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05 ₂

Sinclair, o engenheiro-chefe, acabara de informar a todos, através dos walkie-talkies, que a cerca elétrica estava ativada. Esta cerca, que circundava todo o acampamento, simbolizava tanto proteção quanto um perigo iminente.

Mais cedo, Kane, antes de sair em sua missão para encontrar os delinquentes desaparecidos, havia instruído Olivia a garantir, pelo menos naquele dia, que certas crianças não se aproximassem demais da cerca.

Olivia caminhava pelo acampamento com passos firmes, seus olhos atentos a cada movimento, consciente da seriedade de sua missão. A cerca, agora uma presença silenciosa e ameaçadora, era um lembrete constante do perigo que rondava, e ela estava resoluta em proteger aqueles sob sua guarda.

Os lábios da Kane se curvaram em um sorriso enquanto ele observava uma garotinha se aproximar. Era a mesma menina que, no dia em que os terráqueos invadiram o acampamento dos delinquentes, ela havia ajudado.

— Oi! — exclamou Olivia, ajustando a arma presa à sua cintura para liberar as mãos — Não tínhamos nos visto antes! Você está bem?

Seu tom era amistoso, mas carregava uma nota de preocupação. Seus olhos examinavam a menina com cuidado, buscando sinais de qualquer mal-estar ou desconforto. Olivia se inclinou ligeiramente, tentando parecer menos ameaçadora e mais acessível, esperando que a garotinha se sentisse segura em sua presença.

— Eu te vi andando pelo campo e conversando com o Chanceler — respondeu a menina mais nova, devolvendo o sorriso com uma timidez evidente — Estou bem, obrigada por perguntar.

Havia um brilho de admiração em seus olhos, como se estar na presença de Olivia a fizesse sentir parte de algo maior. A ligeira vermelhidão em suas bochechas traía a mistura de nervosismo e alegria por ser notada.

— Que bom! — Olivia riu suavemente ao notar o tom de vermelho que surgira nas bochechas da garotinha — Sabe... você nunca me disse seu nome.

— Violet, meu nome é Violet — a menor respondeu, suas mãos se entrelaçando nervosamente enquanto falava.

A insegurança em seus gestos era evidente, mas havia também uma coragem silenciosa em se apresentar. Olivia observou com um sorriso encorajador, reconhecendo a força da menina em meio à vulnerabilidade.

— Certo... Violet — disse Olivia, apoiando sua mão direita no ombro da loira — Eu tenho que ir, mas nos vemos mais tarde. Se cuide, e não chegue perto da cerca! — a morena soltou uma piscadela divertida para a menor.

O gesto carinhoso e a piscadela foram recebidos com um sorriso tímido, mas feliz, de Violet. Enquanto Olivia se afastava, sentiu-se satisfeita por ter conseguido, mesmo que brevemente, oferecer um momento de normalidade e alegria à menina em meio às adversidades do acampamento.

Olivia se afastou, lançando um último olhar de despedida para Violet, que agora parecia mais confiante e menos apreensiva. Enquanto caminhava em direção ao centro do acampamento, seus pensamentos voltavam à missão do dia.

— Então a fonte em forma de balão não era uma má ideia — disse Wick, um dos engenheiros, dirigindo-se a Raven.

Raven ergueu o olhar, seu rosto iluminado por um lampejo de alegria diante da situação. Ela considerou por um momento, avaliando mentalmente os prós e os contras da proposta.

— Acho que a palavra que você procura é "genial" — disse Reyes, sorrindo. Ela inclinou a cabeça para trás, seus olhos fixos no céu enquanto observava o balão recém-lançado.

A admiração era evidente em seu olhar, refletindo não apenas a beleza do momento, mas também o potencial das ideias que estavam sendo colocadas em prática.

Olivia, que observava a cena de uma distância não muito próxima, sorriu ao ver o sorriso de Raven. Sentia uma onda de felicidade ao testemunhar a recuperação de Reyes, especialmente depois do que ela passara com sua perna. Imaginava o quão angustiante devia ser perder o movimento de uma parte tão fundamental do corpo.

A preocupação persistia em sua mente, um lembrete constante da fragilidade da vida em um mundo tão implacável. No entanto, ver Raven recuperando-se e contribuindo com suas habilidades renovadas trazia um senso de esperança e renovação.

Porém, como um baque, a Major passou por Olivia, puxando a garota pelo braço rapidamente. Olivia suspirou, já começando a se acostumar com o jeito nada delicado dos Guardas.

— O que diabos vocês estão fazendo? — perguntou a mulher para Raven, Wick e agora Sinclair, que havia se juntado aos dois não fazia muito.

A voz da Major ressoou com autoridade, carregando uma mistura de irritação e preocupação. Seus olhos varreram o grupo, buscando respostas imediatas para a interrupção de suas atividades.

A careta de desconforto no rosto de Olivia só desapareceu quando a Major soltou seu braço, após pararem ao lado dos três.

— É um rádio, Major — explicou Sinclair, em um esforço para esclarecer a situação.

— Errado. É um alvo — declarou a mais velha com firmeza — Kane, atire no balão.

O olhar confuso de Olivia vagou entre as quatro pessoas que estavam ali, excluindo-a da compreensão imediata da situação.

— Não escutou o que eu disse, droga?! — exclamou a Major novamente, sua paciência esgotada.

Olivia sibilou um "desculpa" para Raven, sentindo-se desconfortável diante da tensão crescente. Com um movimento fluido, ela ergueu a arma, seu olhar fixo na mira enquanto se preparava para agir. Depois de um suspiro rápido para se concentrar, Olivia apertou o gatilho, seu movimento determinado e preciso.

O som do tiro cortou o ar, seguido pelo estampido do balão sendo perfurado. Um instante de silêncio tenso pairou sobre o grupo, antes que a tensão finalmente se dissipasse. Olivia abaixou a arma lentamente, sua respiração voltando ao normal à medida que o impacto de sua ação se assentava.

— Nós caímos do céu em um estádio de futebol. Eu acho que eles já sabem que estamos aqui — Wick foi irônico ao falar, sua voz carregada de descrença diante da situação.

— Chanceler Kane está lá arriscando sua vida para negociar com os terráqueos. Melhor torcer para que ele seja bem-sucedido, porque se não for, cada terráqueo em oitenta quilômetros daqui agora sabe exatamente onde nós estamos! — a voz da Major ecoou pelo ambiente, ressoando com autoridade e urgência.

Os olhos de Olivia permaneceram fixos no chão, uma mistura de resignação e desconforto pairando em seu semblante. A decisão de Kane de deixar sua filha sob o comando da Major a deixava sem margem para argumentação, mesmo que sentisse a necessidade de fazê-lo.

— Eu esperava mais, chefe! — a Major dirigiu-se a Sinclair com uma expressão de desaprovação evidente, aumentando ainda mais a tensão no ambiente.

Sinclair, visivelmente desconfortável e aborrecido, baixou o olhar, reconhecendo a justa reprimenda.

— Todos os Guardas nas paredes, agora! — ordenou a Major com firmeza, sua voz cortando o ar como um chicote.

Olivia suspirou, seus lábios pressionados em uma linha tensa após ouvir as palavras da Major.

— Desculpem — murmurou a garota, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros enquanto se preparava para cumprir as ordens recebidas.

Não demorou muito para que a garota também se retirasse, seu semblante carregado com o peso do dever e das consequências inevitáveis de sua obediência.

E então, a noite chegou. Por incrível que pareça, tudo estava estranhamente tranquilo. No entanto, a calmaria foi interrompida quando os Guardas berraram, alertando sobre a presença de movimento de terráqueos próximos ao acampamento.

Um contingente de Guardas correu para fora, agindo rapidamente para conter a ameaça. Em uma demonstração de prontidão e eficácia, dois dos terráqueos foram neutralizados, enquanto um terceiro, ainda vivo, foi capturado e conduzido para dentro do acampamento.

Olivia, junto com outros Guardas, posicionou-se diante do portão, que agora se abria para permitir a entrada dos companheiros e de seu prisioneiro. A garota lançou um olhar para Abby quando a mulher se aproximou, assumindo seu lugar ao lado da garota.

— Esperem! — exclamou Abby, estendendo a mão na direção dos Guardas que escoltavam a terráquea capturada.

— Depois de a prisioneira estar presa — interveio a Major, aproximando-se da médica com a intenção de impedi-la de se aproximar ainda mais da terráquea.

— Ela não é uma prisioneira. É a minha filha — declarou Abby com firmeza, sua voz ressoando com uma mistura de determinação e emoção contida.

Os olhos de Olivia se arregalaram em surpresa diante da revelação. Sem hesitar, ela seguiu atrás de Abby, reconhecendo a gravidade da situação e a importância do momento.

Clarke estava de volta.

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