53
Você diz que ama a chuva, mas quando chove você abre o guarda-chuva. Você diz que ama o sol, mas quando o sol brilha você busca uma sombra. Você diz que ama o vento, mas quando o vento sopra você fecha a janela. É por isso que eu tenho medo, você também diz que me ama.
☁︎𝚂𝚑𝚊𝚔𝚎𝚜𝚙𝚎𝚛𝚎.☁︎
_____ ♡︎_____
𝚅𝚒𝚘𝚕𝚎𝚝.
Demorou um pouco mais para os profissionais da Necropsia terem o resultado dos exames que fizeram —, e a perícia criminal também.
Agora estou aqui, destruída pelo golpe de moralismo falso que Raquel, esperando por explicações deles, respostas tão duras de se escutar... Consuelo está morta.
Minha mãe, a mãe que nunca tive nem em vida. Rosário não saiu do seu quarto todas as semanas que passaram (exceto para os afazeres da casa e banhos) sua companheira de nãos morreu... Sua irmã de coração a qual compartilhou tantos momentos bons, inclusive minha criação.
Aperto com tanta força a mão de Lucien que ele tem um espamo.
A tensão ansiosa dando uma surra em mim.
— Tivemos que fazer uma análise mais complexa pela circunstância em que o corpo foi encontrado, e descobrimos coisas bem ocultas à olho nu... Sentimos muito pela sua perda senhorita Maldonado. — Informa o perito criminal com uma sutileza notória comigo.
— Diga logo por favor o quê houve exatamente. — Peço mesmo não tendo coragem suficiente pra encarar, só que preciso de uma explicação. Lucien aperta a mão sob meu ombro, na tentava de me passar forças.
O perito de pele negra e alto, careca e com porte físico dotado hesita um pouco antes de dizer. A equipe atrás de si consiste em um fotógrafos, coletores de provas e um investigador forense e um legista que toma à frente parando próximo à ele com a postura ereta e firme.
— Os testes foram feitos e a informação que temos com total convicção é que: A seringa usada tinha vestígios de insulina dentro dela, quando foi injetada o líquido não foi suficiente para atingir a jugular... Porém, foi fatal para que ela parasse de respirar depois de alguns segundos. — As informações arranham minha mente com toda força.
Lucien me dá um beijo na lateral da testa, juntando minha cintura a si. Estou em pé com ajuda das muletas.
— De acordo com o estado do corpo, ela foi morta à noite, por volta das três da madrugada, entre três e quatro horas... O responsável é destro pela forma com que a agulha foi injetada e tinham arranhões no direito, o que indica que houve luta corporal, possivelmente tentou tomar a agulha do assassino ou assassina. — Sinto vontade de chorar, mas o pânico analisador é mais forte.
— Pelos sinais analisados, tudo indica que seja uma mulher a responsável, porém o resultado da impressão digital retirada da seringa ainda não foi concluído... A vítima não tinha mais sinais de violência pelo corpo ou outra toxina no organismo. — O legista moreno e igualmente alto com cabelos escuros aparados informa.
Uma mulher.
— A coleta das amostras no jardim da sua residência evidenciaram vestígios de sangue não fresco e lama, o que indica que a possível assassina esteve numa estrada rural antes do acontecimento... Usava sapatos de salto, é certeza... — Não consigo discernir as palavras da muvuca mental que sinto. Sinto que meu corpo não responderia à meus comandos mesmo que eu mandasse. Lucien segura meu corpo sem que eu tivesse percebido que iria cair.
— Violet. — Tenta manter minha lucidez e eu só consigo tremer, fraca e arrasada.
É como uma lâmina sendo enfiada na carne do meu coração dolorido. Sequelas das revelações que já sabia que viriam... Mas não estava preparada totalmente. Nunca estarei.
O mundo não parece fazer sua volta em torno do sol, nem a lua poderá aparecer a noite hoje para iluminar esta devastação toda que sou... Agora tudo está claro.
________♡︎________
Horas depois.
Espero que ela se aproxime mais, reparo nos seus olhos avermelhados e uma bolsa escura profunda abaixo deles, indicando que chorou por muito tempo. Lágrimas de crocodilo. Dissimulada fingida, manipuladora. Mórbida.
O ressoar dos saltos pelo piso faz meu ouvido se irritar.
Quase acredito que as sombras escuras vindas da entrada foram absorvidas por sua própria força maligna.
— Foi dar um passeio? — Obviamente sei que não, estava na empresa que me coagiu à mão armada a passar pro seu nome.
Raquel arqueja, ela sente dor? Ressentimento ou qualquer sentimento por algo, alguém?
Seu olhar vaga observando a rua pouco movimentada lá embaixo através da janela comprida coberta por uma cortina clara.
Agora vejo que precisava amadurecer, aceitar a minha realidade. Me reecontrar em meio a tudo que me ronda, estava perdida na minha própria mente.
— Antes que comece com seus insultos à minha pessoa... Fui ao ginecologista. — A voz sai rouca e até aparenta dor.
Dirijo o olhar à ela, querendo esbofetear seu belo rosto.
— Alguns dias atrás tive um aborto espontâneo... Nunca senti tanta dor na minha vida. — O pesar das suas palavras me atinge.
Um bebê? Quem foi o tolo de cair nas garras da víbora?
— Imagina você tendo um filho... Não te vejo tendo amor por ninguém, realmente tinha interesse em ter esta criança? — Sou rude no modo de falar.
Raquel abaixa a cabeça encarando as próprias mãos juntas.
— Eu não sabia que estava grávida... E respondendo sua pergunta: talvez eu quisesse o bebê. — Seu vazio no olhar e a frieza das frases quase me convencem.
— Assassina. — Acuso com convicção, não sou tão burra assim, já descobri tudo. Sua armação.
Avanço alguns passos com dificuldade até ela, fazendo questão de estar bem próxima à seu ouvido pra dizer.
— Não precisa continuar com seu teatrinho de irmã amorosa, não banque a madre Tereza de Calcutá agora... Acabou sua farsa. — Disparo as palavras sentindo o ódio controlar tudo que sou.
Raquel não se move, nem pisca. Fria e despreocupada.
— Se quer saber mesmo, vou te contar Violet... Como matei a adorável velhinha. — Profere sem um pingo de humanidade... Debochando.
— Consuelo desconfiava de mim desde que pisei nesta casa, sendo assim não podia fazer muitos movimentos bruscos ou colocaria tudo a perder. — Exala tranquilamente antes de continuar.
— Naquele dia discutimos, pois ela me viu com a pistola saindo da cozinha e indo para o quintal... Entrou em desespero e seu instinto protetor falou mais alto quando se deu conta do que eu pretendia fazer... E então tentei passar por ela, como não permitia que eu cruzasse o portão... — Suspira superficial.
— Eu precisei pensar rápido e agir na defensiva, então peguei a seringa tampada que estava no bolso do blazer preto dela e não vi mais nada na minha frente... Consuelo tentou resistir, mas eu lhe ataquei, perfurando seu pescoço frágil num golpe certeiro. — Confessa sem nem esboçar arrependimento no olhar.
— O resto você já sabe... Eu não teria que ter feito isto se ela não se recusasse a sair da frente, não iria matá-la. — Não consigo digerir sua capacidade de ser tão cruel.
— Quantos corpos mais vai deixar para trás? Devo trancar bem a porta do quarto? Porquê minha própria irmã pode entra no meio da noite e injetar uma agulha na minha carótida. — Nunca palavras deram tanto quanto estas.
Raquel se afasta e cruza os braços.
— Pretende matar Unai também? Quando vai contar à ele a pessoa desprezível que você é? Contar sobre o bebê que perdeu... É filho dele não é. — Raquel enche o peito de ar e os olhos ficam mais perigosos e feridos.
— Não envolva ele nisto, somos eu e você e o Unai não tem nada a ver com isto! — Vocifera apontando o dedo no ar.
— VOCÊ COMEÇOU COM ISTO QUANDO ENVOLVEU LUCIEN NA SUA JOGADA SUJA. — Rebato sua tentativa de manipular a situação de novo.
— É completamente DIFERENTE, e você sabe... Sabe que eu nunca terei o que VOCÊ TEM. — Grita à todos pulmões.
Quero agredi-la e descontar todo este tonel que jogou em cima de mim.
— Vai começar com sua manipulação dramática e melancólica! Você é totalmente louca e diabólica. — Mal sinto incômodo ao xingar à loira em minha frente.
Me olhando com ódio, rancor e várias misturas de sentimentos.
— Não seja cínica! VOCÊ SABE QUE QUANDO TUDO ISTO ACABAR, AINDA VAI TER LUCIEN À SEU DISPÔR AO ABRIR E FECHAR OS OLHOS. — Raquel gesticula indicando o espaço à sua volta.
Ainda quer virar o jogo e justificar sua insanidade que correu sua alma.
— Se fosse uma pessoa humana, tenho certeza de que Unai daria tudo para ser o melhor pra você! Eu sei disto, você sabe e ele também... Mas não é seu caso, sua ganância é ambição por poder subiu à cabeça. — Grito de volta, não sentindo sensibilidade em todo corpo, exceto nos braços e garganta.
Raquel dá risada com escárnio.
— VOCÊ PODE TUDO, VOCÊ É A VIOLET NÉ, quando me jogarem naquele inferno, vocês dois vão sair saltitando... Casar, ter filhos e viver um conto de fadas perfeito. — Indica tais ações gesticulando com os dedos.
Lágrimas molham sua face exaltada e abalada.
— Mesmo que não acredite, eu soube amar você, eu amo você irmã... Contudo, amor não basta. — É totalmente sincera quando diz.
— VOCÊ NÃO SABE AMAR. — Dou tudo que está entalado em mim. Tirando um pouco do peso do espírito.
Raquel parece ter perdido o chão neste momento, tirada de órbita. Olhos espantados.
— Por isto que me afastei dele. — Justifica sua atitude num fio de voz.
— Unai não merece que brinque com ele assim... O fazendo de fantoche em suas mãos, um peão no seu tabuleiro. Inacreditável como consegue fingir sentir algo por alguém... Nunca amou e nem ama o iludido. — Raquel fecha a mão se contendo.
É capaz de me agredir, não duvido.
— Não preciso provar nada, minha consciência sabe o que sinto por ti e por ele. — Num movimento lento, sua mão vai até o peito no drama falso que não me convence.
— Não tenho muito tempo... Me deixa despedir dele por favor, antes de chamar a policia. — Pede perdida, arrasada ao enxergar suas próprias ações e o quanto isto prejudicou a si própria mais do que a qualquer outro.
— Perdão por ter te abandonado... Sinto muito por Consuelo, de verdade. — Num farfalhar dolorido, a loira se põe a andar em direção à porta, seu corpo parece ser controlado por um jogar inexperiente. Sem total discernimento da realidade... Sua própria mente a dominou.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro