EMILY

-Pode pegar meu sapato?- pergunto calma.

Não acontece nada, então franzo as sobrancelhas e olho por cima do ombro direito para ver Alex deitado na minha cama e mexendo no celular.

-Alex?- o chamo de novo e ele continua mexendo no celular.- Alex!

-Oi.- ele sorri, ou tenta.

-Com quem você está conversando?- me aproximo.

-Ninguém.- ele guarda o celular.

-Ninguém?- sorrio.- É uma namorada?

-Claro que não.- ele levanta.- O que você quer?

-Os sapatos.- aponto.- Ali no canto.

Ele vai e pega meus sapatos enquanto me sento, agradeço e coloco os saltos que ele acabou de me dar, meus cabelos caem sob os ombros e eu tento tirar eles do rosto.

Ainda não contei para Alex que aceitei morar com Matthew, e acho melhor não contar até agora por causa do exame que vai ser entregue amanhã.

-Se você estiver namorando, tudo bem, sabe?- me levanto.- Somos amigos.

-Eu sei.- ele cruza os braços.- Eu...- ele respira fundo.- Estou saindo com alguém.

-Ah.- sorrio acusatória.- Qual é o nome dela? Eu conheço? É lá da empresa?

-Calma, Emily.- ele ri.- Você conhece, mas não é da empresa.

-Hum.- franzo as sobrancelhas.- Não conheço muitas pessoas fora do emprego...

-Eu estava esperando para que esse teste saísse.- ele explica.- Apesar de tudo, continuaremos nos falando.

-Claro.- me aproximo.- Estou bem feliz por você.

-Então...- ele me observa.- Abraço?

-Abraço.- sorrio assentindo.

O abraço é apertado, parece que eu sou muito pequena em relação a ele, na verdade em quase todos os homens que conheço.

Josh. Matthew. Alex. Charlie.

Falando em Josh...depois de amanhã iria ter o almoço de sábado e eu finalmente iria contar a ele que estava grávida. Agora de quem, eu não sabia até amanhã.

Me afasto de Alex e ouço a porta da frente, Matthew aparece pós treino e parece estar trazendo um café junto com bolinho.

-O que está acontecendo?- ele pergunta curioso.

-Alex está de namorada nova.- vou até a cozinha.

-Olha.- Matthew parece surpreso.- Agora podemos ser amigos.

-Sai pra lá, idiota.- Alex murmura sorrindo.

-Trouxe pra você, gata.- ele me dá o saco do muffim e o café.

-Obrigada...

-É descafeinado.- ele explica e faço careta.- Eu li que...

-Cafeína pode fazer mal para o bebê.- Alex completa.- Li isso também.

-Está vendo?- Matthew sorri.- Cafeína, não.

-Ótimo, café descafeinado é mesmo que bosta.- coloco em cima da bancada e como o muffim.

-Pare de ser tão mal-humorada.- Matthew fala brincalhão.

-Quando sai o teste?- Alex pergunta olhando para o celular.

-O que? Já está querendo a liberdade de não ter filhos?- Matthew levanta as sobrancelhas.

-Eu queria saber a hora.- ele encara Matt.- Tenho uma reunião às uma.

-O laboratório envia às três da manhã.- explico chupando os dedos.- Aparentemente adoram enviar de madrugada.

-Vai avisar quando receber a resposta?- Matt dessa vez me encara.

-Claro.- assinto.- Mas agora, eu preciso trabalhar.

-Você vai sozinha?- Matthew pergunta me vendo pegar as chaves.

-Sim, posso dirigir até agora.- sorrio assim que pego meu casaco.- Tchau, vocês, tranquem minha porta!

Vou até o elevador que já está aqui por causa de Matthew, então entro com calma e aperto o térreo.

Estou mais ansiosa que eles, parece que meu coração vai explodir, vou fazer catorze semanas e saber quem é o pai do meu bebê, tudo isso amanhã.

Meu coração está quase saindo pela boca, mas eu pareço muito bem, deve ser algo bom, mostrar que parece bem quando na verdade está desesperada.

