10 ₃
──── Nunca mais.
Olivia não seguiu direto para Arkadia. Disse que precisava buscar o arco, que, por azar, tinha deixado perto da nave. Mas, na realidade, sentia uma necessidade inexplicável para ir até aquele lugar, sem saber ao certo o porquê. Aproveitou a luz do dia para fazer o trajeto sozinha. Ao chegar, um sorriso de canto surgiu quando avistou seus objetos preferidos espalhados entre as folhas secas. Agachou-se, passando os dedos pelo arco antes de pegar a aljava de flechas.
— Achou que eu te abandonaria aqui, é? — murmurou, rindo baixinho ao perceber que estava conversando com seu próprio arco.
Quando se levantou, franziu a testa ao ouvir o estalar de folhas sob passos, como se alguém estivesse por perto. Olhou ao redor, desconfiada.
— Só o que me faltava... — sussurrou.
Virando a cabeça de volta, deu um pequeno salto e levou a mão ao peito ao notar a presença de seu pai parado bem à sua frente.
— Meu Deus, Marcus! — exclamou, passando a mão pela testa. — Que susto! Você não devia estar com os terráqueos?
Ele não respondeu, apenas sorriu. Olivia estreitou os olhos.
— 'Tá tudo bem?
Marcus assentiu e colocou uma mão em seu ombro, acariciando-o de leve. Olivia lançou um olhar hesitante para ele, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma dor lancinante atravessou sua cabeça, muito mais intensa do que as anteriores. Ela grunhiu e fechou os olhos, tentando se controlar.
— Mas que droga — murmurou, os olhos fixos no chão. Ao levantar a cabeça, percebeu que seu pai havia sumido.
Ela estava completamente sozinha.
Um arrepio percorreu sua espinha, e seus pelos se eriçaram. Apesar da jaqueta que usava, sentiu um frio súbito e desconcertante, enquanto a única coisa que ecoava em sua mente era a quase certeza de que estava enlouquecendo.
No instante seguinte, outra mão pousou em seu ombro — desta vez, de alguém real. Olivia deu um pulo no lugar e teve que respirar fundo antes de se virar nos calcanhares para encarar quem estava ali. Era Bellamy. Ela precisou se conter para não deixar escapar todo o ar que acabara de inspirar.
— Está tudo bem? — ele perguntou, com a boca ligeiramente entreaberta, os olhos analisando cada detalhe do rosto de Olivia.
Ela cerrou os dentes, encarando-o com firmeza.
— Óbvio — respondeu, desvencilhando-se do toque dele. — O que você está fazendo aqui?
— Mudamos os planos. Vamos voltar para a caverna e alguém precisava avisar você — ele explicou, estranhando o jeito abrupto com que ela se afastou.
Olivia apertou a alça da mochila, desviando o olhar para o entorno. Exalou lentamente, sentindo o peso do que acabara de acontecer ainda reverberar em sua mente. Mas falar sobre isso com Bellamy? Nem pensar.
Talvez fosse melhor não contar a ninguém. Com certeza, achariam que ela estava perdendo a cabeça.
[...]
Ao chegarem na caverna, já noite, a notícia os atingiu como um soco: Jasper havia feito contato pelo rádio, e mesmo com Pike fora de Arkadia, o local não era seguro. O plano de Jaha havia funcionado. Todos estavam chipados, controlados pela Cidade da Luz, suas mentes e corpos não mais sob seu domínio.
Octavia recusava-se a aceitar aquela realidade. Queria voltar a Arkadia a todo custo, determinada.
Olivia, por sua vez, sentiu o peso da meia verdade cair sobre ela. Talvez ela tivesse, de fato, engolido o maldito chip, e por isso estava esquecendo coisas, sentindo-se estranha, vendo coisas que não existiam. Mas não fazia sentido. Ela não se lembrava de ter engolido nada, e ninguém estava controlando seu corpo... certo? Era só ela ali. Ninguém mais estava ali.
— Pike já se foi. Eu sei me cuidar — Octavia insistia. — Os terráqueos queimam seus mortos.
Ela estava disposta a arriscar tudo para trazer o corpo de Lincoln e garantir que ele tivesse um funeral digno.
— Eu sei disso — Bellamy falou, a voz carregada. — E depois? Para onde você vai?
— Não é da sua conta! — Octavia retrucou.
— O que mais preciso fazer para provar que estou do seu lado? — Bellamy perguntou, a voz quebrando, o arrependimento evidente.
Mas arrependimento não mudava o passado.
— Traga Lincoln de volta.
Octavia caminhou até a entrada da caverna, mas parou, virando-se uma última vez para o irmão.
— Entregar Pike não te faz uma boa pessoa, Bellamy. Você fez isso para me salvar — disse, com a voz cortante.
Bellamy não ergueu o olhar, apenas abaixou a cabeça, engolindo em seco.
— Não porque achava que o que Pike fez estava errado — ela continuou.
— Os terráqueos nos deixaram sem comida! — Bellamy rebateu, finalmente se virando para encarar a irmã.
— Porque você massacrou um exército que foi enviado para nos proteger — Octavia respondeu, erguendo as sobrancelhas em desafio.
— Aquele exército poderia ter nos atacado a qualquer momento — Bellamy tentou se justificar, o desespero na voz.
— Mas não atacaram. Você atacou — Octavia balançou a cabeça, o tom amargo. — Você estava ferido e perdeu o controle, como sempre faz.
Olivia observava de perto, uma careta de concordância se formando em seu rosto. Todos ali estavam magoados com o que aconteceu no Mount Weather, mas apenas Bellamy havia cruzado a linha, se tornando praticamente um assassino psicótico.
— Há consequências, Bell. As pessoas se machucam! — Octavia gritou. — As pessoas morrem. Seu povo morre. Monroe está morta. Lincoln está morto.
Olivia, ao lado de Sinclair, sentiu um nó na garganta. Monroe estava morta, e havia uma vozinha irritante em sua cabeça dizendo que a culpa era dela.
Octavia saiu da caverna sem olhar para trás, e Bellamy, incapaz de deixá-la ir sozinha, seguiu logo atrás. Olivia, no entanto, não saiu por nenhum dos dois. Saiu porque o ar dentro da caverna parecia ter se tornado pesado demais, sufocante.
Quando alcançou o lado de fora, viu Clarke e Jasper chegarem com o Rover.
— Temos que levá-la para dentro antes que ela acorde! — exclamou Jasper, carregando Raven desacordada em seus braços. Bellamy correu para ajudá-lo.
— Foram seguidos? — perguntou ele, os olhos tensos.
— Talvez. Não sei. — Jasper respondeu, com a voz ansiosa.
[...]
Já dentro da caverna, Sinclair olhou para Jasper, a preocupação evidente em seu rosto.
— O que aconteceu com Raven? — ele perguntou.
Jasper, ainda abalado, respondeu da mesma forma que havia feito pelo rádio:
— Raven não é mais ela mesma. Jaha implantou chips em todo mundo — resmungou, a raiva permeando suas palavras.
— Jasper está certo. Eu vi pessoalmente — Clarke acrescentou, apoiando o que o garoto dizia.
Jasper ainda carregava a dor do que aconteceu em Mount Weather. A morte de Maya estava fresca em sua mente, e a culpa que ele atribuía a Clarke era insuportável.
— Eu não preciso da sua ajuda, tá bom? — ele exclamou, apontando o dedo para Clarke, o rancor claro em sua voz.
Olivia, percebendo a tensão no ar, se aproximou e, com uma mão suave no peito de Jasper, fez com que ele baixasse o braço.
— Ei, Jas, calma. Conta pra gente o que aconteceu — disse ela, sua voz suave tentando apaziguar a situação.
Relutante, Jasper desviou o olhar para Olivia.
— Jaha está usando os chips para controlar todo mundo. Você engole e vira outra pessoa. Esquece quem é de verdade e começa a ver... aquela coisa, a ALIE. Mas ela não é real. Ela fez Raven cortar os próprios pulsos.
Olivia lançou um olhar preocupado para o corpo de Raven, deitada ao lado de Sinclair, respirando profundamente.
Bellamy observava atentamente Olivia, seus olhos fixos na silhueta tensa da garota. Algo estava errado. Olivia, que normalmente mantinha uma postura firme, com os braços cruzados e a expressão controlada, agora estava diferente. Seus braços estavam esticados ao lado do corpo, e as mãos cerradas em punhos tão apertados que os nós dos dedos estavam esbranquiçados. Ela respirava de forma irregular, e seus olhos vasculhavam o ambiente de maneira nervosa, como se estivesse à beira de um colapso ou sentisse uma ameaça invisível ao redor.
Ele conhecia Olivia bem o suficiente para notar essas mudanças sutis. Os outros talvez não percebessem, mas Bellamy sempre prestou atenção nos pequenos detalhes. Ele sabia quando algo estava perturbando a garota, mesmo que ela não tivesse consciência disso. E agora, ele podia sentir a tensão quase palpável que emanava dela.
Algo dentro de Olivia estava mudando, e, pelo olhar que Bellamy lançava, ele podia apostar que ela nem sequer tinha noção do quanto ele a conhecia.
— Raven tentou tirá-la da cabeça. Eu tentei ajudá-la, mas...
Sinclair se levantou abruptamente.
— Vamos ajudar agora. Ela disse como? — perguntou, com urgência.
— Ela estava construindo algo. Precisava de uma das pulseiras... mas Jaha destruiu todas.
Olivia respirou fundo, endireitando a postura. Sempre havia uma nova complicação, parecia impossível vencer uma batalha sem dar início a uma guerra maior.
— Espera — Clarke franziu o cenho, tirando algo do bolso. Quando mostrou para o grupo, Olivia imediatamente reconheceu: era um chip, parecido com o chip que Raven havia lhe dado. — É parecido com isso?
