Capítulo 50
HARRISON FLINT
Respira fundo, Harrison... Um, dois, três. Puxei o gatilho.
Um tiro certeiro.
Isabella se virou assim que o corpo do primeiro cara caiu. Notei que o segundo segurança estava a ponto de sacar a sua arma e dei o segundo tiro.
Certeiro.
Na minha mente, ela pegaria as armas dos seguranças e usaria a oportunidade para fugir para bem longe dali... isso na minha mente, não é? Pois a realidade se provou muito mais confusa. Ela apenas saiu correndo com o cachorro na sua cola e voltou para dentro da mansão. Para dentro do covil dos leões.
— Mas que merda?
Segurei o meu rifle com força e pulei da árvore. Essa casa estaria cercada de homens armados em alguns minutos e eu não queria fazer uma carnificina. Entrei no carro que eu havia alugado e dei o fora dali. Se Isabella não iria aproveitar essa grande oportunidade que eu a havia dado, estava na hora de partir para o plano B: Nicole, a mulher que eu havia conhecido ontem e o seu convite para a festa de noivado que aconteceria em algumas horas.
***
Surpreendentemente, eu não precisei fazer nenhum truque para conseguir entrar na mansão. O segurança apenas aceitou o convite de Nicole, e nos deixou passar. Ele parecia já familiarizado com ela e não olhou para mim por mais que dois segundos. Perfeito.
No salão onde acontecia a festa, estavam apenas Madalena e Jennifer, esposa e nora de Jordan. O dito cujo, o seu filho mais velho, e Ethan não estavam em lugar algum.
Isabella não estava por aqui também e isso poderia ser preocupante.
— Você está vendo o Ethan? — Nicole perguntou, olhando freneticamente para os lados. — Ou a sua ex?
Seduzir Nicole claramente não era uma opção, já que ela estava de quatro pelo Ethan, então, para convencê-la a me trazer aqui hoje, eu tive que falar a verdade... ou quase isso. Eu falei que Isabella era a minha ex e que eu a queria de volta, indo tão longe ao ponto de sequestrá-la para que ela não se casasse. O que a loira adorou, já que estava morta de ciúmes desde que o noivado foi anunciado.
Ela, aliás, era filha de um dos maiores parceiros de negócios de Jordan aqui na Flórida, e estava completamente familiarizada com o mundo do crime. O que foi uma surpresa para mim, já que pensei que ela fosse uma puta qualquer que o canalha comia.
— Não. Eu vou olhar lá em cima... Você sabe a ordem dos quartos? Qual pertence a quem?
— Não, Ethan sempre me levava para um motel.
— Que romântico.
Ela revirou os olhos
— Disse o cara que vai sequestrar a ex. Você não tem moral nenhuma para falar de mim ou da nossa relação.
— Verdade. — Apenas concordei, afinal, ela tinha um ponto. — Eu vou subir. Qualquer coisa me liga.
Soltei o meu braço do seu e caminhei de forma lenta e despreocupada até sair pela porta do grande salão principal e entrar na cozinha. Os funcionários andavam de um lado para o outro, ocupados na maior correria, e nem sequer me notaram. Eu não poderia usar a escada principal da casa, pois haviam dois seguranças em frente dela que impediam qualquer pessoa de subir.
Saí para o quintal pela porta dos fundos na cozinha e apaguei no soco o segurança que ficava ali, pegando de brinde a sua arma, já que por segurança, pensando nos possíveis detectores de metal, eu não trouxe nenhuma. Virei uma esquina da casa e dei uma coronhada com a arma no outro segurança que guardava aquela área. O lugar estava cercado deles, e não demoraria muito para que os outros percebessem que algo estava errado, por isso, eu precisava ser rápido.
