Capítulo 13 - Parte III (FIM)
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— Lola. Lola. — Denis tentava falar.
Ela acordou e o olhou.
— Denis! Meu Deus, você acordou! — ela chora e sorri de alegria e o beija com as duas mãos segurando suas bochechas levantando-se um pouco.
Ele sorri e antes que falasse, respira algumas vezes.
— Eu vou ficar bem, eu me sinto melhor. — ele a encorajou.
Lola limpa as lágrimas e diz. — Eu sei, meu amor, eu sei. Você se sente melhor?
— Sim, sim. — ele balança a cabeça. — Quero te mostrar uma coisa. — ele fala com um pouco de dificuldade.
— O quê? — ela pergunta sorrindo.
Ele olha ao lado esquerdo, para a sua bolsa. — Você pode pegar para mim, por favor?
— Claro. — ela coloca a bolsa em seu colo e ele a guia:
— Na parte da frente, nesse primeiro zíper. Pegue para mim...
Ela o abre e pega de dentro uma caixinha aveludada vermelha.
— O quê é isso? — ela pergunta.
— Abra. — ele pede, sorrindo.
Quando Lola abriu a caixinha, havia duas alianças em prata. Uma, tinha um diamante central e o anel era relativamente fino ao outro – que era mais grosso – e continha pedrinhas ao redor dele inteiro. Ela começou a chorar de felicidade e o olhou com muito amor e carinho. Chorou mais por lembrar que ele se machucou por sua causa.
— Você quer ser minha namorada? — ele perguntou sorrindo e a olhando com pequenas lágrimas no rosto.
Ela balançou sua cabeça positivamente enquanto dizia um longo e feliz:
— Sim! Quero muito! Eu te amo muito! — ela o beijou com ternura em seus lábios e tomou cuidado para que não o machucasse.
— Deixe-me colocar em você. — ele pediu.
Ela estendeu o braço direito – já sabiam aonde anéis de compromissos eram colocados –, mostrando-lhe o dedo anelar e ele o colocou lentamente com um sorriso no rosto, de orelha a orelha.
Lola pegou a outra aliança da caixinha e perguntou:
— Posso?
— Claro! — ele respondeu, dando-lhe o braço direito e seu dedo anelar.
Ela colocou lentamente e depois olhou-o com intimidade e falou por fim:
— Meu namorado...
— Minha namorada...
— Ainda não lhe disse o por quê depois de todo esse tempo eu decidi cumprir a promessa. — Lola diz.
— Por quê?
— Porque quando te conheci você preencheu minha alma e ainda preenche. Preciso de você para viver uma vida feliz, porque sua presença sempre me deu luz, me fez feliz e tem o poder para me fazer triste. Com você eu não tenho medo da vida e dos desafios que um dia vão acontecer com a gente. Você me dá forças e me mantém. Seu amor é o que me deixa forte e segura de todas as coisas ruins que acontecem. Nada é mais forte do que o amor que sinto por você, Denis. Você é o meu coração inteiro.
Ele chorou e disse:
— Você também é o meu coração inteiro.
🌅
Duas semanas depois do hospital, já era o aniversário de Lola. Denis estava completamente recuperado e por mais que estivesse ocupado com a faculdade, sempre visitava Lola nas horas vagas. Os dois estudavam juntos, namoravam e planejavam o futuro nos feriados.
Denis havia gastado quase tudo que tinha nos anéis que comprara, então ficou difícil saber o que ele daria de presente à Lola, mas ela o advertia dizendo que os anéis já foram como um presente adiantado e que ela os guardaria para sempre.
Na casa de Ashley e Antônio, eles se reuniram para cantar o parabéns à Lola. Cortaram o bolo de aniversário, comeram e ela fez o pedido. Lola foi mais persistente dessa vez:
"Queria que todos nós vivêssemos felizes para sempre."
Ashley e Antonio assim como Matt entregaram seus presentes dentro de uma caixinha. Nele, havia um iPhone X que era o último modelo que fora lançado. Matt também pediu por um mas seus pais disseram que pensariam sobre o assunto. E agora ela sabia que poderia conversar com Denis quando quisesse. Ele não tinha iPhone, então conversaria com ela pelos computadores da faculdade que eram muito mais eficientes do que os do orfanato.
