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²³|Respostas monossilábicas

Uma vez eu perdi Freya no shopping. Estávamos em uma loja de roupa infantil, e eu me distraí por um segundo. Um único segundo, então olhei de novo e ela havia sumido. Eu fiquei apavorada. Total e completamente. Foram os cinco minutos mais aterrorizantes da minha vida. A minha filha, o ser humano que pus no mundo, que é a razão da minha vida e por quem sou responsável, havia desaparecido.

Eu nunca havia sentido tanto pânico na minha vida, nem mesmo quando meu pai me expulsou de casa. Pelo pouco tempo que durou, eu não conseguia ouvir, nem pensar. Meu único foco era achar a minha filha.

No fim, Freya havia se escondido embaixo do suspensório de roupas. Ela saiu de lá rindo e dizendo "Bu" para mim, sem saber do medo que pôs em meu coração. Eu a abracei tão forte que tive que soltá-la porque ela reclamou que eu a estava esmagando. Depois, lhe dei uma bronca e fiz ela prometer que não faria mais isso.

Mas ela estava ali, então isso não importava realmente.

Agora, porém, eu estou sentindo aquele pânico novamente a cada segundo que passa e não tenho notícias da minha filha.

- Você está me dizendo que uma mulher ruiva acenou de dentro do carro e você simplesmente liberou a Freya? - Eros questiona a supervisora Farley. Ao nosso redor, os pais, mães e outros responsáveis estão começando a prestar atenção em nós.

- Eu achei que fosse a Srta Prescott - Farley responde nervosamente, olhando de Eros para mim. - Como ela tem vindo buscar a Freya de carro, eu só achei que ela tivesse ficado com preguiça...

- Você achou errado - a interrompo, dando um passo na sua direção. - E por causa disso a minha filha sumiu. Você tem ideia de que a sua suposição de merda pode custar a vida dela, porra?

Ignoro quando Eros me afasta da mulher e pego meu celular no bolso.

- Eu vou ligar para a polícia - aviso. Minhas mãos estão tremendo tanto que quase deixo meu celular cair. - Você vai ser acusada de negligência, e eu juro por Deus que se alguma coisa acontecer com ela, eu te mato.

- Eu sinto muito. Eu não sabia...

- Onde está a diretora da escola? - Ouço Eros perguntar.

- Aqui.

Nós dois olhamos para a mulher mais velha saindo no pátio da escola. Eu já me encontrei com ela algumas vezes. É uma mulher respeitável e que entendeu as minhas condições financeiras quando decidi matricular Freya aqui.

Agora eu só quero que ela demita a Farley e me diga como diabos ela pode ter deixado algo assim acontecer quando me prometeu que minha filha estaria segura aqui.

- Sra Jenkins, eu posso explicar - Farley começa assim que a diretora chega até nós.

- Eu tenho certeza que sim, Farley. Agora me espere na minha sala.

A mulher obedece, lançando um olhar culpado para mim, mas não estou ligando para os seus sentimentos no momento.

- Srta Prescott, porque não conversamos lá dentro? Podemos resolver isso sem muito alarde - A Sra Jenkins diz.

- Conversar? Eu não quero conversar, eu quero a minha filha e vou ligar para a polícia. - Sinceramente, não sei como pude me deixar distrair dessa forma.

- Sugiro que olhemos as câmeras de segurança primeiro. Que tal? Se não acharmos nada, eu mesmo ligarei para a polícia e lhe darei todo o apoio necessário.

Eu olho para ela com meu dedo pairando acima do botão de ligar. Eu confesso que não cogitei olhar as câmeras, mas podemos achar algo útil mesmo. E se o Tobias estiver por trás disso...

Encaro Eros. Eu não quero que ele saiba assim sobre a paternidade de Freya, mas não estou me importando com isso também. Eu só quero achar a minha filha.

- Tudo bem - cedo por fim.

Eros põe a mão em minhas costas novamente, dando-me apoio, e nós acompanhamos a mulher até uma sala com algumas TVs que mostram estar ligadas às câmeras. Eu conto cada segundo perdido e como posso estar cometendo um erro por não ter ligado logo para a polícia enquanto a Sra Jenkins pede para um homem, aparentemente quem vigia as telas, voltar às imagens de alguns minutos atrás.

Eros fica o tempo todo ao meu lado e se eu não estivesse tão agoniada, ansiosa e apavorada, prestaria mais atenção no seu próprio comportamento, mas tudo que noto entre a minha nuvem de preocupação, é que seu maxilar está tão tenso quanto o resto do seu corpo, e ele parece tão apavorado quanto, apesar de estar conseguindo esconder.

- Ali. Ela está ali. - Aponto para a tela do computador, meu coração parando quando eu vejo Freya lá.

A primeira câmera está focada na saída, então primeiro só vemos a Farley acenando para alguém e depois deixando Freya ir. Lágrimas de raiva e desespero deixam meus olhos enquanto encaro a cena com indignação. Ela simplesmente a deixou ir assim. Que tipo de supervisora faz isso?

Enxugo meu rosto quando a próxima câmera mostra a visão do carro. É uma BMW, muito diferente do Cadillac ct6 de Eros. A porta de trás do carro abre, mas ninguém sai. Freya para por um momento e mesmo eu sabendo que não adianta, eu desejo que ela volte, que não entre nesse maldito carro. Mas ela não faz isso. Algo lá dentro lhe dá confiança que ela precisava para entrar. Então a porta se fecha e o carro a leva embora.

Afasto-me, balançando a cabeça quando começo a chorar de novo.

- Não há nada aí! - Passo minhas mãos pelo rosto, querendo gritar. - Como isso pode ter acontecido?

Uma mão me puxa para seus braços e eu deixo porque sei que é Eros.

- Por que alguém faria isso? - sussurro, mesmo sabendo a resposta. Eu sei porque faria, e quem faria, mas nunca achei que Tobias seria realmente capaz de algo assim.

- Nós vamos achá-la - Eros diz para mim. Eu quero acreditar nele. Preciso acreditar nele porque...

- Aqui. Aproxime isso. - Ouvimos a voz da diretora e eu me afasto de Eros para ver a mulher apontando para a tela.

- Não consigo aproximar mais que isso - o homem lamenta.

Mas é o suficiente, percebo ao me aproximar novamente. Eu estava tão focada em Freya antes que não olhei direito. Eu sei porque ela entrou naquele carro, porque achou que estava tudo bem fazer isso. Ela não entraria lá se fosse Tobias. Não importa se tivesse uma mulher aleatória com uma peruca ruiva ou sei lá o quê.

Mas ela se sentiria segura para ir se fosse alguém que ela conhece. Com quem ela cresceu.

Sua tia, por exemplo.

💎


Não sinto nada quando encaro brevemente a casa onde cresci, antes de subir os degraus. Foi sorte que quem tenha atendido o interfone tenha sido Dora, uma das mais antigas funcionárias da família. Ela ficou surpresa quando pedi para abrir os portões, mas fez mesmo assim, então agora estou aqui.

Não venho a essa casa desde o dia que fui colocada para fora como um rato, mas o pouco que observo me diz que nada mudou. Se eu estivesse mais interessada nos detalhes, olharia para o lado, para ver se a árvore que eu costumava ficar ainda está lá, perto do lago, dando uma sombra perfeita para dias de sol. Eu poderia olhar para cima e ver se as treliças que levam ao meu quarto ainda estão lá, ou se os passarinhos ainda ficam na fonte no meio do pátio.

Nada disso me interessa quando entro na casa, passando por Dora, que abriu a porta para mim. Eu teria derrubado a maldita coisa caso ela não tivesse feito isso.

- Onde está a minha filha? - Não paro de andar ao fazer a pergunta, e ouço os passos apressados de Dora atrás de mim, assim como os passos largos de Eros.

- Senhorita? Eu não sei do que...

Eu paro de ouvi-la quando vejo Emma. A cadela.

Assim que minha irmã me vê, é tarde demais. Eu já estou dando com minha mão na sua cara.

- Eu esperava tudo de você, menos isso! - grito para ela. Não é só raiva que estou sentindo. É mágoa. A dor da traição novamente.

Emma pressiona a mão no rosto, onde minha mão a acertou. Nós nos encaramos, e eu espero. Espero um pedido de desculpas, que ela tente justificar o injustificável. Quero ver se ela vai ter a cara de pau de parecer culpada ao dizer que não teve participação no sequestro da minha filha.

Mas Emma só fica lá, olhando para mim.

- Você não tem nada a dizer? - pergunto mesmo assim.

Minha irmã ajeita a postura, jogando o cabelo para trás e arrumando os ombros.

- Nós duas sabemos que desculpas e justificativas serão inúteis. Você não vai me perdoar.

Irritada, avanço mais um passo, ficando cara a cara com ela. Encaro os olhos azuis que ambas herdamos, sem reconhecê-los. Nunca fomos melhores amigas, mas nunca em toda a minha vida achei que ela faria algo assim. Não a perdoei totalmente por ela ter nos espionado, mas isso é demais. Ultrapassa todos os limites e chances que eu poderia dar a ela.

- Eu tenho nojo de você - cuspo as palavras. - Eu tenho nojo de ser irmã de alguém tão covarde e mesquinha. Tudo isso para quê? Continuar vivendo no luxo? Ter um marido que não te ama? - Eu sei que estou sendo cruel, mas Emma pediu por isso ao mexer com a minha filha. - Você é patética e vai acabar igual a mamãe. A única diferença é que você quer isso.

- Deve ser tão fácil para você julgar - Emma diz de repente quando estou pronta para me afastar dela e ir atrás da minha filha. Ao invés disso, paro, encarando-a. - Sempre tão sonhadora e rebelde. Sempre querendo mais do que o permitido.

- As pessoas não deveriam precisar de permissão para ter liberdade.

Emma dá risada, mas eu vejo as lágrimas em seus olhos apesar de ela não derramá-las.

- Você tinha tudo: todos os garotos, o favoritismo da mamãe, e até conseguia dobrar o papai para fazer os seus gostos. - Seu olhar fica duro. - Você não precisou se esforçar para receber atenção porque de repente havia outra criança na família por quem todos estavam babando. Você não sabe como é ter que ser perfeita em tudo porque essa é a sua única forma de receber o mínimo de afeto dos seus pais. Você me julga por continuar com Stuart, mas eu me sacrifiquei pela minha família ao casar com ele. E o que você fez? Mudou de país e virou uma vagabunda. Agora Freya é uma bastarda porque você não respeita os valores da família.

Eu lhe dou outro tapa.

- Você nunca mais fale o nome da minha filha - digo calmamente a ela. - Eu não me importo se você quer me insultar, mas se falar sobre ela outra vez, eu te dou a surra que você não recebeu quando era mais nova.

Emma não diz mais nada, e eu entendo isso como um sinal de que ela tenha recebido o recado.

Afasto-me e olho para as escadas que levam aos outros andares.

- FREYA! - Grito, girando.

Ela está aqui. Não sei porque Adrien a pegou, não sei porque fiquei surpresa por Emma ajudá-lo, mas eles a trouxeram para cá e eu vou derrubar essa casa se ninguém a trouxer.

- Mamãe?

Abaixo meus olhos para as portas do escritório abertas e para Freya parada lá.

Meus joelhos quase cedem quando o alívio me domina. Todo o pânico e o medo em minhas veias é substituído por isso quando me ajoelho após Freya correr para mim.

Quando seus abracinhos rodeiam meu pescoço, eu a aperto bem apertado contra mim, dizendo a mim mesma que ela está bem, que está aqui agora. Mesmo assim, eu choro, porém, porque a última meia hora foi a mais aterrorizante da minha vida depois daqueles cinco minutos onde a perdi no shopping.

- Mamãe, voxê tá me xufocando - Freya diz com uma risadinha.

Com muita relutância, afrouxo o abraço e me afasto para encará-la. Suas bochechas estão vermelhas e sua trança está se desfazendo, como de costume, e ela parece normal. Eu não sei como me sentir por ter cogitado a possibilidade de meu pai tê-la machucado.

- Você está bem? - pergunto, tentando parecer casual.

Mas Freya não é boba, e logo sua alegria em me ver se transforma em uma carranca quando ela segura meu rosto com suas mãozinhas.

- Por que você está chorando? Você está triste?

Forço um sorriso e lhe dou um beijo na bochecha.

- Só estou feliz em vê-la. Mas me conta, o que você estava fazendo? Tá tudo bem? - Inconscientemente me vejo procurando sinais de ferimentos nela.

- Tá sim. Eu tava tomando chá com o vovô! Você também vai tomar chá com a gente?

Eu olho para cima nesse momento quando o homem mais velho caminha até nós. Imediatamente fico de pé, pegando Freya no colo. Eu nunca quis Adrien perto dela e hoje só confirma que tomei a decisão certa ao excluí-lo de nossas vidas quando ele fez o mesmo conosco.

- Não, meu bem, a mamãe não vai tomar chá - digo a Freya, apesar dos meus olhos estarem em meu pai. Ele encara Eros, que se colocou entre nós. Eu não estou vendo seu rosto agora, mas seus ombros estão tensos.

- Isso é realmente lamentável - Adrien diz com um sorriso. - Eu estava ansioso pela sua chegada para que tivéssemos um jantar em família.

Mordo a língua quando as palavras quase saem, tendo que lembrar a mim mesma que estou com minha filha no colo e não posso entrar em uma discussão com o meu pai.

Forço outro sorriso para Freya.

- A mamãe vai pegar suas coisas, mas você pode ir com o Eros, o que acha?

Eros vira para nós ao ouvir e sua cara me diz que ele não quer me deixar aqui com Adrien, nem que seja por um único minuto.

Mas eu preciso trocar umas palavras com meu pai e não posso fazer isso na presença de Freya. Além disso, quero tirá-la daqui o mais rápido possível.

Como sempre, Eros entende o que não estou dizendo e sorri para Freya.

- Vamos, Spider. Quero que me conte mais sobre esse chá. - Ele a pega do meu colo e eu só a deixo ir porque sei o quão segura ela está.

- Tchau, vovô! Tchau, tia Emmis! - Freya acena para os dois, sem saber a gravidade do que ambos fizeram.

- Tchau, querida. - Meu pai sorri, por um momento parecendo um humano normal, um avô que realmente ama a neta e não irá aguentar de saudade para vê-la novamente.

Eu observo Eros levar minha filha para longe dessa casa, antes de eu finalmente encarar meu pai. Ele senta no sofá, muito confortável e obviamente nenhum pouco culpado.

- Onde está a mamãe? - Eu tenho certeza que ela não poderia estar de acordo com isso.

Adrien pega um charuto na mesinha, imperturbado.

- Eu a mandei para a casa da irmã. Lembra da sua tia Nora?

Não me surpreende que ele a tenha tirado de casa. Mamãe teria dado um jeito de me avisar o que estava acontecendo. Mas me preocupa se ele está mesmo falando a verdade sobre ela estar com minha tia. Não sei o que ele poderia ter feito a ela, mas não vou ser ingênua e pensar que ele não a machucaria. Eu sei que ele já fez isso várias vezes.

- Você cometeu um erro ao mexer com a minha filha - declaro. Eu não preciso olhar para Emma para que ela saiba que essas palavras são para ela também.