Guardei a arma nas minhas costas e escalei uma das árvores que haviam ali fora, usando um dos galhos para pular para dentro de uma sacada aleatória. Fiz silêncio a princípio, já que não tinha ideia de a quem esse quarto pertencia, nem mesmo Logan conseguiu uma planta dessa maldita mansão, mas ao escutar e reconhecer os gemidos que vinham de dentro, eu soube na hora que estava no quarto certo. O quarto de Ethan. Infelizmente.
Passei pela porta e me deparei com a bela cena de Isabella na cama com as pernas abertas e Ethan com a cabeça entre elas. Meu sangue ferveu na mesma hora. Segurei a arma com mais força, me controlando para não matar aquele filho de uma puta por sequer estar encostando nela, e a raiva apenas triplicou quando eu percebi que ele deveria ser o motivo de ela não ter fugido antes quando eu entreguei a oportunidade de bandeja aos seus pés.
Respirei fundo para tentar manter a calma, já que a minha vontade era de meter cinco balas no Ethan. Entretanto, o barulho me denunciaria a todos na festa e eu estaria fodido se fizesse isso. Passei pelas cortinas brancas em total silêncio, e entretidos, eles não perceberam a minha presença no quarto.
Aproveitei o momento de orgasmo de Isabella para envolver o pescoço de Ethan com o meu braço e o puxar para fora da cama, o sufocando fortemente. Ele era forte, grande, e até tentou lutar, quase me derrubando no chão ao tentar se soltar, mas o elemento surpresa e a minha pegada precisa não lhe deram chances e ele perdeu a consciência em alguns segundos.
Puxei sua cabeça para um dos lados, quebrando o seu pescoço, e então soltei o seu corpo morto no chão, levando meus olhos, e atenção, para a garota na cama e o seu corpo perfeito envolto de uma lingerie preta sensual. Tudo para o desgraçado do Ethan Wester.
— Se divertindo?
Ela abriu um sorriso, mordendo os lábios, e eu quis morrer e descarregar aquela arma no corpo morto de Ethan ao mesmo tempo. Ela não poderia realmente estar apaixonada por ele, poderia? Quero dizer, não foi tanto tempo assim para ela simplesmente me esquecer e se apaixonar por esse idiota, foi?
— Muito...
— Que ótimo.
Tentei controlar a raiva em minha voz, mas acho que não fiz um trabalho bom o suficiente. Isabella se sentou na cama de repente e me olhou assustada.
— H-Harry?
Abri o pior dos meus sorrisos.
— Desculpe interromper o que estavam fazendo. Eu perguntaria se sentiu minha falta, mas dadas as circunstâncias, acho que não.
Ela se ajeitou na cama, cobrindo o corpo com o lençol antes de olhar para o chão atordoada.
— Você o matou?
Dei de ombros.
— Tive esse desprazer.
— Você enlouqueceu?
Ela saiu apressada da cama e se ajoelhou ao lado do corpo de Ethan, colocando a cabeça em seu peito para tentar escutar seu coração.
— Acho que eu, mais do que ninguém, sei quando alguém está morto, Isabela. Principalmente se fui eu que matei. — Debochei daquela cena ridícula.
— Como você me achou aqui? — Ela se levantou do chão ao perceber que Ethan realmente estava morto e veio até mim, me empurrando com as duas mãos, agitada. — Que merda veio fazer aqui, Harrison?
Segurei suas mãos quando ela tentou me empurrar novamente.
— Eu te acharia até no inferno, lembra? — Debochei das minhas próprias palavras. — Não acredito que você levou ao pé da letra e veio parar na Flórida.
Esse lugar era literalmente um antro de máfias, cartéis, e casas de repouso onde idosos vinham para morrer.
— Não é da sua conta para onde eu vou, lembra? — Notei respingos de raiva em sua voz. — O que você veio fazer aqui? — Rosnou.
Ela estava com raiva? Sério isso? Depois da maldita cena que eu tive que presenciar, ela estava com raiva?
— O que você acha que eu vim fazer aqui, Isabella? Acha que eu vim ter o prazer de te ver transando com outro? — Respondi rispidamente.
Ela tentou se soltar, mas segurei suas mãos firmemente, impedindo.
— O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta! Você não tem direito nenhum de me julgar, Harrison, deixou bem claro que não sentia nada por mim lá na Inglaterra!
Balancei a cabeça, me irritando mais ainda.
— Ainda bem, não é? Não mais do que duas semanas depois de se declarar para mim você já está dando pra outro! Foi o Dean, o Zach, esse defunto. Caralho, você não tem critério algum? Se joga em cima de qualquer um?
Eu pude sentir o ódio no olhar que ela me lançou. Isabella puxou com ainda mais força as suas mãos, provavelmente querendo me dar um tapa, mas eu não cedi, puxando-a pelas mãos para mais perto de mim.
O que definitivamente foi um erro, pois ela aproveitou da nossa proximidade para me dar uma joelhada entre as pernas. Soltei as suas mãos por causa da dor, e imediatamente recebi um tapa no rosto.
— Vá se foder, Harrison! — Ela passou a mãos pelos cabelos, realmente irritada. — E sabe de uma coisa? Eu realmente devo ter algum problema. Algum desbalanço mental, pois não acredito que me "joguei" em cima de um covarde como você.
Ela se afastou de mim e foi na direção da porta. E eu tive que ignorar toda aquela dor em meu corpo e sacar a arma em minhas costas.
— Eu não faria isso.
Ela revirou os olhos de forma convencida.
— Até parece que você vai atirar em mim! Acha que eu não sei que precisa de mim viva para fazer a troca pela Gwen?
— Minha irmã já está morta, Isabella. — Respondi secamente, a arma pesando em minha mão.
E toda a sua atitude petulante mudou perante aquela informação, ela me olhou em choque.
— O que...?
Eu não queria falar sobre isso. Sobre o que aconteceu e o que teria que acontecer. Não agora, não aqui.
— Veste algo descente, precisamos dar o fora daqui o quanto antes.
Eu abaixei a arma quando ela veio até mim.
— Meu Deus, Harrison, você está bem?
A preocupação e compaixão em seus olhos doeu mais do que qualquer sentimento de ódio que ela pudesse sentir por mim ou despertar em mim no momento. Ela estava ali, mais uma vez preocupada comigo, mais uma vez ignorando tudo e apenas... se importando. E eu desejava poder fazer o mesmo, mas era como se eu estivesse com correntes em minhas mãos e pés me impedindo de destruir aquela barreira entre nós, pois apesar daquela cena decadente que eu havia presenciado, tudo o que eu mais queria no momento era tocar sua pele, sentir o seu corpo perto do meu, seu cheiro... Eu estava doente.
Isso era uma doença. Isabella me deixava doente.
— Só veste algo, por favor... — Sussurrei, praticamente suplicando.
E honestamente? Eu não sabia se as lágrimas que eu estava contendo no fundo dos meus olhos eram por ela ou pela dor em meu saco.
— Ethan? Isabella? — A voz de uma mulher, seguida de batidas, nos fizeram olhar para a porta. — Vocês estão bem? Estão prontos?
Vi Isabella puxar o ar, se preparando para falar algo, e rapidamente ergui a arma novamente, encostando o cano dela em seu pescoço. Isabella cerrou os olhos para mim, nada feliz com o ato, e continuou.
— Estamos quase prontos. — Falou. — Daqui a pouco nós descemos, Madalena.
— Ok, se apressem!
Ouvimos em silêncio o barulho dos saltos da mulher se afastando, e logo, Isabella olhou para mim irritada.
— Abaixe essa merda! — Ela empurrou a arma com a mão.
Guardei a arma nas costas novamente, vendo-a revirar os olhos e ir em direção a uma porta no canto do quarto.
— Quem era? A sogrinha?
Segui seus passos, entrando em um enorme closet, e observei da porta ela ir até algumas sacolas que estavam no chão.
— Como pretende sair daqui? O lugar está cercado, é quase uma fortaleza. — Perguntou, ignorando totalmente a minha provocação.
— Atirando, é claro. Por isso, vista algo em que consiga correr.
Ela arregalou os olhos e me olhou chocada, balançando a cabeça em negativa repetidamente.
— Esse é o plano mais estúpido que eu já ouvi na vida. Você quer morrer, Harry? Se não quer, deveria ir embora enquanto ainda dá tempo.
Não pude deixar de perceber a preocupação por debaixo de toda aquela raiva em sua voz.
— E deixar você aqui? Fora de questão.
— Eu estou segura aqui. Jordan não quer me matar ainda. Posso dizer o mesmo se eu for com você? Toda a situação com o Charles já foi resolvida?
Escolhi não responder as suas perguntas e fui até ela, segurando o seu braço para que ficasse em pé e me olhasse nos olhos.
— Primeiro de tudo, o que você quis dizer com "ainda"? O que você fez?
— Eu talvez... tenha empurrado o Dean de uma escada e ele esteja em coma.
A confissão me deixou boquiaberto.
— Porra, Isabella, você enlouqueceu?
— Acha mesmo que você pode me julgar? — Ela apontou com a cabeça para o corpo de Ethan.
— Apenas mais um motivo para você vir comigo. — Insisti. — Você acha mesmo que Jordan vai perder dois filhos de cabeça baixa? Ou isso é por que você quer ficar aqui e ir pra cama com as mesmas pessoas que acabaram com a sua família? Que tentaram e tentarão novamente matar o seu pai?
Seu rosto adotou uma expressão de pura agonia.
— É claro que não, mas...
— Sem "mas". Só veste algo e vamos! — Ordenei.
E mesmo ainda relutante, ela obedeceu, voltando a se abaixar perto das sacolas de roupas.
— Jennifer só comprou vestidos! — Ela resmungou, revirando as sacolas irritada.
— Então veste a porra de um... — Parei de falar quando uma ideia surgiu em minha mente. Isabella se virou, esperando que eu continuasse, e eu pensei algumas vezes naquela ideia maluca antes de verbalizá-la. — Veste as roupas do Ethan. Vamos sair pela porta da frente.
— Você bebeu? Cheirou? — Ela arregalou os olhos.
— Quem mexia com drogas era o defunto do seu noivinho, não eu. Agora anda logo que não temos muito tempo. — Peguei um dos ternos que estavam pendurados nas araras do closet e joguei em cima dela. — Prende o cabelo também e coloca um chapéu.
— Quer que eu desenhe um bigode falso com lápis de olho também? — Perguntou sarcástica, e eu levantei uma sobrancelha, considerando a ideia.
— Só se conseguir deixar realista.
Vi ela revirar os olhos e voltei para o quarto para cuidar do Ethan. Peguei o seu corpo e o arrastei até o banheiro. Tirei o que restava das suas roupas e posicionei o seu corpo na banheira como se ele tivesse escorregado, caído e batido a cabeça ali.
Ninguém aqui seria burro de acreditar que foi isso mesmo o que aconteceu, mas ao menos, Isabella e eu conseguiríamos colocar uma distância entre nós e eles com esses minutos de confusão inicial.
Voltei para o closet. Isabella havia tirado a lingerie preta e estava de calcinha tentando fechar o sutiã. Desviei o olhar para o lado em respeito, mas acabei olhando para o espelho que havia ali e me dava uma visão total dela.
Sua pele estava mais bronzeada, graças ao sol da Flórida, e seu corpo continuava esplendido, com cada mínimo pedaço sendo um caminho para o céu... ou inferno. Que o Diabo receba Ethan bem. Eu o entendia. Era difícil de resistir.
Ela atacou o sutiã e se inclinou para vestir a calça, deixando em evidência a sua bunda perfeita naquela calcinha pequena. Porra. Abaixei o olhar para o chão para o bem da minha sanidade mental — e corporal! — e esperei que ela terminasse de se vestir. E mesmo com aquelas roupas masculinas e largas, a filha da mãe ainda conseguia ficar linda!
— Está bom assim? — Ela pôs as mãos na cintura de forma impaciente.
— Dá pro gasto. Vamos logo.
Assim que coloquei os pés para fora do closet, fui atingido no rosto com um soco. Puta merda! Ouvi Isabella arfar atrás de mim, assustada, mas não tive tempo de sequer pensar em nada, pois outro golpe me atingiu. O outro filho de Jordan havia entrado no quarto.
— Isabella, vá chamar ajuda! — Ele ordenou, antes de tentar me atingir novamente, só que dessa vez eu segurei o seu pulso e torci, o atingindo com um soco em seu nariz, que imediatamente começou a sangrar.
Isabella passou por mim correndo, indo em direção a porta do quarto, e aproveitando a minha distração com a movimentação dela, o desgraçado me empurrou para dentro do closet com um chute. O treino de perna dele aparentemente estava em dia. O desgraçado achava que estava em Sparta?
Levantei do chão impaciente e parti para cima dele. Desviei de um soco seu, e o acertei bem na área do pâncreas. Kyle deu alguns passos para trás, sentindo a dor se espalhar pelo corpo, e eu estava pronto para atingi-lo novamente quando Isabella quebrou um vaso em sua cabeça.
— Puta merda! — Olhei surpreso para ela, enquanto ela me olhava extremamente preocupada. O que foi até um pouco ofensivo.
Se fosse o Ethan, eu entenderia. Mas o Kyle? O filho nerd e contador do Jordan? Isabella estava me tirando por merda?
— Você está bem?
Cuspi um pouco de sangue no chão e devolvi o chute no corpo desacordado de Kyle.
— É claro que estou.
Peguei um casaco aleatório e o usei como corda para amarrar as mãos de Kyle, fazendo o mesmo com os pés em seguida. Joguei algumas peças de roupa por cima do seu corpo desacordado e saí do closet, apagando a luz e fechando a porta.
— O que está fazendo? — Perguntei ao notar ela indo em direção a porta do quarto.
— Você não disse que sairíamos pela porta da frente?
— Sim, mas não tem como descermos as escadas sem sermos notados, temos que ir pela cozinha e de lá seguir para o salão e saída.
Ela veio para a sacada atrás de mim e arregalou os olhos ao olhar para baixo, a altura da sacada era a uns dez metros do chão.
— Eu vou morrer!
— Não vai. É só pular naquela árvore. Eu vou primeiro e te seguro.
Subi no pequeno muro da sacada e rapidamente pulei para a árvore. Era um pouco mais difícil pular para a árvore, pois o galho era escorregadio ao invés de uma superfície lisa e segura como o chão da sacada, no entanto, não deixei que Isabella percebesse isso e apenas acenei para que ela fizesse o mesmo.
Com o corpo tremendo de tanto medo, ela subiu no muro e olhou para mim.
— Não me deixe cair!
— Pula logo.
Ela fez a grande loucura de fechar os olhos antes de pular, mas por sorte, e anos de treinamento pesado, eu consegui segurar e abraçar o seu corpo antes que ela escorregasse e caísse, estabilizando-a em cima da árvore junto comigo.
E apenas quando se sentiu segura ali, foi que ela abriu os olhos, respirando aliviada.
— Obrigada.
Eu apenas assenti, sentindo o meu coração acelerar com a nossa proximidade... ou por ter acabado de fazer esforço físico, não é? Isso era bem mais provável.
