14 ₂
Se você acha que o que aconteceu a seguir foi um desastre emocional para a vida de Maya, você está enganado.
Na verdade, Vincent tinha um plano e Bellamy fazia parte dele. Juntos, eles neutralizaram os guardas e libertaram os jovens.
— A câmara de colheita será segura para vocês — afirmou Bellamy, enquanto se preparava para partir para o nível três, onde estavam os demais delinquentes.
— Eu vou com você — declarou Jasper, pegando a arma que um dos guardas havia carregado anteriormente.
— Jasper — Bellamy negou com a cabeça, consciente do perigo.
— Prometi que iria protegê-los — respondeu Jasper, respirando fundo — E é exatamente isso que vou fazer.
— Então eu também vou — afirmou Olivia, posicionando-se ao lado de Jasper.
— Negativo — Bellamy tentou dissuadi-los novamente.
— Positivo! — ela retrucou — Não vou deixar Jasper ir sozinho.
Bellamy alternou o olhar entre os dois à sua frente, antes de suspirar e ceder.
— Vamos.
Bellamy e Olivia avançaram primeiro, enquanto Jasper aguardava por Maya, que conversava com seu pai.
Para o desgosto de Olivia, eles tiveram que percorrer uma tubulação para alcançar o nível três. Bellamy havia sido descoberto, e estavam agora em completo perigo.
— Não temos muito tempo. Os últimos 12 estão neste nível — afirmou Bellamy, saltando para fora da tubulação.
Ele esperou Olivia aparecer para oferecer-lhe a mão. Agradecida pela pequena ajuda, ela saiu da tubulação também. Logo atrás vieram Jasper e Maya.
— Incluindo Monty — comentou Jasper, ajudando Maya a descer da tubulação — Para onde?
— Por aqui — indicou Maya, apontando uma direção.
Bellamy e Jasper prepararam suas armas, seguindo à frente das garotas. Então, um alto barulho ressoou pelos alto-falantes.
"Atenção. Protocolos de quarentena classe um agora estão em vigor. Todos os cidadãos devem reportar ao Nível Cinco imediatamente."
Ao ouvir o anúncio, Olivia e os dois rapazes voltaram-se para Maya, que havia parado no meio do caminho.
"Bloqueio em T-menos 30 minutos. Isto não é um treinamento."
— Escute. Vai ficar tudo bem — assegurou Jasper, aproximando-se de Maya — Certo? Você vai ficar bem.
— Nós não vamos deixar nada acontecer com você — afirmou Olivia. Bellamy, que estava atrás dela, assentiu com a cabeça.
Logo, ele passou para o outro lado, para vigiar.
— Em 30 minutos, toda a energia do gerador será desviada para a continuidade das espécies. Isso significa Nível Cinco para suporte de vida e segurança. A radiação vai se infiltrar por tudo — explicou Maya rapidamente — Não posso ir ao Nível Cinco sem levar um tiro na cabeça.
Jasper engoliu em seco, sem saber o que responder.
— Gente, temos que continuar — falou Bellamy, ignorando a tensão.
— Vamos pegar o seu uniforme protetor, oxigênio extra, suficiente para durar até a energia voltar — argumentou Jasper.
— E depois? — questionou Maya — Você acha que Cage Wallace vai me deixar viver aqui depois disso?
"Atenção. Protocolos de quarentena classe um agora..."
— Então o matamos.
Bellamy deu de ombros, assentindo com a cabeça. Por outro lado, Olivia balançava a cabeça negativamente.
A conversa foi interrompida por um disparo. O quarteto correu em direção ao local do barulho.
Para a infelicidade deles, encontraram a Sra. Ryan, que escondia os últimos doze, sem vida no chão.
— Para onde os levaram? — Jasper perguntou em um tom baixo.
— Deve ter sido para o Nível Cinco — respondeu Maya.
Jasper tentou avançar para o elevador, mas Bellamy o impediu.
— Não — negou Bellamy.
— Saia da minha frente — ordenou Jasper.
— Todas as pessoas da montanha estão no Nível Cinco, todos os soldados — Bellamy elevou a voz. — Diga a ele.
— O Jasper está certo — discordou Maya de Bellamy.
— O quê? — exclamou Olivia.
— Após o bloqueio, será quase impossível tirá-los. É agora ou nunca.
A mão direita de Olivia encontrou seus olhos, que ela esfregou, tentando encontrar uma maneira de pensar logicamente.
