14.
Bellamy permanecia em frente ao terráqueo, sua expressão mais séria do que nunca. Os punhos cerrados e a respiração ofegante denunciavam sua frustração crescente. Enquanto isso, o terráqueo permanecia impassível, sua expressão neutra e impenetrável. Era evidente que o prisioneiro não cederia facilmente, recusando-se a abrir a maldita boca para qualquer coisa além de grunhir de dor.
— Olivia, — a voz de Bellamy cortou a tensão da sala, surpreendentemente calma apesar de sua postura rígida. Não era um comando, mas sim um pedido, como se ele estivesse buscando a colaboração dela. — Você pode me alcançar o livro?
Sem hesitar, Olivia se levantou e se aproximou de Bellamy. Ela entregou o livro a ele, sentindo uma pontada de curiosidade misturada com apreensão diante da maneira como Bellamy estava lidando com a situação. A atmosfera na sala era carregada de expectativa enquanto todos aguardavam para ver qual seria o próximo movimento de Bellamy. Bellamy passava rapidamente as folhas do livro, sua expressão confusa refletindo sua frustração crescente.
— Que diabos é isso? — ele perguntou, ao parar em uma página com uma figura rabiscada. — Amigo seu? — Bellamy dirigiu a pergunta ao terráqueo, observando atentamente sua reação. O prisioneiro balançou a cabeça em um movimento inquieto, uma expressão de cansaço atravessando seu rosto.
A tensão na sala aumentava enquanto Bellamy tentava decifrar o significado dos desenhos estranhos no livro. A falta de respostas só aumentava a sensação de frustração e impotência, deixando todos ansiosos por alguma pista que pudesse ajudá-los a entender o que estavam enfrentando. Antes que a situação pudesse avançar ainda mais, a escotilha foi aberta e Clarke apareceu. Ela tentou passar, mas um dos delinquentes se colocou em seu caminho.
— Saia da minha frente. — afirmou Clarke, sua determinação evidente em cada palavra.
— Tudo bem. Ela pode passar — tranquilizou Bellamy o delinquente, que logo cedeu e permitiu que Clarke passasse.
Clarke caminhou até a frente do terráqueo, parando ao lado de Olivia. A garota analisou o grande homem com uma feição preocupada e até mesmo confusa. Ela virou-se para Bellamy, notando o sangue no rosto do desconhecido.
— Bom, se ele não nos odiava, agora, odeia — comentou Clarke, sua voz carregada de ironia diante da situação tensa. A presença dela acrescentava uma nova dimensão ao impasse, aumentando ainda mais a incerteza sobre como lidar com o prisioneiro e o que fazer a seguir.
Bellamy intercalou seu olhar entre Clarke e o terráqueo por alguns segundos antes de puxar a loira pelo braço, levando-a para outra parte do nível da nave, onde pudessem conversar a sós. A ação repentina deixou Olivia franzindo a testa, confusa com o que estava acontecendo. No entanto, sua atenção ainda estava fixada no homem à sua frente.
Ele emanava uma aura de força e mistério, e Olivia se perguntava qual era a história por trás daquele prisioneiro. O que o levou a cometer os atos que infligiram tanto dano ao acampamento, a Finn, a Octavia e aos outros? Enquanto ponderava sobre essas questões, Olivia sentia uma mistura de curiosidade e apreensão se agitar dentro dela, alimentando sua determinação em descobrir a verdade por trás do enigmático prisioneiro.
Olivia foi arrancada de seus pensamentos quando ouviu os gritos de Raven ecoando do nível inferior da nave. Ela piscou algumas vezes, surpresa, antes de virar-se para Clarke, que já estava descendo a escotilha às pressas.
— O que foi? — perguntou Olivia, sua curiosidade misturada com uma pontada de preocupação.
Enquanto isso, Bellamy lançou um olhar de preocupação em direção à garota, que estava sendo observada atentamente pelo terráqueo. Olivia estava próxima demais do homem, vulnerável a qualquer movimento inesperado que ele pudesse fazer. Bellamy sentiu uma onda de ansiedade surgir dentro dele ao perceber o perigo iminente.