Me afastei dela para poder mostrar o jeito que se descia dali, já que a árvore era alta. Eu não levei mais do que alguns segundos, enquanto ela demorou um pouco mais, hesitando por todo o percurso. Fomos em direção a porta de saída da cozinha, e ao notar que o segurança que eu havia apagado com um soco estava começando a acordar, ergui o seu corpo pelo colarinho da camisa e lhe dei outro soco. Dessa vez, machuquei até mesmo as juntas da minha mão de tão forte que foi o golpe, mas funcionou, ele desmaiou novamente.
Abri e fechei a mão algumas vezes para aliviar a dor, e com a outra mão empurrei a porta da cozinha para que Isabella passasse, sussurrando em seu ouvido para que ela mantivesse a cabeça abaixada o caminho todo. O chapéu ajudava a disfarçar, mas um rosto como o dela seria facilmente notado. Principalmente em meio as pessoas que estavam aguardando a sua presença.
Assim que adentramos o salão, eu segurei a sua mão para garantir que ela não fizesse nada errado. Fomos caminhando calmamente e de forma despercebida por entre aquelas pessoas, e estávamos quase chegando na porta de saída quando alguém segurou o meu braço. Me virei pronto para atacar quem quer que fosse, mas parei ao ver o cabelo loiro de Nicole.
— Você conseguiu? — Sussurrou, olhando para Isabella por cima do meu ombro e sorrindo.
— Ainda temos que sair despercebidos agora, seria incrível se ajudasse.
— Deixa comigo! — Ela piscou para mim. — Boa sorte.
Soltando o meu braço, ela deu alguns passos para o meio do salão e simplesmente se jogou no chão, fingindo estar passando mão. Houve uma comoção por todo o cômodo e todos os olhos se voltaram para ela. Aproveitando o momento, segui com Isabella para fora da mansão, e entreguei a chave do carro para o manobrista. Haviam dois seguranças ali cobrindo a área, e Isabella teve a ideia de me abraçar para manter o seu rosto escondido em meu peito enquanto esperávamos. Os seguranças, no entanto, fizeram uma careta de estranheza ao olhar para nós.
— Nada demais para ver aqui, senhores. Somos apenas dois homens apaixonados. — Disse, com a voz levemente alterada para que eles pensassem que eu havia bebido.
Os caras se entre olharam de forma cômica, e diria até que levemente homofobica, e apenas nos deram as costas, totalmente sem jeito. Senti Isabella rir em meu peito, e passei o meu braço pelo seu ombro, abraçando-a enquanto me controlava para não rir também do evidente incômodo deles.
O rádio de um dos seguranças fez um barulho de frequência e ele o pegou.
— Bryan, você viu o Jorge? Ele não está respondendo o chamado. — Uma voz masculina falou.
— Não senhor. Quer que eu dê uma olhada no posto dele? — O segurança perguntou.
— Sim, vai lá rapidinho.
A Lamborghini que eu havia alugado para causar boa impressão chegou, e eu não esperei para saber se Jorge era ou não um dos caras que eu havia apagado, apenas entrei no veículo. Isabella entrou rapidamente no banco de carona e eu dei partida. Nem de forma tão lenta, nem acelerada, não queria chamar atenção de jeito algum. Apenas quando passamos pelos grandes portões de aço que eram protegidos por dez homens altamente armados com metralhadoras, foi que eu me permitir pisar no acelerador e dar o fora dali.
Com o vento batendo no rosto e uma sensação de alívio correndo em meu corpo, eu senti um sorriso nascer em meus lábios. Eu havia conseguido. Nenhuma morte — desnecessária — nenhum machucado, nenhum alarde, e Isabella estava comigo. Eu realmente havia conseguido.
Entretanto, a realidade em forma de uma pergunta feita por Isabella me atingiu em cheio, e o meu sorriso foi lentamente desaparecendo do rosto.
— Então... o que pretende fazer comigo agora, Harrison?
Olhei para o lado. Encontrando os seus olhos castanhos já sobre mim.
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