Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Relief!

Lutava contra o intenso cansaço que paulatinamente me consumia, tentando manter-me totalmente alerta para qualquer ocorrência iminente, minhas pálpebras pesavam e a cabeça girava vertiginosamente. Meu corpo exigia horas a fio de descanso absoluto, podendo dormir por semanas para recuperar minha energia. Cada músculo meu protestava diante de, até mesmo, do mais simples esforço. Ainda que estivesse no estado de espírito mais lamentável, não poderia deixar o cômodo que naquele momento impregnava com melancolia, sem ter certeza de que Ezio estava bem.

Embora afugentasse pensamentos pesarosos de morte, temia que esse fosse o destino que reservava o pobre garotinho. Havia passado dois dias inteiros que ele não reagia a nenhum estímulo, e estudando a expressão do médico então o examinava presumi que isso era um péssimo sinal. Queria acreditar que um milagre o traria de volta desse semi coma, mas não pude alimentar tantas esperanças. Nesses dias fiquei em vigília ao lado dele, ansiosamente esperando. Quando teve a recaída, pensei que em poucas horas já estaria melhor, entretanto os minutos tornaram-se horas, as horas em dias. Nada mudou. Ezio continuava no sono ininterrupto, se não fosse pelo suave momento de seu peito indicando sua respirava, poderia jurar que tinha morrido.

Noite passada, me afoguei em lágrimas incansáveis, em pouco tempo me apeguei bastante a Ezio, Lyana dizia que eu possuía o dom natural de me afeiçoar rapidamente as pessoas tal qual o contrário. Talvez fosse verdade. Uma semana fora suficiente para ter apreço por Ezio, quase de modo maternal. Durante o dia não demonstrava minha exaustão tampouco minha profunda tristeza, permitia apenas a preocupação transparecer. À noite, quando as bagunças de presenças no quarto se aquietavam, as lágrimas que suprimia deslizavam sem controle pelas minhas bochechas. Apenas me dignara a sair para não morrer de fome e fazer minha higiene, mas disposição para outras atividades estava fora de questão. Ao vê-lo tão indefeso e fragilizado, experimentei uma angústia familiar se agitar em meu interior. Tinha quase consciência de que já sentira isso antes, em alguma ocasião em branco da minha mente.

A sensação de impotência e desespero vendo uma pessoa que gostava definhar lenta mente, e não restar nada além de aguardar o inevitável. Debruço-me sobre a cama, apoiando com um dos braços e escondendo o rosto retorcido em pura e completa desolação. O cansaço não era mais um problema, o choro tomara seu lugar e mesmo todas as formas de domá-los, as amargas e dolorosas lágrimas brotavam impiedosas. Os soluços desajeitados e ruidosos irromperam pela minha garganta, e soube que não havia mais volta. Entreguei-me a dor e permaneci chorando pelo que pareceram horas devido ao relógio tiquetaqueando sem parar. Era um alívio não ter ninguém no quarto além de mim, assim não teria que fingir ser forte ou ocultar o quão terrível estava sendo presenciar uma vida tão jovem se acabar. Meu corpo parecia dopado por morfina, leve e pesado ao mesmo tempo. Minha mão em um gesto involuntário, esticou-se para alcançar a pequena e parcialmente gelada mão de Ezio, apertando-a contra a minha. Eu não precisava de espelho para saber que deveria estar um caos de lágrimas: os olhos inchados e o rosto corado de uma maneira não saudável. Deitei a cabeça sobre o braço livre e observei alguma reação de Ezio, nem que fosse um breve piscar de olhos. Nada aconteceu.

A frustração cresceu e alastrou-se por todo meu corpo, junto com ela a agonia. Não foi uma surpresa ao ver a figura masculina cruzar a porta com visível aflição, apesar de não considera-lo um exemplo de pai presente, Augustos aparentava estar em frangalhos. Seus cabelos desgrenhados e o aspecto morto de seu rosto deixava claro sua preocupação. Ele sentou em uma cadeira do lado oposto de onde eu estava, e focou sua atenção no filho.