- É mesmo? E o que vai fazer? Me denunciar a polícia e dizer sequestrei a minha própria neta? - Ele faz isso parecer tão estúpido. - Só te desejo boa sorte.

- Eu te odeio - digo a ele, com tanto nojo, e tanta raiva que não seria surpresa se eu vomitasse nos seus pés agora. - Não sei porque ainda me surpreendo com as suas crueldades, ou porque você arrastou Emma para isso, mas estou dizendo: nunca mais chegue perto da minha filha. Eu não sei que joguinhos você está fazendo, mas fique longe da Freya. Você pensa que me conhece, mas não sou mais aquela garota assustada que você atirou na rua. Se houver uma próxima vez, não vou vir aqui pegar apenas a minha filha. Eu sei muito bem quais são os meus direitos como herdeira.

Adrien semicerra os olhos, de repente ficando imóvel.

- Você não ousaria.

- Chegue a um metro dela e você irá descobrir.

Lhe dou as costas e vou embora.


💎


No sábado, Kate cumpre o que prometeu e me arrasta para o shopping. Eu geralmente fazia compras em um brechó no bairro em que eu morava, mas Kate parece decidida a fazer compras exuberantes com o cartão de Eros. Não me sinto à vontade com isso, é claro, mas Kate sabe ser insistente, além de ter um ponto ao alegar que eu não encontraria uma roupa a altura desse baile beneficente em um brechó.

Então só por isso estamos aqui agora.

Eu deixei Freya com Eros, e também não sei se foi uma boa ideia. Sinto que estou abusando demais - morando na casa dele, recebendo sua ajuda em determinados assuntos - agora deixando ele pagar minhas roupas e cuidar da minha filha. Eu ia deixar Freya com Kevin mais uma vez, mas Eros insistiu, dizendo que era desnecessário eu ir até o meu antigo bairro para deixar Freya com meu amigo, quando Eros estava bem ali. Eu nunca deixei Freya sozinha com ele, então fiquei hesitante com isso também. Eu teria sido mais firme e dito que não se eu já não tivesse presenciado como ele a trata. Isso nunca me preocupou, por isso aceitei.

Eu ainda vou manter meu celular por perto, de qualquer forma, caso Eros perceba que cuidar de uma criança por cinco horas seguidas - segundo Kate, esse é o tempo mínimo que ficaremos aqui - não é tão fácil quanto colocá-la para dormir ou assistir Miraculous com ela.

- Tudo bem pra você se a Lorelei vir? - Kate pergunta, digitando alguma coisa no celular, quando estamos na escada rolante.

- Claro. Na verdade, estou até surpresa com isso.

- Eu disse a ela que não a deixaria em paz se ela não viesse. Houve algumas palavras rudes da parte dela, mas eu não cedi. Ela disse que chega em meia-hora.

Balanço a cabeça, nenhum pouco surpresa por Kate conseguir convencer a Lorelei.

Checo meu celular, mas não há mensagem de Eros ainda, então presumo que tudo está indo bem.

Enquanto esperamos Lorelei, demos uma volta no andar em que estamos, mas sem realmente olhar nada. Kate está me contando sobre o último encontro dela.

- Ele parece ser um cara legal - digo após ela contar que ele a buscou em casa, e levou flores, além de ter escolhido um restaurante italiano que foi aberto recentemente.

- Ele é.

Eu a encaro, esperando por mais. Apesar de todas as coisas que disse sobre ele, minha amiga não parece realmente entusiasmada. Achei que qualquer mulher - que goste de homens - fosse apreciar as qualidades desse tal amigo dela. Mas pela forma como Kate parece desinteressada enquanto mexe no cabelo, ele parece ter sido só mais uma decepção.

- Não entendo. Ele fez algo que deixou você desconfortável?

- Não. Eu disse, ele é legal.

- Mas...?

- Mas ele é legal demais. Bom demais. Certinho demais. - Kate suspira, cruzando os braços, mas não me dá mais explicações. Eu quero que ela me explique isso melhor, mas não fico surpresa quando ela muda de assunto de repente. - Então, como estão indo as coisas com o Eros? Já deu uma resposta a ele?

- Não. Tem acontecido muita coisa ultimamente.

O confronto com meu pai passa em minha mente. Tenho tentado entrar em contato com minha tia Nora desde então, mas ou ela trocou de número, ou bloqueou o meu. Eu não sei o que fazer, mas não vou esperar mais para falar com a minha mãe. Se eu não tiver notícias dela hoje, eu vou na polícia. Não sei se vão acreditar em mim, mas pelo menos eles terão a prova de que eu tentei, por meios legais, chegar até ela, antes de fazer alguma besteira.

Se isso já não bastasse para me preocupar, há aquela carta em minha bolsa.

Tobias entrou na justiça e está exigindo um teste de paternidade. Eu tenho trinta dias para levar Freya para fazer esse teste - vinte e seis, considerando os dias que passaram - ou será feito do mesmo jeito, mas contra a minha vontade.

Foi por isso que eu surtei. Eu só queria pegar a minha filha e ir embora para qualquer lugar longe de Tobias. Eu sei que se permitir esse teste de DNA, quando ele tiver a prova de que ela é sua filha, ele irá tentar tirá-la de mim. E eu não podia - não posso - permitir isso. Eu só conseguia pensar naquele homem tirando minha filha de mim, então coloquei nossas roupas dentro da mala e estava pronta para dar o fora. Eu não percebi que estava assustando Freya, como fui rude com ela. Sinceramente, se não fosse por Eros intervindo, eu podia ter fodido com tudo, começando com a minha relação com a minha filha.

Eu sei que Freya não esqueceu o que aconteceu. Mesmo com Eros pedindo pizza naquele dia e a gente assistindo Miraculous, eu sei que aquela lembrança vai ficar guardada naquela cabecinha esperta dela. Mas podia ter sido pior, é o que fico me lembrando, mesmo quando a culpa pesa em meus ombros ao lembrar também dos olhos assustados dela. E mesmo depois disso, ela ainda veio até mim e me abraçou. Se eu já não fosse grata por tê-la, agradeceria.

- Ei! - Kate acena para alguém lá embaixo, ao se inclinar no corrimão de vidro.

Lorelei olha uma vez para nós e depois desvia rapidamente, fingindo que não nos conhece ao se dirigir para a escada rolante.

Eu abaixo a mão de Kate antes que Lorelei decida voltar para casa.

Quando a mulher chega até nós, percebo que ela mudou o visual. Pelo menos o cabelo. Está usando tranças box braids que vão até a sua bunda, balançando enquanto ela desfila - juro que ela está desfilando mesmo - até nós.

- Uau. Você não precisava se arrumar toda, sabe. O baile é só amanhã - Kate diz, olhando para a roupa da outra mulher: um vestidinho laranja com um blazer pesado por cima.

- Eu gosto de ficar bonita em qualquer ocasião.

Sorrio. Por algum motivo, acho que aos poucos nós três estamos construindo uma amizade que pode durar bastante tempo.

💎

Tá tudo bem por aí?

Mando a mensagem para Eros após ter passado duas horas e ele não ter me mandando nada. Tento ver isso como algo bom, ao invés de ficar preocupada.

- Ok, esse vestido é ma-ra-vi-lho-so - Kate diz de dentro do vestiário ao meu lado.

- Você disse isso daquele rosa horroroso - Lorelei contra ataca. Ela é a única de nós três que não está provando nada porque já tem um vestido. Também nos chamou de irresponsáveis por deixar para comprar em cima da hora.

- Não era horroroso - Kate resmunga.

Guardo meu celular na bolsa e encaro o vestido que as duas me fizeram provar. É azul escuro, de camurça. As alças são caídas, deixando meus ombros nus, e o decote em V não é nenhum pouco discreto. O tecido cola em meu corpo, descendo até onde se abre em uma fenda na minha coxa direita, deixando boa parte da minha perna exposta, antes de terminar em meus pés.

Saio da cabine, alisando o vestido.

- Não é "demais"? - pergunto, um pouco insegura. A última vez que fui a um evento desses - tirando a festa de noivado falsa - foi na minha adolescência.

Kate sai do vestiário em um vestido vermelho, de seda. As alças são finas, e seu comprimento é longo como o meu, mas como ela é pequena, o tecido vermelho acaba como uma poça vermelha no chão. Não há fenda na coxa, nem um decote escandaloso na frente, mas logo percebo porquê: as costas são nuas, o tecido bastante cavado.

- É definitivamente maravilhoso - digo.

Kate olha para o próprio corpo e sorri.

- Eu disse. Só vou precisar que ajeitem essa bainha. Ser pequena é uma droga. - Ela suspira e depois olha para mim, para o vestido que estou provando. - Você ficou gostosa nesse vestido. Ok, todas concordamos que esse é o vestido, certo?

Olho para Lorelei, que está sentada em um sofá de frente para nós e espero uma resposta. Ela é a mais cética de nós três, e apesar de eu amar a Kate, Lorelei é ainda mais sincera que ela, e como não somos amigas, amigas - ainda - acredito que ela não terá medo de ser sincera por achar que pode me magoar.

- Um pouco ousado, mas bonito. Combina com seu cabelo.

- Yes! - Kate ergue minha mão e bate na dela. - Nós vamos arrasar nesse baile.

Espero que de um jeito bom.






Estamos escolhendo os saltos quando recebo uma mensagem de Eros. Uma foto, na verdade.

Na imagem, Freya está sorrindo para a câmera, seu rosto um pouco sujo. Está com a roupa do Homem-Aranha que eu a deixei usando quando saí, o cabelo já se desfazendo do rabo de cavalo e eu só posso imaginar que ela estava correndo com os cachorros.

Dou zoom na foto, franzindo as sobrancelhas.


Isso é terra no rosto dela?, digito para Eros.


Depois que mando a mensagem é que noto que ela está do lado de fora.

Sim, é a extremamente curta mensagem de Eros.

?????


Quando ele responde, Kate e eu já escolhemos nossos saltos. Eu insisti que não precisava porque eu já tenho alguns, e um deles deve combinar com o vestido, mas Kate não me deu ouvidos, então acabei escolhendo um da mesma cor do salto. Kate escolheu um vermelho com a sola preta. A deixou apenas um pouco mais alta e ela ameaçou me bater com o salto quando eu fiz uma piada sobre isso. Até mesmo Lorelei riu.

A resposta de Eros é novamente uma foto, mas dessa vez não é apenas Freya que aparece nela. Na selfie, Eros está franzindo as sobrancelhas para a tela, usando um boné ao contrário. Atrás dele, Freya sorri enquanto segura uma corda nas mãos.


Você não matou alguém e está fazendo minha filha te ajudar a esconder o corpo, né?, mando para ele.


- Meu Deus, nunca achei que fosse ver o Eros de boné - Lorelei diz atrás de mim, me assustando um pouco. Ela está espiando por cima do meu ombro.

Eu quase digo "pois é", porque eu também nunca tinha visto. Me surpreende que ele saiba como uma câmera funciona também. Isso me faz questionar se ele tira fotos de si mesmo. De repente, me vejo muito curiosa para saber o que tem na galeria de Eros.

Balanço a cabeça. Como eu vim parar nesses pensamentos mesmo?

Felizmente, outra mensagem de Eros chega, afastando esses pensamentos. Agradeço também por não ser uma foto dessa vez.


Talvez

Reviro os olhos.

Quantas respostas monossilábicas você ainda tem?

Várias, é a sua resposta.


Idiota, mando de volta.


Guardo meu celular quando fica claro que ele não vai responder mais nada.

