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Capítulo 02: É um prazer te conhecer

Lá estava eu novamente esta noite
Forçando a risada, fingindo sorrisos
Mesmo velho, cansado, solitário lugar

Paredes de insinceridade
Olhares perdidos e vagos
Sumiram quando vi o seu rosto

Tudo que posso dizer é que foi
Encantador te conhecer

Enchanted - Taylor Swift

— Os pais dela vão matá-la! O meu pai vai matá-la! — digo para Alyssa, praticamente entrando em desespero.

O Evento Beneficente desse ano organizado pela minha família se transformou em um verdadeiro caos.

Todos os convidados estão nitidamente confusos e assustados com o que acabou de acontecer. Eles andam de um lado para outro, apressados e afoitos. Isso sem contar a multidão que se formou ao redor do local onde o acidente ocorreu.

A música alta e as luzes coloridas ainda permanecem no ambiente. Acho que ninguém está se importando muito com esses detalhes no momento, afinal temos problemas mais graves para serem resolvidos por aqui.

— E com razão, não é, Blair? — minha amiga pergunta de forma retórica — Evangeline não deveria ter feito uma coisa dessa.

Solto um suspiro, sabendo que é verdade. Mas, ainda assim eu não queria que a garota levasse uma tremenda bronca da nossa família.

— Sei que você está certa, mas a Eva é uma criança e provavelmente queria apenas chamar a atenção dos pais. —respondo, tentando justificar.

Alyssa balança a cabeça.

— Você está com pena e se colocando no lugar da sua prima, entendo isso. Eu estaria fazendo o mesmo se o meu irmão tivesse aprontado algo — diz, compreendendo o meu ponto de vista, afinal como ela mesma disse, também convive com um adolescente — Mas, acontece que ela já é crescida o suficiente para saber que não deve atrapalhar eventos importantes dessa maneira.

Fecho os olhos por um breve momento. Por que ela sempre tem que ter razão?

Evangeline Coleman realmente se meteu em uma encrenca tremenda, talvez até maior do que deve ter pensado a princípio. Ela provavelmente fez mais do que transformar a festa em uma verdadeira casa noturna, afinal o microfone que o meu pai usava não iria falhar por um mero acaso justamente segundos antes daquele caos começar.

E, muito provavelmente ela também está envolvida no atraso dele.

— Só espero que o meu pai não fique muito irritado com tudo isso. — digo.

Escuto-a dar uma risada baixa.

— Acha mesmo que Ethan não vai ficar irritado? Eu aposto que ele nesse exato momento já está soltando fumaça pelos ouvidos, assim como os personagens dos desenhos animados, Blair. — Aly brinca, conseguindo arrancar uma risada baixa de mim.

Mas quando nós enfim nos aproximamos da aglomeração de pessoas, qualquer resquício de diversão que havia sentido desapareceu em um piscar de olhos quando notei a gravidade da situação.

A bandeja de metal que o garçom segurava se encontra caída no chão, assim como os cacos de vidro, que são a única coisa que restaram das taças. As bebidas sujam o piso branco que antes estava brilhando e impecável, assim como há algumas manchas de sangue o manchando.

Começo a sentir o meu corpo tremer quando levanto um pouco o olhar e vejo Evangeline com uma expressão chorosa no rosto, como se estivesse sentindo dor. E eu realmente acho que ela está, porque logo em seguida noto algumas manchas vermelhas em sua calça jeans clara, descobrindo que o sangue que vejo vem dela.

Corine está abaixada ao lado da filha, acariciando os compridos fios castanhos completamente bagunçados do rosto da menina com uma mão e enxugando as lágrimas do seu rosto com a outra. Percebo que ela tenta distrai-la enquanto o meu tio tenta examinar com os olhos como estão os ferimentos dela.

Quando Nicholas levanta a barra da calça da garota, ela solta um gemido baixo e encolhe as pernas, como se isso ajudasse a aliviar a dor que sente.

— Eu vou levá-la ao hospital — ele avisa, com um tom afoito e preocupado na voz — É bem provável que haja algum pedaço dos vidros que a machucaram dentro de sua pele. Acho que vai precisar levar alguns pontos.

Ao ouvir o pai comunicar o que fará e o que talvez acontecerá com ela, Evangeline imediatamente nega com a cabeça.

— Eu não quero ir! Não gosto de hospitais e nem quero ser costurada por nenhum médico, pai. — ela protesta, parecendo ficar nervosa ao escutar essa possibilidade.

Peço licença a algumas das pessoas que estão em minha frente e ando até onde eles estão. Em seguida seguro uma parte do meu vestido e me agacho no chão, segurando as mãos da minha prima.

— Meu amor, agora não é uma questão de querer ou gostar. Você precisa ir, caso contrário os seus machucados não irão cicatrizar. — falo suavemente, tentando tranquilizá-la.

Ela não pode continuar aqui largada no chão e sem cuidar dos ferimentos. Imagino que é assustador para alguém, principalmente para uma criança escutar que precisará passar por um procedimento que pode ser um pouco dolorido, mas será para o bem dela.

Eva levanta o olhar para me olhar e o meu peito se aperta ao ver os seus olhinhos verdes avermelhados e levemente inchados. Meu coração dói ao vê-la dessa maneira e mesmo que eu saiba que ela está assim porque aprontou, não consigo culpá-la ou ficar irritada.

Essa garotinha é muito importante pra mim. Ela e o filho caçula dos meus tios, Daniel são como os irmãos mais novos que eu nunca tive.

— Eu já disse que não quero ir, Blair! — diz novamente, soando firme com as palavras, mesmo com a voz um pouco embargada pelo choro — Hospitais são ruins, sei disso. As pessoas morrem lá dentro.

Fico um pouco surpresa com o que ela diz, mas logo trato de negar a sua resposta.

— A maioria das pessoas saem curadas de lá, querida. Os médicos vão cuidar de você, vai ficar tudo bem. Logo você estará pronta para outras aventuras. — tento convencê-la.

Ela passa as costas de uma das mãos no rosto, enxugando algumas lágrimas que escorrem por suas bochechas.

— Vocês disseram o mesmo para mim sobre a tia Alexia, mas quando ela ficou internada em um hospital acabou saindo morta de lá. — rebate.

Por alguns segundos, fico imóvel. Meus lábios se abrem e tento falar algo, mas nem uma única palavra sai. Não consigo negar, porque infelizmente Evangeline está certa quanto a isso. Todos garantiam que a minha mãe ficaria bem e que sairia curada após passar meses em um hospital. Meu pai era quem mais afirmava isso para mim, mas no final ela se foi.

Isso ainda dói. Não é nada fácil aceitar a perda de uma das pessoas que você mais amava no mundo todo.

— Mas o seu caso é diferente, meu amor. Você não está doente, apenas se feriu um pouquinho. Não precisa ter medo. — ouço a voz doce e gentil como de costume da minha avó falar de repente.

Acho que ela também estava ao nosso redor, mas eu estava tão preocupada com a minha prima que não a notei aqui.

— A senhora tem certeza disso, vovó? — Eva indaga.

— Mas é claro que tenho! — garante à neta — Não precisa se preocupar, porque eu aposto que você mal sentirá dor depois de cuidar dos machucados. E além do mais, eu prometo que farei um chocolate quente para que possa sarar bem mais rápido.

Sinto vontade de sorrir quando vejo um pequeno sinal de animação vindo da minha prima.

— Vai ter canela, não é?

— Óbvio! Não poderia faltar. — dona Eleonor pisca um dos olhos para a garota.

A minha avó é mesmo incrível. Ela conseguiu distraí-la tão bem que Evangeline nem mesmo protestou de dor novamente.

— Tudo bem, mas agora vamos, filha. O quanto antes chegarmos ao hospital, mais rápido você sairá de lá para tomar chocolate quente com a vovó. — Nicholas diz e vejo a garota assentir.

Em seguida, meu tio passa os braços pelas pernas dela, levantando-a em seu colo e começa a andar, sendo seguido pela esposa em direção a porta que leva até a saída do salão de festas - onde anteriormente um garçom entrou de repente e acabou trombando com a garota.