— Certo, mas como...
Bellamy foi interrompido por um barulho. Ele e Jasper prepararam suas armas.
— Monty? — Olivia fez uma careta.
O garoto agachou-se perto do corpo da Sra. Ryan e olhou firmemente para Bellamy.
— Eles sabem sobre os terráqueos. Foi por isso que me escondi — choramingou o asiático. — Não fiz nada para salvar os outros. Deixei que matassem a Sra. Ryan.
— Como assim eles sabem sobre os terráqueos? — questionou Bellamy.
— Ouvi no rádio de um soldado — respondeu Monty. — Eles estão indo para a Câmara da Colheita.
O quarteto se entreolhou, o desespero pairando entre eles.
— Se eles pegarem, perdemos todos — murmurou Olivia.
Sem hesitar, saíram correndo, arrastando Monty com eles. Ao chegarem ao local, tudo estava escuro e vazio.
E, se antes não havia sido o momento de um colapso emocional para Maya, agora era. O corpo de seu pai estava bem à frente deles, com uma bala no meio da testa.
— Não! — Maya praticamente se jogou no chão ao lado do pai. Jasper logo se ajoelhou ao seu lado.
Bellamy avançou entre as jaulas vazias, com Olivia logo atrás. Quando pararam, os dois se entreolharam.
— Como eles...
— Eu não sei — respondeu Bellamy, boquiaberto.
— O que você vai fazer? — Monty perguntou a Bellamy, que caminhava a passos largos até uma porta na sala de colheita.
— Nós ainda temos um plano, e ele está do outro lado desta porta. Se eu conseguir apenas...
Havia uma trava tecnológica na porta que Bellamy tentava abrir. Sem hesitar, Olivia pegou a arma que estava na cintura de Bellamy e quebrou o vidro da trava, fazendo com que a porta se abrisse automaticamente.
Bellamy arqueou uma sobrancelha, mas ignorou. Quando abriram a porta, uma onda de alívio percorreu os corpos de todos ali presentes.
Octavia e Clarke estavam do lado de fora, ambas preparadas para lutar, se necessário. Ao perceber seu irmão, Octavia se lançou em seus braços, preocupada.
Quando a mais nova se separou de Bellamy, ela sorriu ao ver Jasper e Monty.
— Eu sabia — Octavia se aproximou deles — Vocês dois são muito raquíticos para perfurar.
Quando Octavia olhou para Olivia, seu sorriso se alargou ainda mais. Sem dizer nada, ela caminhou até a garota e lhe deu um abraço apertado.
— Você nos assustou muito naquele dia! — Octavia admitiu, se afastando de Olivia.
Octavia deu um passo para trás ao observar Maya, com seu traje de oxigênio, se aproximando.
— Está tudo bem. Ela está conosco — Jasper a tranquilizou.
Olivia se aproximou de Clarke, que sorriu meio termo para ela.
— Onde está seu exército? — Bellamy perguntou.
— Já era, assim como o seu — respondeu a loira.
Os dois de cabelos escuros soltaram um suspiro longo ao mesmo tempo.
— Diga que vocês têm um plano.
— Na verdade, não. Precisamos falar com Dante. Maya disse que ele está em quarentena.
— Clarke! — Jasper falou, aproximando-se da garota e a abraçando. Monty fez o mesmo.
Os minutos de pequena tranquilidade que obtinham se esvaíram rapidamente. Um alarme começou a soar, vindo do traje de Maya.
— Trinta minutos — Jasper falou, olhando o cronômetro no traje da garota — Acabamos de mudar. Isso não pode estar certo.
— Jasper... Este não é o último tanque? — Olivia perguntou, tentando manter a calma.
— É.
[...]
Com o suprimento de oxigênio do traje de Maya se esgotando, a única alternativa viável era buscar mais. Contudo, para alcançar esse objetivo, era preciso adentrar o Nível Cinco.
Diante da dificuldade e do perigo iminente, decidiram que a única solução seria a separação do grupo. Monty, Clarke e Bellamy se dirigiriam para conversar com Dante, enquanto Olivia, Jasper, Octavia e Maya tentariam acessar o Nível Cinco.
Quando o grupo destinado ao Nível Cinco estava prestes a partir, Bellamy, com um gesto firme, agarrou o braço de Olivia, forçando-a a encará-lo.
— Cuide-se — ordenou ele, seu semblante tenso.
— Você também — respondeu ela, com uma intensidade que não deixava margem para dúvida.
Após a partida do grupo, os quatro avançaram com determinação pelos corredores.
O grupo estava se aproximando do Nível Cinco, onde a tensão e a urgência eram palpáveis. Maya estava em necessidade urgente de oxigênio, e Olivia, Octavia e Jasper estavam tentando acessar a sala de controle para salvar Maya.
Octavia e Olivia avançavam à frente dos outros dois, ambas vigilantes para qualquer sinal de perigo iminente.
Quando viraram uma esquina, depararam-se com um grupo de soldados no corredor à frente.
As duas trocaram um olhar significativo e recuaram alguns passos para evitar a detecção pelos homens.
— O que aconteceu? — Jasper perguntou, a voz baixa e cheia de preocupação. — Por que pararam?
Olivia rapidamente levantou o dedo indicador em um gesto de silêncio.
— Mantenha a voz baixa — ela sussurrou — Há soldados naquele corredor; precisaremos encontrar um caminho alternativo.
— Não há outro caminho — Maya respondeu com um tom de desespero.
— Como não? — Octavia exclamou, seus olhos arregalados em surpresa.
A mente de Olivia começou a girar, buscando possíveis soluções para a situação crítica.
— Eu os distrairei — afirmou Olivia, com determinação resoluta.
— Eu vou com você! — Octavia insistiu, decidida a não deixar a amiga enfrentar o perigo sozinha.
— Não, você ficará aqui com Jasper e Maya; eu cuidarei da distração dos soldados — Olivia declarou com firmeza.
— É extremamente perigoso; eles poderão capturá-la — Jasper murmurou, a apreensão evidente em sua voz.
— Eu ficarei bem. O máximo que farão será coletar meu sangue, e daí? — Olivia deu de ombros com uma confiança controlada. — Vocês seguirão adiante depois que eu distrair os soldados. Está entendido? Apenas mantenham-se atentos!
Octavia e Jasper trocaram olhares relutantes antes de assentirem com a cabeça, resignados à decisão de Olivia.
Ela respirou fundo e deu um passo à frente, expondo-se completamente aos soldados.
Embora não tivesse elaborado um plano detalhado, Olivia não demonstrava medo, apesar da situação desesperadora. Nervosa, talvez, mas o medo já fazia parte de sua rotina.
Seu intento de distrair os soldados levou-a a uma situação crítica. Quando tentou se aproximar para neutralizar um deles, os soldados rapidamente se voltaram em sua direção.
Olivia piscou várias vezes, tentando formular uma estratégia, mas a resposta era clara: não havia o que fazer. Quando um dos soldados apontou uma arma para ela e o outro a agarrou pelos braços, torcendo-os para trás, ela lutou com todas as suas forças, consciente da futilidade de seus esforços.
Mesmo sabendo que sua resistência poderia resultar em sua morte, Olivia persistiu, impulsionada pelo desejo de ajudar seus amigos.
Obviamente, seus esforços foram em vão, e os soldados a arrastaram até o Nível Cinco. Apesar do grave perigo, o único pensamento que dominava a mente de Olivia era o desejo de que seus amigos houvessem tido sucesso. Essa era a sua única preocupação.
Seus olhos se arregalaram de horror ao virar uma esquina e ouvir gritos de dor penetrantes. Embora não pudesse identificar os indivíduos, a natureza das investidas revelava seu destino iminente.
Ela compreendeu com clareza que estavam a levando para extrair sua medula óssea.
Quando chegaram ao local, os olhos de Olivia se fixaram no presidente Cage Wallace, cujo sorriso frio e calculista se desfez ao avistar a jovem sendo arrastada pelos soldados até sua presença.
Ela desconsiderou a presença de Wallace, concentrando seu olhar na maca diante dela. Em cima da maca, alguém estava gritando de dor. Era Raven. Como ela fora parar ali, Olivia não tinha a menor ideia.
Desesperada, Olivia lançou um olhar ansioso pela sala, seus olhos ardendo ao avistar seu pai, também presente. Seus pulsos estavam imobilizados por algo que o prendiam à parede.
Olivia estava tão tomada pela frustração ao ver seu pai ali, que mal percebeu quando a prenderam contra uma parede, posicionando-a de frente para ele.
Quando seu pai a avistou, ele não conseguiu pronunciar uma única palavra. As palavras desapareceram de sua mente, e a única sensação que dominava seu peito era uma dor aguda e insuportável.
Então, Cage Wallace se aproximou de Olivia com um sorriso irônico, ignorando os gritos agonizantes que ecoavam ao redor.
— Minha amiga, a doutora Tsing, via potencial em você. Espero que seu sangue tenha algum valor — comentou Wallace, cruzando os braços sobre o peito.
Se o sangue de Olivia realmente tinha algum valor, ela não sabia, mas estava certa de que sua raiva fervia como nunca.
Ela lutou para manter a compostura, mas o rosto de Wallace, a poucos centímetros do seu, provocava uma repulsa profunda. A jovem não hesitou em cuspir no rosto de Wallace, que reagiu com uma expressão de nojo e limpou o rosto com a mão direita.
Com a mão esquerda, ele agarrou firmemente o queixo de Olivia.
— Você é a próxima, garota — ameaçou ele, empurrando o rosto de Olivia com agressividade antes de se afastar.
Com a respiração ofegante, Olivia dirigiu seu olhar para Miller, que estava ao seu lado. O moreno a observava com uma expressão de confusão.
— Por que apenas você está aqui? — perguntou ele em um sussurro.
— Decidi assumir o papel de salvadora — respondeu ela, com um tom de frustração — O plano falhou, mas ainda há uma chance de reverter a situação.
Ela engoliu em seco, fazendo uma expressão de dor ao fixar os olhos na maca, onde Raven estava sendo perfurada.
— Eu espero, pelo menos — disse Olivia, a voz carregada de apreensão.
[...]
Alguns minutos se passaram. Raven estava desacordada sobre a maca, mas ainda viva. Cage, que havia saído há algum tempo, retornou agora.
— Remova-a da maca — ordenou ele, com uma voz autoritária.
— Senhor, o procedimento ainda não foi concluído.
— Agora! — insistiu Cage, sua autoridade irrefutável.
O médico e os dois soldados presentes obedeceram prontamente. Raven foi retirada da maca, e Cage dirigiu seu olhar fixo para Abby, mãe de Clarke, que também estava presente.
— Coloque-a na mesa — ele indicou com um gesto para Abby.
— Não! — Abby implorou, o desespero evidente em sua voz.
Nesse momento, um turbilhão de pensamentos passou pela mente de Olivia. Ela percebeu que o plano de Cage era, sem dúvida, fazer com que a dor de Abby fosse um instrumento para torturar Clarke. Se eles estivessem se dirigindo para a sala de comando, certamente estariam assistindo a cena através das câmeras.
Nada poderia ser mais devastador do que testemunhar a morte de sua própria mãe, ver a vida se esvaindo do corpo que um dia foi vital.
Olivia compreendia essa dor mais do que ninguém.
— Olhe para você, Cage — provocou Olivia, sua voz carregada de desdém. — Que homem poderoso você é, não é? Usando a dor dos outros para se sentir superior. Acha mesmo que torturar Abby vai te tornar um grande líder?
Cage a observou com uma expressão fria, mas seu semblante começou a se transformar à medida que a provocação de Olivia se aprofundava.
— Você não tem ideia do que está falando — ignorou, Cage, o desprezo em sua voz.
— E você não tem ideia do quanto está parecendo patético — Olivia soltou uma risada, sem recuar. — Se quer mostrar verdadeira crueldade, talvez devesse olhar para quem realmente está fazendo alguma diferença. Torturar uma mulher inocente só mostra o quanto você é fraco e covarde.
A cada palavra de Olivia, Cage parecia perder a paciência. Seu rosto começou a se contorcer de raiva, e a ideia de torturar Abby começou a perder seu apelo diante da provocação direta e desafiante de Olivia.
— Então você acha que pode me desafiar e sair impune? — rosnou Cage, sua voz tremendo de raiva. — Você realmente se acha no direito de me provocar dessa forma? Eu quem estou no comando!
— Parece que você não tem coragem de fazer algo realmente significativo — retrucou Olivia, desafiadora. — Está tão ocupado em torturar os inocentes que não percebe o quanto está fracassando.
Finalmente, Cage, tomado pela fúria e pelo desejo de se vingar pela afronta direta, decidiu mudar seus planos.
— Muito bem — disse Cage, sua voz carregada de uma raiva fria e calculada. — Se é isso que você deseja, então será você quem sofrerá a partir de agora.
Ele se virou para os soldados e o médico, sua expressão agora claramente satisfeita com a nova ideia.
— Troquem-na. Ela será a próxima.
Os soldados, surpresos com a mudança repentina, imediatamente se prepararam para a nova ordem, enquanto Olivia, aliviada de ver seu plano funcionando, se preparava para enfrentar o que estava por vir. A provocação havia mudado o curso dos eventos, colocando-a no centro do novo plano cruel de Cage.
Olivia estava imobilizada na maca, seus braços e pernas firmemente atados com correias de couro.
O ambiente ao seu redor era frio, iluminado por luzes cruéis que lançavam sombras severas nas paredes. Cage observava com um olhar impassível enquanto o médico e os soldados se preparavam para o procedimento.
Sem qualquer aviso ou consideração, o médico retirou uma furadeira de metal, seu motor emitindo um zumbido sinistro ao ser ligado. Olivia, com o coração batendo acelerado e a respiração irregular, tentou desviar o olhar do instrumento aterrorizante.
O médico se posicionou ao lado da maca e, com uma precisão impiedosa, rasgou um pedaço da calça da garota e aplicou a furadeira diretamente sobre a lateral do quadril de Olivia, no local designado para a coleta da medula óssea.
A furadeira começou a perfurar a pele e o tecido subjacente com um som estridente e penetrante. Olivia sentiu a dor imediatamente como uma explosão de pressão e calor profundo.
Gritos agudos e desesperados explodiram de seus lábios à medida que a furadeira continuava a sua tarefa brutal. A dor era uma onda constante e crescente, uma combinação de pressão esmagadora e uma sensação de que sua estrutura óssea estava sendo desintegrada.
O zumbido da furadeira parecia intensificar a dor, tornando cada segundo insuportável.
Sua visão começou a se embaçar, as lágrimas se misturando com o suor que escorria pela testa.
Olivia contorceu-se contra as correias que a prendiam, seu corpo lutando instintivamente contra a tortura. Seus gritos ecoavam pela sala, um som de agonia pura que parecia atravessar o silêncio opressor da instalação.
Kane, preso a uma parede próxima, estava visivelmente desolado. Seus olhos estavam fixos em sua filha, seu rosto pálido e marcado pelo sofrimento. Ele gritava em desespero, tentando alcançar Olivia, mas era evidente que suas súplicas não tinham efeito. A dor e o horror em seus olhos eram palpáveis, seu corpo tremendo com a impotência. Marcus tinha a expressão congelada em uma mistura de horror e desespero, suas mãos fechadas em punhos. Abby estava em um estado de pânico, seus olhos arregalados e a respiração rápida e ofegante, enquanto ela tentava afastar o olhar da cena insuportável.
Enquanto a furadeira continuava seu trabalho cruel, a dor de Olivia parecia se intensificar sem fim.
Cada movimento da ferramenta causava uma nova onda de dor lancinante, seu corpo se contorcendo em agonia. A máquina finalmente foi retirada com um estalo seco, e Olivia, agora drenada e exausta, caiu em uma respiração irregular e entrecortada.
O médico removeu o frasco coletor cheio de medula óssea e o colocou cuidadosamente em uma caixa ao lado. Cage observava com um sorriso cruel, satisfeito com o sofrimento infligido.
Depois de extrair uma amostra da medula óssea do quadril de Olivia, o médico não deu sinais de parar.
Com um olhar clínico e impiedoso, ele se preparou para continuar o procedimento. Cage observava com um prazer sombrio, seu olhar fixo na tortura que se desenrolava diante dele.
A sala estava cheia de um zumbido inquietante quando o médico retirou uma segunda furadeira, desta vez com uma broca ainda maior e mais afiada.
Olivia, já estonteada pela dor anterior, sentiu um novo surto de terror ao ver o novo instrumento. O zumbido da furadeira era quase ensurdecedor, e a dor começava a se acumular novamente em seu corpo.
Sem qualquer aviso, a broca foi posicionada na parte superior da coxa de Olivia, um local próximo ao osso ilíaco.
A pressão inicial da furadeira fez Olivia gritar instantaneamente, um som de desespero agudo que reverberava pelas paredes da sala. A dor era uma nova onda de sofrimento, mais intensa e abrangente do que a anterior, um martelo invisível esmagando sua estrutura óssea.
Os gritos de Olivia se tornaram quase ininterruptos, sua respiração se transformando em um padrão irregular e angustiado.
Cada rotação da furadeira aumentava a sensação de que sua pele e músculos estavam sendo dilacerados, a sensação de calor e pressão intensificando-se a cada momento.
O sofrimento era tão profundo que Olivia quase perdeu a consciência, sua visão se tornando borrada com lágrimas e suor.
Kane estava em estado de completa agonia, seu rosto contorcido em uma expressão de dor e desespero. Ele gritava para ela, suas palavras uma mistura de súplicas e gritos de raiva impotente. Seus olhos estavam fixos em Olivia, tentando oferecer algum conforto moral, mas o sofrimento de sua filha era evidente.
A furadeira continuou a sua tarefa implacável, perfurando mais profundamente e extraindo a medula óssea da região superior da coxa de Olivia.
A dor era agora uma sensação constante e esmagadora, cada giro da broca adicionando uma nova camada de sofrimento. Olivia estava em um estado de quase desmaio, seu corpo fraco e desgastado pela tortura implacável.
Finalmente, a furadeira foi retirada, e Olivia deu um suspiro de alívio parcial, embora a dor ainda permanecesse aguda e penetrante.
Quando o médico retirou o segundo tubo de sangue de Olivia, o ambiente foi mergulhado em um silêncio pesado, interrompido apenas pela entrada de um soldado que acompanhava Jasper.
O garoto ficou paralisado, seus olhos arregalados ao encontrar Olivia na maca. Suas roupas estavam rasgadas, e seu corpo, ensanguentado e marcado pela tortura, chocou Jasper profundamente.
— Trouxemos outro — anunciou o soldado que estava com o garoto.
O outro soldado indicou o lugar que Olivia estava antes com um gesto frio e calculista, como se estivesse sugerindo que Jasper poderia ocupar o lugar dela, uma vez que ela não retornaria.
À medida que o médico prosseguia com o procedimento, a dor insuportável tornou-se um tormento constante para Olivia.
A broca, agora posicionada em um novo local de perfuração, causava uma agonia tão intensa que ela mal conseguia pensar com clareza. O zumbido da furadeira era quase ensurdecedor, e cada giro da broca parecia aprofundar sua dor.
Com a broca posicionada na parte inferior da perna de Olivia, ela sentiu uma nova onda de pressão esmagadora. O sofrimento era tão intenso que sua visão começou a se embaçar, e o mundo ao seu redor começou a se distorcer. O grito que ela havia tentado liberar se transformou em um gemido baixo e rouco, sua força para resistir desaparecendo rapidamente.
À medida que o médico continuava a girar a broca, a dor se tornava cada vez mais insuportável. Olivia, agora em um estado de quase desmaio, tentou lutar contra a sensação de desvanecimento, mas a dor extrema estava rapidamente se tornando demais para suportar.
Sua respiração ficou cada vez mais fraca e irregular, e ela começou a perder a consciência.
Com um último grito de agonia, Olivia finalmente não conseguiu resistir. Seus olhos se fecharam e sua cabeça caiu para o lado, seu corpo relaxando completamente na maca. O médico, indiferente ao seu estado, continuou com o procedimento, a broca finalmente sendo retirada após a coleta da medula óssea.
O silêncio que se seguiu foi opressor, apenas interrompido pelo som do frasco sendo colocado com a amostra coletada.
Kane estava em lágrimas, sua expressão de desespero e dor refletindo a impotência que sentia.
O médico interrompeu o procedimento quando o presidente Wallace ordenou que prendessem Jasper novamente, pois o garoto havia conseguido se soltar.
— Prendam-no! — ordenou Cage, sua voz firme e autoritária.
— Sim, senhor — respondeu um dos soldados.
No entanto, antes que os soldados pudessem cumprir a ordem, algo incomum começou a acontecer.
Os montanheses começaram a demonstrar um comportamento anômalo e inquietante. Um alarme estridente soou repentinamente, preenchendo o ambiente com um som agudo e alarmante.
— O que está acontecendo? — perguntou um dos presentes, o pânico evidente em sua voz.
O primeiro soldado começou a tossir violentamente, e rapidamente todos os outros seguiram o mesmo padrão. A pele dos soldados estava adquirindo um tom vermelho intenso, uma evidência clara de que algo estava errado.
O efeito da radiação havia começado a se manifestar, deixando os soldados em um estado de evidente sofrimento e desespero.
[...]
