isso fez com que todas as outras mulheres curvar-se diante dela. Ela vestia roupas elegantes e de vários tons de marrom e preto e um grande hennin em sua cabeça escondendo seus cabelos, apenas deixando visível sua franja. Atrás dela havia uma serva e um guarda-costas, ambos não pareciam nenhum pouco contentes com o que poderia vir a acontecer.
— Princesa Lila, soube dos meus superiores que viria, mas não achava que seria tão cedo. - A madre foi a única que pronunciou-se enquanto as outras jovens mantinham a cabeça baixa.
— Vim ver o ambiente em que a minha pequena cunhada está alojada, já que soube de que uma das meninas criadas aqui, isso senão uma própria freira, está tentando enfeitiçar o meu marido. - A mulher falou firme e sem um pingo de simpatia em sua voz. - Serei a próxima rainha, não admitirei nenhuma bruxa em meu reino.
— Isso explica a minha presença, Madre Bustier. - Falou o homem idoso ao lado da princesa, era um inquisidor. - A Inquisição recebeu uma denúncia de que existe uma bruxa neste convento tentando usurpar o lugar da princesa.
— Blasfêmia! Jamais uma de minhas crianças seria capaz de tal ato, cuido de cada uma desde quando eram bebês as conheço melhor do que ninguém. - A Madre alterou-se por um instante, isso chamou a atenção do inquisidor.
— A Madre está alegando que a Princesa esteja causando intrigas? Justo em um convento no meio do nada? O que ela ganharia com isto? - Ele perguntava e a ameaçava no mesmo tom calmo e desconfiado.
— Estou defendendo pessoas inocentes, não estou acusando ninguém, estou apenas dizendo que há algum mal entendido. - A madre se recompôs e olhou firme para o homem velho.
— Madre, retire o véu da cabeça. - O inquisidor ordenou, trazendo estranheza para a mulher.
— É uma falta de respeito pedir algo assim para uma mulher, quem dirá para uma madre, uma mulher de Deus. - A madre ficou nervosa.
— Se a senhora não carrega culpa em seu coração, lhe recomendo que retire o véu da cabeça antes que eu seja obrigado a forçá-la. - Foi a última vez que ele ordenou. A madre, muito hesitante, retirou o hábito de sua cabeça revelando os cabelos ruivos alaranjados presos em uma trança. - Cabelos ruivos. - O inquisidor falou com nojo chegando perto da mulher, mesmo estando bem velho, ainda conseguiu notar algumas minúsculas machas nas maçãs do rosto da mulher. - Manchas na pele, a madre será a primeira a ser interrogada, caso não seja a bruxa, faremos mais interrogatórios com as freiras mais velhas e testes de pureza com as mais jovens.
Marinette sentiu nojo e pânico ao ouvir aquelas palavras do homem idoso. Conseguiu vê-lo lamber os lábios enquanto olhava para as meninas de cima a baixo. Não sabia muito sobre os testes de pureza, mas sabia que eram sórdidos e humilhantes. Ainda tinha os interrogatórios completamente injustos e que custavam a vida de mulheres consideradas tanto inocentes quanto culpadas.
— Madre! - As meninas chamaram a mulher enquanto ela era arrastada pelos homens de preto e o inquisidor até a saída da paróquia, porém, o olhar gentil da mulher fizeram que elas ficassem a contragosto.
A princesa continuou ali, ela alternava seu olhar entre Alya e Marinette. Um olhar penetrante e avaliativo, como se ela estivesse procurando alguma coisa entre as duas.
— Creio que esteja cometendo um erro, Sua Alteza. - Marinette se pronunciou tomando a frente de Alya e Isabele. - A madre Bustier e nenhuma outra donzela deste convento tentou seduzir ou até mesmo enfeitiçar o seu marido.
— Isso não é o que as minhas fontes dizem, eu não sabia quem ela era, mas, vendo a minha querida cunhada tão próxima de você. - Ela olhou diretamente para Marinette. - Não me restou dúvidas. Apenas não disse nada, porque queria ter certeza que não estava enganando-me.
— Sinto lhe dizer, Sua Alteza, mas já está cometendo um engano. - Marinette falou firme, fazendo a princesa sorrir irônica.
— Então, me diga se eu estiver realmente enganada, mas, a Senhorita, não estava recebendo visitas noturnas de um rapaz? - A princesa perguntou fingindo-se de desentendida, Marinette arregalou os olhos.
— I-isso não tem nada a ver com o príncipe, aliás, eu não o vejo a mais de um mês. - Marinette foi sincera, fazia muito tempo desde quando havia visto o príncipe.
Lila ficou surpresa com a sinceridade da menina, logo depois começou a rir ao notar o que estava acontecendo. Aquilo deixou todas as pessoas no local tensas.
— Perdoe-me minhas faltas de modos, quer saber, você tinha razão, eu cometi um erro quando lhe superestimei. - Lila se recompôs com um sorriso no rosto.
— Isso que dizer que vai retirar a acusação? - Alya perguntou quase não aguentando mais aquele suspense.
— Óbvio que não. - Lila ficou séria e aproximou-se de Marinette que a olhava incrédula. - Espero que possamos ver essa situação como uma lição de vida, eu nunca mais vou considerar você uma ameaça e você nunca mais vai chegar perto do meu marido.
— Já lhe disse que eu não estou tentando seduzir o seu marido. - Marinette defendeu-se mais uma vez.
— E eu ficando tão preocupada achando que meu Adrien estava sendo seduzido, mas, na verdade, era o contrário, você era mais um caso dele, desculpe-me pelo meu marido, ele é muito irresponsável e infantil quando o assunto é mulher. Sabe como são os homens. - Ela sorriu irônica. - Desculpe, você não sabe.
Marinette apertou as mãos se segurando para não agredi-la na frente do altar ou de Isabele.
— Sua Alteza poderia ser mais clara? - Perguntou contento o máximo a fúria em sua voz.
Lila estalou os dedos para a serva e está lhe deu uma muda de roupas. A Princesa fez questão de jogá-las em Marinette e sorriu enquanto a menina abaixava-se vendo e reconhecendo aquela fantasia negra, com a máscara da mesma cor. Seu coração disparou e olhou para a Princesa, está olhava para baixo sentindo-se superior a menina que estava agachada.
— Isso mesmo. - Lila sorriu. - O Príncipe Adrien é a pessoa que está lhe visitando a noite.
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