─ 𝒉𝒆𝒂𝒓𝒕𝒔 𝒃𝒍𝒆𝒆𝒅𝒊𝒏𝒈 𝒐𝒏 𝒕𝒉𝒆 𝒇𝒍𝒐𝒐𝒓;; 🕊
!ੈ♡‧₊˚ — #𝟓𝐒𝐎𝐒: ❝hoje à noite nós estamos desaparecendo rapidamente. eu só quero fazer isso durar, se eu pudesse dizer as coisas que eu queria dizer, eu encontraria uma maneira de fazer você ficar.❞ .⌇🌩¡
1 YEAR AGO
MICHAEL SEMPRE DIRÁ AO FOGO que ele fez o seu melhor. Em todas as vezes que ele vir uma simples faísca nascendo das chamas flamejantes de calor abrasante, ele saberá que lutou com todas as suas forças mais sombrias para não cair por aqueles olhos hipnotizantes de tom azul céu que o mantiveram cativo de sua atenção desde a primeira vez que seus olhares se encontraram. Clifford sabia que seu amor caloroso era proibido e que se os Céus algum dia suspeitarem da sua traição às trevas, seu amado pagaria e isso era a última coisa que ele permitiria em sua existência miserável. Nem em um milênio, ele deixaria que seu amor descesse até as chamas do Inferno ao seu lado. O colorido lutaria contra um exército inteiro de condenados sozinho para que mal algum fosse capaz de atingir seu querido pedaço particular do Paraíso.
O sentimento recíproco de Luke foi o que causou a ruína de ambos. O loiro estava solitário, preso em seus próprios medos e crenças, e sua inocência o fez acreditar que todos os seres alados eram anjos. Era do feitio de Michael ser um mentiroso e ele não pôde perder a oportunidade de enganar um ser tão ingênuo como o jovem garoto de riso suave e longos cachos loiros como mel de abelha. Hemmings, como o garoto tolo que era, caiu direto na armadilha do seu anjo de asas negras, indo parar sem demora nos braços firmes dele. Seus olhos azuis brilhavam como se duas gotas de Lua tivessem caído dentro deles, iluminando qualquer lugar onde fosse e visse aquela criatura de olhos verdes observando seus passos, sobrevoando a terra dos homens como um passarinho, mantendo seu olhar quente sobre ele o tempo inteiro e quando este ser sumia, o jovem tolo se assustava, chorando um rio inteiro por saudades dele, temendo que tivesse o deixado tão solitário em seu mundo descolorido outra vez, sem saber que tal criatura o perseguia em busca de uma coisa que para si era muito valiosa: sua alma pura.
Para Luke, o mundo só era vasto e belo se seu anjo estivesse junto dele, segurando suas miúdas mãos unidas as enormes mãos calosas e ásperas. O anjo não levou muito mais do que alguns meses para roubar o coração do loiro — coração cujo esse que agora batia unicamente por ele — e sem perceber, Clifford também se deixou ser roubado pelo diminuto humano de pele fria e alma alegre que resolveu pegar para si cada um dos sorrisos de dentes afiados da criatura alada. Michael nunca saberia se acabou apaixonado pelas brincadeiras bobas que o pequeno humano bonito fazia com seu rosto, montando caretas nele e em seguida gargalhando com a forma como elas se pareciam, ou se foram pelos beijos calmos e doces que trocavam em meio a uma clareira muito afastada da civilização para onde costumava levar sua presa, porém tudo que sabe é que seu filhote de homem o encantou acima de qualquer outra coisa nos Três Reinos, tornando-se a única coisa que ele tinha e mesmo assim, a de maior valor. Michael Clifford contou a Luke Hemmings sobre as maiores batalhas travadas bem debaixo do nariz dos homens. Contou a ele como os Dois Reinos lutaram guerras milenares pelo equilíbrio do Reino Intermediário e como o Reino Inferior perdeu em todas as suas lutas e guerras contra o Reino Superior. O loiro insistiu em dizer que os dois reinos deveriam sair vencedores para que todos ficassem felizes e seu pensamento inocente fez o colorido rir bem alto, um riso genuíno de escárnio, envolvendo seu corpo frágil em um abraço mais que apertado, tentando ele mesmo compreender porque a risada melódica e macia acompanhando a sua gargalhada levava o seu coração mergulhado em ódio e escuridão bater tão veloz dentro do peito. Primeiro, ele pensou que estava doente e que seu corpo imortal apresentava problemas mundanos, no entanto, com o findar dos dias, a criatura percebeu que seu corpo estava perfeito e que as sensações esquisitas o atormentando quando estava próximo e longe do filhote de homem não eram nada mais do que a mais velha emoção conhecida pelos Três Reinos e além: o amor.
A dificuldade de assimilar e aceitar o que sentia em seu peito obrigaram a criatura a se afastar do seu humano por semanas, escolhendo observá-lo do mais longe que podia, vendo como a coisinha frágil chorava até adormecer em seus aposentos, esperando vê-lo todos os dias em qualquer lugar para onde fosse, o olhar distraído e reluzente perdendo rapidamente o brilho a medida que cada vez menos podia sentir a presença inconfundível de seu anjo, os olhos doces, agora sempre inchados e escuros pelas noites de lágrimas intensas mal adormecidas o procuravam e procuravam sem descanso, caindo aos prantos quando os dias chegavam ao fim através do Sol poente sem nenhum sinal de seu amado. Michael soube, ao fim do vigésimo quinto dia, que não conseguiria mais presenciar o choro desmedido e a dor monstruosa que consumia lentamente a alma e o coração de sua querida doce criatura, deixando de perceber que pela primeira vez em toda a história dos seres do Submundo, um deles apresentou compaixão por uma coisa viva.
Quando voltou para seu humano pela primeira vez, era uma noite escura e tempestuosa. Seus ouvidos míticos podiam distinguir os gritos dos seus irmãos e irmãs morrendo pelas lâminas celestiais embebidas em líquido bento, caindo um por um em outra batalha sem fim que ele também deveria estar lutando, porém nada daquilo o importava mais quando seus pés tocaram o piso frio do aposento em tons de branco e verde com pinturas por todas as paredes, portas e móveis do ambiente, o aroma açucarado de frutas vermelhas do seu amado atingiu suas narinas imediatamente e um sorriso involuntário tocou suas feições quando suas pupilas dilataram e suas íris ficaram mais esverdeadas. Não foi necessário dizer uma palavra sequer para que seu pequeno homem soubesse que ele estava de volta. Michael se lembra de vê-lo saltar da cama e quase voar até seus braços, o pranto dele se intensificando mais ao sentir seus braços e asas o envolverem completamente da maneira como apenas ele podia fazer, escondendo seu tesouro no lugar mais seguro em todo o universo, nos seus braços. Luke chorou copiosamente ao finalmente tê-lo de volta, todavia desta vez suas lágrimas eram de pura felicidade.
O colorido carregou seu diminuto diamante por todo o aposento, colocando alguns cachos rebeldes atrás de suas pequeninas orelhas enquanto o apertava mais firme contra seu peito amplo, lambendo cuidadosamente as lágrimas que escorriam por sua face angelical ao se sentar sobre a cama macia dele, guardando suas largas asas da visão do menor, fazendo com que unicamente uma tatuagem negra com o formato delas permanecesse em suas costas. O mais novo levou algum tempo para se acalmar e mesmo após fazê-lo ainda não conseguia abrir seus olhos para encarar o mais alto, seus braços curtos rodeavam o tronco dele com um medo real de que pudesse estar somente sonhando com a sua pessoa favorita. O sussurro da voz grave e poderosa de Clifford soou no cômodo silencioso como um trovão, alto e imponente, levando o aloirado a se arrepiar por completo.
— Olhe para mim, carinho.
O cacheado negou, apertando mais suas pálpebras, o mais apertado que conseguia, seus cílios úmidos se grudando e a negação veemente acabando por roubar uma risada do maior.
— Não quero.
— Por quê não, carinho? Eu estou bem aqui, não tenha medo. — Michael respondeu calmamente, esfregando as costas do menor em círculos com sua mão grande e quente.
— Mas e se– e se eu estiver sonhando outra vez? E-eu não quero estar sonhando, eu q-quero que seja real. — Choramingou o mais novo, tentando se convencer de que seu amado realmente tinha voltado para si.
— Eu prometo que será real, carinho, você só precisa confiar em mim… — A criatura prometeu suavemente.
Aos poucos, Hemmings resolveu se distanciar de seu esconderijo para ver a face do seu anjo com clareza, sorrindo largamente ao descobrir que ele não mentiu ao afirmar que era real desta vez. Naquela noite, o demônio soube que estava perdidamente apaixonado por sua presa, percebendo que tinha caído em sua própria armadilha e faria qualquer coisa para proteger e realizar cada um dos mínimos desejos de sua Pedra da Lua. Na mesma data, ambos consumaram seu amor mais profundo ao unirem seus corpos em um só, amando-se louca e fortemente, e depois daquela noite, Michael não deixou sua miúda criatura carente por meses.
Luke sorria e ria aos montes quando o colorido estava ao seu redor. Eles acordavam demasiado tarde e apenas saiam de seus aposentos depois de o colorido fazê-lo seu, faminto pelo corpo liso e a carne suave, saciando-se somente quando seu humano estava ofegante e salgado de suor com esperma sujando suas coxas cheias e seu estômago liso, as bochechas vermelhas pelo esforço deixando o demônio com vontades de engolir aquela criatura milagrosa por inteiro e deixá-lo cheio da sua saliva em todas as suas extremidades. Na maior parte do tempo, o maior questionava os movimentos e tarefas que ele efetuava em seu dia-a-dia, considerando-as banais e desnecessárias uma vez que criaturas da sua espécie não arrumam as camas que bagunçam ou lavam os pratos que comem, e ao rebater com extrema confusão as indagações de seu companheiro, Clifford afirmava que a vida dos homens era curta demais para que perdessem preciosos minutos de sua existência minúscula fazendo coisas mundanas como arrumar a cama e, apesar de suas palavras terem demasiada lógica, o menor o explicava por vezes que mesmo sendo mortais e insignificantes para o universo, ainda assim eles precisavam jogar um pouco de seu tempo fora arrumando, limpando e cozinhando porque essas eram necessidades “mundanas” e por isso eles as denominavam assim, porque eram importantes para seu desenvolvimento.
Os dias juntos se transformaram em meses com uma velocidade absurda, as horas pareciam voar quando eles estavam lado a lado, aprendendo mais e mais coisas um sobre o outro e também sobre seus mundos tão distintos. Unidos, demônio e humano viviam uma vida macia como duas plumas ao vento, amando-se loucamente em sua relação proibida. Ninguém nos Três Reinos imaginava o que acontecia na casa azul como tantas outras em sua rua, à olhos nus, aquela era somente mais uma casinha humana com mortais inocentes, alheios ao que se passava ao seu redor vivenciando a beleza de sua existência tão frágil, porém mesmo assim tão especial para seu Criador. Ninguém os via, exceto O Passarinho Vermelho.
O animal majestoso de penas vermelhas e pretas com peito branco sobrevoava a casa todos os dias, observando em silêncio a forma como a criatura de asas negras zelava cuidadosamente do humano, aprendendo com ele e se dispondo a realizar qualquer um de seus desejos por menor que ele fosse. O ser alto nunca deixava o seu lado, escutando com bastante atenção cada palavrinha que ele falava, oferecendo todo o seu carinho e compaixão para o loiro, aprendendo coisas e mais coisas somente para agradá-lo, fingindo-se tolo aos olhos do mais novo para vê-lo sorrir quando acreditava estar ensinando algo novo a um ser milenar como seu amante, pois a alegria do humano parecia ter se tornado também a alegria do demônio. O Passarinho Vermelho voltava para um espaço raro muito acima das nuvens todas as noites e após ver, ouvir e observar o casal durante o dia inteiro, ele sussurrava tudo que sabia para seu amo, especulando sobre coisas que via e avisando sobre o que os Astros lhe diziam sobre ambas as criaturas, contando a Ele sobre o futuro que escutava através do zumbido do vento e seu amo pensava, assentindo às suas palavras com tranquilidade, sabendo que o futuro escrito nas páginas daquela vida era esplêndido, mas para alcançá-lo a criatura teria de desistir de algo muito precioso que detinha. Unicamente o tempo diria o quão disposto a amar Michael estava.
Envolvidos por vida, luz e amor, Michael e Luke descobriram em pouco tempo que o menor dos dois estava esperando uma criança. O bebê crescia rapidamente dentro do ventre do pequeno homem e a notícia de sua chegada logo se espalharia pelos Reinos Superior e Inferior, causando problemas ao humano e caso eles permanecessem juntos, ambos os reinos caçariam a criança híbrida e seus pais por traição. Temendo pela segurança de seu amado e o bebê que ele carregava, o colorido tomou a única decisão que acreditava ser segura para ambos e em uma noite quente sem Lua, ele deixou seu mais precioso tesouro adormecido em um sono profundo sobre sua cama, acariciando seus cabelos loiros com todo o amor que possuía em cada mísera parte de seu ser, beijando sua testa com cuidado antes de deixar o aposento, voltando para o lugar ao qual pertencia e esquecendo seu coração inteiro bem ao lado do coração da única coisa que um dia amou. Naquela noite, nem todo o fogo quente do Inferno e os gritos dos condenados aos seus ouvidos puderam amenizar o barulho do choro agudo de seu amado inflamando seus ouvidos e o frio glacial que se apossou de seu peito ao deixar a sua querida criatura sozinha novamente.
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PRESENT DAY
Três meses se passaram desde o desaparecimento de Michael e mesmo após chorar, gritar e implorar aos Céus por sua volta, Luke nunca mais o viu novamente. Seus olhos azuis tinham perdido o brilho completamente, sua felicidade inabalável tinha sido destruída e suas esperanças estavam morrendo com cada dia que se passava, a chama de vida em seu coração estava se extinguindo cada vez mais conforme os dias chegavam ao fim e seu anjo não retornava jamais, matando sua alma pura aos poucos, sentindo a dor de seu coração quebrado em dezenas de pedaços ao saber que o colorido quebrou sua promessa sem ao menos se importar com os sentimentos sensíveis do menor. Após a saída dele, nem mesmo o Sol voltou para o céu alguma vez mais e há exatos três meses contados no calendário uma tormenta infindável assolou a cidade inteira, causando enchentes, alagamentos e estragos incalculáveis com pessoas perdendo tudo que tinham — inclusive suas vidas —, o céu estava tomado de nuvens escuras durante todo o tempo como se alguém lá em cima estivesse muito irritado com as pessoas abaixo delas.
Mas, o que Hemmings não sabia era que seu amado estava na linha de frente de uma guerra tão grande quanto o universo. Anjos e demônios estavam lutando incessantemente por todo aquele tempo, tentando invadir o Paraíso e atravessar os Portões Dourados do Reino Superior e o Anjo Negro comandando aquele exército incansável era ninguém menos do que Michael que buscava atravessar os portões com um propósito pessoal que o dava forças inexplicáveis para seguir brigando com Divindades, arrebentando imortais e acordando exércitos de condenados de dentro do Submundo para lutar sua guerra, compondo o exército de Anjos Negros que obedecia aos seus comandos. Não importava o quanto se ferisse ou quantas penas de suas asas ele perdesse, ainda assim seguia voltando à batalha, mesmo sangrando, com ossos rompidos e dores incontáveis, ele continuava guerreando, pois tudo que conseguia ouvir eram os pedidos incessantes de seu pequeno homem, implorando aos prantos para que voltasse para casa, prometendo ao tempo e aos Céus que seria a melhor versão de si que pudesse caso o maior voltasse para ele e era por seus pedidos chorosos soando aos seus ouvidos que o Anjo Negro seguia lutando, atirando Anjos Brancos para fora de seu caminho até os portões, pensando somente em atender aos gritos e sussurros de agonia de seu amante, não se importando em perder parte de si por isso.
O Passarinho Vermelho continuava observando os atos separados do casal, desde a guerra sanguinária que o Anjo Negro travava nos Portões do Paraíso para invadí-lo até o humano adoecido de amor na Terra, agarrando-se ao bebê crescendo em seu ventre e aos Deuses nos Céus, implorando à qualquer Divindade que trouxesse de volta o que uma vez lhe pertenceu, repetindo milhares de vezes o quanto tinha sido um bom filho durante toda a sua vida, nunca pedindo nada à Eles e agora, quando mais precisava de sua piedade, sentia como se ninguém estivesse escutando suas preces — e elas eram tão constantes como a água que corre de uma nascente e deságua em um rio —, no entanto, o pássaro as ouvia, cada uma delas sem perder nenhuma. Ele assistia cada passo dos dois, silencioso como a Via Láctea, a ave nunca deixava de ver e ouvir nada, nem mesmo seus pensamentos estavam seguros quando ela sobrevoava suas vidas, permanecendo imparcial a história do casal pela razão de que ela era apenas uma mensageira do tempo.
Luke vivia entristecido em sua casa, afagando carinhosamente seu ventre inchado, assustado por perceber que sua barriga estava grande demais para o pouco tempo de gestação, suas roupas não mais o serviam e todo o seu corpo estava mudado por causa da gravidez, ele sentia dores e sem forças para se consultar com um médico especializado, o homem permanecia em casa, agarrado ao seu terço de ouro e a uma foto polaroid de seu amado fazendo uma careta engraçada para a câmera, recordando-se sem parar de cada dia que gastaram juntos e chorando por saudade e medo de que estivesse sozinho quando seu bebê viesse ao mundo. Assustado, o loiro tinha planejado fazer algo em que jamais pensou antes, porém a solidão, o medo e a insuficiência assolando sua mente estavam o fazendo acreditar que a melhor saída para sua agonia era a morte. Ele não conseguia pensar direito com tantos medos e inseguranças rondando sua mente vulnerável, ficando sem lágrimas para chorar, o jovem homem estava se entregando e quando segurou a faca pontiaguda perigosamente perto de sua jugular suas mãos miúdas tremiam enquanto lágrimas em abundância escorriam livremente por suas bochechas rubras.
Ao lado de fora, o vento assobia nas janelas em meio a tempestade que se intensifica à medida que o colorido se aproxima de seu objetivo como jamais tinha feito antes, naquela noite, ele está imbatível como não esteve em nenhuma outra vez até aquele instante, atirando Anjos Brancos para fora de seu caminho como se não pesassem mais do que uma pluma. Força e vontade brilhando em seus olhos pretos, ouvindo ao longe o ruído áspero de ossos quebrando que não lhe abalava por saber com convicção que os ossos destroçados não pertencem a si. Raios caem do céu pela tormenta, aproximando-se cada vez mais da casa azul tão normal, exceto pelo fato de que de normal ela não tem nada.
O vento grita e Hemmings aperta o cabo da faca dourada com mais força, reunindo coragem para fazer algo que nunca imaginou que um dia poderia ser capaz. Da janela, O Passarinho Vermelho observa atentamente até onde o loiro levará seus pensamentos, ele irá interferir se o menor tentar ir mais longe do que realmente deve, porém sabe que isso não será preciso assim que a jovem criança diz algo em voz alta:
— Se você não voltar para mim eu vou até você, não importa o que isso tire de mim! — Luke choraminga alto, sua voz soando quebrada e esganiçada ao mesmo tempo que ele agarra sua barriga inchada e sussurra um pedido carinhoso de desculpas ao seu precioso bebê.
Amedrontado, ele segura a camisa estampada de linho e botões pretos que veste com demasiada força e como se suas palavras fossem algum tipo de encanto, uma coisa atravessa as nuvens escuras de chuva como um raio, trazendo um feixe de luz dos Céus e desce tão rápido em meio à tempestade e a escuridão que chega a assustar as pessoas observando as gotas pesadas caindo através de suas janelas. O corpo estranho apenas perpassa a janela da casa azul, trazendo consigo uma rajada de vento poderosa o suficiente para empurrar o corpo frágil do mais novo para o chão branco, fazendo-o cair de joelhos, a faca em sua mão cai quando as asas negras se abrem bem diante de seus olhos, permitindo que ele veja a única pessoa que necessita verdadeiramente ver e seu lábio inferior estremece assim como todo o restante de seu esqueleto. Seu coração prestes a sair pela boca a qualquer momento.
Água fria escorre por todo o corpo ensopado dele, seus cabelos loiros cresceram tanto quanto os de Luke e tem sangue escarlate gotejando junto à água, sua barba está crescida como o loiro nunca viu antes, seus músculos estão ainda maiores desde a última vez e ele carregava novas cicatrizes por toda a sua pele branca além de novas feridas abertas, porém o que mais surpreende o mais novo são seus olhos. O verde claro quase esmeralda deles tinha desaparecido para dar lugar a órbitas escuras o suficiente para lhe fazer sentir como se seu homem pudesse roubar sua alma com um simples olhar profundo e caso não estivesse de joelhos, certamente teria caído aos seus pés.
Eles se encaram por um momento antes que a enorme criatura se junte a seu amante, erguendo sua mão aquecida para acariciar as madeixas crescidas dele, seus olhos voltando a ser brancos com íris esverdeadas magníficas, as favoritas do mais novo. A respiração de Luke engatou assim que o colorido puxou-o de encontro a seu peito em um abraço apertado, puxando suas pernas curtas e gordinhas para seu colo, permitindo que o cacheado aspirasse seu cheiro de modo ganancioso, choramingando alto antes de finalmente retribuir o carinho do mais alto ao rodear seus bracinhos magros pelo pescoço do outro, acreditando enfim estar vivendo um momento real ao invés de mais um de seus incontáveis sonhos. Deus, Luke queria poder nunca mais se sentir desse jeito.
— Você f-foi embora! P-por quê, Mikey, p-por quê? Eu fui t-tão m-mal assim? E-eu não quero ficar s-sozinho! — Exclamou alto o loiro, sua voz transparecendo toda a mágoa e medo que sentia em seu interior, sentindo o colorido balançar seus corpos para frente e para trás em um balanço suave.
Clifford suspirou baixo, beijando a bochecha gordinha de seu amado por um largo tempo antes de respondê-lo com a verdade. Ansioso, Hemmings soluçava de felicidade por ter seu homem de volta em seus braços, plantando beijinhos molhados por seu pescoço para encorajá-lo a dizer o que deveria.
— Lembra-se da noite em que nos conhecemos, Pedra da Lua? — Michael indagou com o pensamento longe, erguendo-os do chão como se o menor não pesasse nada, caminhando com eles para o quarto do mais baixo. Luke assentiu, esfregando seus olhos molhados, prestando total atenção às palavras de seu companheiro. — Você disse que eu era um anjo, certo? — Ele soltou um riso rouco e sarcástico, sentando-se sob o colchão macio com o cacheado em seu colo, subindo suas mãos grandes pelas coxas fartas dele em uma carícia doce, fitando-se com seus olhares nivelados.
— Você é um anjo, Mikey. — Afirmou convicto, acariciando a bochecha do maior com cuidado ao ver os hematomas escuros e os pequenos cortes espalhados por suas características, preocupado sobre por onde ele tinha andado e o que tinha feito para acabar tão ferido. O demônio sorriu tristemente, segurando o queixo do menor com cautela.
— Oh, Pedra da Lua, eu não sou… Eu sou algo muito diferente de um anjo. — Luke uniu suas sobrancelhas grossas, confusão lívida rodopiando por suas íris azuladas. — Eu sou um demônio, Pedra da Lua, eu sou mau. Eu roubo almas por diversão e não sinto nenhum remorso por isso, mas você… Você é a única coisa que me faz querer ser bom. Eu não sei quando ou como me apaixonei, mas o fiz e esse foi meu maior erro, Querido, se eu tivesse talvez apenas ido embora quando tive a chance você não estaria carregando este bebê e estaria seguro, longe de mim. — O menor fez bico, segurando o rosto do mais velho em suas mãos frias e macias.
— N-não me importa que você seja um demônio, sabe por quê? Porque você é bom, Mikey, é o melhor para mim… Você cuida de mim, me entende melhor do que ninguém e faz eu me sentir o homem mais lindo do mundo inteiro, como alguém tão doce e atencioso como você pode ser mau, amor? Só porque dizem que você é mau, isso não significa que você seja, não é? — Explana o loiro com seus rostos a poucos centímetros de distância, suas respirações se mesclando de novo como sempre, a voz melodiosa do aloirado fazendo o barulho da tormenta quase inaudível aos ouvidos do colorido. Hemmings esfrega seus narizes com carinho quando o maior balança seus ombros, incerto, abrindo suas asas ao redor deles, escondidos do mundo em sua bolha blindada, puxando o menor de encontro ao seu peito, sentindo a barriga lisa e redonda dele pressionar seu abdômen duro. O filho deles estava crescendo naquele valioso ventre e Michael faria qualquer coisa para protegê-los.
Fitando fixamente os olhos azulados de sua jóia, Clifford colocou uma mão cálida sobre a barriga inchada, apreciando silenciosamente a criança que vivia em paz lá dentro, segura do caos que acontecia ao lado de fora.
— Eu quero ser bom para vocês dois, Luke… — O mais novo sorriu largo, esfregando seus narizes novamente ao concordar com o seu anjo, escorregando uma de suas mãozinhas para cima da mão dele que segurava seu ventre com tanto cuidado e amor. Hemmings sabia que ninguém nos Três Reinos poderia amá-lo como seu amante o fazia e estar cada vez mais certo disso aquecia seu coração como as chamas do Inferno. — Eu realmente quero, mas não posso permanecer aqui. — O som rouco e poderoso soou sombrio quando proferido por ele, seus olhos esverdeados vendo a forma como os de sua doce criatura se cristalizaram, reluzindo o brilho fulgido de suas lágrimas finas prestes a escorrer por sua face, decepção cobrindo suas íris celestes como uma inundação.
— D-do que está falando?! V-você tem que ficar, s-somos sua família e– e– e eu sou seu, sempre e para sempre, l-lembra-se, Mikey? Vo-você prometeu! — Luke praticamente gritou, o barulho agudo de sua voz atingiu a criatura no mais profundo de seu interior. Michael engoliu em seco, usando sua mão livre para acariciar os cachos dele, enrolando seus dedos longos entre os fios sedosos antes de puxá-lo para um beijo feroz, adiando as respostas para as perguntas do miúdo homem por hora.
Clifford pediu permissão com sua língua, esta foi concedida pelo cacheado e prontamente suas línguas se encontraram em meio ao ósculo, roçando seus lábios ligeiramente enquanto o colorido deitou o corpo delicado de seu companheiro no meio do colchão, apreciando o gosto açucarado que seus lábios róseos possuíam, algo que o recordou de uma memória divertida e feliz onde seu amado dançava na cozinha com um doce humano melado que escorria por sua mão e sujava sua boca vermelha, todavia, o modo alegre como ele sorria radiante em sua direção com aquela coisa na boca fez seu coração se apertar ao passo que batia mais forte, quase saltando do peito e ele o beijou mais duro, segurando uma de suas bochechas em sua mão, afagando-a afetuosamente com seu polegar, sentindo o corpo macio estremecer em seus braços por culpa da antecipação de prever o que aconteceria em seguida.
— Mikey — Hemmings ronronou baixinho, agarrando um dos braços musculosos da criatura assim que suas bocas se separaram para que ele mesmo tomasse fôlego, seus olhos fechados.
— Shh, deixe-me amar você, Pedra da Lua, preciso de você uma última vez… Eu quero te respirar como seu vapor, eu quero ser o único que você lembra, Lukey, eu quero sentir seu amor como o clima, bebê, uma última vez. — Implorou o maior, passando as pontas de seus dedos pela coxa lisa do mais baixo, encarando-o tão profundo em seus olhos que somente com aquele olhar conseguia ver toda a sua alma clara e pura. Luke suspirou, assentindo lentamente para o pedido do outro, lutando contra suas próprias lágrimas que insistiam em cair de seus olhos. Com cuidado, o colorido usou seus polegares para secá-las, mesmo que o fizesse em vão.
— Por quê você precisa ir, Mikey? Eu prometo ser bonzinho, mas fique– fique comigo, com a gente! — Sussurrou o mais novo exasperado, engolindo seus soluços enquanto trazia uma das mãos do demônio para seu ventre, incitando-o a sentir o bebê chutar. — E-está crescendo tão, tão rápido, Daddy, e-eu não sei porquê. — O colorido gemeu rouco, escutando o apelido erótico sair dos lábios vermelhos de seu amante e mesmo que soubesse a razão de ele estar o chamando daquele jeito, seu pau pulsou em suas calças escuras, pensando.
— Está crescendo saudável, ele é um híbrido e por isso está crescendo com mais velocidade, baby. Deixe que cresça, mas nunca que saibam o que ele é, entendeu? — Avisou seriamente, passando sua mão por toda a barriga do menor, degustando da sensação rica de vê-lo carregar o fruto da sua semente em seu ventre, acalentando seu coração ao saber que para sempre seu companheiro carregaria uma parte de si onde quer que fosse e mesmo que nunca fosse o encontrar na eternidade, ainda assim, ele levaria consigo as suas memórias e isso era a única coisa que lhe importava.
Hemmings concordou lento, separando mais suas pernas para permitir que a criatura se encaixasse entre elas, esticando seus braços para rodeá-los por seu pescoço, afirmando silenciosamente que estava pronto para ele a qualquer momento. Michael sorriu calmo, conformado, pressionando seus lábios juntos em seguida.
Depois daquele instante, suas roupas desapareceram em um estalar de dedos, deixando-os nus em meio um ao outro, respirando-se pouco a pouco. Clifford não conseguia evitar aproveitar cada polegada de seu amante, passando suas mãos por todo o corpo dele, tocando todos os lugares que alcançava enquanto distribuía beijos molhados por seu pescoço branquinho e leitoso, observando como o loiro inclinava um pouco sua cabeça para dar a ele mais espaço, entregando-se completamente para seu eterno companheiro, envolvendo a cintura larga dele com suas pernas firmes, trazendo-o para ainda mais próximo com um sorrisinho lascivo em sua boca.
O colorido começou a deixar chupões fortes no pescoço claro do cacheado, lambendo as marcas posteriormente, deleitando-se com os chiados tímidos que deixavam a boca suculenta do outro, tentando marcar aquele som harmônico em sua alma para que nunca se esquecesse de como seu amor soava quando estava em seus braços. Não importa quantos séculos se passem, a criatura sempre se recordará do modo como seu amante se parecia quando estavam juntos, tão feliz e aquecido como um feixe de luz, o feixe que sozinho iluminava toda a escuridão de sua alma, ele era esplêndido e tão luminescente quanto o próprio Sol e era impossível se esquecer de alguém tão iluminado assim.
Sua boca percorreu uma trilha de beijos e chupões pelo peito do mais novo, detendo-se em seus mamilos inchados e endurecidos, a parte mais sensível de seu corpo estava ainda mais suculenta por causa da gravidez e o maior não deixou isso de lado, aproveitando a vulnerabilidade de seu companheiro com muito prazer, lambendo e puxando as miúdas auréolas avermelhadas com seus dedos, sugando primeiro a direita, dando a ela toda a sua atenção ao escutar os gritinhos esganiçados e escandalosos de seu parceiro, segurando seus pulsos finos acima de sua cabeça, deixando-o à sua mercê com muito gosto, salivando por ele e seu corpo, recordando-se do quão gostoso era estar junto dele. Michael mordiscou o mamilo sutilmente, ouvindo seu companheiro choramingar, retorcendo-se abaixo do seu peso, imobilizado e chamando seu nome baixinho, sentindo o pau do maior repuxar contra sua coxa, duro como ferro e quente como labaredas de fogo, fazendo o menor mais consciente dele e assim ansioso para tê-lo em seu interior, pesado e grande como gostava, Deuses, ele tinha sentido saudades até mesmo do peso dele em sua boca. Estava tão sedento que estremeceu quando ele trocou sua atenção de um mamilo para outro, assustado com a perda repentina de contato que tinha se tornado uma necessidade que perpassava o desejo físico, eles se tratavam de muito mais do que a reles luxúria que não era nada se comparada aos sentimentos que carregavam no peito um pelo outro.
Luke removeu-se outra vez no colchão quando a boca pecaminosa continuou sua trilha por toda a sua barriga, sussurrando uma promessa para a criança que jaz ali com um fervor que fez seu coração pulsar como um cavalo de corrida em seu peito:
— Abrirei o Inferno em chamas para voltar para vocês e só vocês, criança, não importa quanto isso leve de mim. — E com um beijo cálido um pouco acima de seu umbigo foi como o cacheado sentiu o primeiro chute de seu bebê, forte e decidido como seu pai, respondendo firmemente a promessa dele, esperando que se cumprisse, não importava quanto tempo levasse. De olhos arregalados, o loiro observou um sorriso largo se espalhar pelo rosto de seu amado ao mesmo tempo que este observava a marca perfeita que o pezinho de seu filho havia deixado em sua pele, comprovando sua existência concreta e também sua ampla consciência.
Da janela aberta do quarto, O Passarinho Vermelho permanecia sempre a espreita, tomando nota de cada palavra e promessa dita e feita dentro do ambiente, passando a cantarolar uma música suave assim que o vento soprou a melodia em meio à chuva, empurrando-a até os ouvidos do Anjo Negro, fazendo-o ouvir e saber o que lhe esperava, pois se ele pudesse dizer as coisas que queria dizer, ele encontraria uma maneira de fazê-lo ficar e nunca o deixaria ir embora.
Mesmo que por um miserável instante, o Anjo Negro se fiou àquele som mavioso, pensando e pensando em coisas e mais coisas, mas daquele som ele jamais se esqueceria e era com isto que o pássaro estava contando.
Suavemente, o colorido plantou beijos pelo interior da coxa pálida do mais novo, afagando sua pele arrepiada com demasiado valor, escutando os ronronos leves que deixavam seus lábios inchados de modo singelo, as bochechas cheias estavam coradas de vergonha e desejo. Clifford se inclinou mais sobre o centro de Hemmings, depositando uma lambida longa por todo o seu pau molhado, sorrindo divertido quando o menor gritou, repetindo a ação novamente assim que seu companheiro engoliu todo o seu pau com gana, envolvendo-o com sua boca quente e úmida em um movimento rápido, chupando-o lentamente, esfregando sua língua habilidosa pelas veias saltando por sua extensão acarretando em mais ruídos espalhafatosos de seu parceiro.
Michael fitava o cacheado desde o seu lugar entre as pernas bonitas dele onde sempre pertenceria, analisando suas expressões mudarem de acordo com os movimentos de sua própria boca de encontro a ele, desde a forma como tentava soltar seus pulsos até o jeito como tremia, chiando seu nome como um mantra largando sua garganta o tempo todo, extasiado pelo calor e a falta quase física que tinha sentido por ser tocado e acariciado por seu amante de novo, levando-o até o céu com uma velocidade sobrenatural sem saírem do quarto, seu corpo quase levitando com a sensação tórrida de estar em sua boca ávida, vendo sua cabeça subir e descer em seu pau cada vez mais ágil, tocando a parte traseira de sua garganta e logo em seguida apenas sua glande era acolhida por algo como veludo. Era difícil manter seus olhos abertos quando chegava a borda, perto de um orgasmo magnífico e o maior não parou de ir e voltar com ele, passando a apertar e puxar suas bolas pesadas em sua mão desocupada, sentindo, vendo e ouvindo-o se agitar debaixo de si, arqueando suas costas alto o suficiente para que fosse possível ver com clareza cada pedacinho de sua anatomia, desde suas costelas até o início de sua espinha dorsal e o formato perfeito de sua barriga redonda onde ela começa em seu peito e onde terminava em seu baixo ventre e com essa visão extraordinária, o mais velho sentiu sua boca ser enchida com a essência de seu parceiro e tomou tudo que ele tinha para oferecer, limpando todo o seu membro com lambidas largas até deixar a área enrojecida cintilando.
Luke estava ofegante e sensível quando abriu seus olhos outra vez, olhando para o mais alto pairando sobre seu rosto com suas pupilas dilatadas e gotas gordas de suor escorrendo por todo ele, gemendo baixo quando o colorido pressionou seu pau entre suas bochechas, esfregando-o em sua entrada lisa, fazendo o menor salivar e separar um pouco mais suas pernas, dando-o o máximo de espaço uma vez que era difícil para seu companheiro se acomodar entre suas pernas devido ao fato de que ele é muito grande para a diminuta anatomia de Hemmings. O loiro se lembra de como doeu abrigá-lo dentro de seu corpo pela primeira vez porque sua extensão era grande e grossa demais para sua entrada virgem e apertada e mesmo que Michael tivesse trabalhado seus dedos nela por um longo tempo, ainda assim doeu bastante quando ele se acomodou em seu interior e a memória fez o mais novo rir um pouco, recordando-se de ter chamado por Deus naquele momento e em seu lugar Clifford afirmou “Deus não, baby, Michael”, e aquelas palavras lhe pareceram engraçadas o suficiente para que risse entre dentes, finalmente relaxando e diminuindo seu sofrimento. Michael arqueou uma de suas sobrancelhas ao escutar a rica risada de seu amante, inclinando-se para baixo em busca de uma explicação para um som tão afável afagando seus tímpanos, libertando seus pulsos para segurar a curva do joelho dele e erguer sua perna até seu ombro cuidadosamente.
Clifford esfregou a ponta de seu nariz na bochecha salgada do mais novo, pegando o frasco de lubrificante que ficava debaixo do seu antigo travesseiro, não deixando de perceber como ele ainda estava na metade, exatamente do modo como tinha deixado na noite antes de ir embora e um sorriso de canto de boca se abriu em suas feições, mostrando o objeto para o mais novo, apreciando a forma como ele escondeu seu rosto com suas mãos, envergonhado por aquilo.
— Está do jeito que eu deixei, por quê? — Questionou sussurrante, abrindo o frasco com seu polegar e despejando uma boa quantidade em seu membro, vertendo-o abundantemente com o líquido fresco e grunhindo com a sensação.
— E-eu não quis fazer sem você aqui, eu g-gosto mais quando você me olha. — Confessou com as bochechas quentes, sentindo uma das mãos do colorido abaixar as suas para vê-lo. Michael soltou uma risada anasalada, assentindo em concordância. — E eu estava triste.
Clifford esfregou seus narizes juntos, ficando em silêncio, passando a beijar toda a face de seu parceiro enquanto pressionava a cabeça de seu pau na entrada rósea do outro, empurrando devagar à medida que lágrimas apareciam nos olhinhos dele. O maior brincou com seus mamilos então, distraindo-o da dor, porém ainda assim o via engolir em seco, gemendo de dor a cada estocada leve do colorido onde ele se introduzia mais e mais em seu canal apertado. Era natural que doesse mais depois de meses sem ter nada ali, contudo o mais alto admitia que penetrá-lo sem uma boa preparação tinha sido uma ideia estúpida e estava fazendo todo o caminho para fora dele para parar quando o pequenino negou fortemente com seus olhinhos apertados:
— N-não, Mikey, continue, por favor, eu p-preciso de você em mim. — Disse entre dentes, puxando-o por seu ombro para mais próximo. — U-uma última vez, Daddy… — Choramingou por fim, procurando as mãos do maior para segurá-las, descendo sua perna para a cintura dele. A criatura assentiu, respeitando o desejo de seu amante.
Com valor, Michael uniu seus dedos uns nos outros, enterrando-se até a empunhadura em seu parceiro, vendo lágrimas finas escorrerem pelos cantos de suas características, estas que ele beijou amavelmente ao mesmo tempo que dava ao outro seu próprio tempo para se acostumar.
— Te amo. — Afirmou o demônio em meio a silenciosa escuridão e teria sido uma frase de unicamente duas palavras dissilábicas se não fosse a primeira vez que ele a dizia em voz alta em toda a sua existência milenar. Os olhos de Luke se abriram arregalados e vermelhos, encarando suas feições surpreso e alegre, dando o seu mais belo sorriso para seu amante, orgulhoso por ser àquele a ouvir tais palavras e por ser também o único, sabendo o quão árduo foi para seu parceiro aceitar o quão apegados e apaixonados estavam. — Te amo para sempre, Luke.
Hemmings envolveu o pescoço de Clifford com seu braço livre, puxando-o para um beijo formoso e apaixonante, juntando suas bocas com amor ao mesmo instante que remexia seus quadris, avisando ao maior que ele podia se mover e assim o mesmo fez, estocando lentamente em meio ao ósculo porque se Luke o pedir para se ajoelhar aos seus pés, ele se ajoelhará sem pestanejar, se Luke o pedir para o beijar, ele beijará, pela razão de que Michael é louco por seu humano e faria tudo por ele, até mesmo deixá-lo. O colorido deu continuidade à dança de suas línguas, enterrando-se até o fundo em seu amado, engolindo o gritinho de prazer que ele soltou quando tocou aquele lugar especial em seu interior que fazia suas entranhas se revirarem e seus olhos quase fugirem das órbitas, Hemmings amava a forma como ele quase sempre tocava aquele lugar na primeira estocada para valer e o levava ao delírio, berrando seu nome ensandecido de luxúria bem como fazia agora.
Michael continuou chocando seus quadris, ambos apertando suas mãos suadas uma na outra em meio ao sexo produzindo aquele barulho melódico de pele contra pele que deixava o maior ligado por horas mesmo depois de terminarem. O cacheado chiou, apertando os cabelos na nuca do colorido, pedindo-o para acelerar e seu desejo foi tomado como uma ordem, então eles estavam transformando tudo em uma bagunça de gemidos agudos e grunhidos ásperos sem cessar, beijando-se e lambendo-se todo o tempo e suas almas quase se desgarravam de seus corpos. Eles permaneceram naquele momento e exasperado, o mais alto quis que o tempo congelasse com os dois bem assim, juntos e em paz para o infinito e além. Por quê?, o demônio se perguntou, por quê não posso ser feliz também, Senhor?
O Passarinho Vermelho seguiu cantarolando em meio aos barulhos dentro do quarto amplo, escutando o rodopiar implacável do vento e dos raios em meio à tormenta.
Se eu pudesse dizer as coisas que eu queria dizer, eu encontraria uma maneira de fazer você ficar, eu nunca deixaria você ir embora.
Clifford estocou mais difícil e preciso dentro de Hemmings, fazendo-o chorar de prazer quando alcançou seu clímax uma segunda vez, sujando por completo seus abdomens, ronronando singelamente ao sentir os dedos compridos de seu amor afagando seu rosto, inclinando-se em direção ao carinho enquanto ele seguia trabalhando por seu próprio orgasmo. Michael sempre demorava mais que o normal para gozar e mesmo que não entendesse o motivo, o menor se abria mais e mais para ele, permitindo que usasse seu corpo como melhor lhe coubesse e assim como sempre, ele permaneceu bombeando em seu canal por tanto tempo que o cacheado quase adormeceu com a sutileza com que o mais velho se movia, ronronando duas palavras simples calmamente:
— Te amo, Daddy…
E isso foi o suficiente para fazer o colorido finalmente alcançar seu clímax, gemendo rouco em seu ouvido ao preenchê-lo completamente com sua semente, mantendo sua glande o mais fundo no canal macio que lhe envolvia, distribuindo mais beijos pela face de seu parceiro, sorrindo pouco para as mãozinhas graciosas que esfregavam sua nuca em um carinho sensível, os olhinhos fechados em deleite, sentindo com gosto o esperma do colorido o enchendo e choramingando decepcionado quando ele puxou para fora, longe de seu corpo, substituindo seu pau por dois dedos largos empurrando o líquido perolado de volta para dentro ao mesmo instante que deixava um selo tranquilo em sua boca com cor e gosto de cereja.
— Isso pertence a você e apenas a você. — Avisou com os olhos fixos no menor, levando seus dedos aos lábios dele e observando a forma gulosa como o pequeno os agarrava em sua boca, chupando até não ver mais resquício algum de sua semente ali.
— Eu pertenço a você, Mikey, sempre e para sempre. — Afirmou o menor, unindo suas testas uma contra a outra, devolvendo o olhar encantado que seu amado lhe oferecia. Eles ficaram em silêncio por um minuto inteiro, se olhando e se apreciando com um turbilhão de emoções em suas íris que conversavam entre si sem a necessidade de dizer palavra alguma.
Assim que o momento acabou, Michael disse:
— Eu preciso ir, Pedra da Lua. — Luke apertou sua nuca mais firme, tentando mantê-lo por mais tempo consigo, os olhinhos começando a ficar chorosos novamente.
— Não, Mikey, fica comigo, por favor, não vai! — Chorou o menor em voz alta, sua voz saiu embargada pelas lágrimas e o nó que se formava em sua garganta. Clifford negou, afastando-se do mais novo mesmo que seu peito quisesse ficar, sua mente continuava a ressaltar o quanto suas jóias sofreriam se descobrissem sobre sua existência e isso, o maior nunca permitiria que acontecesse. — Mikey, por favor, eu não quero ficar sozinho! — Luke rogou mais alto, quase se engasgando com seus soluços enquanto o mais velho lhe dava as costas, vestindo suas calças e fingindo-se surdo mesmo que pudesse ouvir até mesmo os pensamentos fúnebres de seu companheiro.
Hemmings se enrolou nos lençóis brancos de sua cama e correu até o maior antes que ele alcançasse a porta, abraçando suas costas com toda a força que tinha em seu corpo, chorando alto contra suas asas escuras, pois seu mundo inteiro dependia daquela criatura desalmada que descobriu-se detentora de um coração ao lhe conhecer. Eles eram feitos para ser e o cacheado tinha certeza disso, se isso não fosse verdade, nada mais seria.
— Me leva com você, Mikey, eu não quero mais ficar sozinho, eu imploro, prometo que vou ficar feliz em qualquer lugar se você ficar com a gente… — Clamando o mais novo exclamou com a voz por um fio, tão destroçada por fora quanto ele se sentia por dentro, emocionalmente morto.
Michael negou veementemente, abraçando os braços do menor com os seus por um breve instante antes de se virar para vê-lo cara a cara, engolindo em seco.
— Eu faria quaisquer coisas por vocês, Pedra da Lua, eu desistiria de tudo por vocês, sabe porquê? Porque os amo e é por esse amor imensurável que não posso levar vocês para onde eu vou. Jamais, Luke. — O loiro soluçou, tentando contestar suas palavras, porém o maior o calou com um selo suave, o último deles. — Querido, eu quero que você me queira desta forma, mas deixe-me ir.
O mais novo chorou, abraçando-se a criatura mais apertado do que antes, beijando o peito coberto de cicatrizes dele diversas vezes antes que fosse obrigado a se separar. O Passarinho Vermelho ainda espreitava. Clifford sorriu triste, dando as costas ao seu amado e seguindo seu caminho até a porta da sacada, abrindo-a e desaparecendo no céu o mais rápido que pôde para ferir seu parceiro o mínimo possível, sabendo ter deixado um buraco em seu peito tão grande quanto o buraco que permanecia sobre o seu próprio. No momento em que o Anjo Negro desapareceu de seu campo de visão, Hemmings caiu de joelhos no assoalho de madeira rangente aos prantos, segurando sua barriga em uma de suas mãos enquanto tampava seu rostinho inundado com a outra, rezando para que ele voltasse para o seu lado naquele mesmo instante e com uma última oração de um jovem coração partido, O Passarinho Vermelho alçou vôo para o alto, bem acima das nuvens onde humano algum poderia ver, levando consigo uma mensagem, exercendo o trabalho que lhe havia sido encarregado desde o início de sua existência.
— Eu voaria até o Inferno para estar com você, eu morreria para estar ao seu lado, então, por favor, não me deixe…
Michael fez outro buraco em uma nuvem de chuva quando voltou para perto dos portões do Paraíso, vendo demônios e anjos ainda travando uma batalha selvagem exatamente como os deixou quando saiu, lembrando-se do fato de que o tempo na Terra passava muito mais depressa do que nos outros reinos adjacentes, ele não perdeu tempo e se colocou de novo em meio ao sangue, suor e lágrimas que jorravam em todas as direções, agarrando um Anjo Branco por uma de suas asas emplumadas, socando seu rosto moreno em um golpe poderoso, sentindo as mãos dele segurando suas asas, levando os dois ao solo, atracando-se como animais lutando por carne, desferindo socos e chutes em todas as direções até que sangue escorria pelo nariz de Clifford e o outro estivesse cuspindo líquido escarlate no chão branco das escadarias de mármore. O demônio puxou a gola da camisa branca do anjo e estava prestes a arrebentar a cabeça dele no primeiro degrau das escadas para o Paraíso quando escutou o canto daquele pássaro outra vez, mais alto do que antes, feito somente para chamar sua atenção e o tempo apenas parou ao seu redor. A guerra, o sangue e a morte somente cessou como se alguém tivesse estalado seus dedos — e Alguém tinha — e obrigado o tempo a se acalmar, tudo ao seu redor ficou muito quieto exceto pelo cantarolar majestoso de tal animal. O Anjo Negro seguiu o som com seu olhar, encontrando um pássaro de penas vermelho-vivo com um coração preto no topo de sua cabeça e o peito branco, seu bico escuro e sua garganta acinzentada se aquietaram assim que o maior lhe encontrou parado no topo das escadas, então o ser surreal virou-se de costas, andando até os portões dourados e o encarando depois, convidando-lhe a entrar consigo.
O demônio ficou parado onde estava, cogitando a probabilidade de o que estava vendo estar acontecendo verdadeiramente, então ele esfregou seus olhos e fitou tudo ao seu redor novamente, sem mudanças ou alterações, tudo seguia parado além dele e do pássaro que seguia lhe observando fixamente, esperando tranquilamente que seguisse seu caminho em seu próprio tempo. Levou um par de minutos para decidir o que deveria fazer, mas no fim, ele apenas caminhou até os degraus, subindo-os um por um lentamente, receoso de que algo pudesse lhe acontecer naquela simples ação até se lembrar da voz graciosa de seu companheiro flutuando por sua mente:
— O Paraíso é um lugar de tranquilidade, paciência e aceitação, Mikey, todos são bem-vindos no céu desde que estejam dispostos a trabalhar duro em seus erros… — Comentou ele risonho enquanto picava cenouras na ilha de mármore, encarando o colorido com seus olhos brilhantes cheios de certeza. — Essa é uma das únicas certezas que eu tenho, Mikey. — Afirmou depois, vendo o mais alto se enrolar com o corte do alface e rindo. Michael teria rido de suas palavras se não visse aquele olhar tão certo em suas íris.
Clifford pisou nos degraus com firmeza, empurrando o portão dourado que rangeu secamente indo e voltando ao ser fechado, seguindo o animal à passos largos e confiantes sem pestanejar uma vez que independente de onde eles estivessem indo, o Anjo finalmente se sentia pronto para trabalhar em seus erros por piores que eles fossem. Eles caminharam, caminharam e caminharam até seus pés doerem e seu corpo suar pelo esforço, o caminho foi largo, o silêncio ensurdecedor, porém eles conseguiram alcançar o seu destino, este que era uma gigantesca estufa com flores, trepadeiras, árvores e plantas de todos os mais variados tipos e formas, crescendo à seu próprio tempo e tendo sua própria beleza cada uma sem seguir nenhum tipo de padrão, agindo como era normal para sua natureza sem ameaçar a natureza de nenhuma outra de suas companheiras e em meio à tantos tipos de plantas, o olhar do colorido se atraiu por uma Planta carnívora de coloração esverdeada e finas presas no mesmo tom, estava com sua “boca” aberta e seu interior rosa era um belo chamariz para suas presas. Michael a examinou atentamente, distraindo-se de seu objetivo principal, ficando tão fascinado pela maneira como a planta permitia que uma aranha se instalasse dentro de sua boca antes de fechá-la em um tirão ligeiro, prendendo sua vítima em sua bela armadilha feita de suas entranhas para roubar dela seus nutrientes e assim se manter viva por mais algum tempo. Fascinante e letal, pensou sozinho, assustando-se quando uma voz rouca e calma ecoou pelo ambiente.
— É uma planta muito inteligente, porém são poucos os que param para reparar em seu desenvolvimento apenas porque ela não é tão graciosa quanto tantas outras jazentes aqui. — Apontou a mulher de grandes olhos azuis e pele negra cintilante. Ela tinha pouca estatura e longos cabelos lisos pretos que reluziam na cor branca quando a luz do Sol os tocava, era uma mulher cheia de venustidade ao se olhar, mesmo que não seguisse qualquer tipo de padrão de beleza que os humanos impunham entre si e a simples presença dela fazia com que se sentisse pacífico e seguro sem uma explicação. O Passarinho Vermelho estava de pé no ombro esquerdo dela, meditando de olhos fechados ao ter sua tarefa parcialmente comprida. — Michael, certo?
O maior concordou, analisando-a dos pés à cabeça outra vez para ter certeza de que não estava somente imaginando. A mulher negra riu singelamente, diminuindo a distância entre eles em poucos passos. Ela parou a sua frente e o analisou da mesma maneira com algo ininteligível pairando por suas íris azul turquesa, soltando curtas interjeições em meio as suas conclusões.
— Diga-me, Michael, qual é a primeira coisa mais importante na sua existência? — Exclamou de repente, atenta aos olhos verdes dele e a forma como suas pupilas dilataram ao saber a resposta sem precisar pensar muito.
— Luke. — Replicou de modo concreto e seguro, sendo de todo sincero.
— E a segunda coisa mais importante nela? — Seguiu questionando, pegando uma tesoura vermelha do balcão no centro da estufa, começando a podar uma roseira de rosas brancas que estava dentro de um vaso sobre a mesa de madeira assim como tantas outras plantas esperando para serem cuidadas, dando as costas para o mais velho.
— Nosso filho. — Concluiu sem hesitar.
A mulher balançou sua cabeça em concordância.
— E até onde você estaria disposto a ir por eles, Michael? — Permaneceu interrogando, esperando sempre muito tranquila por uma resposta sem querer saber como ela seria.
— Até o fim, seja lá onde ele ficar, eu vou até lá para estar com eles de novo, desta vez para sempre. — Agregou firmemente, apoiando-se no balcão ao seu lado sem conseguir compreender onde eles estavam indo com aquela conversa.
— Sabe, Michael, o amor é um sentimento enorme, mas muito raro e não é todos os dias que se pode encontrar alguém fadado ao ódio e ganância aprendendo com essa emoção que existe mais no universo do que simplesmente enganar e roubar dos inocentes. É muito, muito raro e só aconteceu uma vez desde que me lembro. — Um sorriso de alinhados dentes brancos com um espaço entre os dentes da frente se abriu em seu rosto. — Algo assim precisa ser valorizado e muito bem cultivado antes que se perca, pois o tempo voa e algumas coisas não podem ser reescritas da mesma forma porque elas não são feitas para acontecerem duas vezes, são naturais e precisam caminhar sozinhas em sua própria anatomia para que nenhuma parte do processo desapareça. Algumas pessoas apenas foram feitas para ficar juntas, entende?
Clifford mordeu o interior de sua bochecha, mexendo sua cabeça em um movimento leve.
— Você é digno dessa bênção, Michael? É digno de amar e ser amado incondicionalmente por toda a eternidade e mais? — Ela falou, enfim, como se não fosse muito, acariciando os espinhos da roseira entre seus dedos.
O mais alto pensou, por um só minuto, todavia foi o suficiente para que respondesse aquilo que seu coração dizia:
— Digno eu não sou, mas lutarei o quanto for preciso para ser.
A resposta sincera pareceu ser suficiente para a mulher que o encaminhou para outro ambiente, dizendo-o para se deitar e descansar antes de sua vida finalmente começar. Obediente, o colorido se deitou na cama de lençóis brancos e travesseiros macios, adormecendo em um sono tranquilo, sonhando com mãos pequenas e voz suave que embalou sua inconsciência como a risada de uma criança.
Horas se passaram e em seu despertar teve a surpresa de encontrar aquele que mais queria repousado em seu peito, ressonando baixinho com os cílios compridos pousados em suas bochechas redondas, pegando também o momento exato que seu querido anjo despertou, preguiçoso, remexendo-se em cima de seu peito ao mesmo tempo em que esfregava sua barriga, resmungando para o bebê não chutar tão forte pela manhã pois ainda doía muito, não percebendo a presença do maior ao seu redor por seguir de olhos fechados, então ele se acomodou melhor em seu peito, tentando voltar a dormir em um movimento bastante típico dele que acarretou em uma risada anasalada do mais velho. No início, Luke sorriu de canto sem assimilar o que estava se passando, contudo assim que sua mente assimilou o timbre do som com clareza, sua cabeça se ergueu de supetão do peito amplo e ele contemplou seu amante em choque, sem saber o que fazer ou dizer depois de um mês sem vê-lo, dormindo solitário naquela cama, ter ele de volta era sem dúvidas uma benção e também uma surpresa.
Michael gargalhou da cara estupefata de Hemmings, envolvendo o mesmo em um abraço apertado enquanto beijava sua boca com uma emoção avassaladora, ambos extasiados por verem as feições um do outro bem ali ao alcance certo da mão.
— Você voltou, Mikey, voltou para nós! — Gritou o mais novo, subindo em seu colo e distribuindo beijos e mais beijos em sua cara, balançando-se sem controle sobre seu colo, pois tamanha era a sua animação em ter ele de volta para si.
— E não vou embora nunca mais, baby, e dessa vez é para valer. — Prometeu cheio de entusiasmo, abraçando o loiro para nunca mais soltar.
→↓←
SEVEN MONTHS LATER
O som da campainha ecoou pelo primeiro andar inteiro da casa, fazendo o homem australiano erguer sua cabeça imediatamente, deixando os nabos que estava cortando após terem sido recém-tirados da horta que ele estava cultivando nos fundos da casa há alguns meses. Luke examinou a porta com cautela ao ver uma sombra desconhecida nos vidros foscos da porta de entrada, tirando o pequeno bebê de seis meses de sua cadeirinha laranja onde o dava o almoço e o segurando em seus braços ao mesmo tempo que o maior se encaminhou até a porta, sibilando para que ele se acalmasse antes de abri-la, tranquilizando a si mesmo ao perceber que era apenas o carteiro em seu uniforme azul esperando pacientemente com uma caixa de tamanho médio em suas mãos.
Hemmings riu de si mesmo por ficar tenso por causa de um simples carteiro, acariciando os cabelos loiros de seu filho devagar enquanto os grandes olhos verdes do bebê observavam o homem estranho na porteira, curioso sobre ele. O bebê era curioso, sempre com seus olhos enormes fitando tudo ao seu redor, querendo aprender o que era cada coisa e como funcionavam. Michael gosta de dizer que ele puxou isso do loiro e ele está certo.
— Bom dia, entrega para Michael Clifford! — O carteiro baixinho exclamou sorridente, seus olhos castanhos fixados no rosto do mais alto. Clifford sorriu de volta.
— Sou eu mesmo, amigo. — Confirmou bem humorado, pegando a caixa de papelão que o homem de cabelos pretos lhe estendia.
— Mikey, está pegando fogo, socorro! — Luke gritou de repente de dentro da casa, fazendo o maior virar seu tronco para ver o que acontecia na cozinha, tendo apenas um fleche de chamas altas iluminando a pia de mármore escuro e os olhos de seu esposo e filho. Ele riu rouco, negando com a cabeça antes de voltar a encarar o carteiro, mas não sem antes dizer:
— Eu já vou, baby, fique longe do fogo!
— Ótimo, o senhor pode assinar aqui para mim, por favor? — Exclamou ele, estendendo uma prancheta com uma folha branca e a caneta azul. — Crianças! — Comentou o homem de sotaque neozelândes e o australiano riu, assentindo e assinando no lugar indicado rapidamente, devolvendo a prancheta para o mais baixo. — Obrigado e tenha uma ótima vida, Michael. — Disse o de olhos castanhos por fim, dando as costas ao mais alto.
Michael ergueu suas sobrancelhas confuso com as palavras do estranho carteiro até escutar a melodia que ele assobiava enquanto caminhava de volta para seu caminhão dos correios com as mãos em seus bolsos, despreocupado. Se eu pudesse dizer as coisas que eu queria dizer, eu encontraria uma maneira de fazer você ficar e eu nunca deixaria você ir embora.
Os olhos do colorido se arregalaram por um instante e quando estava prestes a correr atrás do carteiro, escutou outro pedido de socorro de seu companheiro, deixando o assunto de lado e voltando para dentro. Clifford fechou a porta com seu pé e correu para a cozinha, depositando a caixa de papelão na ilha de mármore e pegando o mini extintor de incêndio que guardavam debaixo da pia para apagar as pequenas chamas, voltando-se para o cacheado e seu bebê risonho com um sorriso abobado em sua boca quando as labaredas de fogo se apagaram, aproximando-se deles ao mesmo momento em que o menor reclamava:
— Sky queimou outro dos meus panos de prato, Mikey. — Choramingou dramaticamente com um beicinho, sentindo os braços de seu marido envolvendo sua cintura e um beijo carinhoso sendo plantado em sua bochecha.
— Eu sei, baby, eu sei, mas prometo comprar outros dez para você se te fizer mais feliz, está bem? Compro qualquer coisa que você quiser, o que acha? — O mais novo sorriu de canto, levantando sua cabeça para enxergar melhor os olhos verdes cintilantes de seu esposo. Sky riu atoa, olhando para os dois com ansiedade em seus olhinhos cheios de doçura e inocência infantil.
— Até aquela cama gigante para nós, — o loiro fitou seu bebê por um instante e depois Michael de novo —, hm, você sabe.
Clifford gargalhou, beijando a boca do cacheado antes de concordar, passando sua mão pelos cabelos cacheados de seu filhote.
— Ele vai aprender a controlar as habilidades. Eventualmente. — Avisou com mais clareza, segurando uma das mãozinhas gordinhas de Sky entre seus dedos, brincando com ele.
Hemmings soltou um baixo gemido frustrado.
— Não quero ver quando ele estiver doente. Vou perder toda a cozinha! — Exclamou exasperado e o colorido gargalhou outra vez, jogando sua cabeça para trás quase chorando de tanto rir. — Não ria, Daddy, é a verdade!
Era naquele clima de felicidade eterna que eles viviam agora. Depois de tantos anos de agonia e sofrimento, Michael finalmente aprendeu o que é amar e o quão importante essa emoção é e, acima de tudo, ele aprendeu que sua imortalidade não vale de nada se Luke não puder viver ao seu lado, envolvendo sua vida em uma espiral infinita de luminescência voraz que faz brilhar cada canto dela, não deixando nenhum canto na escuridão. Perder suas asas e sua imortalidade não foi nada comparado a sensação irreverente de acordar e adormecer ao lado de seu humano favorito todos os dias, sendo capaz de contemplar cada mínimo movimento que ele faz ao despertar e cada bocejo que ele solta ao adormecer. Ser mortal não lhe afeta em nada quando pode ver seu filho crescer dia após dia e estar lá para ele e seu marido sempre que os dois mais precisam de seus cuidados e agora, Clifford sabe que Deus está em todos os lugares e que ele realmente escreve o certo por linhas tortas ou, em seu caso, o certo por estradas queimadas.
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essa autora está morta após adaptar tudo isso e depois ter que reformatar aqui no wtt (duas vezes!), porém muito orgulhosa de si mesma. eu espero realmente que você tenha adorado a oneshot e que ela tenha sido um bom presente de amigo oculto, porque eu fiz ela pensando em você, eva!
e as ovelhinhas que caíram aqui de paraquedas, gostaria de avisar que eu escrevo SOMENTE fanfics ziam e essa foi a PRIMEIRA E ÚNICA exceção, tenham um ótimo dia! 🌴
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