Eu estive tão focada no estado que Eva se encontrava que nem ao menos reparei no que aconteceu com o rapaz que também havia caído no momento do acidente.

Levanto-me depressa do chão e passo as mãos pelo meu vestido preto, olhando ao redor, procurando pelo homem. Não demoro ao avistá-lo um pouco distante de onde estou. Ele está agachado e recolhendo toda a bagunça, incluindo os pedaços de taças quebradas.

A primeira coisa que me vem em mente é por que ninguém ainda foi até lá para ajudá-lo. Não pensam que ele também pode ter se machucado? Isso se não já se cortou ao encostar nos cacos de vidro com as próprias mãos e sem nenhum material para protegê-lo.

Decido passar os olhos rapidamente por todo o espaço e só então vejo o motivo de nenhum dos convidados ter se dignado a dedicar pelo menos cinco minutos do seu tempo para ajudar o o próximo. Eles estavam ocupados demais pensando em si mesmos, nas suas empresas, nos contratos milionários e em como uma das adolescentes mais ricas da Califórnia estava. Até parece que iriam sujar as roupas caras ao se ajoelharem para recolher uma bagunça que não foi causada por eles.

Acho que não fariam isso nem se o acidente tivesse sido causado por algum deles.

Reviro os olhos automaticamente enquanto caminho a passos apressados e decididos até o garçom, disposta a ajudá-lo, ao mesmo tempo em que penso em que tipo de sociedade vivo, onde o dinheiro e poder sempre estão em primeiro lugar para as pessoas.

— Aonde você vai, Blair? — Alyssa pergunta, vindo atrás de mim.

Viro o pescoço para encará-la, parando rapidamente de andar.

— Vou ajudar aquele homem com a bagunça que a Evangeline causou — falo, como se fosse óbvio — Ele não teve culpa do que aconteceu, então, não é justo que faça todo o trabalho sozinho.

Ela não parece pensar duas vezes antes de assentir. Minha amiga geralmente costuma concordar com as minhas ideias e não seria diferente dessa vez.

— Precisa de ajuda? — indaga, já começando a prender os longos cabelos cacheados em um coque alto e bagunçado em cima da sua cabeça.

Eu admiro demais a forma como ela sempre parece estar pronta e disposta para me ajudar em qualquer coisa.

— Acho que vamos precisar de uma vassoura, pá, rodo e também de um pano de chão — disparo as instruções — Não vi ninguém trazendo nenhum desses materiais para cá.

Alyssa endireita a postura e faz um sinal de continência.

— Pode deixar, chefinha! — finge seriedade e se vira de costas para mim, seguindo apressada em direção a porta do salão de festas, indo em busca do que eu pedi.

Não demoro a continuar o meu caminho, praticamente dando uma pequena corrida apressada até o local do acidente, por pouco não esbarrando em algumas pessoas que passam por perto de mim.

Seguro uma parte do meu vestido e me agacho no chão, não demorando a ajudar o garçom.

O homem logo nota que há alguém ao lado dele e vira a cabeça em minha direção. Acho que inconscientemente acabei abrindo um pouco a boca de surpresa ao encará-lo e observar os traços do seu rosto, talvez bem mais do que seria apropriado, mas não pude evitar. Ele é jovem, bastante até. Provavelmente também não é muito mais velho do que eu.

Sua pele — pelo menos o que posso ver a partir do seu rosto, já que o seu corpo está praticamente todo coberto por suas vestimentas que se resumem a uma calça e camisa social, formando o uniforme de garçom — é branca, porém dá para perceber que é um tanto bronzeada, como se ficasse exposto ao sol com certa uma frequência. O que não é incomum, levando em consideração que vivemos em um estado repleto de praias.

O tom dos fios de seu cabelo é castanho escuro, assim como os seus olhos e ele tem umas bochechas um tanto avermelhadas, o que o deixa com uma expressão suave e meiga no rosto.

E dessa vez, são os seus lábios que se abrem, mostrando o quão surpreso e confuso ele está ao me ver aqui. Acho que não é todo dia que alguém — principalmente uma das pessoas da família responsável pelo evento que foi contratado para trabalhar — se disponibiliza para ajudá-lo.

