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11) calor no inverno

Que capítulo intenso, viu...

Lembrem da tag #PaletasePoesiasTK e espero que os corações de vocês se acalmem lendo ADND depois dessa tarde turbulenta (quem tava no twitter sabe :/)

Boa leitura! 💙

Doce. Com uma tradução literal: docinho. Sweetie. Taehyung não perdeu a chance de deixar seu sotaque mais evidente, falando a palavra devagar, deixando claro cada letra.

Jeongguk pensou em contestar, dizer que não fazia sentido, que estava longe de ser alguém doce para merecer aquele apelido. Mas dizer isso iria contrariar o arrepio que sentiu passar por toda sua coluna ao ouvir ser chamado assim.

Corou, sabia que estava vermelho. A descarga de adrenalina dilatando seus vasos sanguíneos, melhorando o fluxo de sangue e oxigênio deixaram todo seu rosto avermelhado. Não estava constrangido com o apelido, se constrangeu com o que sentiu. Sem dizer nada após, encarando Taehyung, percebeu que aqueles olhos estreitos voltados para si desvendavam todos os seus segredos. Mordeu o lábio por não saber o que responder, desviou seu olhar para os lados, para as mãos de seu professor, para qualquer detalhe que não fosse o rosto dele.

E durante todo o momento, Taehyung não retirou sua mão da face de Jeongguk. Seus dedos permaneciam imóveis tocando a pele macia, oscilava entre o queixo e a bochecha, fazendo um carinho leve, hipnotizado pelas reações que notava em cada expressão que o universitário fazia.

Taehyung se sentiu como um verdadeiro artista naquele momento, pintou um dos mais belos quadros do mundo: Jeongguk rendido pelo seu carinho.

Como sentia em alguns dias, aquele instante congelou para o universitário. Fechou os olhos, preso no toque, preso nas ondas elétricas que não paravam de percorrer por todo o seu corpo, e se aproximou lentamente. Deitou sua cabeça no peito de Taehyung, inalou aquele cheiro, não dando a mínima se o professor já havia notado esse costume seu, tão íntimo.

O silêncio com certeza foi a melhor resposta, não havia outra melhor. Taehyung também manteve seus olhos fechados, não queria ver se outras pessoas ao redor prestavam atenção naquele contato, se estivessem, seria um pecado. Não era para qualquer um ver.

Escutando mais uma vez o aviso de que sua parada se aproximava, Jeongguk voltou para o mundo real, levantando sua cabeça e abrindo os olhos. Em outro sussurro, Taehyung se despediu.

- Até depois, Sweetie.

A verdade é que Jeongguk se sentia dormente demais para ser capaz de falar algo coerente. Se Taehyung não tivesse prestado atenção em cada reação dele, poderia jurar que ele odiou ou se incomodou com o apelido. Porém, aquela dormência tinha outro nome e significado.

Pisar fora do trem permitiu Jeongguk sentir cada coisa com mais racionalidade. Pareciam dois mundos diferentes, estar perto de Taehyung e estar longe. Sendo sincero, Jeongguk não se reconhecia perto dele. Estar perto dele era habitar outro plano, estar preso em ondas infinitas de cheiros e cores que percorriam o seu corpo como vento em formato de abraço. Era estar sensível, à flor da pele. Um nirvana.

A sensação que teve ao deitar a cabeça no peito dele foi algo muito diferente de deitar no ombro. No peito parecia extremamente mais íntimo - só sentiu uma vez em sua vida, e não foi na mesma intensidade, porém era algo muito próximo. O toque em seu rosto pareceu com o mesmo toque no corredor do banheiro, na verdade, cada toque parecia igual àquele e Jeongguk não poderia estar mais certo. Eram iguais. O mesmo toque que mostrava uma vontade de Taehyung de encostar além do rosto, além da pele, além do físico.

A possibilidade rondava sua mente, a conclusão queria ser feita, e Jeongguk se recusava. Mais uma vez iria ignorar, de um jeito ou de outro tudo poderia dar errado, e ele não queria que fosse tão cedo. Fingir não sentir ou mentir para si não eram coisas difíceis, eram coisas necessárias.

Um mecanismo de defesa foi ativado, tentando bloquear aqueles sentimentos ou pelo menos os ignorar. Jeongguk não sabia quanto tempo conseguiria suportar, esconder. Em qualquer momento de fraqueza, poderia explodir. Prometeu a si mesmo se esforçar para não acontecer.