Diferente de mim que fazia o possível para mostrar que não desmoronaria, Augustos não se importava em chorar tudo que podia pelo seu amado filho. Pela pouca convivência, nunca tive oportunidade de me aprofundar a respeito de que tipo pessoa ele vinha a ser. Nem sequer enxergara as circunstâncias sob seu ponto de vista, agora, no entanto, a imagem que construí dele não coincidia com os fatos. Augustos amava muito Ezio, só que ele se exímia de contato humano com o objetivo de se concentrar numa forma de curar o filho. A vida tinha sido cruel com esse homem, marcado pela tragédia com a esposa e ainda estar ciente de que poderia perder o que sobrara de sua família. Nana abatida entrou alguns minutos depois, chorando copiosamente. Vergil também se juntou a nós, porém optou por ficar afastado. Não por indiferença e sim por ser o jeito dele de lidar com o clima pesado no ar.

— Alguma melhora? — Nana balbuciou entre soluços.

— Não. — admiti prendendo a vontade de gritar e novamente chorar. — Nenhuma reação até agora...

— Ele é tão pequeno... — Nana choramingou.

Ninguém ousou dizer mais nada após o comentário emocionado da governanta, mas pude sentir o peso do que elas significavam: uma vida tão jovem sendo ceifada parecia injusto. Por outro lado, também refleti sob uma perspectiva mais elevada se esse sofrimento em vida seria amenizado com o suave e eterno beijo da morte. Desejei que, mesmo que machuque e rasque em milhares de pedaços os corações daqueles que compartilharam boas memórias com aquela criança, se fosse para ele viver vegetando tivesse a paz em sua alma para partir. No princípio, recusava a meramente pensar na possibilidade, pois acreditava que isso era um tanto cruel. Atualmente, nem consigo administrar meus pensamentos para assimilar o que se desenrolava a minha frente. Desde que me uni a David, passei por situações de risco que bateram todas as reservas existentes para uma só pessoa — o que me classifica como a garota mais azarada do mundo —, e apesar disso, o assunto morte era algo que trilhava longe de mim. E de tanto fugir, ele me confrontava insensível e provando quão seu poder é incalculável. Novas lágrimas começaram a se formar, fazendo com que meus olhos queimassem a procura de alívio. O torpor dominou meu corpo e garganta se fechou num choro iminente. Tive uma vontade incontestável de escapar pela porta, trancar-me na segurança do meu quarto e lavar minha alma em lágrimas. Ergui minha cabeça para encarar o menino inconsciente, e foi um esforço descomunal não gritar devido ao choque mortificante vendo quem estava deitado no lugar de Ezio. Dante!

Minha boca se abriu em um "O" de espanto e meus olhos se arregalaram, o susto inicial permaneceu fresco em minha mente.

— Por que você não acorda, Dante? — murmurei baixinho hipnotizada e desorientada. — Você é o ser mais forte desse mundo, não morreria por um ferimento desses...

Não conseguia acompanhar a corrente de emoções devastadoras que vieram contra mim com violência; a dor da possível perda, a raiva de não ter feito nada relevante para tirá-lo do sono forçado, a confusão por não processar o que via. Meu peito pesava como se estivesse sendo esmagado e tudo que avidamente montei para não ruir, foi ao chão. Estava abalada demais e aturdida para esboçar uma ação que não fosse somente respirar fundo para conter a ânsia de chorar.

— Não me deixe... — sussurrei perdida.

Uma parte lúcida se deu conta do que ocorria, então com brusquidão alarmante gritei a mim mesma para despertar do transe. Aquela não era uma boa hora para ter lapsos de memórias. As lembranças pulsaram querendo atenção enquanto meu lado racional se agarrava furiosamente a lucidez, a realidade. E, para minha infelicidade, não estava saindo como planejei, não conseguia me desvencilhar dos fragmentos de antigas e dolorosas memórias. Parecia um mar de infinitas ondas que, apesar do empenho em manter-se quieto, agitava-se a primeira influência do meio. Se não estivesse sentada, meus joelhos teriam cedido à pressão. Minha cabeça, com tantos padrões de memórias embaralhadas e confusas, latejou dolorida. A dor e o sabor amargo na boca foram um corte eficaz no efeito daquele estranho momento. Apertei as pálpebras e abri os olhos, não vi a imagem de Dante.

Olhos carregados de perplexidade, entreabertos, fitaram-me.

— Ezio! — chiei descrente. — Você... Que susto nos deu garoto!

— Sinto muito — disse, a voz rouca e arrastada. — Não queria assustar vocês...

— Meu pequeno anjo, meu filho! — Augustos começou, porém fora interrompido por um meneio de cabeça.

