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19. Gravatas & Cigarros

Pensei comigo mesmo, calado, fingindo acreditar, deixando subjetivo a minha descrença. Nós não acorrentávamos, não nos prendíamos, portanto, nunca em hipótese alguma ele diria algo assim.

Uma coisa importante também, foi que em meio aquele êxtase, Patrick viu algo em minha mão, segurou no meu pulso e observou contra a luz o brilho de um anel. Era meu anel de noivado.

Antes que ele começasse a dizer qualquer coisa, recolhi a mão rapidamente e expliquei que era muito recente.

Ainda me lembro bem da sua expressão de espanto, como se tivesse arrancado um dedo a sangue frio. Imaginei que para uma pessoa como Patrick, acostumada a pessoas tão solitárias quanto ele, tenha sido estranho pensar claramente em coisas como casamento, por isso ele me deu aquele olhar indeciso, sem saber o que realmente pensar e dizer. Que achou ter disfarçado o suficiente com uma parabenização eufórica e cheia de tapas nas costas.

No fim, havia tanto o que falar que ele apenas me fez carregar as malas para cima consigo, só para poder tagarelar um pouco mais a vontade.

Só podia olhar para ele, tentando encontrar formas de distingui-lo da idealização que existia sua em mim.

Ver o que havia mudado, medir os cantos, comparar lado a lado, face a face, o meu Patrick e aquele que o tempo abraçou. Abria e fechava as mãos como se ainda pudesse sentir as curvas de sua cintura, para me certificar que aquilo realmente acontecia, me situar na realidade.

Perdido em pensamentos, andava por aquele apartamento ainda tão familiar, perguntando sobre a viagem, ele saltitante a vigiar os recantos, abrir os armários, comentar algo por alto sobre Anne Stacy gastar tempo demais limpando suas coisas, como se fosse algo ruim, como se se preocupar e cuidar fosse exagero, mesmo para alguém que só fizera isso a vida toda; dizia tudo rindo, sem seriedade, sem pausas ou contradições, até sentar-se na velha escrivaninha, e notarmos o silêncio nos embrulhar novamente.

Notar que Patrick me encarava do mesmo modo cego que eu fazia com ele, do mesmo modo que fazia quando sentávamos a beira da praia, numa adolescência já distante, para olhar o horizonte vazio.

Senti sua falta, suas palavras dançavam na minha cabeça. Eu queria poder olhar nos olhos dele e dizer que também sentira, que pensara em si, que imaginara o que ele poderia estar fazendo todos aqueles anos. Sem remorso, sem mágoa, sem uma única gota de tinta daquele passado manchando o futuro determinado.

Sorriria então, cortês, recebendo em meus braços um pedaço solto de memória, sem fazer nada além de acariciá-lo nos dedos, sem cair na tentação de torná-lo parte novamente.

E assim eu fiz, ou ao menos dei o meu melhor me convencendo que havia feito.

Afinal, essa era nossa verdade. Não tínhamos nada a reivindicar do outro. Isso estava bem, estava ótimo.

Mesmo que ele fosse capaz de falar do passado sem a mínima hesitação, rir-se tão infantilmente ao ouvir-me falar da minha vida, eu não esperava que ele ficasse ou demonstrasse o mesmo interesse de sempre por muito tempo. Logo ele mesmo disse aquela manhã que não pretendia ficar muito tempo. Sempre tão transitório, quem se surpreenderia? ele não fazia mais do que o de sempre.

Sentei-me ao seu lado, relembrando, vago e aéreo, era apenas estranho, não tínhamos nada a devolver, cobrar ou mesmo dar ao outro, e mesmo assim, anos depois, tantas despedidas... Apenas bastava saber que o outro ainda estava ali, ter a certeza de que ainda éramos iguais. Era isso que Patrick procurava, entre as minhas palavras vagas, mais leves do ele deveria lembrar, mas ainda flutuando, sem que pudesse pegar mais do que as penas.

Ainda éramos os mesmos? Ele acreditou que sim. Deveria acreditar, era isso que desejava cegamente.

Alguém deveria ficar, enquanto aquele que parte tem certeza, mesmo que as vezes nem ele se dê conta, que o que fica irá esperá-lo. Acreditar cegamente era um dos prazeres daquele homem. Não se importando se qualquer coisa que eu dizia era verdade ou não.

Se eu iria me casar, com quem fosse, se já estava casado, se estava podre de rico, se me tornei um homem esnobe, traiçoeiro e manipulador... Por que importaria naquele momento se antes nunca importou? Ria, desdobrando as roupas, as folgas e meus questionamentos. Ria como uma criança congelada no passado.

Aquela ingênua confiança ressurgia imortal entre os anos, para me assombrar; grudando seus olhos em mim como o velho parasita infantil, me cerceando através das grandes do tempo.

Porém, havia sim uma diferença.

Porque ao contrário da muralha que ele havia destroçado, eu não estava atrás da montanha, havia praticamente me tornado ela.

Mesmo que ele sinceramente não se importasse, eu não conseguia agir como um adolescente, nem se eu quisesse. Estava num lugar distante de onde costumava estar, tão distante que podia ver os telhados em que dormíamos após o colégio, via a janela que me aprisionara, as ruas frias, as correrias constantes, os anos crescendo e engolindo nós dois até os ossos.

Havia diferença, pois Patrick não estivera ali para ver florescer os sonhos que um dia ele desejou pra mim e como eu usufrui deles.

Ou como eu me tornei tão distante daquilo que costumava admirar.

E se eu fiquei, não foi porque nossos caminhos eram diferentes demais, quero dizer, eles eram até semelhantes, foi tudo uma questão de quem nós éramos. Enquanto eu afundava os pés no chão e me tornava uma montanha, Patrick alçava asas e voava o mais longe que podia. Enquanto me via reconhecido nos inícios contraditórios de Joe, ele se desenhava nos ideais prematuros de Mercedes.

Passamos a tarde montando e desmontando, silenciando e enrolando, arrastando as velices para fora do tapete. Me lembro firmemente dos pacotes. Haviam tantos papéis naquelas malas que me surpreendia pesarem tanto. Ele estava indo muito bem.

Vendo minha surpresa, narrou empolgado como seu último livro fora baseado em Thomas, algo sobre seu passado, que não devo ter prestado muita atenção, mesmo sendo divertido imaginar um público interessado nas aventuras daquele cara.

Havia outro livro, mais recente e incompleto, que pela seriedade do olhar, me fez questionar a inspiração da vez. Relia alguns trechos, mostrando marcações, pelo meu entendimento, Patrick era como um classista. Com um estilo de escrita um tanto diferente do que mostrava na adolescência. Óbvio, havia crescido tal qual um pássaro longe do ninho.

O único ponto negativo para si era a falta de descanso, e para alguém tão livre como ele, deve tê-lo prendido mais que incentivado, supus, comentando como me acostumei a folgas por conta de Joe.

Muito surpreso, ele me fitou como se eu fosse um perfeccionista incurável, e acho que posso ter sido, tentei me defender. E para ele isso era tão relevante quanto o nó ridículo que fracassava em dar naquela gravata em mais de cinco tentativas aquele fim de noite.

Estávamos nós dois apressados - ou melhor eu o apressando - tentando colocar alguma organização na sua bagunça habitual. Apertando aquela gravata, gritando para que abotoasse direito o terno, perguntava-lhe surpreso, como Lauren contratara alguém tão desajeitado, é sério, Patrick tinha um bom senso de moda, se você é um estrangeiro com um orçamento mínimo. E ele apenas ria, dizendo que assim como ele, ela odiava roupas apertadas. Nunca em minha vida eu vira alguém tão atrapalhado com um botão.

Um único botão! Mas...

Não haveria ninguém em sã consciência que não diria que valeu a pena tanta dor de cabeça.

Os olhos de todos grudados como se tivessem se perdido em algum lugar entre suas costas e a nuca, os risos cessados, as conversas paralelas interrompidas uma após a outra.

Não é que fosse impossível de não olhá-lo, porém naquela noite, diante do mundo se avermelhando à sua palidez, ele resplandeceu.

Quase me esquecia de apresentá-lo, e não precisou, ele dava conta, o mínimo de timidez de tivera no passado fora expurgado com força, por quaisquer que fossem as experiências que tenha passado.

Era-lhe familiar. Tudo. As luzes, os rostos e as falácias... Soltá-lo em meio a multidão de pessoas, naquela galeria fechada, não havia hesitação em seus passos. Já sentiu uma tristeza específica? Em como ver o tempo passar por detrás dos seus olhos. Você deixa de olhar, distraído com os próprios pés e... Puff, ele cresceu.

Então me surpreendi, ainda assim, enquanto o assistia pelo canto de olho, bebericando uma bebida qualquer, quando o vi procurar-me com aquele olhar tão nostálgico, todas as vezes que pensava que o encontraria distraído. Nada mudara, eu tinha uma das mãos no bolso e os olhos nele.

Não bastava conhecer, queria estar a vista, andar pelo salão, murmurando perguntas, quem é este, quem é aquele, me arrancando do casulo, arrastando as raízes pelo jardim, me fazendo a vista com ele, tal qual dois adolescentes nos corredores da escola, me puxando pelo pulso, perguntando-me onde estava ela, onde estava minha noiva.

Como se parecia, como era sua forma de andar, a cor dos seus lábios, dos seus olhos, o tom da sua fala, quando vinha, quando iria. Preciso conhecê-la, afirmava resoluto, apertando meu braço e ego. Ria, ria tanto que eu quase me esquecia que sempre fora assim. O torpor, a hipnose, o magnetismo também. Pena dos pobres mortais que o viam ali pela primeira vez, sem aviso prévio, ficando talvez apenas com aquela memória. Outros ainda o absorviriam por mais de uma vez.

Céus, como andava pra todos os lados me fazendo sentir tonto. E perguntava, depois andava, para então perguntar mais. Os fios de cabelo negro já caiam, se desfazendo do penteado tão custoso de montar.

Só silenciou quando atravessamos até a ala de esculturas, vendo atento, a mulher alta e elegantemente vestida com um longo vestido cinza, andando sorrateiramente até a janela, até retirar um cigarro com uma mão e habilmente acendê-lo com outra.

Não precisei dizer. Desde o princípio, ele soube. Não sei como, mas Patrick soube ao primeiro encontro de olhar. Virou-se para mim e perguntou-me estranhamente cuidadoso: "É ela?".

Respondi afirmativo, com ele ainda me puxando pela manga do terno, guiando-me com curiosidade, farejando, até estancar abruptamente; Joe retirou o cigarro cuidadosamente, cruzou os braços e escorou-se na parede, sem precisar dizer uma palavra, olhou pra mim.

Ficamos frente a frente, e eu vi naquele sorriso manso, embalando-se na sua face, que ela também sabia. Seus olhos castanhos reluziram de mim para Patrick, respectivamente. Nós dois pensávamos a mesma coisa, ambos o acompanhando ao mínimo movimento, o erguer de sua mão na direção dela, ou o beijo leve que pousara na costa da mão, com os lábios cerrados, Joe se encantava como qualquer outro, e hesitava com a quantidade de encantamento, tão gentilmente, que cada palavra que moldávamos em nossa boca parecia ser sempre pensada e repensada antes de sair.

Havia algo de sádico na maneira como lançávamos as palavras de um para o outro. Sem tirar os olhos de Patrick, das muitas vezes ela se dirigia a mim, em seguida me procurava com o canto do olho. Tocava, doce e amável, a gola da camisa dele, perguntando coisas bobas, em meio a alguma pergunta subjetiva, que parecia se dirigir confusamente tanto a mim e a ele.

Puxava a ponta de sua gravata, oferecia despretensiosamente um cigarro ou uma bebida e então, sem que eu me desse conta, estava sozinho, visto que eu odiava cigarro e não bebia.

Lembro como ela desviava os olhos por cima dos ombros dele, tão serena e absoluta, transmitindo um estranho e translúcido fio de desconforto, traçando-se de um lado a outro no salão. Joe sabia bem quem Patrick fora, ao mesmo tempo que jamais poderia saber.

Doce Joe; nem imagine o quanto ele se apegou a ela depois de ouvir o nome de Margaret. Ambos eram amigos de infância, e a conversa se estendeu por todo tempo do mundo com aquela informação.

Se eu esperava que eles pudessem se dar bem? Ainda há muito pra extrair disso, mas ali, naquele momento, foi como ter dois grandes amigos dividindo os seus doces entre eles. Você quer que eles os comam, ao mesmo tempo se pergunta se eles não pensam em deixar algum pra você, em algum momento. E você tem medos estranhos, e solidões.

Enfim, ninguém está insento a vontade de manter certas partes de sua vida bem longe uma das outras, acredito que é uma experiência bem comum.

Acabei virando de costas e indo procurar algum canto solitário em qualquer lugar, não suportando toda aquela pressão.

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