Ainda não sabia como faria para lidar com o oposto vivendo em seu corpo, parte querendo voltar para o trem, parte querendo esquecer o que aconteceu. Gostou tanto do apelido, queria tanto ter dito isso, ter externado seus pensamentos. Taehyung merecia saber. Jeongguk tentaria de tudo, mas nada seria capaz de abafar a voz dele ecoando em seu inconsciente. Sweetie. A voz tão doce quanto o apelido.

Andar era sempre a solução para tudo, assim pensava Jeongguk. O caminho que fazia até a casa de Jihoon era terapêutico, conversava consigo mesmo, debatia com seus próprios pensamentos e ideias. Tomava decisões ou escolhia não as tomar.

Queria parar. Não sabia que tipo de sentimento era aquele, mas não era certo. Decidiu que seria amigo de Taehyung, entretanto, não sentia por ele o mesmo que sentia por Hoseok, Jihoon e Jongho. Não sabia onde errou ou se exagerou em algum ponto específico, queria debater sobre isso com Taehyung. Queria ouvir a opinião dele sobre. Queria saber o que ele sentia também.

Era sempre tão expressivo, mas não tinha o dom de captar as expressões das outras pessoas. Tentou organizar aquela confusão dentro de si e determinou algumas coisas: gostava do olhar de Taehyung preso em suas ações, parecendo interessado em cada ato que Jeongguk realizava. Gostava do tom de voz, do timbre, do sotaque. Gostava das roupas dele. Gostava do abraço e toque. Gostava, principalmente, do cheiro. Desde quando passou a gostar de cada detalhe dele? Jeongguk realmente não sabia. Olhando para trás, o dia em que achava que o odiava aparentava ser algo ilusório, que nunca existiu, nunca foi verdade.

O que deveria fazer? Aproveitar o final de semana para cortar contato e voltar a agir como no começo de tudo? Não queria dar esse passo. Dessa vez, esperaria algum passo de Taehyung, alguma ação, algum sinal. Talvez ele estivesse com o mesmo dilema e Jeongguk nem tinha ciência disso. Talvez não. Havia muitas possibilidades.

Resolveu não ser impulsivo. De algum jeito, olhando para suas atitudes, sentia-se infantil. Definitivamente não queria parecer infantil diante de Taehyung.

Não costumava pensar tanto em uma atitude que tomaria, - ou deixaria de tomar - deveria ser mais um dos efeitos "meio-termo" de seu professor o afetando.

Seul amanheceu com menos nuvens. Depois de tantos dias nublados e chuvosos, os raios solares se faziam presente enchendo a cidade com sua vitamina D, não deixando o frio de lado. Aquele clima provocava uma certa animação, as pessoas saíam mais na rua, se encontravam, faziam passeios, queriam aproveitar. Hoseok era uma dessas pessoas.

- A gente tem que sair. - Hoseok ditou.

- Não tem nenhum lugar legal pra ir, Hobi-hyung. - Jeongguk puxou mais uma carta do baralho, ambos jogavam sentados no chão da sala de Jihoon.

- Jimin sempre arruma um lugar, é só falar com ele. - Puxou uma carta também e sorriu, estava perto de conseguir formar sua sequência de números. - Vocês conversaram, né?

- Pare de ser intrometido.

- Você é meu melhor amigo e ele meu namorado! - Exclamou ofendido. - Tenho que saber das interações de vocês.

- Por que não me disse que ele é demissexual? - Tirou seus olhos das cartas e olhou para o amigo.

- É algo dele... Não me senti no direito de contar. Ele te disse? - Questionou surpreso.

- Ele confia em mim, e eu confio nele.

- Uh... Vou acabar perdendo o posto de melhor amigo. E por que ele te disse isso? - Ficou feliz por saber da aproximação deles.

- Porque eu também sou. - Disse com naturalidade.

- Demissexual? - Questionou sem demonstrar espanto.

- Isso.

- Ah... Isso explica muita coisa. - Abriu a boca e balançou a cabeça em um sinal dizendo "entendi tudo."

- Pensei que ficaria mais surpreso. - Pegou outra carta.

- Fala sério, te conheço desde sempre, como não ia suspeitar? - Sorriu para o amigo.

- Você nunca disse nada... - Abaixou o olhar para as cartas.

- Porque você nunca disse nada. Eu sempre tive que deduzir as coisas sobre você, Guk.

- Ah... Me desculpe por isso. - Tirando outra carta do baralho, finalmente ficando com o mesmo naipe em todas. Mostrou a Hoseok, ganhando um sorriso em resposta.

- Você sempre ganha, não tenho chance. - Juntou as cartas e deitou no chão. - Quero fazer alguma coisa, não gosto de ficar só em casa.

- Ver você falando assim chega é estranho - Sentou no sofá deixando as pernas de Hoseok em cima do seu colo. - Difícil não gostar de algo, parece sempre feliz fazendo qualquer coisa.

- Parecer feliz foi o único jeito de lidar com aquela família, todos são problemáticos. - Revirou os olhos. - Nunca atingi as expectativas deles, tento não me frustrar com isso, mas é um saco.

- Eles também não sabem sobre o Jimin, né?

- Se souberem, o Jihoon vai ter que me aceitar aqui na casa dele também.

- É tão estranho isso - Riu da desgraça de ambos. - Somos basicamente odiados porque escolhemos um curso na faculdade e beijamos homens? Nossa.

- Eu já desisti de entender - Levantou, deitando sua cabeça no colo de Jeongguk. - Jihoon anda bem ocupado, né? E Jongho parece tá se afastando, sei lá.

- Influência da mãe?

- Pode ser, mas acho que aconteceu alguma coisa e ele não quer dizer. - Disse triste.

- Tipo o quê?

- Ele não me responde direito, fica nervoso quando pressiono pra saber se rolou algo, é estranho.

- Hum... - Jeongguk também não fazia ideia do que poderia ser. - Depois tento falar com ele. Por que a gente não fica só aqui hoje?

- Parece que você é o único que não percebe que quanto mais tempo se passa em casa, mais tempo você tem pra ficar deprimido.

- Percebo, por isso quero. - Sorriu amarelo. - Posso te fazer uma pergunta?

- Diga.

- Jimin é melhor amigo do Taehyung, né? - Mexeu em seus dedos, fingindo estar entretido com suas unhas.

- Um dos melhores amigos, já soube que ele é cercado de gente.

- Muita gente?

- Muita gente.

- A cara dele. - Começou a fazer pequenas tranças no cabelo de Hoseok. - Acho que é por isso que tô me sentindo assim.

- Assim como? - Se interessou pelo assunto.

- Errado... Não sei se é a palavra certa, mas é o que vem na mente. Fico achando que eu não deveria ser amigo dele, que ele não me quer por perto porque já tem gente o suficiente, fora a diferença de idade.

- Se ele não te quisesse por perto, ele não se aproximava. - Respondeu o óbvio.

- Eu sei, só... Não sei explicar, é uma sensação estranha.

Hoseok sabia bem que tal sensação estranha era aquela. Pensou que a conversa que teve com seu amigo iria clarear a mente dele, pensou que ele iria se tocar. Notou que a barreira que ele criou foi tão grande, o incapacitando de reconhecer os próprios sentimentos que tinha. Se a conversa não resolveu, teria que tentar outro método.

- Você lembra daquela vez que você se apaixonou?

- O que isso tem a ver com o assunto? - Perguntou confuso.

- Quero saber se lembra como se sentiu.

- Não sei explicar essas coisas, Hobi-hyung, por isso eu pinto.

Respirando fundo, Hoseok entendeu que nem isso ajudaria. Sua ação tinha que ser mais direta, precisava fazer seu amigo entender o que estava acontecendo. Nenhum dos dois eram bobos, Hoseok tinha ciência que Jeongguk já havia percebido, só não queria admitir para si mesmo.

Porém, Hoseok não deixaria isso acontecer.

- Já sei pra onde a gente vai.

Levantou do sofá, pegando seu celular, decidindo ligar para Jimin. Era um sábado à tarde, o momento perfeito para marcar alguma coisa. Não queria que Jeongguk ouvisse, então foi fazer a ligação no banheiro.

- Amor?

- Oi, meu bem. Talvez eu faça um pedido meio inusitado, mas juro que depois explico.

- Isso não é hora pra falar de algum fetiche, Hoseok! Espera a gente se ver à noite, eu faço aquilo lá que você queria-

- Não! Ei!! - Engasgou com a própria saliva. - Não é isso! Acha que consegue chamar Taehyung pra sair ainda hoje?

- Depende... Ele costuma ficar em casa final de semana.

- Então pode ir pra casa dele?

- O que quer aprontar? Tirou nota baixa na matéria dele e quer sabotar alguma coisa na casa?

- Você tá muito engraçadinho hoje! - Disse com a voz irônica. - Quero adiantar uma coisa, acho que tá demorando demais.

- Jeongguk também vai, não é?

- Sim...

- Também quero adiantar isso. - Riu. - Pode deixar, eu falo com ele, sei que não vai recusar, gosta de visitas. Eu passo o endereço depois, tá bom?

- Tá bom. Obrigado, meu bem. - Fez barulho de beijo para Jimin ouvir.

- Mas sobre os fetiches, podemos conversar mesmo-

- Tchau, amor! - Desligou nervoso.

Saiu do banheiro avisando para Jeongguk que combinou o local que iriam. Não avisaria para onde, faria uma surpresa. Sabia que essa visita não resolveria tudo, mas com certeza impulsionaria algo entre eles.

Jeongguk não recebeu aviso prévio sobre o lugar. Tudo que Hoseok lhe disse foi que teria que chegar mais tarde, com Jimin, pois precisavam resolver algo antes.

Com o endereço no celular, seguiu seu caminho, sem saber o destino final. Era longe de sua casa, precisou pegar o trem. Não reconhecia nenhuma rua, se sentia um pouco perdido. Conferiu mais uma vez o endereço, perguntou para algumas pessoas que passavam pelas calçadas se estava no lugar certo, e respondiam que sim, estava.

Parado em frente ao portão, teve seu primeiro estranhamento. Algo em si dizia que já esteve ali, mas Jeongguk não se recordava bem. Ao tocar o interfone, percebeu outra coisa. Era o bairro seguinte ao seu. O bairro de Taehyung. Só então juntou as peças e condenou sua mente falha, não se lembrava pela dor de cabeça que sentiu no dia, não reparou nem na casa em si, nem em como era por fora.

Enquanto raciocinava essas questões, escutou uma voz vinda do interfone.

- Quem é?

- J-Jeongguk!

O som que escutou em seguida foi de passos se aproximando, e então, alguém abrindo o portão.

- Jeon Jeongguk! - Seokjin o saudou animado. - Seja bem-vindo novamente!

Não dava para dar meia volta e ir embora dentro daquela situação, então se curvou para Seokjin, o cumprimentando de volta.

- É um prazer revê-lo, Seokjin-hyung! - Ainda curvado, corou ao usar aquele tratamento, eles ainda não eram íntimos.

- Que fofo! - Gargalhou. - Não precisa ser tão formal comigo, garanto que sou bem mais legal que o Tae. - Abriu espaço para Jeongguk passar. - Como você está? Taehyung não entra muito em detalhes.

- Tô bem... Não costumo fazer aquelas coisas, foi só um dia ruim. - Não tinha intimidade com Seokjin, mas sua personalidade e diálogo eram tão leves, - assim como Jimin - que automaticamente se sentiu mais à vontade em conversar com ele.

Ambos entraram, e Jeongguk com certeza não se recordava que a casa era tão grande.

- Fiquei assustado quando soube, acordei e vi o Tae no sofá, estranhei logo, ele detesta dormir ali. Ele me explicou bem rápido e caiu no sono de novo.

- Eu não lembro de quase nada, mas sei que foi uma madrugada difícil pra ele...

- O importante é que você está bem! Fico feliz que tenha vindo nos visitar, você ficou tão aterrorizado aquele dia que pensei que nunca mais o veria.

- Me desculpe - Riu sem graça. - Eu sou meio... Estranho.

- Você é uma graça. - Sorriu, deixando seus olhos fechados. - Taehyung! - Gritou. - Ele nunca atende o portão, e nem vem logo ver as visitas, é um folgado!

- Você é mais velho, não é, Hyung? - Se sentiu na liberdade de conversar aquele assunto.

- Tenho 32, dois anos só de diferença pra aquele americano metido.

- Oh - Riu. - Você não é estadunidense também?

- Não, somos de mães diferentes. Parece que nosso pai gosta de ficar migrando entre países e engravidando mulheres. - Ironizou. - Ah, ele resolveu aparecer.

Taehyung surgiu saindo de um corredor, escorando-se na parede. Apareceu bem antes de ser chamado, mas escutou os dois conversando e não quis atrapalhar.

- Está falando mal de mim, Jin? - Perguntou com seu costumeiro sorriso ladino. - Olá, Jeongguk.

- Olá... - Sorriu automaticamente.

- Claro que estava, é meu passatempo favorito. - Debochou. - Jeongguk, sinto muito em dizer, mas você terá que ficar sozinho com ele aqui, preciso sair. Eu sei que você aguenta esse chato! - Pôs suas duas mãos nos ombros do universitário, o encorajando.

- Ah... - Desviou o olhar rapidamente para Taehyung, ficando um pouco nervoso. - Vai pra onde, Hyung?

- Trabalhar - Sentou no sofá amarrando seus sapatos. - Preciso cuidar dos meus bichinhos. - Na mesma hora que ele falou, um pequeno felino apareceu na sala. A cerâmica branca, ele com pelagem branca, Jeongguk quase não notava. Seokjin o pegou no colo e o apresentou.

- Oi, Jeongguk! Sou o Ninho! - Deixou a voz mais fina e ergueu uma pata do gato para fingir um aceno.

- Que fofo! - Jeongguk soltou espontaneamente alisando a cabeça do felino. - Mas por que Ninho?

- Sempre o achamos de Pequenininho, sem conseguir definir um nome. - Taehyung explicou, se aproximando. - Então, para todos os efeitos, ele é o Ninho.

- Ele é lindo! - Continuou alisando, admirando os pelos brancos e os olhos azuis que o gato tinha. - Então você é veterinário, Hyung?

- Isso mesmo. - Pôs o gato no chão. - Agora tenho que ir para o plantão, até depois!

Seokjin saiu tão rápido que Jeongguk não conseguiu se despedir direito.

- Como não vi o gatinho aquele dia? - Decidiu perguntar para quebrar o silêncio.

- Eu creio que você não notou muitas coisas. Mas, pelo que lembro, Ninho estava dormindo naquele momento. - O gato se alisou no pé de ambos e vagou pela casa, sumindo da vista deles.

- Não notei mesmo... Tanto que vim aqui sem saber que era aqui.

- Imaginei que não, Jimin falou comigo muito desconfiado, sabia que estava aprontando. Enquanto eles não chegam, quer conhecer a casa?

- Se não for incômodo... - Juntou suas mãos à frente do corpo.

- Não é. - Passou a mão na cintura de Jeongguk, e o virou para a direção que iria.

- A sala e a cozinha você já viu, não há nada demais. Minha parte favorita é aqui. - Parou de frente ao corredor.

- Você quem desenhou...? - Jeongguk ficou de queixo caído ao olhar para as duas paredes do corredor. Ambas completamente tomadas por desenhos.

- Sim. - Respondeu orgulhoso de si. - Pode ver mais de perto. - O impulsionou para a frente, ainda com a mão na cintura dele.

- Meu Deus... - O universitário se sentia enfeitiçado com cada desenho. Eles eram conectados, pareciam ser linhas aleatórias, mas não eram. Formavam flores, animais. Era um espetáculo da natureza desenhado numa parede branca que tinha tudo para ser sem graça, mas com cada traço ficou de tirar o fôlego. - Você desenha tão bem... Mais do que isso, nem sei explicar, é muito talento. - Virou para Taehyung, o olhando de perto pela primeira vez no dia.

Tão perto assim, observou o que não havia reparado. Taehyung usava brincos de pérola. Fixou tanto o olhar, achando lindo, que esqueceu que estava encarando demais. O óculos era diferente, com uma armação mais fina, delicada. Desceu o olhar, e se deparou com as roupas dele. Uma blusa grande e folgada, a calça justa, os pés descalços. Voltando para o rosto, viu que os olhos dele estavam lhe acompanhando.

- O que foi, Sweetie?

Para o desconfigurar de vez, Taehyung proferiu o apelido. Estava em dúvida se dizia ou não, mas achou o momento mais do que propício para falar.

Engolindo em seco, Jeongguk quis dizer a verdade. Se mentisse ou desviasse o assunto, gaguejaria.

- Você é lindo.

Foi a vez de Taehyung sentir os costumeiros arrepios permearem por cada parte de seu corpo, atingindo cada pedaço de pele. Jeongguk falou de maneira tão sincera, uma confissão foi feita.

Se não conseguiria pôr em palavras o resultado daqueles arrepios, agiria. O puxou para um abraço, uma mão na nuca, outra na cintura.

- Acredite... - Sussurrou ao lado do ouvido. - Você é muito mais.

Abraçando pela cintura de volta, Jeongguk sentiu cada célula sua amolecer. Cada átomo tremeu. Uma alegoria de sentimentos, sentidos e emoções se misturaram, queria dar sentido àquele frio na barriga e formigamento nas mãos. Em detrimento disso, permitiu seu corpo falar. Seus olhos, janelas da alma, disseram: chegue mais perto.

Sua boca, banhada em racionalidade, disse:

- Melhor eu continuar vendo o corredor.

Se soltou do abraço, virou de costas, e pôs a mão no peito, querendo que seu coração acalmasse.

Taehyung continuou estático.

Andando pelo corredor, além de reparar nos desenhos, viu as portas abertas. Quatro portas estavam postas ali, uma era da biblioteca, a outra parecia uma sala somente para os desenhos de Taehyung, ao lado uma sala com computadores e vídeo games e por último, um quarto.

- Foi aqui que eu dormi?

- Não... - Saiu de seu transe, acompanhando o universitário. - Esse é o quarto de hóspedes, você dormiu ali - Apontou para o final do corredor. - No meu quarto. O quarto ao lado é de Seokjin.

- Por que não dormi aqui? - Direcionou seu olhar para o quarto de hóspedes.

Havia muitas respostas para aquela pergunta, Taehyung escolheu a menos reveladora.

- Meu quarto é mais confortável.

- E por que você dormiu no sofá? Seokjin-hyung disse que você odeia dormir lá... - As perguntas eram feitas com inocência, mas Jeongguk queria saber mais e isso mexia com o professor.

- Eu pressenti que você se assustaria, deduzi que o primeiro lugar que você veria seria a sala, então fiquei lá.

- Não acha que fez demais? Teve uma noite mais do que péssima...

- Não, Sweetie. - Se aproximou novamente. - Fiz o que era preciso.

- Lembrei de uma coisa... - Encarou o chão. - Eu gostei do apelido.

- Mesmo? - Levantou o queixo dele com seu dedo indicador. - Eu fiquei receoso, achei que não tinha gostado.

- Eu gostei... Muito. - Lutou contra si mesmo para manter aquele olhar.

Como um costume, vício, ou qualquer denominação, Taehyung repousou seus dedos no rosto dele, fazendo Jeongguk sentir os anéis encostando em sua pele.

Aproximou o rosto, inclinando para o lado. Inalou o cheiro de Jeongguk, com uma distância segura para os dois.

- Sweetie... - Sorriu, descendo sua mão que antes estava no rosto, para o pescoço. - My Sweetie.

Sem respostas possíveis, Jeongguk umedeceu seus lábios, sentindo uma extrema necessidade em tocá-lo mais uma vez.

Antes de agir, o interfone tocou.

Taehyung piscou seus olhos pesadamente, como se acordasse de um sonho bom. Passou seu olhar por todo o rosto de Jeongguk e foi até o interfone.

- Você não poderia vir em um momento melhor, Ji. - Disse no interfone para seu amigo escutar.

- Abre logo, tá frio aqui fora!

- Abusado. - Deu um riso soprado e se dirigiu até o portão. Recebeu um abraço forte de seu amigo e um sorriso de Hoseok.

Jeongguk ainda se encontrava no corredor, encostado em um dos desenhos, olhando para o teto. Engoliu em seco tantas vezes que perdeu a conta. Seu interior se remexia por inteiro.

- Guk! - Jimin exclamou indo abraçá-lo, o contato fez o corpo do universitário se acalmar mais.

Indo para sala, Hoseok agarrou seu melhor amigo.

- Nossa... - Falou enquanto o abraçava. - Você tá tão suado, é febre? - Tocou no pescoço dele para sentir a temperatura.

- Não, tá calor! - Riu nervoso.

- Calor? A gente tava congelando lá fora!

Enquanto ele continuavam a conversar, Jimin foi para perto de Taehyung e tocou em sua testa.

- Acho que você tá sentindo o mesmo calor que ele. - Deixou sua mão passar pelo cabelo dele, o jogando para trás. - Cuidado, hein.

Taehyung sorriu com a audácia de seu amigo, mas ficou calado, não dava para mascarar suas reações físicas.

- Por que vocês me mandaram pra cá? - Jeongguk perguntou, sentando-se no sofá, Hoseok se sentou em um banco - Eu gosto de saber as coisas, tá? Não sou fã de surpresas.

- Oh, então não queria ter vindo? - Taehyung questionou de volta, pendendo sua cabeça para o lado.

- Queria! - Prendeu o lábio com a rapidez de sua resposta. - Só não sabia se você queria...

- E por que não iria querer você aqui, Jeongguk? - Continuou na mesma posição.

- Aish! - Respondeu nervoso. - Vamos fazer alguma coisa. - Desviou o assunto e olhou para o casal ao lado.

- Bom, uma noite fria, amigos juntos, sinto que devemos beber vinho. - Jimin levantou indo até a cozinha.

Nesse meio tempo, Taehyung se sentou no sofá, ao lado de Jeongguk. Manteve uma distância, mas abriu seu braço, o deixando encostado. Um belo convite para o universitário se aproximar e deitar em seu peito. Jeongguk encarou, não sabendo se interpretou direito, e se aproximou de pouquinho em pouquinho, até Taehyung o puxar de leve para trás, o deitando de vez.

Hoseok prestou atenção em toda a cena, como sempre, segurando um riso. Seu amigo estava petrificado nos braços do professor, e mesmo assim, sabia que ele não queria sair dali.

Jimin voltou entregando uma taça para Taehyung e Jeongguk, e pegou a sua e de Hoseok. A posição dos dois no sofá não passou despercebida por ele também, deixando um sorrisinho no canto de seus lábios aparecer. Sentando ao lado de seu namorado, ergueu a taça e disse:

- Vamos beber e fofocar!

- Fofocar o quê? - Jeongguk bebeu um gole do vinho para relaxar mais.

- Taehyung te deu um apelido, Guk?

Jeongguk engasgou com o vinho, sendo ajudado por Taehyung, massageando suas costas.

- Como você sabe? - Perguntou vermelho como o vinho que tomava.

- Foi um palpite, pelo visto ele deu. - Soltou uma risadinha.

- Sim... Recebi um. - Conferindo que não estava engasgado, voltou para sua posição, encostado no peito de Taehyung. O professor se mantinha sério, degustando o vinho.

- Exige um também, amor, você é o único aqui que não tem.

- Jimin! - Hoseok o repreendeu. - Não precisa, professor, ignore o que ele diz!

- Não me chame de professor aqui, rapaz - O encarou. - Prometo pensar em um apelido, creio que terá "J" assim como o de Jimin.

- Seokjin tem um também? - Jeongguk quis sanar essa curiosidade.

- Sim, é Handsome. Acredite, se encaixa muito com ele.

- Oh, acredito sim. - Riu.

- Qual é o seu, Guk? - Jimin, certeiro, não perdeu a oportunidade.

- É confidencial, Ji, fique quieto. - Mirou o melhor amigo em um aviso.

- Uh... Tá bom. - Virou a taça de vinho. - Vou pegar mais, e não vou me embebedar sozinho, vocês também vão! - Buscou a garrafa e encheu a taça de todos.

De repente, Ninho apareceu na sala, miando. Jimin o pegou no colo o mimando, depois Hoseok. O felino era adorável com as visitas, sempre carinhoso. Percebendo que ele não queria mais colo, foi colocado no canto do sofá, assim adormecendo.

Todos bebiam consideravelmente rápido, estavam do mesmo jeito que Jimin. Aproveitando a situação, Hoseok quis iniciar um assunto para instigar, principalmente, Taehyung e Jeongguk. Se algo desse errado, culparia o álcool.

- Olhando pra eles assim agora nem parece que no início eram como Michelangelo e Da Vinci. - Se referiu aos dois no sofá, olhando para Jimin.

- Hum... Acho que não conheço essa referência, amor.

Hoseok olhou para os dois, e viu que eles entenderam muito bem o que ele havia dito.

- Você não sabe da rivalidade deles, meu bem? Michelangelo foi chamado para criar uma cena de guerra em uma das paredes do Palazzo della Signoria. Só que aí Da Vinci já tinha sido chamado, e os dois começaram a fazer suas obras, sempre se alfinetando, mas nenhum concluiu.

- Oh, sim! Eu sei dessa história! - Jimin se animou. - Freud fez uma análise sobre eles, pois os dois eram muito orgulhosos e perfeccionistas, mesmo Da Vinci sendo bem mais velho, ainda entrava nesses conflitos com Michelangelo, ele não parava de provocar. E o motivo ficou óbvio, não é? Admiração velada, ambos muito parecidos, por isso se bicavam.