— Senhora, o que está fazendo? — pergunta quando eu começo a juntar os cacos de vidro com as minhas próprias mãos — Não precisa fazer isso, é o meu trabalho. Você pode acabar se cortando.

É impossível não notar como a sua voz soa. Apesar de calma, é firme e grave ao mesmo tempo.

Eu realmente tenho que parar com essa mania de reparar demais nos homens que acho serem bonitos logo de cara. Principalmente em um momento como esse, quando deveria apenas ajudar o rapaz que acabou sendo envolvido na confusão causada por Evangeline.

Me obrigo a esquecer temporariamente a sua notável beleza e trato de respondê-lo.

— Não, esse não é o seu trabalho. Tenho certeza que você foi contratado para servir os convidados e não para limpar a bagunça causada por uma adolescente — falo — Eu não irei me machucar, fique tranquilo. E pode me chamar pelo meu nome mesmo, não sou senhora.

Apesar de está acostumada com todas as pessoas que não são da minha família me tratando de maneira formal, ainda prefiro que me chamem pelo meu primeiro nome.

O rapaz que ainda não faço ideia de como se chama franze as sobrancelhas escuras, parecendo um pouco desconfiado e confuso com o que falei. Mas eu não falei nenhum absurdo, não é?

— Tem certeza disso? — indaga, ainda não acreditando na minha oferta — Eu realmente posso limpar tudo por aqui sozinho, não precisa ajudar um funcionário. As pessoas vão comentar depois.

Dou de ombros, indiferente.

— Não me importo com o que elas pensam ou dizem — digo, sendo sincera — E além do mais, você não precisa dar conta de algo que nem é sua obrigação sozinho.

Ele passa rapidamente os olhos pelo salão, ainda considerando a minha oferta. Mas em seguida vejo-o soltar um suspiro e voltar a me encarar novamente.

— Se a Senhorita insiste tanto...

— O que eu disse antes? — me manifesto — Não ligo para essas formalidades.

Ele deixa escapar uma risadinha, o que evidencia duas covinhas em suas bochechas rosadas. Acabo achando fofo.

— Desculpa, é que ainda estou tentando me habituar ao fato de um dos convidados de uma grande festa está falando comigo como se fossemos iguais — fala, o que me faz ter vontade de interrompê-lo e dizer que não teria motivos para eu tratá-lo de forma diferente. Mas, só depois que enfim me dou conta de outra coisa — E bom, eu não sei o seu nome...

Então era isso? O pobre rapaz estava com uma expressão confusa no rosto porque não sabia o meu nome.

Mas também, né? Eu nem ao menos me apresentei. Acho que estou tão acostumada a ser reconhecida pelas pessoas da alta sociedade que pensei que todos fariam o mesmo. Acontece que ninguém tem a obrigação de saber que carrego o sobrenome de uma das famílias mais influentes da Califórnia.

Talvez ele nem seja de São Francisco, afinal.

— Sou eu quem devo pedir desculpas por não ter me apresentado, mas deixe-me corrigir esse erro. Prazer, o meu nome é... — começo a falar, mas não consigo concluir a frase porque logo sou interrompida por uma voz firme e grave.

Mas diferente da voz do cara em minha frente, essa não era nem um pouco tranquila. E para a minha má sorte, era familiar. Até demais.

— Blair? O que você está fazendo aí? — ouço Ethan Coleman atrás de mim questionar.

Involuntariamente fecho os meus olhos e faço uma careta. Estava demorando para ele aparecer.

— Agora você sabe o meu nome. — digo baixinho para o rapaz em minha frente, forçando um sorriso numa tentativa de melhorar a situação.

O que não parece surtir muito efeito, mas pelo menos o garoto devolveu o sorriso, mesmo que seus olhos demonstrem um pouco de apreensão. O que não é para menos, afinal o meu pai não é uma das pessoas mais compreensivas e generosas que conheço. Ao menos, não mais.

— É um belo nome. — o rapaz elogia.

O sorriso de lado continua em meus lábios, mas dessa vez um pouco mais tímido.