Olivia começou a recuperar a consciência lentamente, suas pálpebras pesadas piscando enquanto tentava abrir os olhos.
A luz suave da ala médica filtrava-se por suas pálpebras entreabertas, tornando sua visão embaçada e indistinta. Tudo ao seu redor parecia um borrão de formas e sombras.
Ela podia ouvir vozes abafadas e indistintas ao fundo, mas sua mente ainda estava confusa demais para discernir quem eram.
As vozes pareciam familiares, mas a névoa de sua consciência a impedia de reconhecer qualquer coisa com clareza.
Piscar. Mais uma vez, suas pálpebras se ergueram lentamente, permitindo que a visão turva começasse a se ajustar.
Aos poucos, os contornos do teto da ala médica começaram a se formar acima dela, seguidos pelas luzes que pendiam no alto.
As vozes, antes distantes, começaram a ficar mais claras e nítidas. Ela ouviu fragmentos de uma conversa preocupada, mas ainda não conseguia identificar os donos das vozes. Forçou-se a focar, tentando captar palavras e frases que pudessem fazer sentido.
— estado crítico... mas estável agora — uma das vozes disse, carregada de preocupação.
— ... precisa de tempo... recuperação é crucial — respondeu outra voz, igualmente séria.
Olivia piscou novamente, suas pálpebras lutando contra o peso que ainda as pressionava. A visão gradualmente se tornava mais nítida, e ela começou a distinguir figuras ao seu lado.
As sombras começaram a ganhar formas familiares, e as vozes se tornaram mais reconhecíveis.
Finalmente, seus olhos se ajustaram completamente, e ela pôde ver Bellamy e seu pai conversando ao lado de sua cama. Bellamy tinha uma expressão de preocupação marcada em seu rosto, enquanto Marcus parecia igualmente angustiado, mas tentando manter a calma.
Olivia tentou falar, mas sua garganta estava seca e a voz não saiu. Ela moveu a cabeça ligeiramente, o que chamou a atenção de Bellamy.
— Olivia? — Bellamy se aproximou rapidamente, seus olhos cheios de alívio ao vê-la acordada.
Marcus também se virou imediatamente, seus olhos encontrando os de Olivia. O alívio e a emoção em seu rosto eram evidentes, e ele se aproximou, segurando a mão dela com cuidado.
— Filha, você está bem? — perguntou Marcus, sua voz trêmula de emoção contida.
Olivia piscou mais algumas vezes, finalmente conseguindo focar totalmente em seus rostos. A dor e o trauma ainda estavam presentes, mas o alívio de estar em um lugar seguro com aqueles que amava a ajudaram a relaxar um pouco.
Ela tentou sorrir, mas a exaustão era evidente em cada fibra de seu corpo.
Ainda assim, o fato de estar cercada por pessoas que se importavam com ela trouxe um conforto reconfortante em meio à sua recuperação.
— Estou... estou aqui... — murmurou Olivia, sua voz rouca, mas cheia de determinação.
— Estávamos tão preocupados — disse Marcus, um sorriso aliviado aparecendo em seu rosto.
O mais velho se sentou cuidadosamente em uma cadeira ao lado da maca onde Olivia estava deitada. Com a mão direita, ele acariciou gentilmente a bochecha da filha.
— O que aconteceu? — ela balbuciou, sua voz ainda fraca.
— Clarke e eu liberamos a radiação no Nível Cinco — respondeu Bellamy, engolindo em seco. — Foi a única escolha que tínhamos. Foi difícil, mas estamos a salvo agora.
— Mas... e a Maya? — Olivia perguntou novamente, tentando se erguer na cama.
Ela fez uma careta de dor ao sentir uma pontada aguda no quadril, mas, apesar disso, conseguiu se sentar na maca.
Olivia não precisou de respostas verbais. O olhar significativo de Bellamy lhe explicou mais do que palavras jamais poderiam. Maya estava morta; não conseguiram salvá-la.
— Acho que... — disse Olivia, seus olhos viajando do rosto de Bellamy para o de seu pai — Eu preciso ver o Jasper.
— Liv, você acabou de acordar. Fique aqui um pouco mais, vou chamar a Abby para falar com você — afirmou Marcus firmemente. Ele deu um beijo carinhoso na testa da garota e saiu do local, sem esperar por uma resposta.
Bellamy se aproximou da maca, seus olhos cheios de preocupação e alívio. Ele puxou uma cadeira e se sentou ao lado de Olivia.
— Olivia, quando eu vi você sendo torturada pelas câmeras na sala de comando... — começou Bellamy, a voz tremendo levemente — Eu me senti completamente impotente. Cada segundo parecia uma eternidade, e tudo o que eu queria era estar lá, ao seu lado, protegendo você.
Olivia olhou para ele, atenta.
— Ver você naquela condição... — ele respirou fundo, tentando controlar a emoção. — Foi uma das coisas mais difíceis que já passei. Eu me culpei por não conseguir impedir aquilo, por não estar ao seu lado naquele momento.
— Bellamy... — murmurou Olivia, a voz suave.
Ele desviou o olhar por um momento, claramente desconfortável.
— Olha, eu não sou bom com essas coisas, mas... — Bellamy suspirou, esfregando a nuca nervosamente — Você significa muito para mim, Liv. Mais do que eu imaginava. Ver você em perigo... me fez perceber isso.
Olivia ficou em silêncio, seus olhos fixos em Bellamy enquanto ele lutava para encontrar as palavras certas.
— Eu acho que... — ele continuou, a voz ainda trêmula. — Eu me importo com você de uma maneira diferente. Não como um simples amigo. Quando vi você sofrendo, percebi que não posso perder você. Eu sinto algo forte por você.
Olivia sentiu seu coração acelerar, e um sorriso tímido surgiu em seus lábios.
— Eu também sinto o mesmo por você. Mas, Bell, você sabe. Eu passei por algo difícil, e sei que vou ter que superar isso — Olivia respirou fundo, desviando seu olhar do garoto — Eu não quero te infectar com os meus problemas.
— Olivia, você nunca será um incômodo para mim — ele assegurou, segurando delicadamente seu queixo e fazendo com que ela olhasse para ele.
— Eu sei disso, mas eu não acho que agora seja o momento certo para ficarmos juntos — ela engoliu em seco, arrependendo-se de falar isso logo após encarar o desapontamento no olhar do garoto — E tudo bem se, quando for, você não quiser mais.
Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha de Olivia; ela nunca desejaria machucar Bellamy. Odiava só de pensar em tal ato.
Bellamy deu um leve sorriso enquanto secava a lágrima com o polegar.
— Eu vou esperar por você, esperarei para sempre, se for preciso — ele afirmou.
Olivia suspirou aliviada, sorrindo nervosa.
— Ainda podemos ser amigos, não é?
— Quantas vezes vou precisar dizer que você não vai se livrar de mim tão fácil assim, princesa? — Bellamy brincou, dando de ombros.
— Muitas, muitas vezes.
Olivia sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando o toque da mão de Bellamy foi retirado de seu rosto.
— Olivia Kane, eu te amo. — o mais velho admitiu — Eu deixaria o mundo queimar por você, vou esperar o tempo que você precisar. Eu sempre estarei aqui.
— Promete? — ela perguntou, franzindo os lábios.
Bellamy levantou seu mindinho, fazendo uma careta, o que arrancou uma risada de Olivia.
— Prometo, majestade.
Sem responder, a garota abriu seus braços para que Bellamy se encaixasse no meio deles, e foi o que ele fez.
Com toda a certeza, o abraço e a risada de Olivia eram as coisas favoritas de Bellamy no mundo inteiro.
────୨ৎ────
Com mais de cinco mil palavras no último capítulo, o ato 2 finalmente acabou. Confesso que esse é o ato de que eu menos gosto, mas foi muito bom escrever este último capítulo (apesar de todo o sofrimento que há nele).
Quero agradecer a todos que sempre estão presentes, votando e comentando suas reações. Vocês são incríveis, e às vezes (sempre) rio bastante com alguns comentários KKKKKKKKKKKK.
Estamos com 36 mil visualizações na fanfic, e eu não poderia estar mais feliz. Muito obrigada mesmo!
E, por favor, não me xinguem por esse final. A Olivia realmente passou por muuuuuito, e vocês vão ver depois como o Mount Weather afetou a coitada. Ainda bem que o nosso amado Bellamy compreende nossa menina :)
Acho que é isso, gente. Apenas se preparem para o próximo ato que, eu confirmo, vai ser mais doloroso e frustrante do que este. Beijinhos e até mais! 💗
Obs.: Nosso casal precisa de um shipp, não? Me ajudem com isso, por favor 🙏🏻
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