— Não tenho muito tempo... — alegou sorrindo fracamente. — E estou feliz que estejam reunidos aqui.

— Não gaste suas forças, pequenino! — pedi clemente.

— Isso é o de menos por hora. — Ezio fez sinal para que me aproximasse dele, relutante movi para que ficasse bem próxima a ele. E com um longo e exaustivo suspiro, entoou: — Sinto muito, sei que causei muita preocupação para todos.

Balancei a cabeça em um gesto negativo.

— Mesmo que digam o contrário, eu sei que é verdade. — Ezio pausou restabelecendo fôlego. — Posso ver isso no semblante cansado de todos vocês. Eu queria agradecer pelo carinho que direcionaram a mim...

— Nós amamos você pequeno Ezio, por isso estamos aqui — Nana pronunciou, a voz tremula e chorosa.

— Deixe-me dizer, enquanto posso, tudo que preciso... — disse alternando seu olhar entre todos os presentes. — Nana... Você durante anos cuidou de mim com todo carinho, talvez nunca possa lhe agradecer o suficiente por ter estado sempre comigo... Na verdade, acho que não tenho palavras para expressar o quão importante você foi na minha vida...

Nana mal conseguiu se conter quando uma nova onda de lágrimas despontou.

— Professor Jonathan... — Vergil se aproximou com uma feição quase ilegível, seus olhos estavam sem brilho. — Desde que te conheci, percebi que de certo modo somos um pouquinho parecidos... Seus olhos são como os meus... É como se carregasse muita tristeza e solidão, e não pudesse mais suportar...

Um rápido ofegar cortou o silêncio, vi legítima surpresa estampada no olhar sutilmente arregalado de Vergil. As palavras de Ezio, de alguma forma, tocaram em um ponto sensível no emocional de Vergil, deixando-o sem ação.

— E nesse tempo estávamos meio que compartilhando um pouco de solidão, e isso acabou tornando ela menos pesada... Talvez, não leve muito a sério por que sou uma criança...

— Não, muito pelo contrário. Você é um garoto sábio para idade que tem, e isso eu respeito. — Vergil esboçou um ligeiro sorriso de conforto e Ezio retribuiu.

— Diva... — a voz quebrantada chamou, fazendo com que focasse no dono dela. — Diva... Nunca um nome teve tanta afinidade a quem o porta, ele combina muito bem com você... — engoli com força impedindo-me de cair em prantos. — Você, essa semana, tem sido algo que pensei que nunca mais teria o prazer de ver... Quase como uma mãe. Eu não lembrou muito bem da minha mãe, não tanto quanto gostaria, mas quando você estava por perto era como se ela tivesse revivido... A mesma forma doce e amorosa de olhar, a voz suave e encantadora, a maneira que cuidava de mim... Eu queria ter tido mais disso...

— E você terá, apenas se esforce para ficar melhor logo... — chiei, meu coração estava aos pulos de ansiedade.

— Não... Sei que não terei mais... — Ezio repousou o olhar no colar do Pentagrama, a Chave que viemos buscar, embora esse desejo nem faça muito sentido no momento. — Quero que fique com ele... Como uma lembrança...

— Não diga isso! — pedi firme, ainda que estivesse prestes a chorar. — Não quero nada disso! Por favor, eu só quero que viva!

— Foi uma grande felicidade ter te conhecido Diva — Ezio tossiu como se algo tivesse obstruindo sua garganta de modo que aparentava estar asfixiando. E num forte agonizante impulso, liberou o que o sufocava ainda que sua voz tivesse se tornado um sussurro baixo e abafado.

— Pai... — Augustos segurou a mão de Ezio, havia tanta dor no olhar dele. — Papai... Eu te amo. Podemos ter tido tanto tempo juntos, mas tenho maravilhosas lembranças com você... Tudo que queria no mundo é que se libertasse da culpa e fosse feliz. Viva com as boas memórias e elas alimentaram sua alma quando sentir-se vazio.

— Ah, meu filho... Meu Ezio... Perdoe-me por ter sido um pai tão relapso, não ter lhe dado todo amor que deveria.

— Não fique triste, sei que também não foi fácil pra você. E não há nada que eu tenha que perdoar papai. Só peço que seja feliz, busque a felicidade... Por mim, por você... Por favor...

Augustos assentiu e então desabou em lágrimas.

Ezio sorriu, permanecendo assim até novamente se aconchegar no mundo dos sonhos, dessa vez para não acordar mais.

***
So I walked into the haze
Então caminhei através da neblina
And a million dirty ways
E em um milhão de caminhos sujos

Sempre dizem que nosso destino nós escrevemos, ou mesmo que nunca podemos altera-lo. Nenhuma dessas suposições considero correta, nunca acreditei no conceito destino, ao menos não ao pé da letra. Sei que há algo, em algum lugar, operando todas as cordinhas e tecendo os fatos. Contudo, também tenho convicção de que, se quisermos, podemos reescrever nossas histórias e criar um novo caminho a seguir. Tudo que acontece, de algum modo intrigante, tem algum motivo — uma razão inteira e absoluta para ser. E enquanto seguia em passos lentos pelo percurso para a cerimônia de sepultamento, questionei-me se a morte tinha um real significado além do tão temível fim. A vida era tão efêmera; breve como um piscar de um olho, ainda assim, preciosa em sua essência. E a morte, aquilo que espera a todos nós; tudo que nasce, um dia perecera.

Now I see you lying there
Agora eu vejo você ali
Like a lie low losing air, air
Como uma mentira que perde suavemente o ar, ar

Apesar do medo que a simples menção dessa palavra gere no coração das pessoas, ela parecia ser o alívio e consolo de todo sofrimento em vida. Então haveria algo para lamentar? Se a morte é tão calorosa e serena, por que a dor naqueles que são deixados para trás permanece? Nem todos os argumentos poderiam sanar essas dúvidas, embora tenhamos consciência de que fora o melhor, nunca preencheria a lacuna tampouco aplacaria a saudade. O espaço que a pessoa ocupara em nossas vidas ficaria vazio e jamais seria recuperado.

Black rocks and shoreline sand
Rochas negras e areia litorânea
Still that summer I cannot bare
Ainda esse verão que eu não posso mostrar
And I wipe the sand of my arms
E eu limpo a areia dos meus braços

Estou mais melancólica que o normal, isso me preocupa, pois geralmente fico sensível a estímulos externos. Vergil toca meu ombro, seria mais um sinal de alerta a um tipo de gesto gentil. Desligo-me momentaneamente do que existia ao meu redor, olhando exclusivamente para o trajeto lamacento. Chovia bastante e dificultava mais do que gostaria meus passos. Agradeci mentalmente por ter optado utilizar um curto vestido preto. Se não fosse por Vergil segurava um grande guarda-chuva sobre nós, certamente estaria toda molhada já que nem fazia tanta questão de levar um. Nuvens escuras se desfaziam no céu acima de nossas cabeças, anunciando a tormenta. Um presságio, pensei contragosto. Para manter a estabilidade e não escorregar pateticamente no lamaçal, usei o braço de Vergil como apoio. Havia uma quantidade considerável de pessoas na cerimônia, sentia-me vagamente como uma intrusa, porém detive certos pensamentos conflitantes e concentrei em dar um adeus silencioso a Ezio. Mal prestava atenção ao que falavam e observei inerte a cadeia de eventos se construírem. Em meu entorno, todos exteriorizavam seu pesar e eu suprimi a vontade tortuosa de chorar. Desde que me lembro, não gostava de transparecer a tristeza e ainda mais na frente de tantas pessoas. Quando me machucava na infância, engolia o choro e só os permitia desabar assim que tinha certeza que ninguém testemunharia. Lancei-me nos braços de Vergil, enterrando o rosto em seu peito. Poderia jurar que rasgaria a roupa de Vergil devido a forte pressão que meus dedos nervosos faziam no tecido. Todos fizeram as homenagens finais e tudo prosseguiu em um ritmo alarmantemente demorado. A lentidão dava-me uma sensação horrível do cerco se fechar sob mim: olhares opacos e penetrantes direcionados a nós e a crescente tensão pairando no ar.

Spanish Sahara the place that you'd wanna
Saara espanhol, o lugar que você gostaria...
Leave the horror here
Deixe o horror aqui
Forget the horror here, forget the horror here
Esqueça o horror aqui, esqueça o horror aqui
Leave it all down here
Deixe tudo aqui

Flores foram jogadas no caixão, todas brancas e somente uma azul — a minha.

It's future rust and then it's future dust
É futuro enferrujado e então é futuro empoeirado
Forget the horror here, forget the horror here
Esqueça o horror aqui, esqueça o horror aqui
Leave it all down here
Deixe tudo aqui
It's future rust and then it's future dust
É futuro enferrujado e então é futuro empoeirado

Atordoada, percebi com um pouco de alento que todos partiam, saindo do cemitério. Vergil me acompanhava de perto para garantir que nada acontecesse comigo, inclusive cair na lama como ameaçava a cada segundo que saia do lugar. Entretanto, sem precisar de explicações, deliberadamente, diminui os passos até não estar na proteção do guarda-chuva e da companhia de Vergil. Os olhos nebulosos apresentaram incompreensão, que em uma troca de olhares, captara minhas intenções. Ele suspirou e recomeçou seu caminho para a saída.

Now the waves they drag you down
Agora as ondas que lhe arrastam para baixo
Carry you to broken ground
Levam você ao chão quebrado
Though I find you in the sand
Apesar de eu ter lhe encontrado na areia
Wipe you clean with dirty hands
Limpe-se com as mãos sujas

Andei aos tropeços pela trilha, então meus joelhos encostaram-se ao chão à medida que, lentamente, inclinava-me contra ele sem ânimo. A chuva fria que despencava sobre mim nem importava e nem estar totalmente suja de lama. Por hora tinha a segurança de não ter ninguém por perto, o que dava-me privacidade para libertar minhas lágrimas. Isolada, chorei baixinho, desafrouxando os nós em minha garganta e lavando minhas dores. E, de repente, meus lamentos altos misturavam-se ao vento e por um ligeiro segundo nem eu mesma pude ouvi-los. Estremeci tanto de frio quanto de receio. Havia alguém ali?

So god damn this boiling space
Então, Deus, maldito este espaço em ebulição
Spanish Sahara the place that you'd wanna
Saara espanhol, o lugar onde você gostaria...
Leave the horror here
Deixe o horror aqui

                Cada instinto que estava quieto, agitaram-se irrefreadamente e gritando com força para me juntar a Vergil. O vento gélido espalhou uma pequena parte do meu cabelo molhado em meu rosto. O ar assoviava entre as fileiras de lápides, mexendo as árvores próximas e chacoalhando as folhas soltas. Uma voz serena se sobrepôs a melodia lacônica do vento, como se tentasse falar através dele.

Forget the horror here, forget the horror here
Esqueça o horror aqui, esqueça o horror aqui
Leave it all down here
Deixe tudo aqui
It's future rust and then it's future dust
É futuro enferrujado e então é futuro empoeirado
I'm the fury in your head, I'm the fury in your bed
Eu sou a fúria em sua cabeça, eu sou a fúria em sua cama
I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça

— Por favor, mamãe... Não chore! — ouvi, de sobressalto levantei, quase desajeitadamente o bastante para cambalear. Virei querendo ver quem é que estava ali comigo, ter certeza que não era uma ilusão. Eu sentiria se estivesse por perto, mas não havia nada além de mim e das inúmeras lápides.

Cause I am
Porque eu sou
I'm the fury in your head, I'm the fury in your bed
Eu sou a fúria em sua cabeça, eu sou a fúria em sua cama
I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça

Dei uma ultima olhada e vacilante, refiz o percurso de volta.

Cause I am
Porque eu sou
I'm the fury in your head, I'm the fury in your bed
Eu sou a fúria em sua cabeça, eu sou a fúria em sua cama
I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça
Cause I am
Porque eu sou

***
 

Forget the horror here, forget the horror here
Esqueça o horror aqui, esqueça o horror aqui
Leave it all down here
Deixe tudo aqui

A investigação não ia conforme imaginava e Gael se questionava se as falhas fossem consequências da impertinência de Dante, sobretudo a imprudência no quesito manter-se incógnitos. Havia uma parte de si que, embora veemente não quisesse admitir, dava créditos a Dante pela oportunidade única que lhe proporcionara, apesar dos contratempos. Fazia muito tempo que esquecera o calor e amável sensação de conforto materno, tanto que mal atreveu-se a contar, pois sabia que relembrar os motivos que o trouxera ao passado o feria. Era como reabrir uma velha ferida, o tempo tratou de cicatrizá-la, contudo, quando as lembranças viam junto com melancólicos sentimentos, elas pulsavam dolorosamente. Elas nunca se curariam por completo e continuariam a arder, machucar e fazê-lo recordar amargamente o que deixou para trás. A diminuta centelha de esperança que lhe restava depositou na última pessoa que ousaria considerar: Dante. O famigerado caçador de demônios de sua época, cujos modos o desagradavam e seu estilo de vida o condenava.

It's future rust and then it's future dust
É futuro enferrujado e então é futuro empoeirado
Choir of furies in your head, choir of furies in your bed
Coro de fúrias na sua cabeça, coro de fúrias em sua cama
I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça

Algumas vezes, enquanto observava o mestiço mais velho, tentava delimitar quais possíveis razões para a sua adorável mãe ter se apaixonado perdidamente por ele. Certamente sua concepção de amor seja meio vaga, mas nunca, em todos os seus dezessete anos, testemunhou algo tão profundo quanto o que sua mãe sentia por Dante. Durante o período que conviveu com o mais velho, ainda pensava que não tinha nada realmente que valesse a pena em Dante. Gael, antes de cair no passado — ou presente para eles —, possuía duas visões sobre o pai: uma de sua mãe, do qual lhe relatava o melhor possível dele e a outra era a do seu tio Vergil, ao contrário de sua mãe, ele podia dar vazão por ser menos suspeito para falar. O mestiço mais novo sentiu a testa franzir conforme sua expressão desenhava em uma careta de descontentamento diante da circunstância.

Cause I am
Porque eu sou
Choir of furies in your head, choir of furies in your bed
Coro de fúrias na sua cabeça, coro de fúrias em sua cama
I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça

Resolveu se livrar um pouco da presença constante de Dante, quanto sua mente fervilhava, talvez pudesse encontrar alguma luz. Não se afastaria dele de qualquer modo, apenas teria um tempo para refletir sozinho. Sentia-se melhor podendo clarear a mente longe de olhos curiosos e debochados. A garoa se transformara em uma chuva torrencial, e sua pele arrepiou-se com a nevoa molhada que rondava em seu entorno.

Não era um problema de grande importância ficar molhado, ainda que se sujeitasse ao frio. Seria bom checar uma ultima vez, pensou vendo o vapor escapar de seus lábios a cada longa e profunda respiração. Se existia vantagem em suas habilidades, com toda certeza, seria umas delas a velocidade. Não tinha medo de escorregar nos pisos molhados ao esgueirar-se em impressionante rapidez. Seus movimentos eram fluidos e impecáveis.

Cause I am
Porque eu sou
Choir of furies in your head, choir of furies in your bed
Coro de fúrias na sua cabeça, coro de fúrias em sua cama

Acima de tudo, ardendo em seu estômago um sentimento de angustia. Ele meditou para captar melhor a onda instável de melancolia e identificou, justamente da pessoa que procurava. Movendo-se com cuidado, Gael quebrou a distancia que os separavam garantindo que ela não o sentiria. Conhecia a capacidade sensitiva dela para saber que teria que se camuflar se quisesse vê-la de perto.

Ateve-se antes de, por mero descuido e instintivamente, correr para consolá-la.

— Mesmo agora, ainda que tudo pareça incerto, quero que seja feliz. Do fundo do meu coração desejo que nada possa te causar sofrimento, essa é a razão que determinei para mim, é para que nunca derrame suas preciosas lágrimas que eu existo. — recitou, serena e firmemente, despejando o que sentia. Mas, ao mesmo tempo, não queria que ela escutasse. — Não há nada que adore mais que o seu sorriso e o brilho resplandecente que emana dele. Talvez esse pedido nunca a alcance... Mas saiba que... Vou garantir que nada e nem ninguém te machuque, então, por favor, mamãe... Não chore!

Gael percebeu que ela reagiu e, rapidamente, desapareceu.

Dante, talvez, só talvez tivesse certo sobre ter, em algumas ocasiões, sido imprudente. Como agora, quase entregou a si e estragou o disfarce. Já distante, Gael encostou-se num beco e ali ficou, refletindo acerca do que ocorrera.

— Por pouco...

— Por muito pouco mesmo — ergueu a cabeça e encontrou tanto Dante quanto Ammy, sua parceira em forma de lobo. Dante estava sério, mas sem deixar o olhar relaxado, e estendeu a mão para Gael. Por um momento ele hesitou, porém, segurou a mão dele, um breve sorriso iluminou suas feições.

I'm the ghost in the back of your head
Eu sou o fantasma atrás da sua cabeça
Cause I am
Porque eu sou
Saara Espanhol

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro