22.
Minutos após a última conversa com Bellamy e Clarke, Olivia saiu do módulo. Com o passar do tempo, os primeiros raios de sol começaram a surgir no horizonte, anunciando a chegada da manhã. O ambiente ao redor começou a se iluminar gradualmente, dando início a um novo dia no acampamento.
A garota permanecia quieta e solitária por um bom tempo, perdida em seus pensamentos enquanto tentava processar tudo o que estava acontecendo e tudo o que havia ocorrido desde que pisaram no solo da Terra. Cada acontecimento, cada escolha difícil e cada desafio enfrentado pesava em sua mente, exigindo tempo e reflexão para assimilar tudo de maneira adequada.
Ela cruzou os braços e franziu o cenho ao observar Bellamy andar pelo acampamento como uma barata tonta, suas movimentações indicando que ele estava procurando alguém. A expressão confusa e inquieta do líder do grupo não passou despercebida por Olivia, que se perguntava sobre o motivo de sua agitação.
Bellamy deu um pequeno sorriso, que não alcançou seus olhos, ao avistar Olivia, e rapidamente se aproximou dela.
— Como se sente? — Bellamy perguntou, sua voz revelando pontadas de preocupação apesar da áurea alegre que sempre surgia quando ele via a garota.
— Estou bem, Bellamy — ela ergueu uma de suas sobrancelhas — Por quê? — sua resposta foi acompanhada por um olhar interrogativo, enquanto ela esperava pela razão por trás da pergunta dele.
— Connor me informou que você e Octavia foram as primeiras a entrar em contato com Murphy — ele começou a explicar com sobriedade — Parece que ele foi enviado pelos terrestres com a intenção de nos contaminar com um vírus. Infelizmente, Derek acabou de morrer. — a gravidade de suas palavras refletia a seriedade da situação, enquanto ele compartilhava a notícia sombria sobre a morte de Derek e a potencial ameaça representada por Murphy.
— Calma, espera — Olivia negou com a cabeça. Bellamy havia falado tudo muito rapidamente, e os pensamentos da garota estavam todos embaralhados agora. — Eu posso estar contaminada? — a preocupação estava estampada em seu rosto enquanto ela considerava as possíveis consequências do contato com Murphy.
— Não! — Bellamy negou com a cabeça, respondendo rapidamente — Espero que não, mas Clarke vai examiná-la. Todo cuidado é pouco — a urgência em sua voz refletia a importância de agir com cautela diante da situação delicada.
— Certo, está bem — a garota respondeu, levantando-se do lugar onde estava sentada. Bellamy fez menção de tocar em seu braço, mas ela se esquivou rapidamente — Se eu o toquei e posso estar contaminada, você não pode me tocar! — sua reação foi instantânea, demonstrando uma preocupação legítima com a possibilidade de transmitir a suposta contaminação para os outros.
Bellamy fez uma careta e logo revirou os olhos, reconhecendo a validade da preocupação de Olivia. Ele assentiu com a cabeça em concordância, e ambos seguiram em direção à nave, lado a lado.
Enquanto Clarke procedia com o exame em Olivia, a jovem começou a experimentar uma sensação de náusea crescente. Se estivesse em pé, era provável que não conseguisse permanecer daquele jeito por muito mais tempo, tal era a intensidade da tontura que a acometia.
Bellamy permanecia discretamente afastado das duas garotas, observando em silêncio. A expressão do rapaz era um reflexo claro de sua crescente apreensão, evidenciada pelos olhos atentos e pela postura tensa enquanto aguardava notícias sobre o estado de Olivia.
Olivia passou a mão pelo nariz ao sentir algo escorrer por ele. Era sangue. Clarke arregalou os olhos ao presenciar a cena, especialmente quando viu Olivia quase cair para trás, pois ela não estava apoiada em nada. A gravidade da situação era evidente, e a preocupação de Clarke se intensificou diante da perspectiva de uma possível complicação de saúde para Olivia.
— Liv, está tudo bem? — Bellamy se aproximou das garotas, visivelmente preocupado. Ele observou atentamente a expressão de Olivia, que logo esboçou um sorriso fraco em resposta à sua preocupação.
— Tudo sob controle — Olivia respondeu, sem olhar para ele. Clarke se virou para Bellamy e negou com a cabeça, indicando que a situação não estava tão sob controle quanto Olivia tentava aparentar.
— Bellamy, — proferiu Clarke, sua voz firme, carregada de preocupação — ela está desidratada. Por favor, traga água. — ela fez uma pausa, permitindo que suas palavras ecoassem na tensa atmosfera — Em breve, chamarei Octavia. Ficar aqui por muito tempo só aumentará o risco de contaminação para você também. — ela acrescentou com determinação.
Bellamy ergueu os olhos para Clarke por um breve instante, captando a seriedade em seu olhar. Em seguida, seus olhos se desviaram para Olivia, cujo estado frágil o perturbava profundamente. Com um aceno de cabeça, ele reconheceu a urgência da situação e partiu para cumprir o pedido de Clarke.
Quando Clarke direcionou novamente seu olhar para Olivia, a jovem tinha os olhos cerrados e sua respiração era apenas um sussurro frágil. Por um breve momento, Clarke permaneceu imóvel, como se estivesse perdida em seus próprios pensamentos, antes de retornar à realidade e chamar suavemente pelo nome de Olivia.
— Olivia? Ei! — Clarke sacudiu delicadamente os ombros da garota, o temor ecoando em sua voz diante da fragilidade da situação. Com cautela, Olivia abriu os olhos lentamente, franzindo a testa em confusão — Você consegue andar? — Clarke indagou, buscando uma confirmação nos olhos de Olivia. Recebendo um leve aceno de cabeça como resposta, ela prosseguiu com determinação. — Ótimo. Vamos descer daqui, tudo bem? Eu preciso que você se deite e descanse um pouco.
No entanto, mesmo diante da recomendação de Clarke, Olivia recusou-se a deitar. Determinada a permanecer consciente, a garota optou por se acomodar em uma das camas improvisadas dentro da nave, mantendo-se sentada enquanto lutava contra a iminente escuridão que ameaçava envolvê-la por completo.
Olivia permanecia consciente, porém tudo ao seu redor parecia desfocado, como se estivesse observando o mundo através de uma névoa. Ela mal percebeu quando Clarke deixou o local, mas sua atenção foi bruscamente despertada quando Bellamy retornou com a água, acompanhado não apenas por Octavia, mas também por Finn, que carregava Clarke em seus braços.
A visão da condição abatida de Clarke deixou Olivia ainda mais alerta, enquanto sua mente lutava para processar a gravidade da situação.
Murphy, em um gesto de generosidade incomum, cedeu sua própria cama para a Clarke e prontamente se acomodou ao lado de Olivia. Enquanto Bellamy observava a cena com uma expressão carregada de raiva, Olivia não pôde deixar de perceber que o foco dessa emoção parecia ser direcionado para Murphy.
Bellamy aproximou-se de Olivia, segurando um copo de água em suas mãos firmes. Ele entregou o líquido à garota, que o aceitou com gratidão, saciando sua sede com rapidez. Embora seu olhar transmitisse um reconfortante senso de preocupação, não era difícil perceber a chama de raiva ardendo em seus olhos, especialmente quando direcionada a Murphy.
— Obrigada, Bell — expressou Olivia com um sorriso fraco, lançando uma piscadela para Bellamy, que sacudiu a cabeça em negação. — Agora, saia daqui. Não quero que você também seja contaminado — insistiu, preocupada com a saúde de Bellamy.
Bellamy não ofereceu resistência e simplesmente acatou a ordem de Olivia, deixando o módulo sem protestar. A garota soltou um suspiro profundo antes de virar-se e deparar-se com Murphy, cujo rosto exibia uma expressão de inocência fingida.
— Obrigada, princesa — ironizou Murphy, suas palavras carregadas de sarcasmo.
— Ou será que deveria ser eu a dizer isso? — Olivia o provocou, seu tom sugerindo uma troca de papéis irônica entre os dois.
— De nada, Kane — retrucou Murphy, forçando um sorriso, o que provocou um revirar de olhos por parte de Olivia. Com dificuldade, ela se ajeitou onde estava sentada e fechou os olhos por alguns minutos, buscando algum alívio na escuridão temporária.
Minutos depois, a paz momentânea de Olivia foi abruptamente interrompida. A notícia de que Bellamy também havia contraído o vírus ecoou pelo ambiente, lançando uma sombra ainda mais densa sobre a já tensa situação.
Enquanto Bellamy lutava contra os sintomas, manifestando um estado ainda mais grave do que o de Clarke, Murphy levantou-se rapidamente para ceder espaço ao colega enfermo. Olivia tentou seguir o exemplo, mas foi detida por Octavia, que argumentou que a garota ainda não estava em condições de se movimentar por aí.
— Olivia, fique aí — Octavia ordenou com firmeza, seu tom deixando claro que não aceitaria objeções. — Está tudo bem se Bellamy ficar com você? — perguntou, buscando o consentimento de Olivia. Sem hesitar, Olivia respondeu prontamente que não tinha problema algum com a presença de Bellamy ao seu lado.
Porém, Olivia se assustou quando a cabeça de Bellamy foi apoiada em suas pernas. No início, ela franziu o cenho em confusão, mas logo permitiu que a expressão suavizasse, aceitando a presença do amigo ao seu lado. Enquanto isso, Octavia agia com delicadeza, um pano molhado em suas mãos, gentilmente acariciando a testa de Bellamy na tentativa de aliviar sua febre.
Por outro lado, Murphy agora dedicava sua atenção a Connor, oferecendo palavras reconfortantes e apoio. Embora as palavras positivas fluíssem da boca de John, Olivia sentia uma desconfiança arraigada em relação a ele, uma descrença que persistia mesmo diante de seus esforços aparentemente sinceros.
Minutos depois, Bellamy foi cuidadosamente colocado na mesma cama onde Clarke havia repousado anteriormente, sinalizando uma melhora considerável em seu estado de saúde. No entanto, a situação de Olivia não apresentava sinais de melhora; ao contrário, sua condição parecia deteriorar-se progressivamente, uma preocupação crescente que não escapava à atenção de Clarke.
— Olivia, parece que você não está melhorando — disse Clarke com preocupação, enquanto delicadamente passava um pano úmido pela testa da garota.
Olivia estava ardendo em febre, e a sensação de tontura só parecia se intensificar.
— Eu suspeito que isso possa estar relacionado à sua imunidade. Talvez seja devido aos eventos recentes... — completou Clarke, sua voz carregada de apreensão diante da possível gravidade da situação.
Olivia assentiu com a cabeça, um suspiro pesado escapando de seus lábios.
— Não é exatamente reconfortante assistir seu pai explodir e, algumas horas depois, ser atingido por um vírus desconhecido — desabafou, sua voz carregada de amargura diante das tragédias recentes que assolaram sua vida.
Clarke mordeu os lábios, sentindo-se momentaneamente sem palavras diante do relato de Olivia. No entanto, a tensão entre elas foi momentaneamente interrompida quando perceberam Bellamy recusando o copo de água que Murphy lhe oferecia, empurrando-o com um gesto decidido. Clarke levantou-se e dirigiu-se até os dois, proferindo algumas palavras para Murphy que o fizeram se deslocar até Olivia.
Murphy sentou-se ao lado de Olivia, visivelmente hesitante, mas ainda assim se dispôs a ajudá-la, limpando cuidadosamente o sangue que escorria de seu nariz. Enquanto isso, Olivia observava atentamente a cena entre Clarke e Bellamy, até que o som de uma pequena risada escapou dos lábios de Murphy, chamando sua atenção para ele.
A garota semicerrou os olhos, incapaz de compreender o motivo do riso repentino de Murphy.
— O que foi, John? — questionou ela, sua voz carregada de curiosidade e um leve tom de desconfiança.
— Eu não sabia que você era ciumenta, Kane — ele disse sarcasticamente, enquanto continuava a cuidar de Olivia, passando o pano úmido em sua testa — Mas tenho que admitir, vocês dois são fofos juntos — acrescentou ele com um sorriso irônico, provocando Olivia com suas palavras.
Olivia negou com a cabeça e deu um tapa na mão de Murphy, indicando que não queria ser tocada, mesmo que de forma indireta. O gesto brusco de Olivia surpreendeu Murphy, e ele franziu o cenho em resposta à atitude da garota
— Princesa corajosa — repetiu Murphy, ecoando uma das falas de Bellamy. Olivia segurou-se mentalmente para conter a vontade de agredir o garoto, embora soubesse que, naquele momento, nem mesmo tivesse forças para isso.
Do outro lado da nave, Bellamy observava a cena com uma mistura de preocupação e frustração, lutando contra o impulso de levantar-se e afastar Murphy de perto de Olivia. O desejo de proteger a amiga competia com sua própria fraqueza física, deixando-o dividido entre agir e permanecer onde estava.
— Ele não vai machucá-la, está apenas tentando ajudar — interveio Clarke, percebendo para onde o olhar de Bellamy estava direcionado. Suas palavras foram carregadas de compaixão e compreensão, numa tentativa de acalmar a preocupação de Bellamy em relação à presença de Murphy ao lado de Olivia.
— Confia nele agora? — Bellamy perguntou com ironia, seus olhos ainda fixos em Olivia.
— Não, claro que não — negou Clarke com um movimento de cabeça — Mas acredito em segundas chances. E você sabe, Olivia quebraria um dos braços dele se ele tentasse fazer algo. — ela acrescentou com um risinho leve escapando de seus lábios ao finalizar sua frase.
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Oi, gente! Espero muitíssimo que tenham gostado.
Tenho refletido há algum tempo sobre a minha escrita, e especialmente sobre a formalidade dela. Acham que está muuuuito formal? Ou muito detalhada? Enfim, respondam, por favor :)
Até mais! 💓
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