Claire compareceu na festa um pouco atrasada. Trouxe seu namorado Henry para juntar-se à festa. Henry conhecia Ashley porque ambos trabalhavam com advocacia e acabaram se distanciando, mas eram amigos afinal de contas.
Neste momento, Lola interveio para anunciar seu presente à Denis. Ela pegou uma taça de champanhe e uma colher a qual a batucou para ganhar a atenção de todos na mesa.
— Então, como aniversariante, quero agradecer a presença de todos. Vocês são a minha família e a minha força de viver! Obrigada realmente a cada um de vocês por serem tão atenciosos e amorosos! Eu não poderia pedir à Deus por uma família melhor!
Lola segurou na mão de sua mãe e seu pai, depois na mão de Claire e seus olhos começaram a ficar um pouco lacrimejados, mas então continuou:
— Eu, Claire, Ashley e Antonio temos uma novidade para te dizer Denis.
Todos viraram-se para ele e o mesmo começou a ficar vermelho, mas lisonjeado.
— Claire... Quer fazer as honras? — Lola perguntou.
— Sim. — ela levantou animada e ajeitou o vestido. Olhou para Denis que sentava-se do seu lado direito e disse:
— Denis, quero adotá-lo! Aliás, já adotei! — ela disse com um sorriso enorme no rosto e lágrimas começaram a sair de seu rosto.
Denis não conseguiu acreditar e sua primeira reação foi se levantar e fazer o mesmo que Claire: chorar e sorrir simultaneamente se é que isso era possível.
— Não acredito que você fez isso! — Denis dizia chorando enquanto a abraçava.
— Sim, Denis, eu fiz! E eu trouxe os papéis! Se você quiser assinar, serei sua mãe!
Ela pegou os papéis de sua bolsa e os colocou na mesa.
— Claro que quero assinar!
Todos riram e aplaudiram. Quando a excitação do momento acabou e os dois pararam de se abraçar, Claire lhe explicou:
— Então, vou falar de uma vez. Ashley foi uma ótima ajuda para mim, ela já conhece a minha história.
Denis a olhou sem entender muita coisa.
— As regras do orfanato diziam explicitamente que um funcionário não poderia adotar crianças do mesmo orfanato – porque isso poderia causar tristeza em alguns dos órfãos – então Ashley mexeu uns pauzinhos e conseguiu fazer com que a lei pudesse ser desfeita. Também tive a ajuda de Henry. — ela o toca em seu ombro agradecendo-o. — E eu consegui te adotar, Denis. Isso também se deve ao fato de que você já saiu do orfanato e ninguém de dentro dele poderia saber que eu te adotei. Legitimamente, em nível jurídico e tudo mais, sem perder meu emprego! — ela finaliza com um sorriso e olha para Denis com felicidade.
Denis sorriu de orelha a orelha e a abraçou mais forte ainda. Chorando, ele disse por fim:
— Você sempre foi uma mãe para mim, Claire, sempre! Não importa o que aconteça, tenho orgulho de te chamar de mãe!
— Você não sabe o quão orgulhosa estou de você, Denis. Você se tornou esse homem magnífico que toda mulher gostaria de ter como filho! E eu sempre desejei que você tivesse uma família, então se quiser... Seria uma honra para mim ser sua mãe!
Ela limpa suas lágrimas e todos da mesa começam a aplaudir.
Denis limpa as lágrimas e senta de volta na cadeira, pegando uma caneta que estava parada em cima da mesa. Ele procura pelo espaço em branco e assina seu nome. Lola estende o copo e diz:
— Vamos fazer um brinde! Por uma família unida e feliz.
— Por uma família unida e feliz! — todos dizem em sincronia.
E ouve-se o tilintar das taças enquanto eles brindam.
🌅
Naquela mesma noite, quando todos já tinham ido embora – menos Denis –, os dois ficaram juntos e sossegados no quarto de Lola, só que dessa vez, saíram da sacada e deitaram no telhado da casa, que não ficava muito perigoso para voltarem.
Eles deitaram no telhado e ficaram observando estrelas. A lua cheia, as estrelas cadentes, o frio de outubro e os pios das corujas vindos de longe. Naquele momento, eles planejaram sobre seus futuros.
— Denis, o que você me disse naquela carta... Só quero que saiba que eu teria um filho com você.
Denis olhou para ela, deitando-se de lado e lhe deu um sorriso sincero.
— Não Lola, eu entendo que você não quer ter filhos, e eu não vou te obrigar a nada. Ficaria feliz em apenas ter uma vida longa à seu lado!
Ela sorriu e havia pequenas lágrimas no seu rosto.
— Eu fico feliz que você pense assim agora, Denis... Porque eu descobri que sou infértil. Eu tinha começado a tomar anticoncepcional para regular minha menstruação e por causa da fase de depressão, meus hormônios ficaram confusos... O médico disse que eu estava entrando na menopausa e que se eu não tomasse o remédio eu não poderia mais ter filhos. Então ficou entre cuidar da minha fertilidade, ou seguir com os remédios da minha depressão.
Ele assentiu. Sentiu-se culpado porque sabia que a carta que ele enviara provocou diversos sentimentos em Lola. Talvez tenha sido por isso que Ashley e Antônio ficaram tão bravos.
— Você já sabe qual remédio decidi tomar... — ela fala, por fim.
Ele ficou inquieto e surpreso. Mas a primeira coisa que perguntou não foi de seu interesse:
— Mas você está triste sobre isso?
— Não, quer dizer, eu teria filhos porque você quer. Ainda não vejo a importância de ter uma família, sendo que agora eu nunca me senti mais completa. — ela argumenta, mas havia tristeza em seu olhar. Talvez porque imaginava que Denis a deixaria por saber disso.
— Lola, pode confiar em mim. Também me sinto completo – especialmente essa noite –, que eu sinto que estou completo por ter uma mãe adotiva e por ter um ciclo de boa convivência com a sua família! Eu não preciso de filhos para me sentir feliz, porque eu já sou! Tudo o que eu preciso é de você ao meu lado!
— Mas você não teria curiosidade de saber como é ser pai? — ela pergunta.
— Curiosidade... Teria sim.
— Então, eu adoraria adotar, se fosse com você. Seríamos uma grande família de filhos adotivos e eu amaria ter uma casa cheia assim como era no orfanato.
Ele riu. — Você pensa assim?
— Absolutamente sim! — ela sorriu de volta.
Denis aproximou seu rosto ao dele tocando em seu queixo e a beijou lentamente. Lola retribuiu o beijo entrelaçando suas pernas ao redor das suas também.
— Eu te amo, Lola Kyle. Você é todo o meu coração. — ele disse, trazendo-a para mais perto.
— Eu também te amo, Denis. Agora Humbert ou Filtch. — ela ri de brincadeira – pois ele deveria escolher um sobrenome, ou o próprio ou o de Claire.
Ele ri e responde: — Acho que Filtch ficaria legal, não? Denis Filtch? — ele pensou com as mãos no queixo. — O quê você acha?
— Acho que ficaria bom, mas preciso de tempo para me acostumar. — ela ri. — Denis... — ela lhe chama a atenção, sua voz ficou muito calma dessa vez.
— O quê?
— Eu sei o que você fez por mim.
— O quê? — ele arregalou um pouco os olhos e parecia surpreso.
— Era para você ter sido adotado. Você colocou o meu nome nos papéis ao invés do seu. — seus olhos brilhavam e sua boca estava semiaberta, com um desejo oculto.
— Como você sabe? — perguntou ele.
— Quando você estava internado... Claire me disse. Eu nunca imaginei que poderia ter sido você. Mas agora, vendo por esse lado, eu consigo encaixar as peças. Isso me fez perceber o quanto eu te amava e te queria, mais do que nunca. E também fez Claire perceber que queria tê-lo como filho.
Denis sorriu com o olhar distante. Estava sentindo a brisa gelada e confortante, as roupas afofadas que usava dando-lhe calor. Sentia conforto quando a tinha nos braços.
— Viu, Lola? Eu não poderia pedir a Deus por uma vida melhor que essa. E... Preciso dizer... Sinto muito por tudo que fiz você passar.
— Ah, que isso. — ela franze as sobrancelhas. — Não há nada do que pedir desculpas, sério! Você queria me ver com uma família e eu também queria te ver com uma. Agora somos completos. — ela pega-lhe a mão e os dois se beijam.
— Vamos entrar. — ela pede, levantando-se.
Denis a ajuda a pular de volta para a sacada de seu quarto com um pulo para baixo. Quando eles entram, o quarto está quente e úmido.
As ruas já estavam bem escuras e por mais que a universidade não ficasse longe de sua casa, Ashley e Antônio lhe deram permissão para dormir em sua residência quando ele bem quisesse. Por isso, Denis já levara algumas de suas roupas de pijama e as deixara no armário de Lola.
— Vou tomar um banho. — Lola disse. — Se quiser pode ir junto... — ela provocou.
Denis riu. — Seus pais acordariam. Ou pior, seu irmão.
— Ah é mesmo, não é? Matt tem essa reputação de pegá-lo desprevenido. — ela o zomba.
Denis ri. — Posso tomar banho depois de você?
— Claro! — ela lhe dá um beijo e sussurra em seu ouvido: — Se prepare para hoje à noite.
Ele tocou em seu quadril com força e lhe deu mais um beijo com uma mordida de leve. Quando Lola virou para sair do quarto, ele lhe deu um tapinha na bunda.
Eles conseguiram dormir juntos pela primeira vez em suas vidas, realizando o desejo que tinham desde que moravam no orfanato.
Claire deixou claro que Denis poderia voltar para a casa dela se a faculdade não o recebesse bem. Denis não poderia se sentir mais acolhido. Tanto como com os pais adotivos de Lola, quanto agora, com sua mãe adotiva.
A noite se passou, e, depois do café da manhã, eles foram em direções contrárias. Denis foi até à faculdade e Lola foi para o colégio. Dentro do coração sentiam que aquilo poderia ser eterno e fariam de tudo para que o amor não acabasse.
À noite, eles estariam juntos novamente, e assim por diante, até cumprirem suas novas promessas um ao outro – de adotarem crianças para que as mesmas tivessem a experiência que eles tiveram – de se sentirem completos, felizes e amados.
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Anos se passam e o amor entre Lola e Denis só cresce mais forte. Eles se casam e cumprem a promessa que fizeram quando ainda eram jovens: adotar crianças para compartilhar o amor e a felicidade que encontraram um no outro.
Unidos em seu propósito, eles abrem seus corações e lares para cada criança que chega em suas vidas. Uma família amorosa e acolhedora se forma, cheia de risadas, abraços apertados e alegria contagiantes. Cada criança adotada é tratada com amor e cuidado, crescendo em um ambiente onde se sentem seguras, amadas e apoiadas.
Enquanto os anos passam, as crianças adotadas crescem, se tornam adultos e começam a formar suas próprias famílias. A maioria delas também decidiram adotar, criando assim uma marca registrada da família de Lola e Denis. Mas Lola e Denis sempre permaneceram como uma vela acesa de luz e amor inabalável, provando que o tempo não tem o poder de separar o amor verdadeiro.
Chega a velhice, com os cabelos grisalhos e rugas marcando seus rostos. Mas o amor entre Lola e Denis continua tão intenso e vibrante quanto no dia em que se conheceram. Eles se tornaram aquele casal raro que namoraram durante todo o colégio, adolescência, vida adulta e agora, na velhice, estão lado a lado, mãos entrelaçadas, rindo de suas histórias compartilhadas e sabendo que tiveram uma vida cheia de amor e propósito.
Olhando para trás, eles se alegram com as muitas crianças que adotaram ao longo dos anos e sentem alegria ao ver o impacto positivo que tiveram em tantas vidas. E mesmo na velhice, fazem uma última promessa: adotar mais uma criança, proporcionando a ela um lar cheio de amor e carinho até o último dia de suas vidas.
E assim, o amor de Lola e Denis transcende o tempo, iluminando a vida de todos ao seu redor e inspirando gerações futuras a acreditarem no poder do amor verdadeiro.
FIM
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