- Parecidos em quê? - Jeongguk teve curiosidade. - Só soube dos conflitos deles, nunca vi nenhuma análise.

- Bom, ambos tinham problemas com a mãe, ambos enfrentavam a dificuldade de ser homossexual naquela época. Mas como Freud disse, Da Vinci era bem mais resolvido que Michelangelo, por isso a raiva do mais novo. Todo impulsivo, com inveja da confiança e experiência de Da Vinci.

- Pois é, depois disso do Palazzo eles não pararam, sempre criticavam o estilo um do outro, mas acabou que isso ajudou eles a darem o melhor de si por tentarem tanto se superar. - Hoseok completou. - Nada disso é familiar? - Riu.

- Não... - Jeongguk fez um bico, desviando o olhar. - Não vejo nada parecido.

- Uns probleminhas familiares, serem homossexuais, se alfinetarem por admiração mútua? - Hoseok insistiu.

- Você nem sabe se o Taehyung é homossexual, para com isso! - Repreendeu o amigo.

No mesmo instante, Jimin gargalhou. Taehyung deixou escapar uma risada também.

Jeongguk se ajeitou, sentando-se ereto no sofá, e olhando para seu professor.

- Você é...?

- Bom, eu não saio por aí explanando minha sexualidade, é algo íntimo, mas se está com tanto interesse em saber... - Bebeu mais um gole de vinho. - Não tenho preferência nenhuma, me agrado se a pessoa me instigar, me deixar interessado, apenas isso.

Tomando o resto de seu vinho, Jeongguk desviou o olhar, corado. Escolheu deitar no peito dele novamente.

- Tá vendo? E nas primeiras aulas vocês tavam assim, um criticando o outro, Taehyung criticando seu jeito de desenhar e pintar, e você criticando os métodos de ensino dele.

- Foi um começo conturbado - Taehyung continuou. - Mas nos entendemos e nos desculpamos. É claro que admiro Jeongguk, não há como esconder isso. Sobre pinturas, ele está muito à minha frente. Eu só faço alguns desenhos, minha arte não é muito para uma tela.

- Qual é sua arte? - Jeongguk perguntou baixinho, com os olhos focados na taça em sua mão.

- Poesias. Eu gosto de escrever poesias.

Foi uma surpresa para todos, menos para Jimin. Jeongguk voltou a olhar para seu professor, curioso demais.

- Posso ler alguma? - Seus olhos bem abertos brilhavam.

- Façamos o seguinte... - Taehyung disse ainda mais baixo, só para Jeongguk ouvir. - Você deve me entregar um desenho na segunda, não é? Faça algo especial, e eu recitarei uma poesia especialmente para você.

Sem mostrar objeções, Jeongguk concordou, ansioso demais para escutar uma poesia saindo da boca de seu professor.

As conversas continuaram, suas taças foram preenchidas várias e várias vezes até acabarem com três garrafas de vinho. Deixando as taças de lado, mantendo só a conversa, Jeongguk se aninhou ainda mais em Taehyung. Não estava só encostado, e sim deitado sobre o peito dele. Ninho acordou, ficando no colo de Jeongguk, depois de Taehyung, todos se derretiam por qualquer miado ou movimento dele.

O horário voou, e por conta do vinho, o sono chegou mais rápido. Hoseok lutou contra seus olhos pesados, porém não aguentava mais, e Jimin o acompanhou até o quarto de hóspedes, o deixando deitado na cama. Demorou um pouco com seu namorado, não só por querer ficar perto, mas queria deixar Taehyung e Jeongguk a sós. A tensão que cresceu após a conversa de Michelangelo e Da Vinci foi intensa. Logo após, Taehyung revelando que escreve poesias. Jimin se atentou a cada reação, tendo a certeza que a sua intuição e de Hoseok não falharam.

Voltando para a sala, encontrou Jeongguk dormindo agarrado à Taehyung. Suas mãos presas na camisa dele, seu rosto escondido no peito, imerso em seu professor. Apegado a ele.

Taehyung o olhava, uma mão o sustentando para continuar naquela posição, e a outra mão no rosto, deslizando seus dedos, o admirando.

Jimin parou de frente à cena, encarou seu amigo e foi encarado de volta. Olhou mais uma vez para Jeongguk e sussurrou:

- Você está arruinado.

Descendo seus dedos para os lábios entreabertos e observando a face serena do universitário dormindo tão colado ao seu corpo, Taehyung respondeu no mesmo tom:

- Eu estou.

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