— Olivia, não fique tão perto dele — alertou Bellamy, rapidamente se aproximando da garota e movendo-a para longe do prisioneiro, segurando-a pelos ombros com firmeza. A preocupação era evidente em seus olhos enquanto ele garantia a segurança de Olivia.
— Isso não importa no momento, Blake — revirou os olhos diante da estúpida preocupação de Bellamy. — Por que Clarke saiu correndo?
Olivia ignorou a tentativa de Bellamy de mantê-la afastada do prisioneiro, sua mente focada no que era mais urgente no momento. Enquanto Bellamy ainda absorvia sua preocupação, Olivia estava determinada a obter respostas sobre a repentina saída de Clarke e a razão por trás dos gritos de Raven.
— Você não ouviu, Kane? — ele deu ênfase no sobrenome da garota, refletindo a tensão em sua voz. — Finn está tendo uma convulsão.
A revelação de Bellamy cortou o ar da sala, deixando Olivia atordoada e preocupada. Seus pensamentos imediatamente se voltaram para Finn, preocupada com seu bem-estar e o que poderia ter causado a convulsão. Com um rápido olhar de determinação, Olivia estava pronta para agir e ajudar seu amigo, ignorando temporariamente a presença do terráqueo enquanto se preparava para descer rapidamente até o nível inferior da nave.
— O quê? Meu Deus! — Olivia exclamou, seu coração apertado pela preocupação com Finn. Ela tentou passar por Bellamy para descer até o nível onde Clarke estava, mas ele a impediu com firmeza. — Me deixa passar! — ela insistiu, sua expressão mudando rapidamente de preocupação para desespero.
— Não, Olivia — negou Bellamy, soltando-a, mas agindo rapidamente ao chegar até a escotilha e trancá-la antes que ela pudesse descer.
A ação de Bellamy deixou Olivia chocada e frustrada. Ela bateu na escotilha com as mãos, sentindo-se impotente diante da situação, mas respeitando a decisão de Bellamy. A preocupação com Finn e a sensação de estar impedida de ajudá-lo a deixaram ainda mais angustiada, enquanto ela buscava desesperadamente uma maneira de chegar até ele.
— O que pensa que está fazendo? — Olivia perguntou, sua testa enrugada por conta de sua expressão indignada. — E se precisarem de nós?
A preocupação e a frustração de Olivia transpareciam em sua voz enquanto ela questionava as ações de Bellamy. Ela não conseguia entender por que ele a impediu de descer até Clarke e Finn, especialmente em um momento tão crítico. A ideia de que eles poderiam ser necessários lá embaixo a deixava inquieta, incapaz de aceitar a decisão de Bellamy de trancar a escotilha.
— Não somos médicos, princesa. Não precisam de nós — disse Bellamy, seu tom de voz calmo e firme, contrastando com a maneira como ele geralmente falava com os outros. — Precisam de nós aqui.
A explicação de Bellamy não aliviou a preocupação de Olivia. Ela respirou fundo, tentando controlar suas emoções, enquanto lutava para aceitar que Finn estava nas mãos dos médicos, e não podiam fazer mais do que esperar e torcer por seu bem-estar. A sensação de impotência era esmagadora, mas Olivia sabia que precisava se concentrar no que estava ao seu alcance aqui e agora.
— Precisam de nós aqui agredindo um desconhecido e provavelmente criando uma guerra com gente que nem sabíamos que existia? — Olivia perguntou ironicamente, após se levantar abruptamente e ficar à frente de Bellamy. — Ele não vai te responder se você continuar torturando ele a cada pergunta.
A crítica afiada de Olivia cortou o ar da sala, refletindo sua frustração e descontentamento com a abordagem de Bellamy. Ela estava determinada a fazer com que ele entendesse que a violência não era a resposta, e que havia maneiras mais eficazes de obter informações do prisioneiro. A tensão entre os dois era palpável, enquanto Olivia confrontava Bellamy com suas preocupações e objeções à sua conduta.
— Suponho que se você não tivesse sido presa, seria uma ótima figura no conselho, Olivia Kane — ele riu de lado, observando a postura mandona e autoritária de Olivia, tão semelhante à de seu pai.
O comentário de Bellamy trouxe à tona a dinâmica complicada entre os dois, destacando suas personalidades fortes e conflitantes. Enquanto Bellamy tentava amenizar a tensão com um toque de humor, era evidente que havia uma ponta de respeito por trás de suas palavras. Olivia, por sua vez, sentiu uma sensação irritação ao ser comparada a seu pai, reconhecendo o elogio implícito em sua observação. A troca revelava a complexidade de sua relação e a maneira como suas diferenças e semelhanças moldavam sua interação.
— Pare de brincar com a situação, Bellamy! — Olivia exclamou, negando com a cabeça. — Por que não deixa eu falar com ele?
Bellamy mudou sua expressão de humor para uma desconhecida, talvez surpreendido com a sugestão de Olivia. A proposta dela representava uma mudança significativa na abordagem da situação, sugerindo uma alternativa mais diplomática e talvez até mesmo empática para lidar com o prisioneiro. A surpresa de Bellamy indicava que ele estava considerando seriamente a ideia de Olivia, embora ainda pudesse haver alguma hesitação em sua mente.
— Vai flutuá-lo depois de ele assumir o crime?— Bellamy disse sarcasticamente, uma sombra de amargura tingindo suas palavras. Era impossível olhar para Olivia e não lembrar de seu pai, aquele que flutuou a mãe de Bellamy.
O sarcasmo de Bellamy refletia sua desconfiança e ressentimento em relação às autoridades que representavam o sistema de justiça que tanto havia prejudicado sua família. A menção à flutuação evocava memórias dolorosas do passado de Bellamy, reforçando a tensão entre ele e Olivia, cuja associação com seu pai despertava sentimentos conflitantes dentro dele. A troca destacava a complexidade de suas relações e os traumas que moldavam suas interações no presente.
— Você é idiota?! — Olivia perguntou, a raiva transbordava de seus olhos, e ela se segurava para não descontar em Bellamy. — Não sou meu pai, não estamos na Arca, e ele flutuou minha mãe também!
As palavras de Olivia eram carregadas de frustração e dor, refletindo a intensidade de suas emoções diante da comparação injusta e dolorosa feita por Bellamy.
— Agora, apenas me deixe falar com esse desgraçado! — ela mandou, ignorando a expressão de uma rivalidade inexistente que Bellamy fazia. A determinação de Olivia era clara em suas palavras, enquanto ela insistia em ter a chance de abordar o prisioneiro de uma maneira diferente.
— Certo, princesa. Mas não diga que eu não avisei — disse Bellamy, saindo da frente da garota. Olivia avançou até o prisioneiro, encarando-o com determinação. Ela desejava poder ler o que estava em sua mente, esperando finalmente descobrir por que seu povo estava agindo daquela maneira com os delinquentes.
O olhar de Olivia refletia uma mistura de curiosidade, preocupação e determinação enquanto ela enfrentava o prisioneiro. Ela estava disposta a se comunicar com ele de uma forma que fosse mais empática e compassiva, na esperança de obter as respostas que tanto buscava. Sua determinação em entender os motivos por trás das ações do prisioneiro mostrava sua forte vontade de resolver a situação de forma pacífica e encontrar uma solução para o conflito que assolava seu grupo.
Olivia ameaçou dar passos próximos ao terráqueo, mas antes disso, retirou sua jaqueta, lançando-a com um gesto decidido em um canto do cômodo. Engolindo em seco, ela encarou o homem à sua frente mais uma vez, seu olhar firme e determinado refletindo a tensão do momento.
Antes que Olivia pudesse sequer lançar uma sílaba para o homem, ouviram batidas na escotilha que Bellamy havia trancado. Gritos abafados de Clarke podiam ser ouvidos, ecoando através da sala, e isso fez Olivia virar-se rapidamente para Bellamy. O garoto negou com a cabeça ao ver a expressão séria de Olivia, sua postura ereta e autoritária lembrando a de seu pai.
— Bellamy, abra! — ela ordenou com voz firme, sua determinação evidente em cada palavra. Bellamy bufou em frustração e então chutou o objeto que trancava a escotilha, cedendo à pressão do momento. Quando um dos delinquentes abriu a escotilha, uma Clarke furiosa e decidida emergiu por ela.
— Saia da minha frente, Miller. Agora! — ela exclamou para o delinquente que bloqueava sua passagem. Ele rapidamente obedeceu à loira, dando espaço para ela passar. Os passos de Clarke eram largos e rápidos, sua expressão carregada de determinação e urgência, deixando claro que algo sério estava acontecendo.
— Clarke, o que foi? — Olivia perguntou, franzindo a testa com preocupação. Ela não entendia a pressa e o desespero da loira, e no fundo tinha medo de descobrir o motivo por trás daquela urgência tão evidente.
Clarke ignorou completamente a pergunta de Olivia e se posicionou de frente para o terráqueo. Sua mão esquerda estava erguida, revelando a faca que, até então, estava com Finn.
O gesto de Clarke ecoava com uma intensidade silenciosa na sala, enquanto todos os presentes observavam, atordoados e preocupados, o que estava prestes a acontecer. A tensão no ar era quase palpável, e Olivia sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao testemunhar a determinação sombria nos olhos de Clarke.
— O que há nisto? — Clarke perguntou, sua respiração ofegante e desnorteada evidenciando seu estado de agitação.
— O que você quer dizer? — Bellamy perguntou, visivelmente confuso, assim como Olivia.
— Há veneno na lâmina! — Clarke respondeu em voz alta, sua voz carregada de urgência e alarme. A revelação causou um arrepio coletivo na sala, enquanto todos absorviam o impacto das palavras de Clarke. O pânico e a incerteza se espalharam pelo grupo, deixando todos atordoados com a descoberta chocante. — O tempo todo, sabia que Finn ia morrer, não importa o que fizéssemos! — explicou Clarke, sua voz carregada de desespero e raiva em direção ao homem diante dela. A fúria em seus olhos era palpável, refletindo a intensidade de suas emoções diante da situação angustiante. — O que é? Há um antídoto? — ela perguntou ao terráqueo, sua voz ecoando com uma mistura de desespero e esperança. Todos na sala aguardavam ansiosamente pela resposta do prisioneiro, enquanto o tempo parecia se arrastar diante da incerteza sobre o destino de Finn.
— Clarke, ele não entende — afirmou Octavia, que acabara de chegar à cena, sua voz carregada de frustração e preocupação. Seus olhos refletiam uma mistura de angústia e determinação, enquanto ela se juntava ao grupo na esperança de encontrar uma solução para a crise iminente.
A intervenção de Octavia trouxe uma dose de lucidez à situação, lembrando a todos que o prisioneiro não entendia sua língua e que, portanto, a comunicação direta com ele poderia ser inútil. A tensão na sala aumentou ainda mais, enquanto todos enfrentavam o desafio de encontrar uma maneira de salvar Finn diante das circunstâncias desesperadoras.
Olivia e Bellamy trocaram olhares desesperados, mas mesmo assim se entenderam. Ambos lembraram-se dos frascos que haviam encontrado entre as coisas do homem.
— Os frascos — disse Bellamy em direção a Olivia. A garota andou depressa até as coisas do terráqueo e pegou todos os frascos que encontrou lá.
O gesto rápido e determinado de Olivia refletia a urgência da situação, enquanto ela coletava os frascos com mãos trêmulas. A esperança de encontrar uma solução para o veneno que ameaçava a vida de Finn reacendeu no grupo, enquanto todos aguardavam ansiosamente para ver se os frascos continham algum antídoto ou algo que pudesse ajudá-los a salvar seu amigo.
— Teria que ser idiota para ter um veneno sem um antídoto — resmungou Clarke enquanto analisava os frascos com cautela. — Qual? — ela exclamou, sua voz ecoando com urgência e ansiedade, esperando uma resposta que pudesse oferecer uma esperança de salvação para Finn.
A tensão na sala atingiu o seu auge enquanto todos aguardavam em silêncio, suas esperanças e temores pendendo no equilíbrio enquanto esperavam pela identificação do frasco que poderia conter a chave para a sobrevivência de Finn.
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