— Não exatamente — respondeu Olivia, analisando o objeto. — Mas, sim, é bem parecido.
De repente, Raven, até então inconsciente, se levantou num pulo, acertando Bellamy — que estava ao seu lado — na barriga com um golpe certeiro, e saiu da caverna com velocidade surpreendente. A última coisa que poderiam permitir era ela descobrir onde estavam, então, todos correram atrás, tentando contê-la. Quando finalmente a seguraram, Raven lutava com todas as suas forças, falando coisas desconexas e tentando desesperadamente se soltar. Jasper agiu rápido, injetando um calmante no pescoço dela, e a garota caiu em silêncio.
— Temos que sair daqui — afirmou Clarke, olhando para os outros com urgência.
— Por quê? ALIE não sabe onde estamos — Bellamy disse, ainda ofegante pela corrida.
— Mas eu sei onde podemos encontrar uma pulseira — respondeu Clarke.
[...]
Eles estavam na mesma conveniência que foram no dia que reencontraram Pike, o lar de Niylah, a terráquea que lhes contou sobre Clarke. Convencer Niylah a abrigar o povo do céu em sua casa não havia sido fácil. O pai dela estava entre os soldados do exército terráqueo que os Arkadianos massacraram. Mas não havia tempo para negociações delicadas. Raven estava prestes a acordar, e, mesmo contra sua vontade, eles recorreram a ameaças para garantir abrigo.
Com dificuldade, tentavam amarrar Raven à cama. Ela estava bem desperta agora, e ALIE, sem dúvida, furiosa. Olivia se recusou a permanecer no cômodo. Aquela cena era perturbadora — os gritos de Raven, carregados de desespero, faziam a cabeça de Olivia latejar ainda mais.
Afastando-se, Olivia apoiou os cotovelos no balcão de madeira da conveniência, deixando que ele sustentasse o peso de seu corpo. A poucos metros de distância, Bellamy mantinha sua arma apontada para Niylah, que observava a situação com evidente pavor, especialmente por causa dos gritos lancinantes de Raven.
Quando Clarke se aproximou, afirmou que poderia lidar com Niylah sozinha. Um sorriso confiante foi dirigido a Olivia e Bellamy, que assentiram, recuando alguns passos para dar espaço. Porém, para o desconforto de Olivia, isso significava se aproximar cada vez mais dos gritos de Raven, que ecoavam pela pequena casa como um lembrete do caos que os cercava.
Bellamy se juntou a Sinclair e Monty, que debatiam sobre como poderiam remover o chip da cabeça de Raven. Enquanto isso, Olivia se aproximou de Octavia e Jasper, que tentavam acalmar Raven, apesar de parecer impossível. Aquela não era mais Raven, pelo menos não a Raven que conheciam.
Quando Olivia ficou diante da garota — ou melhor, do corpo que Raven ocupava —, um sorriso perturbador se formou nos lábios dela. Olivia sentiu um arrepio intenso percorrer sua espinha, seus olhos se arregalando em resposta. O desconforto foi tão intenso que ela desviou o olhar, quase girando de costas. Sua cabeça latejava violentamente, como se cada veia em sua mente estivesse em guerra, e por um momento ela considerou a ideia irracional de bater a cabeça contra a parede, apenas para que uma dor pudesse sobrepujar a outra.
Louco, não?
Após alguns minutos, Octavia puxou Olivia pelo braço, insistindo que deviam sair dali. Agora, as duas estavam sentadas perto do restante do grupo, que continuava discutindo como Raven pretendia usar as pulseiras para neutralizar o chip.
— Ela não faria isso se o resultado fosse destruir seu próprio cérebro — Bellamy afirmou, convicto.
Octavia suspirou profundamente, levantando-se com esforço e caminhando até parar ao lado de Clarke.
— Depende do quanto ela quer se livrar desse chip.
Olivia esfregou o rosto com as mãos, pressionando os olhos. Quem a observasse naquele momento notaria suas pupilas dilatadas, tão grandes quanto bolas de gude. Ver pontos brilhantes e cintilantes em objetos aleatórios certamente não era um bom sinal — sua mente estava claramente em conflito.
De repente, ela se levantou de um salto, e a tontura a atingiu com força. Balançou a cabeça rapidamente e caminhou a passos largos até a mesa onde os Arkadianos estavam reunidos. Bellamy franziu o cenho, observando com atenção o comportamento de Olivia.
— Independente de tudo isso, sem um eletroímã, essa conversa é inútil — suspirou Sinclair, gesticulando com as mãos, frustrado.
— E onde conseguimos um desses? — Olivia perguntou, levando uma mão à testa.
— Na Arca — respondeu Sinclair, os lábios apertados e os ombros tensos. — As estações tinham um indutor de pulso para manobras de reparo.
— Eu posso ir lá — as palavras escaparam dos lábios de Olivia antes que ela pudesse sequer processá-las, e seu rosto se contorceu em confusão.
Não. Ela não queria ir. Não fazia sentido algum. Sua mente nem havia considerado a ideia, mas, de alguma forma, ela disse aquilo. Balançou a cabeça, como se tentasse reorganizar seus próprios pensamentos.
— Arkadia está fora de questão — Bellamy interveio, com a voz firme, enquanto umedecia os lábios nervosamente. — É perigoso demais, você sabe disso.
Ele estava visivelmente desconfortável, cruzando os braços contra o peito de forma defensiva, seus olhos fixos em Olivia, examinando cada detalhe de sua expressão, tentando entender o que estava acontecendo com ela.
— Podemos usar a nave — Monty sugeriu, interrompendo o silêncio tenso enquanto erguia o olhar. — Tem dispositivos indutivos, como os da Arca.
— Isso é bom — Sinclair assentiu, aproveitando a nova direção da conversa. — Certo, vou pegar o imã...
Monty, porém, pousou a mão no ombro de Sinclair, com firmeza.
— Não. Fique com Raven e descubra como isso funciona. Eu vou pegar o veículo.
[...]
Octavia havia decidido ir com Monty, e, como esperado, ninguém se atreveu a contestá-la. Não estavam dispostos a enfrentar an ira da garota.
Olivia estalava os dedos distraidamente quando os gritos desesperados de Jasper ecoaram pela caverna. O garoto estava com Raven, e todos se apressaram para chegar até ele. Ao entrarem no cômodo, encontraram Raven em uma luta frenética, tentando desesperadamente se libertar. Seu braço direito estava fora do lugar enquanto ela forçava o corpo para alcançar os nós ao redor de seu pulso esquerdo.
— Segurem ela! — Clarke ordenou, seus olhos arregalados de choque.
— Jasper, pegue aquele lado! — Bellamy ordenou rapidamente, correndo junto com o amigo para conter Raven.
Olivia avançou com passos rápidos, piscando algumas vezes para tentar manter a calma. Seus olhos foram atraídos pelos pulsos ensanguentados de Raven.
— Ela reabriu as feridas — Olivia disse, fazendo contato visual com Clarke, a voz mais firme do que ela sentia.
— O quê? — Clarke exclamou em desespero, juntando-se a Olivia.
Raven gritava, se debatendo com ainda mais força, tentando morder as cordas que a prendiam, seus movimentos desesperados intensificando o caos no pequeno cômodo.
— Ela vai sangrar até morrer. Preciso de ataduras! — Clarke falou rapidamente, a urgência na sua voz mais clara a cada segundo.
Bellamy segurava o ombro de Raven com força.
— Eu estou segurando!
— Não, segure o pulso dela! — Clarke corrigiu, subindo na cama para imobilizar a garota de forma mais eficaz.
Raven se agitou ainda mais ao ver Clarke se aproximar, gritando e se debatendo com uma força que parecia sobre-humana. Olivia, sem saber ao certo como ajudar, observava a cena com o coração acelerado.
Sua mente corria, as mãos suadas, enquanto tentava encontrar uma forma de intervir. Respirou fundo, parando ao lado de Jasper, sua voz trêmula ao tentar chamar a atenção de ALIE.
— Alie... Alie — Olivia chamou, aumentando o tom ao ver que Raven não a respondia. — Alie! Eu sei que você pode me ouvir.
Finalmente, os olhos de Raven se fixaram em Olivia, mas não havia nada além de fúria naquela expressão, e o estômago de Olivia se revirou ao pensar no que poderia acontecer se Raven não estivesse amarrada.
— Deixe a Raven em paz! — Olivia implorou, quase em um sussurro desesperado.
A voz fria de ALIE respondeu pelos lábios de Raven.
— Vou deixá-la em paz quando me der o que eu quero — Alie murmurou, virando os olhos para Clarke com uma expressão ameaçadora. — A tecnologia que Clarke possui pertence a mim.
— De jeito nenhum — Clarke rosnou, cerrando os dentes.
— Clarke, dê a ela! — Jasper exclamou, os olhos arregalados de horror. — Clarke!
Clarke ficou em silêncio, congelada, encarando o semblante furioso de Raven.
— Se você deixar Raven morrer — Alie advertiu
— nunca vai pôr as mãos nisso.
Então, Raven se acalmou de repente, como se algo dentro dela tivesse sido desligado, seus movimentos cessando de forma abrupta. Os jovens trocaram olhares confusos.
— Desamarrem os pulsos dela, mas mantenham-na firme — ordenou Clarke, com a voz baixa, porém determinada.
Olivia, com mãos trêmulas e uma urgência mal disfarçada, desfez as amarras de um dos pulsos de Raven. A loira agiu rapidamente, colocando o braço da morena de volta no lugar com uma precisão que só a experiência poderia proporcionar, sem hesitar, como se o ato de endireitar ossos deslocados fosse algo rotineiro.
— Ela nunca vai parar de tentar fugir — declarou Olivia, os olhos fixos nos pulsos de Raven enquanto Bellamy se apressava em amarrá-los novamente. — Não podemos deixá-la se machucar mais.
O olhar de Raven, ou o que restava dela sob o controle de ALIE, parou sobre Olivia, e um sorriso torto, quase zombeteiro, se formou em seus lábios. O silêncio que se seguiu foi perturbador.
— Alguém precisa ficar com ela — disse Bellamy, quebrando a quietude e concordando com a preocupação de Olivia.
— Eu posso começar — respondeu Clarke, engolindo em seco, enquanto o peso de sua própria culpa parecia pairar sobre o ambiente — Faremos turnos.
— Você não dá as ordens aqui, Clarke! — exclamou Jasper, sua voz tremendo de emoção contida, os olhos ardendo em lágrimas não derramadas.
Raven, ou melhor, ALIE, riu secamente, lançando um olhar vazio para o teto, a voz vazia de emoção.
— Acho que ele ainda não te perdoou por ter matado a namorada dele — disse ela com frieza, o tom distorcido pela malícia de ALIE.
— Jas — Olivia interveio, sua voz baixa, mas firme, seus olhos suavemente fixos nos dele — Saia daqui por um tempo. Vai ser melhor para você.
Ela tentou oferecer um sorriso fraco, mais como um gesto de conforto do que de felicidade, e Jasper, sem forças para discutir, apenas assentiu com a cabeça, girando nos calcanhares e deixando o ambiente. Assim que ele saiu, Olivia soltou um longo suspiro, como se o ar estivesse preso em seus pulmões por horas, o peso da tensão começando a ceder, ainda que levemente.
Ela lançou um último olhar para Clarke antes de se afastar, e Bellamy a seguiu silenciosamente. De volta ao balcão onde estivera antes, Olivia se apoiou, desta vez com a cabeça enterrada entre as mãos. O mundo parecia estar desmoronando ao seu redor, os gritos e murmúrios abafados ecoando em sua mente, enquanto a realidade começava a se mesclar com a confusão dentro de sua cabeça. A poucos metros de distância, Jasper desabafava com Bellamy sobre sua frustração com Clarke — o retorno repentino dela, como se ainda tivesse o direito de comandar após tudo o que havia acontecido.
[...]
Poucos minutos após Clarke ficar sozinha com ALIE, Bellamy teve que tirá-la do quarto. De alguma forma, a IA havia afetado a loira, e agora, o peso da responsabilidade recaía sobre Olivia, que estava sentada em uma cadeira no mesmo cômodo que ALIE.
Com os braços cruzados sobre o peito e o olhar fixo no chão, Olivia rezava silenciosamente para que o tempo passasse mais rápido. Porém, parecia que suas preces caíam em ouvidos surdos. ALIE constantemente a encarava com aquele sorriso malicioso, quase ameaçador, nos lábios, uma expressão que fazia o ambiente parecer mais sufocante.
Olivia bufou, reajustando-se na cadeira desconfortável, seu olhar finalmente cruzando com o da garota amarrada à cama. O silêncio entre elas era denso, carregado de tensão.
— Não vai funcionar comigo — murmurou Olivia, com uma firmeza que soava mais como uma defesa do que uma declaração.
ALIE riu de forma sarcástica, balançando a cabeça lentamente, como se soubesse algo que Olivia não sabia.
— Já funcionou — respondeu Alie, com uma calma que arrepiava.
— Ah, sim, claro — Olivia sorriu com desdém, assentindo devagar — Com certeza funcionou.
Ela tentava manter a fachada de sarcasmo e segurança, mas por dentro, o medo estava começando a se enraizar. Não era raiva, mas um medo que crescia silenciosamente, alimentado pela realidade da situação. Os braços cruzados de Olivia apertaram-se ainda mais contra o peito, enquanto ela se mexia, novamente desconfortável na cadeira, tentando ignorar o olhar predatório que ALIE lançava sobre ela.
Então, a voz de ALIE surgiu com uma pergunta que soou quase inocente, mas o subtexto estava claro como o dia.
— Você já pensou em como Christopher teria amado a Terra?
O nome, aquele nome específico, a fez estremecer por dentro. Seus olhos se arregalaram levemente antes de ela engolir em seco. Christopher. Há meses ela não pensava no irmão, mas agora, seu nome ecoava como um fantasma que ela tentava esquecer. Por mais que a pergunta fosse carregada de malícia, Olivia sabia que a morte de seu irmão não era culpa dela. Ela havia resolvido isso em sua mente.
Olivia não respondeu. Em vez disso, estreitou os olhos, recuando emocionalmente. Ela começou a murmurar uma música que Jasper havia lhe mostrado tempos atrás, uma das poucas memórias que ainda tinha de forma clara, tentando usar isso como uma âncora.
Mas ALIE não se calou.
— Sua mãe também teria amado descer até aqui — a voz soou novamente, mais afiada, mais calculada.
— Eu já falei, não vai funcionar — Olivia descruzou os braços com um gesto abrupto, batendo as mãos nas próprias coxas. Seus olhos estavam agora cheios de certeza — Não foi culpa minha. Você não vai conseguir me irritar, então pode parar.
Ela ergueu as sobrancelhas enquanto falava, desafiando o controle psicológico que ALIE tentava exercer, mas lá no fundo, algo nela começava a tremer.
— Não se faça de tola, você já caiu na real, não é? — ALIE continuou, o sorriso malicioso crescendo, como se estivesse exatamente onde queria. — Você sabe o que fez.
Olivia travou a mandíbula, mantendo o olhar fixo no rosto de Raven. Não fiz nada, ela pensou, mas não conseguiu afastar o incômodo crescente em seu peito.
— Eu não fiz nada.
— Você engoliu o chip, Olivia. Mas, por algum motivo, eu não consigo ter acesso a você. Não consigo controlar você. — A voz de ALIE vacilou por um momento, uma rara hesitação cruzando a expressão de Raven. A confiança implacável que sempre vinha com a IA parecia, por um breve instante, instável.
— Eu não engoli nada! — Olivia respondeu de forma automática, reprimindo os lábios numa linha tensa antes de cerrar os dentes. — Óbvio que você não consegue ter acesso a mim, está amarrada.
ALIE riu com um tom ácido, balançando a cabeça lentamente.
— Mais uma vez, você sabe exatamente do que estou falando, mas continua negando a realidade para si mesma — ela disse, os olhos de Raven fixos em Olivia, agora com uma intensidade quase faminta. — Eu sei no que você está pensando, e sei exatamente o que quer fazer.
Olivia revirou os olhos com tanta força que podia jurar que eles iam cair para dentro de sua cabeça. Ela se levantou bruscamente da cadeira, fechando as mãos em punhos. Não suportaria ficar naquele lugar por mais um segundo. Contudo, ao parar em frente à cama e olhar de relance para Raven, algo dentro dela hesitou.
Ela sempre quis mostrar-se forte, convencer a todos — e a si mesma — de que era inabalável. Mas ali, naquele instante, nunca se sentira tão fraca. Por que diabos eu teria engolido o chip? A pergunta ecoava como uma sentença em sua mente. Por que eu me permitiria ficar tão vulnerável a ponto de aceitar uma proposta dessas? E, acima de tudo, por que não funcionava em mim? Por um momento fugaz, ela quase desejou que funcionasse. A dúvida, a incerteza que corroía seu espírito, era um peso difícil de suportar.
Sem dizer mais nada, Olivia saiu do cômodo, suas pernas movendo-se como por instinto. Ela foi direto para os outros e avisou que era a vez de Bellamy. Com o aviso dado, Olivia se permitiu deixar a conveniência daquele ambiente claustrofóbico, saindo para o lado de fora. A brisa da noite encontrou seu rosto, fria e reconfortante, e ela, finalmente, respirou mais fundo. Foi a primeira vez em muito tempo que sentiu o ar verdadeiramente preencher seus pulmões.
[...]
Não muito tempo depois, Bellamy, ainda com a respiração ofegante, também saiu da loja terráquea, batendo a porta atrás de si com um estrondo seco, resultado pela raiva crescente no interior do garoto, que atraiu o olhar de Olivia. Ele desviou o olhar, focando nas árvores que se perdiam na escuridão da noite, enquanto cruzava os braços a alguns metros de distância. Ele havia ouvido tudo — cada palavra da conversa entre ela e ALIE. As paredes eram finas, e a voz de Olivia era alta o suficiente para ser ouvida com clareza.
— Não resistiu às graças dela também? — Olivia perguntou com um toque de ironia, sem desviar o olhar do horizonte. Seus braços caídos ao lado do corpo, sua postura desconfortável.
— Olivia — Bellamy a chamou, sua voz baixa, mas carregada de algo que fez Olivia virar a cabeça imediatamente para olhá-lo. — Sinto muito.
Olivia franziu as sobrancelhas, confusa, e se virou completamente em sua direção.
— Pelo o quê? — ela perguntou, sem entender.
Bellamy engoliu em seco, sua hesitação evidente enquanto caminhava até ela. Ele parou bem em frente a Olivia, os olhos tentando encontrar os dela, como se buscasse o momento certo para falar.
— Por ter te deixado sozinha... — disse ele, a voz vacilando. — E por ter dito aquilo para você. Eu te daria todas as horas da minha vida se você precisasse delas.
Olivia quis perguntar o que ele havia dito, quis entender o que ele queria dizer com aquelas palavras. Ao invés disso, ela apenas assentiu com a cabeça, tentando manter uma fachada de entendimento. Mas não conseguiu por muito tempo.
— Bellamy, eu não lembro de nada — ela admitiu, mordendo a parte interna das bochechas. Seus olhos piscavam, incertos, enquanto ela continuava. — Eu não tenho a mínima ideia do que você me disse. Ainda não sei sobre os remédios que você mencionou no outro dia.
Bellamy engoliu em seco, processando as informações que havia acabado de ouvir. A revelação de que Olivia tinha engolido o chip, embora vinda de ALIE, alguém em quem ele jamais confiaria, agora parecia mais difícil de ignorar. O que antes ele se recusara a acreditar se tornava mais real ao ver Olivia admitindo que algo estava errado com ela. O arrependimento cresceu dentro dele. Ele a havia deixado sozinha por tempo demais, o suficiente para que ela procurasse uma solução desesperada — um maldito chip que a conectava a uma inteligência artificial. Mesmo que não estivesse funcionando plenamente, o simples fato de estar na mente dela era uma traição silenciosa à promessa que ele sempre havia feito a si mesmo: nunca deixá-la sozinha.
Olivia inclinou a cabeça para o lado, tentando controlar a ardência nos olhos, mas as lágrimas que se formavam eram inevitáveis. Em um soluço, ela cobriu a boca com uma das mãos, tentando abafar o som, mas sua vulnerabilidade estava exposta. Bellamy a observou, sentindo o impulso incontrolável de protegê-la. Ele quis resistir, quis se manter distante por medo de intensificar a dor que ela sentia, mas não conseguiu.
Em um movimento rápido, ele puxou Olivia para perto, envolvendo-a em seus braços. Ela não hesitou, se aninhando contra o peito dele, buscando conforto. As mãos de Bellamy deslizaram pelo cabelo dela, um gesto suave e reconfortante, enquanto seu queixo repousava sobre o ombro da garota.
— Nós vamos superar isso, princesa — murmurou ele, um leve sorriso surgindo em seus lábios ao perceber que havia usado, pela primeira vez em muito tempo, o apelido carinhoso que lhe dera logo que chegaram à Terra. — Eu estou com você agora, está bem?
[...]
Monty e Octavia finalmente chegaram com o eletroímã, e o ambiente se transformou em uma correria de urgência. Sinclair liderava o processo, focado em remover o chip da cabeça de Raven o mais rápido possível. Mas no meio do procedimento, Raven começou a se debater violentamente, sua cabeça batendo contra a parede enquanto o desespero a dominava. ALIE, temendo perder o controle, estava tentando acabar com ela.
Bellamy, atento ao estado de Olivia, não permitiu que ela ficasse no cômodo. Ele sabia, mesmo sem certeza absoluta, que ela não aguentaria assistir aquilo. Havia algo na maneira como Olivia reagia a essas situações que o fez tomar essa decisão. E, além disso, havia outro fator importante: eles só tinham uma pulseira. Apenas Raven teria a chance de se livrar do chip naquela noite. Olivia, por sua vez, teria que esperar. Não havia outra solução no momento.
Agora, do lado de fora, Olivia encostava a testa contra a parede do estabelecimento, como se, ao fazer isso, pudesse escapar de tudo o que estava acontecendo ao redor. Como se, ao fechar os olhos, todo o caos simplesmente desaparecesse. Mas ela não conseguia se entregar a essa fuga momentânea.
O medo de perder o controle era paralisante. Ela temia que, ao abrir os olhos de novo, algo em si tivesse mudado de forma irreversível. Um medo latente de se tornar alguém que ela não era. Ela desejava com todas as forças que isso não acontecesse. Não havia acontecido antes, então por que aconteceria agora?
Ela se assustou quando Bellamy a tocou levemente no braço. Olivia o encarou com os olhos arregalados, mas, em questão de segundos, a expressão voltou ao normal.
— Clarke acha que sabe por que ALIE não tem controle sobre você, e também acredita que pode remover o chip sem a ajuda da pulseira — ele falou rapidamente, deslizando a mão para longe do braço da garota.
— Ela acha? — Olivia arqueou uma sobrancelha, um toque de ceticismo em sua voz. — Quais são as chances dela me matar?
— Você não vai morrer, Liv — Bellamy afirmou com firmeza, franzindo a testa. — E eu não vou deixar que você continue com essa coisa na cabeça. Temos que tentar.
— Não sabemos como remover isso sem a pulseira, e eu não confio em alguém que não seja realmente médico para tirar isso da minha cabeça — Olivia fez uma careta, a ansiedade se manifestando em seu rosto.
— Você confia em mim? — os lábios de Bellamy se curvaram em uma linha reta enquanto ele fazia a pergunta.
Olivia engoliu em seco. A ideia de morrer a assombrava. Se lhe perguntassem isso há alguns meses, enquanto estava presa em Mount Weather, ela teria respondido que era a única saída. Mas agora, depois de tudo que havia passado, ela não acreditava mais que valesse a pena jogar sua vida fora.
— Com a minha vida. Quase literalmente.
[...]
Quando Lexa morreu, Clarke assistiu à Chama ser retirada de sua cabeça. O procedimento ficou gravado em sua memória, cada detalhe. Quando Bellamy revelou que Olivia havia engolido um chip, mas que, de alguma forma, ALIE não tinha controle sobre ela, Clarke começou a se questionar. Talvez não fosse um simples chip, ou talvez fosse uma versão diferente da Chama. Agora, com um bisturi entre os dedos, a loira se preparava para descobrir se sua teoria estava correta, esperando que suas suposições fossem suficientes para salvar Olivia.
Clarke segurava o bisturi com firmeza, mas seu olhar traía a tensão que sentia. Suas mãos não tremiam, mas o peso da responsabilidade era palpável. Bellamy estava ao seu lado, cada músculo de seu corpo retesado, enquanto observava cada movimento dela com uma mistura de pavor e esperança.
Olivia estava sentada, seus cabelos afastados do pescoço, expondo a pele que Clarke teria que cortar. Bellamy se sentia impotente. Suas mãos suavam e ele lutava contra o impulso de tirar Olivia dali, afastá-la de qualquer risco. Mas ele sabia que essa era a única chance.
— Eu vou começar agora — Clarke avisou, a voz baixa, quase um sussurro, mas cheia de determinação.
Bellamy assentiu, incapaz de dizer qualquer coisa. Seu coração batia forte, tão alto em seus ouvidos que ele quase não escutava mais nada. Ele sentia as mãos formigarem de tensão, como se não pertencessem mais a ele. O silêncio no cômodo era cortante, apenas o som da respiração controlada de Clarke e os movimentos suaves do bisturi enchiam o ar.
Com um corte preciso, Clarke começou a fazer a incisão na parte de trás do pescoço de Olivia, logo acima da base da coluna. Olivia manteve-se imóvel, os olhos fixos no chão, mas seu corpo tremia levemente. Bellamy queria dizer algo, qualquer coisa, mas sentia que se abrisse a boca, apenas deixaria escapar o medo que o consumia.
Quando o bisturi perfurou a pele, Clarke não hesitou. O corte era pequeno, mas preciso. O som do metal tocando carne era quase inaudível, mas para Bellamy, parecia ecoar. Ele prendeu a respiração, seu peito apertado como se o ar ao seu redor tivesse se tornado rarefeito.
Clarke respirou fundo, movendo o bisturi com cuidado, e finalmente encontrou o que estava procurando: o pequeno implante do chip.
Bellamy não conseguia desviar o olhar, seu corpo congelado, como se a qualquer momento Clarke pudesse cometer um erro irreversível.
— Quase lá — Clarke murmurou, a voz tão baixa que Bellamy mal conseguiu ouvir.
Ele fechou os olhos por um momento, mentalmente agradecendo a qualquer ser divino que pudesse ouvir, enquanto Clarke removia o chip. O pequeno dispositivo estava agora entre os dedos dela, coberto de sangue, e fora da cabeça de Olivia.
— Consegui — Clarke disse, exalando o ar que parecia ter segurado por minutos.
Bellamy soltou a respiração que nem sabia que estava prendendo. Uma onda de alívio o atingiu com força, e ele quase desmoronou de tanta tensão acumulada. Suas mãos tremiam, e ele as fechou em punhos, tentando manter a compostura.
— Está tudo bem, Olivia — ele sussurrou, se aproximando e se ajoelhando ao lado dela, segurando sua mão com uma suavidade que ele não sabia que ainda tinha. — Está tudo bem agora.
Olivia piscou algumas vezes, processando o que tinha acabado de acontecer, enquanto o peso do alívio finalmente caía sobre eles. Bellamy quase sorriu, mas ainda estava se recuperando da aflição que sentira. Ele não sabia se agradecia a Clarke ou a alguma entidade superior, mas naquele momento, sentiu-se grato por tudo ter dado certo.
Como nada, para eles, ficava calmo por muito tempo, Monty entrou apressado no cômodo, o rosto pálido e os olhos arregalados.
— Acabei de ver um drone de ALIE lá fora — ele avisou, com a voz cortante, chamando a atenção de todos.
Clarke ergueu o olhar instantaneamente, ainda limpando o bisturi manchado de sangue. Bellamy, que mal havia tido tempo de processar o alívio de ver Olivia segura, sentiu a tensão voltar com força total. Seu corpo se retesou novamente, e ele trocou um olhar urgente com Clarke.
— Ela sabe que estamos aqui — Monty continuou, a voz carregada de pânico controlado.
Bellamy soltou a mão de Olivia com cuidado, levantando-se rapidamente. O momento de calmaria que todos tinham esperado evaporou. Ele sabia o que aquilo significava. ALIE estava perto, e eles não tinham muito tempo até que algo pior acontecesse.
— Temos que nos mexer — Bellamy disse, sua voz firme, mas o olhar era urgente. Ele se virou para Olivia, que ainda parecia frágil após a remoção do chip. — Você consegue se levantar?
Olivia assentiu, respirando fundo. De volta à ativa.
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