28
𝐋𝐮𝐜𝐢𝐞𝐧.
Não vi Raquel por estes dias na empresa. E nem sei o porquê de vir aqui diariamente também.
Arthur é sinceramente a pessoa mais irritante e incomunicável que já tive o desprazer de conhecer.
Só sabe reclamar e pôr suas sugestões/ ideias e argumentos acima do qualquer ser humano que o conteste ou tente se expressar.
— Sua função aqui e organizar a agenda da Violet e da empresa LUCIEN, não está fazendo isto direito. — Berra comigo pela 6. ª consecutiva.
Jogo os papéis na mesa da minha sala e retiro o colete preto que estou vestindo por cima da camisa social branca.
— Acredito que você deveria abaixar o tom de voz primeiramente. — Faço gesto indicando diminuição.
Arthur fica perplexo, incrédulo.
— Não se esqueça que você aqui é vice- presidente. — Dou ênfase nas palavras.
Negaria uma discussão, mas estou farto já.
Mandão. Insuportável. Irracional.
— Violet sabe muito bem quem escolhe para administrar esta empresa, então não admito que me dê ordens ou questione minha capacidade. — Aponta o dedo para mim.
Poderia fazê-lo engolir esta porcaria de dedo e estou prestes. Juro.
— Ela tem minha confiança... Será que tem a sua. — Questiono sendo sincero.
Arthur abaixa o dedo e se aproxima indignado.
— Não sou só eu que dúvida da sua capacidade. Mal consegue escutar os outros, é um idiota egocêntrico e irracional. — Arthur ferve de ódio e continua silencioso.
— Seu atrevido, vai ver quem Violet é de verdade e será tarde demais... Só está aqui por quê agradou o gosto particular dela por homens. — Dispara letra por letra, afrontoso.
Diminuo a distância entre nós dois ficando cara a cara com ele.
— Experimenta ofendê-la na minha frente. Só experimente. — O afronto sem um pingo de medo.
Não concordamos em praticamente nada mesmo. Mas não vou permitir que use Violet como moeda em jogo.
Arthur solta um risinho debochado.
— Estava aqui antes de você imaginar pisar num Império como este, então tome cuidado Hernández, pois seria fácil demais te derrubar. — Ameaça na tentativa de me intimidar.
Precisa mais Arthur, bem mais.
Afasto-me um pouco e coloco os dedos a uma distância boa no peito dele.
— Toma cuidado você, porquê falar da Violet mais uma vez, garanto que não vai ter capacidade para falar mais nada ao sair por esta porta. — Estou doidinho para vê-lo abrir a boca novamente e tirar o queixo empinado dele do lugar.
Arthur estremece e os ombros ficam rígidos.
— Como é? — Estreita as pálpebras incrédulo e eu junto cruzo os braços inclinando o tronco um pouco para frente.
— Eu gaguejei? Ou seu ouvido não está bem limpo? — Brado provocativo.
Enfiar a mão na cara deste imbecil fará meu dia inteiro.
Arthur suspira se contendo e sai da minha sala, sem dizer mais nada... Ah! Não, ele disse: "Vá se foder".
Pensou que poderia pintar e bordar comigo e eu aguentaria calado por muito mais tempo. Redondamente equivocado.
Preciso organizar meu escritório e meus pensamentos.
Penso que Arthur foi demitido e pelos murmúrios parece que Unai está voltando do Amazonas.
Um caos, tudo está um caos.
— Bom dia, Lucien. — Ouço uma voz doce e grave atingir meus ouvidos.
Raquel.
— Bom dia. — Respondo concentrado nas coisas que estou arrumando pelo escritório. Raquel fecha a porta atrás de mim.
— Podemos conversar? — Pergunta inexpressiva mantendo a postura ereta e elegante.
Encosto o quadril na mesa e cruzo os braços indicando que podemos com a mão direita.
— Estive pensando... Em como minha irmã administra a empresa. — Caminha casualmente e começa a contornar a mesa.
— Violet é muito... Digamos que ela não se importa com opiniões alheias. — Não sei onde Raquel quer chegar usando deste tom persuasivo.
— Já se perguntou como poderiam ser as coisas caso fosse outra pessoa que administrasse? Quantas melhorias poderiam ser feitas... Minha irmã nunca sequer perguntou como você se sente em relação à seu trabalho? — Murmuro negando.
— Vamos parar e analisar Lucien... As condições de trabalho estão começando a ficar precárias, um desleixo não acha. — Não consigo pensar na resposta agora.
Citando os pontos negativos da empresa — o quê Raquel pretende com isto?
— Horário de descanso, folgas premium e remuneração... Tudo isto poderia ser acrescentado se alguém tivesse a oportunidade. — Raquel quer me convencer de algo.
Misteriosa, astuta.
— Sabe o que significa uma revolução? — Afirmo que sim. Raquel se aproxima e alisa meu ombro logo tirando grãos de poeira invisíveis. Sinto seu respirar e o calor do seu corpo próximo demais.
— Direitos Lucien, vocês trabalhadores têm direitos e precisam reivindica-los. — Um tom muito específico, ardiloso.
As íris verdes parecem querer me seduzir a algo maior.
— Violet nos trata bem na medida do possível... Não merece um protesto ou motim. — Busco palavras no emaranhado da mente.
Raquel sorri e inclina um pouco o rosto para o lado.
— Se me permite dizer, julgo que é ingênuo. Conheço a loira a mais tempo que você e é nítido que não importa os seus interesses e necessidades. Violet sempre estará um passo a frente e cegará seus olhos antes que pise na fronteira. — Raquel lança o aviso e retira as mãos finas de meus ombros se afastando.
— Pense nisto Hernández, pode ser benéfico para todos e inclusive para ti. — Raquel anda devagar mexendo os quadris numa sensualidade leve até a porta.
Magnífica.
— Deixe só entre nós. — Fala por fim utilizando a estranha persuasão e sai olhando por cima do ombro.
Intensa como a escuridão sombria da noite.
E doce feito o sol beijando o mar nas tardes alaranjadas do horizonte.
Por quê justo comigo? Não agir na própria cautela e esconder tais pensamentos "revolucionários", para si própria? Revelar a um estranho. Mal me conhece e tem tal confiança em mim? Ou isto é bem mais embaixo do que imagino.
Mistério.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro