27.
Bellamy estava nas pontas dos pés, lutando para respirar enquanto o cinto apertava seu pescoço implacavelmente. Seus olhos encontraram os de Olivia, que segurava o cinto com firmeza, determinada a não deixá-lo cair. Enquanto isso, Murphy, com um sorriso sinistro, dirigiu-se a Bellamy:
— Eles realmente respeitam você. Quase tanto quanto a Clarke. É. Mas nós sabemos a verdade, não é? Você é um covarde — proferiu Murphy, suas palavras carregadas de acusação, como se estivesse desabafando em um confessionário.
Enquanto isso, Bellamy permanecia imperturbável, seu olhar fixo em Murphy, revelando uma serenidade impenetrável, escondendo qualquer vestígio de emoção por trás de uma máscara inabalável.
Entretanto, no interior de Olivia, uma mistura de frustração e irritação começava a se formar, alimentada pelas palavras desconexas e infundadas de Murphy. Cada sílaba proferida por ele parecia ser uma provocação, uma afronta à sua inteligência e paciência já limitadas.
— Descobri isso no dia em que chutou o caixote sob mim — continuou Murphy, sua voz carregada de ressentimento e mágoa. — Mas só estava dando às pessoas o que queriam, certo? — ele prosseguiu, suas palavras impregnadas de sarcasmo e resignação, como se estivesse buscando justificar suas ações passadas através de uma lógica distorcida.
Bellamy permanecia em silêncio, absorvendo as palavras de Murphy com uma calma aparente, mas por dentro, um turbilhão de pensamentos e emoções podia estar se formando.
— Eu deveria ter impedido — admitiu Bellamy, suas palavras fluindo com um peso de culpa e arrependimento tangíveis. Cada sílaba parecia ser arrancada dele com uma sensação de repulsa, como se estivesse confrontando a própria falha e inadequação.
— Sim. É um pouco tarde para isso, agora — retrucou Murphy, sua voz ecoando com uma mistura de resignação e amargura.
— O que pretende fazer depois de matá-lo? — indagou Olivia, após um longo período de silêncio. A atenção e os olhares dos dois rapazes foram imediatamente direcionados para ela, como se suas palavras carregassem um peso significativo — Acha que vão deixar você sair daqui?
— Bem, acho que a princesa Clarke morreu — disse ele, um sorriso sarcástico pairando em seus lábios enquanto falava — E sei que o rei está prestes a morrer. Quem vai liderá-los? Você? — ele soltou uma risada, o tom de sua voz carregado de desdém — Não! Eu. Eu vou liderá-los — declarou com convicção, seus olhos brilhando.
A expressão de Bellamy era indescritível, revelando um misto de incredulidade e desalento enquanto seus olhos refletiam a cena diante dele. Enquanto isso, Olivia permanecia em silêncio, seus lábios entreabertos em um estado de perplexidade, sem encontrar palavras para responder à audácia de Murphy. O silêncio que se seguiu era carregado de tensão, enquanto cada um deles processava as palavras e as intenções proferidas por Murphy.
— E talvez eu tenha que matar sua irmãzinha que ama terráqueos — as palavras doentias ecoaram da boca de Murphy, provocando uma reação instantânea em Bellamy.
Incapaz de conter sua raiva, ele agarrou o cinto que envolvia seu pescoço e tentou atingir Murphy com um chute, movido por um impulso irrefreável de proteger aqueles que amava.
Murphy foi ágil em desviar do ataque de Bellamy, aproveitando a oportunidade para se aproximar rapidamente de Olivia. Com um empurrão repentino, ele afastou a garota, enquanto continuava a puxar a ponta do cinto, aprofundando ainda mais o estrangulamento de Bellamy.
— Murphy! — exclamou Olivia com raiva, sua voz ecoando com intensidade enquanto ela testemunhava a cena diante dela.
Com Murphy desarmado e Bellamy vulnerável, um sentimento de impotência a dominou. Ela ansiava desesperadamente por agir, mas o medo de colocar Bellamy em maior perigo a paralisava, mantendo-a imóvel diante da ameaça iminente.
Um pequeno grito ecoou pelo ambiente, interrompendo o tenso confronto entre os três, mas não era de nenhum deles. Murphy desviou seu olhar para o chão metálico da nave, enquanto Bellamy, com os olhos apertados, lutava para compreender sua situação atual.
Enquanto isso, Olivia estava tomada pela confusão, incapaz de entender completamente o que estava acontecendo.
— Suponho que seja ela agora — debochou Murphy, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Com brutalidade, ele agarrou os pulsos machucados de Olivia, forçando-a a segurar firmemente o cinto.
Então, com habilidade, ele ajustou a arma em suas mãos e disparou contra o chão da nave, provocando um grito desesperado de Bellamy. O som do tiro ecoou pelo espaço confinado, aumentando ainda mais a tensão no ambiente já carregado de emoções intensas.
Com as balas esgotadas, Murphy tentava desesperadamente atirar, mas seus esforços eram em vão. Foi nesse momento que Olivia, agindo rapidamente, reduziu o aperto do cinto, permitindo que Bellamy conseguisse pisar completamente no pequeno banco que estava sob seus pés. No entanto, antes que pudessem reagir completamente, Murphy se virou e testemunhou a cena.
Como um golpe repentino, ele chutou o banco de debaixo dos pés de Bellamy, causando um impacto brutal que o deixou enforcado, pendurado pelo cinto. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, permeado pela sensação de desespero e horror diante da crueldade dos acontecimentos.
O garoto avançou com passos largos em direção a Olivia, seus olhos faiscando com uma mistura de raiva e determinação. Com mãos implacáveis, ele agarrou o pescoço da garota, exercendo uma pressão sufocante que interrompeu sua respiração. O ar rareava dentro dos pulmões de Olivia, enquanto ela lutava para se libertar do aperto implacável de Murphy, seu rosto contorcendo-se em agonia diante da sensação de asfixia iminente.
Olivia batia freneticamente nos braços do garoto, seus golpes uma tentativa desesperada de se libertar do domínio implacável de Murphy. No entanto, seus esforços eram em vão, pois ele demonstrava uma força superior à dela, cada movimento de Olivia sendo contido por sua determinação inflexível.
O plano dela, apesar de concebido com esperança, revelou-se falho diante da brutalidade e da determinação de Murphy.
Com a respiração presa, Murphy sufocou Olivia até que ela desmaiou, indiferente ao corpo da garota desabando no chão com um baque surdo.
Raivoso, ele se virou, seus olhos ardendo com uma sede avassaladora de vingança. Sua indignação cresceu ao perceber Bellamy tentando desesperadamente afastar o cinto de seu próprio pescoço com as mãos, seus gestos de agonia servindo apenas para inflamar ainda mais a fúria de Murphy.
— Usar as mãos é trapaça — exclamou ele, aproximando-se de Bellamy com um ar de desdém — As minhas estavam amarradas, se lembra? — com determinação, ele tentou afastar as mãos de Bellamy, uma de cada vez, sua expressão contorcida por um misto de raiva e frustração.
Bellamy, reunindo toda a força que lhe restava, agiu com rapidez e determinação, desferindo um soco poderoso no rosto de Murphy. O golpe foi tão forte que fez John cair de joelhos no chão, mas sua determinação era inabalável, e não demorou para que ele se levantasse novamente, seu rosto contorcido de dor e raiva.
Porém, surpreendendo Murphy, a porta do módulo se abriu de repente. Ele escutou vozes se aproximando e, tomado pelo desespero, Murphy subiu apressadamente até o segundo nível da nave, buscando se ocultar e evitar ser pego pelas vozes que se aproximavam.
Delinquentes começaram a entrar, entre eles Jasper e Octavia, cujas expressões exibiam uma mistura de preocupação e determinação. Eles correram até Bellamy, prontos para libertá-lo do cinto que o enforcava.
O alívio se espalhou pelo ambiente enquanto eles trabalhavam rapidamente para libertar Bellamy da armadilha mortal.
Olivia começava a despertar lentamente, sua mente ainda turva e sua visão embaçada. As vozes desesperadas de Jasper e Octavia ecoavam ao seu redor, preenchendo o ar com um senso de urgência e preocupação.
Enquanto ela lutava para recuperar a consciência, as vozes familiares alcançavam seus ouvidos, trazendo uma sensação reconfortante de que ela estava cercada por amigos dispostos a ajudar.
Ela se levantou lentamente, sentindo cada movimento como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros, e caminhou cautelosamente até Bellamy, seu coração apertado por uma mistura de preocupação e alívio ao vê-lo vivo.
Ao se ajoelhar diante dele, sua visão turva começou a clarear, revelando os traços preocupados de Bellamy enquanto ele recuperava o fôlego.
Seu coração acelerou desesperadamente ao avistar Olivia, seu rosto marcado pelas mãos brutais de Murphy, e seus lábios mostrando sinais de agressão.
A angústia inundou Bellamy ao testemunhar os vestígios do confronto que ela enfrentara em sua tentativa de ajudá-lo.
— Murphy! — Bellamy berrou, sua voz carregada de fúria incontida. Ele sentia como se estivesse à beira de explodir a qualquer momento. Apesar da leve tontura, ele se levantou rapidamente, determinado a confrontar Murphy de uma vez por todas — Murphy! Acabou!
Octavia estendeu a mão para Olivia, oferecendo apoio enquanto a ajudava a se levantar. Enquanto Octavia a ajudava a se erguer, os dedos delicados da Blake mais nova traçaram suavemente pelo pescoço de Olivia, uma expressão de preocupação estampada em seu rosto.
Murphy estava no segundo nível do módulo da nave, enquanto Bellamy gritava da escada, sua voz carregada de determinação e urgência. Determinado a confrontar Murphy, Bellamy subiu a escada rapidamente, mas sua progressão foi interrompida quando descobriu que a escotilha estava trancada, impedindo qualquer tentativa de abrir.
Murphy havia se antecipado e encontrado algo no local para bloquear a passagem, frustrando os esforços de Bellamy em alcançá-lo. O momento tenso era marcado pela sensação de impotência diante das ações premeditadas de Murphy.
Porém, em questão de segundos, todos ali escutaram um barulho estrondoso vindo do segundo nível, onde Murphy estava posicionado.
Uma nuvem de fumaça começou a se espalhar rapidamente pelo ambiente, invadindo o espaço com um odor acre e irritante. Tosse irrompeu entre os delinquentes presentes, incluindo Olivia, que não pôde evitar a reação diante da fumaça sufocante que permeava o local.
Bellamy reuniu toda a sua determinação, canalizando seus sentimentos de raiva e frustração, e com um esforço supremo, abriu a escotilha com toda a força que tinha. Olivia, reconhecendo a urgência da situação, não hesitou em seguir Bellamy, subindo rapidamente pela escada em direção ao segundo nível da nave. Jasper, percebendo a gravidade da situação, não ficou para trás, seguindo-os de perto na tentativa de ajudar e enfrentar o perigo iminente ao lado de seus amigos.
Murphy havia detonado uma das paredes metálicas do nível da nave, usando toda a pólvora disponível que os delinquentes possuíam naquele momento.
O estrondo da explosão ecoava pelo ambiente, deixando para trás uma cena de destruição e caos.
Olivia permanecia entre Jasper e Bellamy, seu coração batendo descompassadamente enquanto ela tentava processar a extensão do dano causado pela explosão.
— O cara sabe fazer uma saída — Jasper comentou, sacudindo a cabeça em negação diante da astúcia de Murphy — Vamos atrás dele? — ele perguntou, olhando para Bellamy e Olivia em busca de orientação.
— Não. Os terráqueos cuidarão de Murphy — Bellamy afirmou com determinação, seu olhar alternando entre Olivia e a direção em que Murphy havia fugido.
Segundos após o diálogo entre os dois garotos, gritos ecoaram novamente pelo acampamento. Dessa vez, era um dos delinquentes de vigia, alertando sobre movimento próximo ao acampamento. Um suspiro coletivo de alívio percorreu o acampamento quando perceberam que se tratava de Finn e Clarke.
Os dois chegaram com uma urgência palpável em suas vozes, alertando que todos precisavam fugir imediatamente. Descreveram um exército de terráqueos completamente diferente de tudo que já tinham visto, pronto para atacá-los e matá-los. A gravidade da situação era evidente em seus rostos tensos e em suas palavras apressadas, deixando claro que não havia tempo a perder.
— Uma ova que vamos! — Bellamy discordou firmemente da ideia de fugir — Sabíamos que isso aconteceria.
— Bell, ainda não estamos preparados — Octavia discordou de seu irmão, sua voz carregada de preocupação e cautela. Ela reconhecia a gravidade da situação e acreditava que enfrentar o exército de terráqueos sem estar devidamente preparado poderia ser um erro fatal.
— E eles ainda não chegaram. Ainda temos tempo de nos preparar. Além do mais, para onde iríamos? — Bellamy falava, sua voz carregada de determinação e cansaço — Onde seria mais seguro do que atrás dessa muralha? — sua lógica era clara e direta, ecoando a pragmatismo que o guiava em meio ao caos que os cercava.
— Há um oceano a leste. Pessoas que nos ajudarão — respondeu Finn à pergunta de Bellamy, sua voz carregada de determinação e esperança.
— Estivemos com Lincoln — Clarke comentou.
— Espera que confiemos em um terráqueo? — Olivia interveio, sua voz carregada de ceticismo e desconfiança.
Em parte, ela concordava com Clarke e Finn sobre a necessidade de buscar ajuda além das muralhas do acampamento, mas não estava disposta a depositar sua confiança cegamente em um membro do povo terráqueo.
Para Olivia, a ideia de confiar em alguém que fazia parte da facção que representava uma ameaça à sua vida e à vida de seus amigos era difícil de aceitar.
Octavia olhou para Olivia, desacreditada. Seu olhar refletia uma mistura de surpresa e decepção diante da desconfiança manifestada pela amiga em relação a Lincoln. Para Octavia, que havia desenvolvido uma conexão pessoal com ele, a ideia de desconfiar de alguém em quem ela depositava sua confiança era difícil de aceitar.
— Esta é nossa casa, agora! — Bellamy exclamou, sua voz ecoando com autoridade enquanto ele passava seu olhar entre todos os delinquentes que os cercavam — Construímos isso do nada, com nossas próprias mãos! — sua declaração ressoava com um senso de orgulho e pertencimento, destacando as realizações do grupo em transformar aquele lugar em seu lar.
Clarke observava a cena com um aperto no peito, consciente do poder persuasivo dos discursos de Bellamy sobre os outros delinquentes. No entanto, ela também reconhecia a urgência da situação e a necessidade premente de deixarem o local o mais rápido possível.
— Nossos mortos estão enterrados atrás desse muro, nesta terra! — Bellamy apontou na direção a que se referia com determinação — Nossa terra! Os terráqueos acham que podem tomar isso de nós. Acham que porque viemos do céu, não somos daqui. Mas ainda vão descobrir um fato muito importante —
Sua voz ecoava com fervor e convicção, enquanto ele expressava a profundidade do laço emocional que os ligava àquele lugar. Para Bellamy, aquela terra representava não apenas um local físico, mas também um símbolo de sua luta, de suas perdas e de suas conquistas. Era um lembrete poderoso de sua identidade e de sua resiliência como grupo.
— Estamos na terra agora. E isso quer dizer que somos terráqueos! — Bellamy proclamava, um sorriso de satisfação se formando em seus lábios enquanto suas palavras ecoavam pelo acampamento.
Em um coro uníssono, os delinquentes ao redor de Bellamy concordaram. Suas vozes se uniram em uma demonstração de solidariedade e união, ecoando o sentimento de pertencimento e compromisso compartilhado.
— Terráqueos com armas! — um dos delinquentes gritou, sua voz ecoando pelo acampamento
— Exatamente! — Bellamy concordou, sua voz carregada de determinação — Eu digo, que venham — sua resposta era uma expressão ousada de confiança e bravura, mostrando sua disposição para enfrentar o desafio de frente.
— Bellamy tem razão — Clarke assumiu ao começar a falar — Se partirmos, poderemos nunca encontrar um lugar tão seguro. E, Deus sabe, neste mundo... podemos enfrentar algo ainda pior, amanhã.
Todos os olhares convergiram para a garota, e sua voz ressoou alta o suficiente para que todos pudessem ouvi-la. Olivia permanecia, fisicamente, ao lado de Bellamy, cuja respiração estava ofegante devido à intensidade do momento.
— Mas isso não muda o simples fato de que, se ficarmos aqui, vamos morrer, hoje — ela disse com convicção, sua voz ecoando pelo acampamento.
Sua afirmação franca e direta provocou um resmungo intolerante de Bellamy, refletindo sua relutância em aceitar a verdade inconveniente que Clarke apresentava.
— Dito isso, juntem suas coisas. Peguem o que puderem carregar. Agora!
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