Depois que terminamos de escolher os sapatos, Kate nos leva para fazer unhas e cabelo. Estamos tendo um "dia das meninas" de verdade. Eu não tive muito desses na minha vida, mas estou me divertindo com Kate e Lorelei. Acho que Kate consegue divertir qualquer um, até mesmo Lorelei, que não parece mais mal humorada.

- Como você e o Anthony estão? - e claro, eu acabo com esse bom humor ao abrir minha boca.

Lorelei suspira e dá de ombros.

- Eu disse a você: eu sou profissional. Anthony ou segue isso, ou nosso trabalho ficaria muito difícil. Então temos sido os dois profissionais.

- Isso é bom, né? Tipo, ele não está mais correndo atrás de você. Era isso que você queria, certo? - pergunto porque apesar das suas palavras, ela não parece realmente contente com isso.

- Sim. - Ela não diz mais nada.

Não toco mais no assunto. Além de não ser da minha conta, não quero estragar a tarde deixando-a irritada.

💎

Nós fizemos unha e cabelo - Lorelei não precisou fazer o último - e aproveitamos para colocar as fofocas da empresa em dia. Kate é muito bem informada sobre tudo o que acontece lá e nos atualizou sobre as últimas. Não imaginei que eu fosse me divertir tanto assim hoje, mas confesso que foi muito divertido sair com as meninas.

Eu até deixei Kate me convencer a cortar o cabelo. Ok, isso foi um pouco dramático porque só foram as pontas, quase não dá para notar a diferença, mas gostei mesmo assim.

Quando saímos do salão de beleza com o cabelo e unhas feitas, e sacolas de compras nas mãos, sinto que estou em algum filme, numa cena de empoderamento feminino.

- Eu vou pegar um Uber separado, então vocês podem ir juntas - sugiro para as duas. Não sei onde Lorelei mora, mas qualquer caminho seria contrário ao meu porque Eros mora nos arredores da cidade.

Kate começa a falar algo, mas é interrompida por outra voz.

- Genevieve?

Viro-me ao ouvir a voz de Bruno e dou de cara com ele.

Não nos vimos ou nos falamos desde aquele dia que eu saí como uma fugitiva da sua casa após beijá-lo. Depois daquela matéria e a foto vazada, eu deveria falar com ele, responder suas mensagens, mas com o aniversário de Freya e toda essa confusão com Eros, não tive tempo para isso.

- Ei. - Forço um sorriso. Ele está bonito como sempre, usando terno, além de óculos escuros.

- Você parece bem. Achei que havia acontecido alguma coisa, já que não tem respondido às minhas mensagens.

Sinto minhas bochechas ficarem quentes, mas ignoro a vergonha e o constrangimento, principalmente porque minhas amigas estão a um passo atrás de mim e nem mesmo estão fingindo que não estão prestando atenção.

Talvez esse encontro com Bruno não tenha sido por acaso. Eu estava adiando tanta essa conversa, mas como diz o ditado "se Maomé não vai até a montanha..."

Viro-me para Lorelei e Kate.

- Podem ir. Eu vou embora assim que terminar aqui.

Ambas olham para Bruno novamente, mas é Kate quem pergunta:

- Tem certeza? Podemos esperar.

- Não precisa. Falo com vocês depois. - Sorrio para elas e volto-me para Bruno. - Aceita um café?




💎

Ooooooi. Demorou mais saiu! Eu ia postar antes, mas como eu disse, tenho estado muito cansada assistindo todos os jogos da copa e afins.

O que acharam desse capítulo?

Pensaram que foi o Tobias que pegou a Freya, né?🤭

Ah, essa história de se esconder no shopping na vdd aconteceu comigo skskdkksksks minha mãe quase chama a polícia. Aiai, bons tempos.

Enfim, os próximos capítulos prometem muuuuuuito.

Obrigada por lerem! Vcs moram no meu coração ♥️

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2bjs, môres♥

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