𖣘

MATTHEW

Respiro fundo e sento no banco limpando o rosto, o treino acabou de acabar e estou completamente cansado, mas ao mesmo tempo animado e nervoso.

-E aí, Anderson?- Davis se aproxima.- Drews contou que você vai comprar um apartamento em Fermont.

-Drews está bem boca solta.- falo alto e ele ri do banho.

-E aí, vai nos convidar?- Thompson se aproxima também.- Os apartamentos lá são enormes.

-Talvez eu convide.- tiro minhas roupas.- Se vocês se comportarem.

-Eba!- o pessoal do time vibra e rio.

Mas isso não me faz esquecer a ansiedade, entro para tomar uma ducha e Josh chega ao meu lado com a toalha presa nos quadris.

-O que?- pergunto passando o sabonete.

-Sabe, minha irmã está muito estranha...

-E acha que eu tenho haver com isso?- franzo as sobrancelhas.

Provacelemn tenho, no final vou descobrir se é minha culpa ou de Alex por ela estar assim tão estranha.

-Olha, amanhã vai ter o almoço e eu queria resolver isso entre vocês dois.- ele cruza os braços em cima do peito nu.

-Ah, agora você vai dar uma de guru do amor?- rio achando graça.

-Olha, vocês formavam um casal lindo.- ele explica.- Você precisa....

-Josh.- o encaro.- Sabe o apartamento?- levanto as sobrancelhas e ele assente.- Ela vai morar comigo.

-Ah, é?- ele sorri de orelha a orelha.- Por que você não me contou?

-Olha.- respiro fundo tentando ficar calmo.- Amanhã ela explica.

-Por que?- ele parece preocupado.- O que ela tem pra falar que você sabe e eu não? Vocês vão casar?

-Não.- balanço a cabeça, apesar de achar que deveria depois do resultado.

-Então o que é?- ele parece animado.

-Espere pra amanhã e verá.- sorrio desligando o chuveiro.- Agora larga meu pé, chato.

Josh revira os olhos e pego a toalha, me sexo e vou até meu armário, luto contra querer passar na casa de Emily.

Preciso descansar e estar preparado para saber a resposta amanhã, o aperto no meu peito aumenta ainda mais e não consigo parar de pensar no ultrassom que vi.

Naquele dia que ela me deu o ultrassom....eu sabia que queria fazer isso, mas daria o que ela queria fazer, e agora que ela ia ter o bebê...eu queria ser o pai.

Mesmo que fosse Alex o pai, eu queria participar, mostrar para Emily que eu não ia desistir tão fácil dela, que eu a queria para a vida toda.

𖣘

EMILY

Ouço a notificação do computador e começo a correr, bato minha coxa na ponta da mesa e perco alguns minutos curvada de dor.

-Merda de ponta de mesa.- murmuro indo devagar.

Estou tão ansiosa que até os vômitos da noite pararam por um tempo, mas o enjôo parece até ter ficado mais forte em saber que eu agora já saber quem era o pai.

Engulo em seco tentando esquecer o gosto da bile que sobe na minha garganta, abro o e-mail enquanto sento no banquinho e começo a ler aquelas coisas formais.

Então meus olhos se arregalam e eu fico paralisada...então a única coisa que posso fazer agora e pegar o casaco e as chaves.

De pijama mesmo eu desço as escadas correndo sem esperar o elevador abrir, chego no carro e dirijo feito uma louca, me repreendendo depois por dirigir assim tão ridículo.

Passo pela entrada do prédio e me reconhecem, então aperto o andar várias vezes e meu dedo começa a latejar com a dor.

Então chego no andar e corro até a porta, respiro fundo algumas vezes e aperto a campainha.

Ele deve estar dormindo, mas não me incomodo nem um pouco, essa notícia tem que ser dada na hora que é descoberta, senão não vou aguentar.

A porta abre e o encaro, ficamos algum tempo fazendo isso e seu sorriso sorriso se abre lenta e deliciosamente.

Nada mais importa, tudo que passei antes, nada mais importa, agora é uma fase nova, tenho que deixar tudo para trás e começar algo novo.

-É meu.