— Ainda estou esperando a sua resposta, Blair. — ouço Ethan dizer, desmanchando o meu sorriso em um piscar de olhos.

Devagar, levanto-me e tomo cuidado para não pisar nos cacos de vidros que consegui juntar no chão. Em seguida me viro para o homem, ainda exibindo um sorriso forçado nos lábios, tentando fazer com que ele abrisse um sorriso também, assim como acontecia na minha infância sempre eu fazia algo que o desapontava. Só que eu não era mais uma criança.

E ele também não era mais o mesmo homem.

O seu porte físico nunca me intimidou quando eu era pequena, porque meu pai jamais usou disso para tentar me amedrontar, pelo contrário. Ele usava o seu um metro e noventa de altura para suspender o meu corpo e me jogar para cima, o que deixava a minha mãe doida, a propósito. Mas sei que ela se divertia ao nos observar brincando.

Céus, eu sinto falta dela. Em alguns momentos, a dor é tanta que chega até a doer. Sinto saudades do seu carinho, do seu jeitinho meigo, do seu sorriso... Alexia era simplesmente incrível. Não apenas como mãe e esposa, mas também como pessoa. Ela era tão gentil com todos ao seu redor, até mesmo com aqueles que não a mereciam.

Minha mãe se afastou da sua família porque eles não aceitaram sua gravidez. Os meus avós maternos a achavam bastante jovem — mesmo que já não fosse mais menor de idade na época — para ter um filho e construir uma vida com um cara que conhecia há poucos meses. Eles queriam que ela continuasse a faculdade de medicina e que se formasse na área sem nenhum tipo de empecilho.

Eu era um empecilho para que a tradicional e renomada família Summers continuasse com sua boa reputação em toda Los Angeles. E o bebê de uma garota que havia acabado de completar dezoito anos que não era casada estragava todos os planos deles para a carreira dela.

E como se recusou a me entregar para a adoção logo após o meu nascimento, Alexia foi embora da sua cidade natal com Ethan — que estudava na mesma universidade com ela, já que ele havia se mudado para lá depois de concluir o ensino médio — e começaram a ter uma vida juntos.

Já os meus avós paternos sempre apoiaram o relacionamento dos dois e deram todo o apoio possível até que eu nascesse. Quando completei o meu primeiro ano, minha mãe voltou a estudar e dessa vez, conseguiu se formar em artes, a profissão que tanto sonhava.

Esse também foi um dos motivos que a fizeram me incentivar a lutar pelos meus sonhos. É uma pena que tenha morrido antes mesmo que eu entrasse na faculdade. Só queria que minha mãe estivesse aqui para ver a minha formatura no curso que sempre desejei. Acho que ela ficaria orgulhosa de mim.

— Oi, pai. — tento ser simpática, porém Ethan continua com o seu típico semblante fechado, principalmente por eu ter demorado para respondê-lo.

— Não tente desviar o assunto, sabe que não funciona comigo — diz, bem sério — Por que estava limpando o chão com um garçom? Você deveria estar lá na frente, falando com os nossos convidados e não fazendo isso.

Solto um suspiro. Acho que a noite será ainda mais longa do que pensei.

— O senhor sabe que não gosto de fazer discursos — lembro-o, baixo — E eu estou ajudando o rapaz a limpar a bagunça. Ele não teve culpa por nada disso.

— Não, não teve — admite e quase comemoro internamente, acreditando que, ao menos uma vez ele me entendia — A sua querida prima que foi a responsável por causar todo esse caos no evento que passei meses organizando. Nicholas e Corine deveriam mandá-la para um colégio interno, Evangeline já está crescida o suficiente para isso. Se eles tivessem me escutado, não teríamos passado por esse constrangimento.

Arregalo os olhos, completamente chocada com a sua forma de falar. Ele não pode está falando sério.

— Você quer que os meus tios a enviem para um colégio interno?! Pai, a Eva está entrando na adolescência. É completamente normal que ela apronte algo de vez em quando. — tento argumentar.

Ele me lança um olhar contrariado.

De vez em quando? — indaga de maneira retórica — Aquela garota tem praticamente uma advertência por semana, Blair. Não é novidade para nós que ela está querendo chamar a atenção, mas dessa vez passou de todo os limites. Amanhã o nome da nossa família estará estampado em todos os jornais, mas não de um jeito bom. Irão dizer que não sabemos dar regras para uma criança.

Reviro os olhos.

— Não exagera, pai! O que as pessoas comentarão não é importante e muito menos a verdade dos fatos.

— Você sabe muito bem que isso importa para nós — responde — E além do mais, não é uma mentira. Eu, seus tios e a sua avó sempre deixamos que aquela menina fizesse o que quisesse, mas isso precisa mudar.

Cruzo os braços em frente ao meu corpo.

— Os pais dela não irão mandar a filha para longe, não importa o que você queira ou o que a sociedade diga. — falo.

Enviar Evangeline para um colégio interno não resolverá os problemas causados por ela, pelo contrário. Isso apenas a deixaria brava e chateada, o que poderia piorar o seu comportamento.

— Então eles terão que dar um jeito de impor limites na filha, porque eu não irei tolerar que ela troque as pilhas novas do meu microfone por outras já gastas e muito menos que transforme os nossos eventos anuais em uma casa noturna. — afirma.

Desvio os olhos do meu pai para ver no que o salão de festas se transformou. Tudo ainda continua em uma completa desordem. A maioria dos convidados já deixou ou já está saindo do local, afinal, não há mais o menor clima para continuarmos todos aqui. Ainda mais quando metade da minha família está a caminho do hospital com uma adolescente ferida.

Sem contar que o anfitrião da festa está com os nervos a flor da pele.

O barulho de saltos batucando no chão me faz virar a cabeça um pouco para o lado e noto que Alyssa finalmente retornou. E vejo que ela trouxe o que eu pedi.

— Aqui estão os materiais de limpeza que você me pediu, Blair — diz , com a voz um pouco ofegante devido a pequena corrida que fez até mim — Desculpa ter demorado, mas é que havia tantas pessoas pelo caminho que foi impossível desviar de todas sem ao menos cumprimentá-las com um aperto de mão e um aceno de cabeça.

Faço um gesto displicente com a mão e aproveito para pegar a vassoura e a pá que ela segura, deixando-a apenas com o rodo e o pano de chão.

— Obrigada por ter feito esse favor para mim — agradeço, esboçando um pequeno sorriso — Estou lhe devendo uma agora.

— Desde que você me conte o que anda escondendo, eu estarei satisfeita. — sugere, dando uma piscadinha.

Reviro os olhos, ignorando-a, preferindo deixar para respondê-la depois. Eu realmente tenho uma novidade para compartilhar com ela, mas não posso fazer isso com o meu pai e um homem desconhecido ao nosso redor.

E falando nesse segundo, assim que viro o corpo para trás, percebo que o garçom que estava agachado ao meu lado no chão já se levantou e permanece atrás de mim, se mantendo em silêncio e nos observando, como se estivesse esperando por uma ordem. E, inevitavelmente acabo reparando ainda mais nele — no seu corpo, para ser mais específica.

Ele não chega a ser tão alto quanto o meu pai, mas aparentemente passa de um metro e oitenta. Em seguida desço o olhar rapidamente, observando os braços fortes e os músculos esculpidos e visíveis que estão aparentes por baixo da camisa social branca que veste. Talvez ele tenha o costume de fazer algum tipo de exercício físico.

Desvio o olhar o mais rápido que posso, sentindo as minhas bochechas esquentarem quando os olhos do rapaz encontraram os meus e que ele obviamente percebeu que eu observei o seu corpo — mesmo que eu não consiga ver muito dele — sem tanta discrição.

Tenha foco, Blair Summers! Repreendo a mim mesma. Nada de ficar encantada com alguém que acabou de conhecer. Tudo bem que ele é bonito, mas não preciso encará-lo como se nunca tivesse observado um homem antes.

Por isso trato de afastar esses pensamentos e estendo a pá em sua direção e ele a pega, sem hesitar.

— Eu começarei a varrer e você me ajuda, está bem? — pergunto, já retomando ao nosso trabalho.

Ele balança a cabeça em negativa, o que me faz franzir as sobrancelhas e abrir a boca para contrariá-lo, mas o rapaz que ainda nem sei o nome se adianta em se explicar.

— Não acredito que vai mesmo fazer isso, senhorita... Blair. — fala o meu nome após eu arquear uma sobrancelha, indicando mais uma vez que ele poderia me tratar pelo meu nome.

Estalo a língua.

— Já falei que ire lhe ajudar, que parar de ser teimoso? Não vou sair daqui até que tenhamos terminado todo o serviço. — retruco, não deixando espaço para que ele me contrarie novamente sobre esse assunto.

E parece que funcionou, porque em seguida, vejo os seus ombros murcharem e um longo suspiro sair da sua boca. Sorrio, sentindo-me vitoriosa ao saber que venci essa pequena batalha.

— Você é bem insistente, não é? — ele diz, soltando uma risadinha e começa arregaçar um pouco as mangas de sua camisa social, já se preparando para voltarmos ao trabalho.

— Com certeza eu sou. — respondo.

Antes que eu possa começar a fazer minha parte, sinto a mão forte do meu pai em um dos meus ombros e viro-me para ele, encontrando-o com uma expressão carrancuda no rosto coberto por uma barba bem feita.

— Quando você acabar com isso, vá diretamente para casa. Não pense que nós não teremos uma conversa séria. — lembra-me.

Controlo-me para não protestar a sua ordem, não adiantaria de nada mesmo. Por isso apenas me limito a concordar com um único aceno de cabeça.

Enquanto acompanho-o se dirigir até os convidados restantes, provavelmente dispensando-os com os olhos, começo a criar diversos cenários onde Ethan Coleman e eu discutimos seriamente. Sei que ele só não começou a brigar comigo aqui mesmo porque não queria que todos descobrissem que estamos longe de ser a família perfeita que acreditam que somos.

Quando volto a encarar o rapaz que está ao meu lado, percebo que ele está me observando com uma expressão culpada no rosto.

— Você está encrencada por minha causa, não é? — pergunta.

Balanço uma mão, fingindo não me importar com isso. Por mais que eu esteja levemente preocupada, essa não é a primeira vez — nem de longe — que meu pai e eu nos desentendemos.

— Eu posso lidar com ele depois, fique tranquilo. — digo.

— Se você diz... Tudo bem, então — diz — E agora? Nós vamos continuar aqui parados ou vamos colocar as mãos na massa?

Acabo rindo levemente da sua brincadeira e estou prestes a concordar com ele quando lembro que esqueci de algo.

— Não antes de me dizer o seu nome — falo — Eu não posso trabalhar com alguém que nem ao menos sei como se chama.

Ele faz uma careta engraçada e bate com a mão vazia na testa, brigando consigo mesmo.

— Como eu sou esquecido! Como pude cometer uma falha dessa? — pergunta para si mesmo — Desculpe-me por isso, realmente não tive a intenção.

Dou de ombros, rindo.

— Acho que acontece.

— Bom, então permita-me que eu me apresente, Blair — começa, estendendo a sua mão direita em minha direção. Acho que ele finalmente não está mais se importando com o fato de eu ser a filha do responsável pelo evento, ainda bem — Eu me chamo Atlas. Atlas Beckham.

Não demoro para também estender a minha, apertando levemente os seus dedos. Ele faz o mesmo comigo, sendo tão delicado e gentil quanto. Acabo esboçando um pequeno sorriso de lado, tentando demonstrar sem dizer nada palavra que também achei o seu nome bonito.

— É um prazer te conhecer, Atlas. — respondo-o.

Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?

Me desculpem por ter demorado tanto para atualizar, mas a minha vida está uma correria e acabei não conseguindo postar antes. Mas dessa vez eu irei tentar publicar com uma certa frequência.

Espero que tenham gostado do segundo capítulo. Depois me contem o que acharam.

Peço para que não se esqueçam de votar e de comentar. Isso ajuda bastante o livro e me motiva a continuar escrevendo.

E aqui eu me despeço de vocês.
Um grande beijo, se cuidem e até a próxima!

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