Capitulo Cinco
[...]
Estava dormindo, quando sou acordada com alguém dizendo:
-Alice acorde! Estamos sendo atacados!
Pulo da cama, assustada, o coração a mil, e vejo o Grimes filho rindo de mim. Ah esse menino me paga!
-Ha. Ha. Ha. MUITO engraçado.- digo revirando os olhos e voltando a me jogar na cama do beliche, dando as costas para Carl que ria que nem uma gralha.
-E é assim que se acorda uma pessoa com estilo. -ele diz.- você tinha que ver sua cara de espanto, foi hilária.
-Vai a merda.- digo levantando e saindo da cela. Faço todas minhas coisas de costume e procuro por Rick ou os demais.
Os encontro no pátio, onde todos estavam reunidos comendo calmamente e conversando alegremente.
-Ah Alice, que bom que acordou- diz Maggie com um grande sorriso nos lábios. - Venha, junte-se a nós!
Pego a comida oferecida por Carol e agradeço, me sentando entre Maggie e Beth e começando a comer.
-Bom, temos muito que agradecer a Maggie, Glenn, Daryl, Carl e Alice. Troxeram bastante suprimentos e remédios. Obrigado- diz Rick.
-Nós achamos um mercado praticamente intacto.- diz Carl. -Porém não pegamos muita coisa, as mochilas já estavam cheias. Podiamos voltar eu e Alice amanhã e pegar mais. - espera, que? Por que de tantas outras pessoas ele queria que justo eu, a pessoa que ele mais odiava ali, fosse com ele?
-Não, é arriscado, são só duas crianças.- diz Rick. Foi ai que Carl explodiu de ódio, o rosto todo vermelho e o olhar cheio de uma raiva guardada a muito tempo. Ele joga seu prato se lado e se levanta.
-Por que nunca confia em mim? Não acha que sou capaz de me virar muito bem sozinho? Qual é! Eu sou grandinho o suficiente pra cuidar de mim mesmo! Você não acredita na minha capacidade!- ele diz e começa a caminhar até a cela.
-Carl...- chama Rick, mas o garoto o ignora, logo sumindo da vista de todos.
-Deixe ele.- diz Carol colocando sua mão gentilmente sobre o ombro de Rick, que dá um suspiro cansado.
-Vou falar com ele.- diz Beth se levantando e entregando Judith a Rick, indo até a cela.
Depois de um tempo Beth volta, e pela sua expressão, soubemos que não adiantou nada.
-Por que não tenta falar com ele, Alice?-pergunta Maggie. Paro de saborear minha comida, e a olho pasma. Eu? Carl me odeia!
-Eu? Por que eu? - digo deixando a comida de lado, já habia perdido todo o apetite.
-Vocês tem a mesma idade. Também são bem parecidos. Talvez consiga falar com ele.
-Nós nem nos damos bem.- digo. Bem, falar "nós nem nos damos bem" ainda era bem fraco para aquele mar de ódio compartilhado entre eu e Carl.
-Mas pode conseguir alguma coisa. Só tenha... Paciência. Carl pode ser uma pessoa muito difícil quando quer, mas ele também é um ser humano. - ela diz calma.
-Esta bem.- digo e me levanto.- Mas se ele for grosso comigo, juro que explodo os miolos dele. - Maggie ri.
-Oh adolescência. É a pior e melhor fase. - escuto Maggie dizer.
Entro na cela, e Carl estava sentado no chão, encostado na parede, abraçando as pernas.
-Me deixe sozinho.- ele diz sem se virar.
-Ei, está cela é minha também.- digo.
Ele revira os olhos, e me encara.
-O que você quer? Mandaram você aqui?
-Eles não mandam em mim!- digo, e queria que em partes eu estivesse certa. Bem, tecnicamente eu vim por que eles "pediram".-Vim por vontade própria!
-Você não me entende, garota.-ele diz se virando pra parede, tentando fazer com queeu sumisse dali.
-Entendo sim! Acha que nunca tive um pai que não acreditasse no meu potencial?-digo. Carl me encara, sem dizer nada.- Meu pai nunca me amou o suficiente. Mas mesmo assim costumava me proteger. Depois que minha mãe morreu ele virou um monstro. E eu tive que aprender a me virar. Você pode achar que seu pai não confia em você, mas ao menos ele te ama. Te protege. Quer seu bem. Você não sabe como é ter umnpai como o meu.
-Desculpe, eu não sabia.- diz Carl,seu olhar mais calmo.
-Tudo bem. Não tinha como saber. Você não sabe nada de mim. E eu não sei nada de você .-digo sentando no meu beliche. Carl levanta e se senta ao meu lado, e me encara. Espero ele dizer algo, mas ele não diz nada.
-O que foi?
-Pode contar, se quiser.-ele diz me olhando com curiosidade. O olho confusa.
-Contar o que?
-A sua vida. Pode confiar em mim.-
Levanto uma sobrancelha. Ele revira os olhos. Mal o conheço e o pouco qur conheço já pude ver que ele le odeia!
-Ta, a gente pode ter brigado muitas e muitas vezes, mas desta vez é diferente. Temos algo em comum.
-Só se me contar a sua vida também.
-Fechado.
Respiro fundo. Não eram boas lembranças as que eu tinha, mas sabia que precisava tirar isso de mim para poder seguir em frente.
-Eu não era uma garota um tanto normal. Não fazia parte daqueles grupinhos de garotas. Adorava jogar futebol com meus amigos. Levava uma vida normal. Tinha meus sonhos. Mas quando isso aconteceu, fugi como rato junto com meus pais. E então meu pai mudou completamente. Ele já era um tanto... Estranho. Mas de fato, ele virou um monstro. Minha mãe sempre me dizia coisas pra me sentir melhor. Ela morreu e eu não pude fazer nada. Minha mãe era médica, antes disso. Quando minha mãe morreu, meu pai ficou louco se vez. Ele criou um "grupo". Pessoas horríveis, mas nem todas. Alguns tinham dó de mim, sempre estavam ao meu lado. Eu aprendi a sobreviver. Marta. Marta era uma delas. Sempre cuidando de mim- sorri ao lembrar dela.- E quando meu pai a matou, eu decidi que tinha que ir embora. E cá estou eu...
Carl Grimes estava boquiaberto. E pela primeira vez, vi talvez um pouco de compaixão em seu olhar.
-Sua vez.- digo, querendo evitar qualquer coisa que ele disesse em relação a minha história. Ele para e pensa por uns minutos.
-Eu não era desse jeito, nunca fui. Talvez esse mundo tenha causado isso... Ou talvez por ter matado minha mãe.- ele diz e sorri triste.- Foi quando ela deu a luz a Judith, tudo aconteceu por meu pai confiar demais nas pessoas erradas. Minha mãe morreu por causa disso. Ela implorou pela morte... Pra que eu não deixasse ela virar um deles. E eu o fiz. Matei minha mãe. Meu pai ficou bem mal. E eu? Eu fiquei assim. Um assassino. É tudo que sou.
-Fez o que tinha que ser feito. Isso não te torna um assassino, Carl.- digo sentindo um nó em minha garganta. Então é por isso que ele era assim? Se culpava pela morte da mãe? Culpava o pai?
-Talvez.- ele diz, e soube que não tinha nada para dizer num momento desses.
Mas, tinhamos algo em comum. Nós dois perdemos uma pessoa muito importante para nós: nossas mães. Talvez elas estejam juntas olhando pela gente. Mas de fato, qualquer lugar é melhor que aqui, nesse mundo. Nesse inferno.
Olho pra Carl e ele me olha. Não precisávamos dizer nada um para o outro, por que aquele simples olhar de compaixão já bastava.
[...]
Quando amanheceu, sai uns instantes da parte de dentro da prisão. Estava matando alguns contaminados, com minha faca, que estavam do outro lado da grade, quando escuto alguém gritar:
-Saia dai! É proibido ficar aqui fora- dizia Carl.
-Ah me deixe Grimes!- digo revirando os olhos. Se fosse mesmo proibido, Daryl teria me parado quando sai.
-Saia dai sua idiota! - ele diz e sinto meu sangue ferver. Qual o problema desse garoto? Uma hora estamos de boa, compartilhando nossa dor, e na outra ele me humilha?
-Me chamou do que?- digo me virando pra ele, certa de que meu rosto esta vermelho de raiva.
-I-di-o-ta
-Qual o seu problema Grimes? Como você é ridículo!-berro, vontade se socar o seu rosto era o que não me faltava.
-Ah, devia te deixar ai pra morrer! Devia ter te deixado para morrer.
-Igual fez com todos que se importavam contigo?- digo, e logo me arrependo. Carl me pega pelos pulsos e me joga na grade do outro lado, a que não tinha zumbis.
-Você é ridicula! Pensei que talvez pudessemos ser "amigos" mas não da!- ele diz, seu rosto tão proximo do meu que podia sentir o quente de seu hálito. O empurro para longe de mim, e soco seu braço. Ele bufa e esfrega o lugar.- Você é uma idiota insuportável!
-Você é estupido e arrogante! Vai acabar ficando sem ninguém se continuar assim!
-Devia ter deixa aquele Walker te matar!
-Eu devia ter te matado!
-Vou deixar você morrer na primeira oportunidade que tiver. Não fara falta nenhuma.- ele diz e sai andando, me deixando ali, o ódio me consumindo e um pingo de culpa me matando.
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