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Capitulo Quarenta e Três

Dias depois

De olhos fechado, os poucos barulhos que eu escutava eram das conversas do lado de fora da casa e o barulho dos pés de Enid andando de um lado para o outro impacientemente, pisando no chão e fazendo um pequeno barulho irritante.

-Quer parar quieta?-falo abrindo os olhos e a olhando com censura.

-Estou ficando nervosa!-ela diz me olhando. -Rick saiu e não voltou!

-Ele sabe se virar.-digo seca e sem expressão e volto a fechar os olhos.

-Alice! Levante desse sofá, vamos, já deu!-Ela diz e começa a me balançar até me empurrar pra fora do sofá. Me levanto irritada e contrariada. -Chega de sofrer por alguém que não te merece! Sabe do que precisa?

-Do que?

-Sair pra fora desses muros.

-Já saimos uma vez e não deu muito certo, Enid.- digo desgostosa.

-Mas dessa vez outra pessoa vai com você.

-Quem?- digo franzindo a sobrancelha. Que história era aquela?

Escuto a porta ser aberta nesse momento e vejo e Daryl entrar na nossa casa carregando sua besta.

-Eu. -ele diz e eu dou risada. Claro que era ele. -Vamos, saia dessa fossa ai. Vamos caçar.

-Não sou muito boa nos esquemas de caça.

-Eu te ensino. Pelo menos sabe usar um arco. Pegue seu arco e vamos.

Olho pra Enid e dou um sorriso. É, ela conseguiu. Com ajuda de Daryl, mas conseguiu me convencer a sair desta casa.

Entro no meu quarto e coloco a arma no coldre junto com minhas duas facas. Depois pego o arco e as flechas e saio.

[...]

-Preste atenção.-sussurra Daryl.-Olhe. Um coelho. Vamos, pegue ele.

Vou com cautela até uma boa posição e pego uma flecha. A posiciono no meu arco, puxo a corda e depois a solto. Escuto o coelho dar seu último suspiro e Daryl para ao meu lado.

-Isso! Ótimo, Alice!-diz Daryl sorrindo.

-Obrigada, Besteiro.

[...]

Chegamos em Alexandria com uma grande sacola cheia de animais prontos para serem preparados. Fiquei com um coelho. Precisava me distrair, fazer algo.

Entro em casa e coloco o animal morto na mesa. Pego uma faca de cozinha e começo a tirar sua pele.

-O que está fazendo?-pergunta Carol aparecendo ali.

-Vou fazer uma arroz com carne de coelho.

-Não sabia que cozinhava.-ela diz e eu sorriu. -Você é bem misteriosa quando quer, Alice. Precisa de ajuda?

-Uma ajuda seria bem vinda. Pode ir fazendo o arroz pra mim?

-Claro. Sabe, cozinhar me da um tipo de calma. Adorava cozinhar.

-Eu adorava cozinhar com minha mãe. Ela me ensinou tudo o que eu sei. E me ensinou a sobreviver aqui fora.

-Sei como é ruim perder alguém que amamos.

-Sim, mas o pior é saber quando a essa pessoa está viva mas que está de um lado oposto ao seu.

-Está falando do Carl ne?-ela pergunta.

-Dói tanto.- digo com um suspiro profundo. Eu não era capaz de esquece-lo.

-Sei que dói. Mas é como dizem, tudo passa, Alice

Suspiro. Corto a carne e a tempero. A cozinho e depois coloco no arroz. Fico em silêncio. As vezes, o silêncio era a melhor coisa.

[...]

-Nossa, que comida maravilhosa, Alice e Carol.-diz Maggie.

-Foi tudo ideia da Alice.-diz Carol.

-O que é isso?-pergunta Sasha, colocando mais comida na boca.

-Arroz de coelho.-digo.

-E o que é esse negócio vermelho no arroz?-pergunta Daryl.

-Sangue de coelho.-digo. Eugene para de comer e me encara e eu dou risada.

-Ficou muito bom.-diz Rosita.

-Sim, mas se eu soubesse que isso era sangue nem teria comido.-diz Abraham fazendo uma careta.

-Ai que nojentinho você.-diz Glenn e todos rimos. Rick entrou acompanhado de Morgan.

-Todos estão aqui? Comendo sem nem me avisar?-diz Rick cruzando os braços com um sorriso.

-Junte-se a nós.-diz Michonne.

-O que é isso ai que comem?

-Arroz de carne de coelho.-diz Enid. -Alice que fez.

-Uma ótima cozinheira.-diz Tara dando uma piscadela. Ela ainda estava um pouco triste por causa da morte de Denise, mas estava se recuperando e eu ficava feliz com isso.

-Então vamos ver se é bom mesmo assim como estão dizendo.-diz Morgan.

Há muito tempo não tínhamos uma roda assim, com risadas e uma boa comida. Mas ela não estava completa. Faltava Carl. Sempre faltaria ele.

[...]

A chuva era tão rara que me assustei quando começaram a cair as gotinhas de água do céu. Rick arranjou um jeito de coletar a água e a maioria trabalhava nisso, juntando baldes e panelas, tudo que pudesse ajudar.

Eu até ia ajudar, mas não passei muito bem e Rick me dispensou das tarefas. Estava debruçada sobre o parapeito de uma janela, sentada sobre um sofazinho que estava ali, olhando as gostas de água caírem enauanto mu estômago revirava.

O vidro estava com algumas gotículas de água, algo que julgava nunca mais ver. Respiro fundo.

Preciso parar de pensar em Carl. Preciso deleta-lo de minha vida e mente. Eu rodava a aliança prata em meu dedo, a que ele me deu há alguns dias atrás, dizendo que a encontrou em uma lojinha abandonada. Talvez eu devesse tirar essa aliança e jogá-la fora. Mas algo me dizia que isso tudo era só passageiro.

Com o coração apertado, tiro a aliança, a guardo no bolso da minha blusa xadrez. Se eu quero deletar Carl Grimes da minha vida tenho que começar pelo mais fácil. Como se isso tivesse sido fácil.

Pov: Carl Grimes.

Não é tão ruim quanto parece. Negan não é tão ruim assim. Mas mesmo assim, não gosto dele. Eu quero voltar pra Alexandria, mas se eu fizer isso Negan vai atrás de Alice. Não posso arriscar.

-Garoto, você se superou. Podia ser nosso lider de buscas-diz Negan.-Matou 3 com um movinento só. Tu é foda. Podia ensinar algo pra Lydia. Ela é meio inútil.

-Ela é insuportável. Se eu ficar meia hora com ela, vou acabar a matando também.-digo. Negan ri.

-Não faria diferença. Pelo menos tente.-ele diz e sai.

Pego a arma e continuo a vigiar a área. O anel prata em minha mão direita era o que ainda tinha de Alice, e me lembrava dela todos os dias, todos os instantes.

Não sei como ela está. Mas de fato deve estar me odiando. Meu pai veio até nós várias e várias vezes, tentando acordos, e tudo o que possa imaginar. Mas eu nunca voltei, nunca quis voltar. O medo de perde-la era maior. Só quando ele disse que Alice estava depressiva eu tive vontade de largar tudo. Mas eu não podia voltar, não agora. Eu tinha que protege-la, mesmo que indiretamente.
Do mesmo jeito que ela me protegeu Eu tenho que protege-la.

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