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12 ₃

──── Ou entra, ou morre.

Olivia ajustou a alça da mochila que havia preparado às pressas minutos atrás, deixando-a apoiada em um dos ombros. A pequena Violet segurava firmemente sua mão, um gesto insistente que Olivia não teve coragem de recusar. Em silêncio, as duas atravessaram o corredor em direção à garagem, onde o restante do grupo já aguardava, se preparando para a próxima etapa: encontrar o povo de Luna.

— Estamos prontos para partir — anunciou Bellamy, sua mandíbula rígida refletindo a tensão que carregava. À sua frente, Raven assentiu com a cabeça, um gesto breve e resoluto. Monty imitou o movimento, mas a hesitação era evidente em seu olhar.

— Por que vocês ainda não estão prontos? — indagou Bellamy, franzindo o cenho ao notar que eles não haviam se juntado ao grupo.

Raven ergueu o queixo, enfrentando o olhar inquisidor.

— Não vamos com vocês — declarou, cruzando os braços. Sua voz era firme, mas carregada de resignação. — Mal consigo andar sem mancar. Eu seria um peso morto nessa missão. Meu ombro está destruído, mas minha mente ainda funciona muito bem. Serei mais útil ficando aqui.

Bellamy soltou um suspiro pesado, visivelmente relutante, mas acabou concordando com um leve aceno. Seus olhos logo se voltaram para Monty, em busca de uma explicação.

— Raven lembrou que ALIE transferiu uma cópia para o computador central da Arca — explicou Monty, sua voz carregada de uma urgência contida. — Se o código ainda estiver armazenado lá, podemos encontrar uma porta dos fundos para desativá-la.

— Quando conectarmos a ALIE 2 através de Luna, precisaremos de acesso à ALIE 1 para eliminá-la completamente — concluiu Raven, relaxando a postura enquanto desfazia o aperto nos braços.

Bryan, Harper e Miller decidiram permanecer também, justificando que alguém precisava garantir a segurança daqueles que ficariam para trabalhar no plano.

Olivia mal registrou o momento em que Bellamy se aproximou. Seu foco estava completamente preso à pequena mão de Violet, que ainda repousava na sua.

— Liv — chamou ele, sua voz baixa e quase gentil. Olivia ergueu os olhos com um sobressalto, as pupilas ligeiramente dilatadas pela surpresa. — Está pronta para ir?

Ela assentiu de forma automática, engolindo em seco, embora a resposta fosse uma mentira. No fundo, Olivia não estava pronta. Não queria expor Violet a mais um possível confronto, mas também não suportava a ideia de deixá-la para trás.

Respirando fundo, Olivia lançou um último olhar a Bellamy antes de soltar delicadamente a mão de Violet e se agachar à sua frente.

— Violet, preciso te pedir uma coisa — disse, sua voz assumindo um tom suave.

A garotinha inclinou a cabeça, os olhos atentos fixos nos de Olivia.

— Quero que você seja corajosa, está bem? — Olivia sorriu de forma discreta, encaixando a mão sob o maxilar delicado da criança. — Vamos em uma missão agora. Não é perigosa, mas eu prefiro que você fique aqui. Consegue entender?

— Por quê, Ollie? — perguntou Violet, com o semblante já marcado pela tristeza. — Por que eu não posso ir com você?

Antes que Olivia pudesse responder, Bellamy deu um passo à frente, colocando a mão sobre a cabeça de Violet com um gesto surpreendentemente delicado. Ele sorriu ao encontrar o olhar questionador da menina.

— Vamos fazer uma viagem longa, Violet — explicou ele, sua voz assumindo um tom leve, quase brincalhão. — E precisamos de alguém para manter a ordem aqui enquanto estivermos fora. Acho que você é a pessoa perfeita para o trabalho.

Ele fez uma careta exagerada, arrancando um riso abafado da garotinha. Olivia, mesmo sem olhá-lo diretamente, não pôde evitar um leve sorriso ao ouvir as palavras dele.

— Tudo bem, Ollie — disse Violet, após alguns segundos. Um sorriso hesitante surgiu em seus lábios enquanto ela se inclinava para envolver Olivia em um abraço apertado.

Surpresa pela súbita demonstração de afeto, Olivia arregalou os olhos antes de retribuir o gesto.

— Não se preocupe, eu vou tomar conta de todos aqui! — declarou Violet com determinação. Em seguida, apontou o dedo para Bellamy, sua expressão assumindo um ar quase autoritário. — E você, cuide bem da minha amiga!

— Sim, senhora capitã — respondeu Bellamy com um semblante sério, levantando a mão em uma pequena continência.

Quando Violet correu para junto de Harper, Olivia se levantou, suspirando ao ajeitar a mochila no ombro novamente.

— Ela vai ficar bem — assegurou Bellamy, sua voz um pouco mais baixa, mas carregada de convicção.

— A mãe dela engoliu o chip — disparou Olivia, sua voz carregada de um tom agridoce, enquanto seus olhos seguiam os movimentos de Violet. — Ela estava muito doente antes do Monte Weather.

Bellamy apertou os dentes, desconfortável com a revelação. Seu silêncio sugeria uma tentativa de absorver a informação, mas Olivia continuou, como se precisasse tirar o peso das palavras de sua mente.

— Eu nem sei se ela está bem... ou viva. Se não estiver, Violet só tem a mim — ela declarou, um toque de frustração e vulnerabilidade permeando sua voz. — O mais estranho é que a única coisa que sei sobre ela é seu nome e onde morava na Arca. É uma loucura pensar nisso... Ela só tem sete anos, Bellamy. Nenhuma criança deveria passar por tudo isso.

— Vai ficar tudo bem, Liv — disse ele, finalmente, sua voz carregada de uma calma forçada. Ele evitou sorrir, temendo que isso fosse interpretado como uma tentativa vazia de consolo. Quando Olivia desviou o olhar para ele, no entanto, seu semblante suavizou. — Ela vai ficar bem. E você também. Sei que é difícil acreditar nisso agora, mas... de alguma forma, nós sempre conseguimos superar no final.

A sombra de um sorriso curvou os lábios de Olivia, ainda que sem qualquer entusiasmo. Era um sorriso vazio, um reflexo de sua concordância silenciosa, e ela assentiu levemente com a cabeça.

Bellamy piscou algumas vezes, seus olhos percorrendo o rosto de Olivia com uma intensidade quase analítica. Cada linha, cada expressão, parecia prender sua atenção de forma involuntária. Então, sem perceber, um sorriso fraco se formou em seus lábios, um gesto quase imperceptível, mas sincero.

Olivia notou, franzindo levemente a testa. Não havia palavras trocadas, mas naquele instante, o silêncio entre os dois parecia contar uma história à parte.

[...]

Olivia ajeitou-se no assento da frente do Roover, ao lado de Bellamy. Atrás deles, Octavia, Clarke e Jasper compartilhavam o espaço, ajustando-se como podiam ao balanço do veículo. A partida fora antes do amanhecer, quando o céu ainda carregava a penumbra da noite, mas agora a luz da manhã já banhava o horizonte, revelando a aridez ao redor.

Jasper, como de costume, não escondia sua insatisfação.

— É sério que Lincoln fez esse mapa sem marcar as distâncias? — resmungou ele. — Como vamos saber quanto tempo falta para chegar?

O murmúrio de irritação foi seguido por um suspiro pesado. Clarke trocou um olhar rápido com Octavia, que permaneceu calada, olhando para fora.

— O que acham que Luna vai dizer quando chegarmos pedindo para colocar uma IA na cabeça dela? — Jasper provocou, suas sobrancelhas arqueando em desafio.

O silêncio caiu dentro do Roover. Olivia, sentada no banco da frente, remexeu-se desconfortavelmente, desviando o olhar para os vãos da estrutura do veículo. Seus olhos vagaram pelo cenário em constante movimento lá fora, como se buscassem uma distração.

Sua mão esquerda, que repousava sobre a coxa fechada em um punho tenso, chamou a atenção de Bellamy. Sem dizer nada, ele estendeu a própria mão, cobrindo a de Olivia com um toque firme, mas delicado. Aos poucos, os dedos dela cederam sob o gesto silencioso. Ele abriu sua mão, como quem desfaz uma armadura invisível, e deixou seus próprios dedos repousarem ali por um instante.

— Lincoln disse que ela ajuda quem precisa — retrucou Octavia, sua voz carregada de autoridade. — Ela vai nos ajudar também.

A tensão dentro do Roover era quase palpável, mas antes que qualquer resposta fosse dada, o veículo foi abruptamente forçado a parar. Bellamy puxou o freio com firmeza, o som dos pneus arrastando na terra ecoando pela floresta silenciosa. Uma árvore bloqueava o caminho, tombada de forma estratégica, como se a própria natureza quisesse impedir sua passagem.

— Estamos cercados — murmurou Bellamy, os olhos percorrendo o cenário. Árvores imponentes se erguiam ao redor, sem deixar espaço para o veículo continuar.

— Será que ela pode nos arranjar um mapa melhor? — resmungou Jasper, afundando no assento, o sarcasmo escorrendo de suas palavras.

A provocação foi suficiente para irritar a mais nova Blake. Sem esperar por qualquer sugestão ou plano, Octavia saiu do Roover, seus passos determinados ecoando na terra molhada. Clarke, hesitante por um momento, suspirou e decidiu segui-la, chamando-a baixinho.

Olivia observou a cena de relance, seus olhos acompanhando as duas. Mas o movimento foi breve. Sentiu a necessidade de se recompor e puxou sua mão, ainda descansando sob a de Bellamy, de forma ligeiramente desajeitada.

O gesto despertou Bellamy de seu devaneio. Ele piscou, confuso, antes de perceber que ainda mantinha a mão apoiada sobre a coxa de Olivia. Sua atenção foi atraída pelo som sutil dela limpando a garganta, um lembrete mudo e desconcertante.

— Acho que vamos a pé — disse ele, forçando um sorriso e tentando disfarçar o constrangimento. Rapidamente, ele levou a mão ao trinco da porta, abrindo-a antes que o momento se prolongasse.

O ar fresco da floresta invadiu o veículo quando ele saiu, deixando para trás o que quer que aquele instante tivesse significado.

— Esqueceram da parte onde eu mencionei que isso pode levar dias?! — exclamou Jasper, sua voz carregada de irritação, enquanto observava todos abandonando o veículo sem sequer olhar para trás.

Olivia soltou um suspiro longo e pesado, sacudindo a cabeça como se tentasse dissipar a irritação crescente. Virou-se para encará-lo, seu olhar carregado de exasperação.

— Você pode parar de reclamar? Pelo menos por cinco minutos? — disparou, estreitando os olhos na direção do amigo, sua voz afiada o suficiente para cortar o clima tenso que já pairava entre eles.

Sem esperar resposta, Olivia estendeu a mão até a maçaneta da porta e a abriu, saindo do veículo em um movimento decidido.

Jasper murmurou algo inaudível, seus resmungos frustrados desaparecendo no ar, mas Olivia não se deu ao trabalho de prestar atenção. Assim que saiu, foi recebida por uma chuva fina e inesperada que começou a cair. Ela franziu o cenho, fazendo uma leve careta ao sentir as gotas geladas contra sua pele, enquanto ergueu o rosto para o céu. O clima, como sempre, parecia conspirar contra eles.

— Parem! — exclamou Octavia. Ela franzia a testa enquanto girava lentamente, os olhos atentos vasculhando os arredores. — Ouviram isso?

Olivia congelou, estreitando os olhos como se isso pudesse ajudá-la a compreender o que Octavia tinha notado. Ao seu lado, Bellamy fez o mesmo, inclinando ligeiramente a cabeça, o rosto tenso.

Jasper, no entanto, soltou um suspiro exasperado, cruzando os braços com um gesto irritado.

— Sério? Agora estamos ouvindo coisas?

Então veio o som. Sutil, quase imperceptível no início. Mas os poucos segundos de silêncio que se seguiram foram suficientes para que todos captassem o ruído distinto: água. O som da maresia, o bater rítmico das ondas contra a costa.

— Água — murmurou Clarke, quase como uma confirmação, enquanto seus olhos se arregalavam ligeiramente.

Octavia disparou em direção ao som que ecoava pela floresta, seu corpo movendo-se com a determinação de quem já havia decidido. Não demorou para que os outros a seguissem, os passos rápidos esmagando folhas e galhos sob os pés. Quando finalmente pararam, estavam diante de um mar extenso e imponente. O som das ondas batendo contra a costa preenchia o ar, enquanto o cheiro salgado invadia as narinas de Olivia. Ela inspirou fundo, permitindo que a sensação tomasse conta por um instante.

— Onde é a aldeia? — questionou Jasper, arqueando uma sobrancelha enquanto seus olhos vagavam pelo horizonte vazio.

Octavia abriu o diário de Lincoln, suas mãos apressadas virando as páginas desgastadas. Quando encontrou a marcação, seu olhar oscilou entre o mapa desenhado e o cenário à sua frente. Era exatamente como Lincoln havia descrito, mas não havia nenhum sinal de um povoado.

— Não, não... — murmurou Octavia, fechando o diário com um movimento brusco. Sua voz carregava uma mistura de negação e frustração. — Não pode ser.

Sem hesitar, ela avançou, guiando o grupo até o local indicado no mapa. O que encontraram, no entanto, foi apenas um círculo formado por pedras empilhadas. Não havia sinal de vida, apenas as rochas frias e inertes.

— Isso não é uma aldeia, é só um monte de pedras — resmungou Jasper, cruzando os braços e lançando um olhar de desaprovação.

A raiva de Octavia transpareceu em seus movimentos. Ela se afastou com passos pesados, o sangue fervendo em suas veias. Raiva, tristeza e medo se misturavam em um turbilhão que ameaçava transbordar.

Olivia, parada a alguns metros, fechou os olhos. Seu maxilar estava tenso, e seus punhos se fecharam involuntariamente. Com um suspiro pesado, deixou a mochila escorregar de seus ombros, até que caiu na areia úmida com um baque surdo.

— O que fazemos agora? — perguntou Jasper, rompendo o silêncio com sua voz carregada de frustração. Ele olhava diretamente para Olivia, esperando por alguma orientação.

A jovem abriu os olhos lentamente, lançando um olhar cansado na direção dele.

— É uma boa pergunta, Jas — respondeu, sua voz baixa, quase como um eco do desânimo coletivo.

[...]

Octavia mantinha os olhos fixos no diário de Lincoln, folheando as páginas em busca de alguma explicação plausível para o que estava diante deles. Bellamy ia e voltava, carregando madeira para alimentar a fogueira.

Olivia, agachada ao lado de Octavia, ajudava a acender um punhado de palha seca, até que as primeiras chamas começaram a se erguer. Quando o fogo finalmente tomou forma, Olivia se levantou, observando enquanto Octavia permanecia ajoelhada, alimentando as chamas com galhos secos.

— Lincoln não colocaria o lugar no mapa a menos que fosse importante — a voz de Bellamy ecoou às costas de Olivia, firme, mas sem a certeza que normalmente carregava. Ele deu alguns passos à frente, parando ao lado da irmã mais nova.

Com um movimento hesitante, Bellamy tentou pegar o diário que estava no chão, mas Octavia foi rápida em afastá-lo com um tapa na mão.

— Não toque nisso!

O som cortante da voz de Octavia fez Bellamy recuar de imediato. Ele soltou um suspiro longo, sua respiração criando uma nuvem de vapor no ar frio. Olivia ergueu as sobrancelhas, sem surpresa, enquanto Clarke engolia em seco do outro lado da fogueira, e Jasper apenas balançava a cabeça, quase como se já esperasse por aquilo.

Bellamy se agachou ao lado de Octavia, olhando para ela por alguns segundos antes de finalmente encontrar as palavras.

— Qual é, O. Quando vai parar com isso? — perguntou ele, a decepção evidente não na irmã, mas em si mesmo.

Octavia quebrou um galho em suas mãos, jogando-o no fogo com força antes de responder.

— Não sei. Nem consigo olhar para você. Toda vez que eu olho, vejo Pike apontando a arma para a cabeça de Lincoln.

O maxilar de Olivia se contraiu ao ouvir isso, e ela desviou os olhos, fitando o mar que se estendia a poucos metros dali.

— Eu ouço o tiro. Eu o vejo cair — continuou Octavia, sua voz pesada com a dor que carregava desde aquele dia.

— Eu não matei Lincoln — respondeu Bellamy, sua voz baixa, quase um sussurro.

— Não, mas ele morreu por sua causa — Octavia levantou-se de repente, sua mágoa transbordando tanto em suas palavras quanto em sua expressão endurecida.

Bellamy também se levantou, seu olhar firme tentando encontrar o da irmã.

— Eu fui atrás de você. Você não aceitou a minha ajuda — argumentou ele, a frustração crescendo em seu tom. — Se tivesse confiado em mim, eu...

Ele parou ao perceber que Octavia balançava a cabeça em negação, ignorando-o por completo enquanto voltava a alimentar a fogueira.

Olivia, sentindo o silêncio pesar ao redor, olhou de relance para os dois. Ela franziu o cenho ao ver Bellamy dar de ombros e se afastar, caminhando em direção à praia. Era óbvio que ele estava tentando escapar do peso de seus erros. Talvez isso não consertasse nada, mas ao menos o ajudaria a enfrentar os próprios pensamentos.

O silêncio foi quebrado por um som inesperado. Jasper jogou algo na fogueira, e as chamas laranjas se tornaram verdes em questão de segundos. Olivia arregalou os olhos, dando um passo à frente.

— O que você fez? — perguntou, sua voz carregada de alerta.

— Nada! Só joguei isso no fogo — Jasper levantou as mãos em defesa, segurando uma pequena planta que parecia inofensiva.

— E o que é isso? — questionou Clarke, olhando de Jasper para Octavia com evidente curiosidade.

Octavia, rápida como sempre, abriu o diário de Lincoln novamente, vasculhando suas páginas com determinação. Ela retirou um pedaço seco da mesma planta que Jasper segurava, cuidadosamente guardada entre as páginas. Sem hesitar, jogou-a na fogueira. Mais uma vez, as chamas ficaram verdes.

— Sinal de fumaça — anunciou Octavia, levantando o diário com uma mistura de alívio e emoção. — Ele tentou nos dizer. É assim que vamos contatar Luna!

Clarke sorriu, o alívio suavizando sua expressão. Ela olhou para Olivia, que ainda encarava as chamas verdes com um brilho diferente nos olhos. Quando Clarke sorriu para ela, Olivia respondeu com um sorriso leve, quase imperceptível, antes de desviar o olhar novamente para o mar.

— Vou pegar mais dessa planta — disse Jasper, assentindo para si mesmo antes de se afastar.

Olivia assentiu com a cabeça, soltando um suspiro aliviado ao perceber que finalmente tinham uma forma de prosseguir. Contudo, o alívio não durou muito. Seus olhos, quase por impulso, buscaram Bellamy, que tinha os braços cruzados firmemente enquanto encarava o mar, agora envolto na escuridão da noite que havia os alcançado.

— Vou ver como ele está — anunciou Olivia, mais para si mesma do que para os outros.

Clarke apenas assentiu, sua expressão demonstrando compreensão, enquanto Octavia mantinha os olhos fixos no diário.

À medida que se aproximava, a alguns metros de distância, Olivia notou o olhar furtivo de Bellamy. Ele a observou por alguns segundos, seus olhos carregados de uma intensidade silenciosa, antes de soltar um suspiro profundo e voltar a atenção para o mar que se estendia à sua frente.

— Deixe-me adivinhar, veio para me culpar? — murmurou ele, o sarcasmo impregnante em sua voz.

— Vim para ver se você está bem — Olivia respondeu sem hesitar, dando um passo à frente, sua presença decidida.

— Não há razão para se preocupar comigo. Se não estou bem agora, uma hora ou outra estarei — Bellamy deu de ombros, tentando disfarçar a vulnerabilidade em sua voz, mas sua indiferença parecia forçada.

Olivia franziu o cenho, uma mistura de confusão e irritação visível em seu rosto. Não estava ali por obrigação ou pena, mas porque, de fato, queria estar.

— É isso que você faz o tempo todo, não é? — ela começou, a voz agora mais firme, carregada de uma assertividade que ele não esperava. — Se preocupa com todos ao seu redor, menos consigo mesmo. Talvez seja hora de mudar isso.

Bellamy umedeceu os lábios, girando a cabeça lentamente para encará-la. Seus olhos atravessaram o rosto cansado de Olivia antes de desviarem para Octavia, que estava próxima à fogueira. Ele suspirou fundo, como se as palavras estivessem presas em sua garganta.

— Olivia, eu perdi ela. Quase perdi você. — Sua voz saiu trêmula, o peso da dor em cada sílaba. Quando seus olhos finalmente encontraram os dela, eram profundos e sombrios, como se carregassem o peso do mundo.

— Ela só precisa de tempo, Bellamy — Olivia afirmou com uma leve inclinação de cabeça, tentando transmitir a ele a calma que sentia. — Pode haver sangue em suas mãos, mas não é o de Lincoln.

Bellamy fungou, o olhar desviado para o chão enquanto seus olhos ameaçavam transbordar. Ele odiava se sentir tão vulnerável, tão impotente, exposto a uma dor que não conseguia controlar.

— Em parte, é — murmurou ele, com a voz tão baixa que quase se perdeu na brisa do mar.

— Talvez seja — Olivia retrucou, sua voz firme, forçando-o a levantar o olhar, surpreso pela clareza em suas palavras. — Mas você não queria que aquilo acontecesse. Você fez o que pôde para impedir. Octavia vai entender, mais cedo ou mais tarde. A questão é: você vai se perdoar?

Ele fechou os olhos com força, negando com a cabeça de forma quase imperceptível.

— O perdão nunca foi fácil para nós — ele confessou, sua expressão endurecendo novamente, como se estivesse se fechando ao que acabara de expor. Após um momento de silêncio, ele continuou, com a voz mais baixa e mais pesada. — Eu me irritei ao ver você se culpando por coisas que não eram sua culpa. E essa raiva... me fez dizer coisas que eu jamais deveria ter dito.

Bellamy respirou fundo, seus olhos encontrando os dela com uma sinceridade que não via há tempos.

— Não é uma desculpa, mas naquele momento, eu... Eu estava perdido. Achava que falar ajudaria, mas fiz tudo da maneira errada. Sinto muito, Olivia, por ter imposto tudo aquilo a você. Mesmo que, talvez, você não lembre de tudo.

Olivia engoliu em seco. Ela não se lembrava de todos os detalhes, apenas flashes distorcidos e sentimentos confusos. Mas antes que pudesse formular uma resposta, sua mão se ergueu espontaneamente, tocando com suavidade a bochecha de Bellamy. Com o polegar, ela limpou a lágrima solitária que escorria por seu rosto.

— Você não precisa pedir perdão, Bellamy — disse ela, sua voz suave, quase um sussurro. — Foram apenas palavras. Eu sei o quanto elas podem machucar, mas, no fim, são apenas palavras. Elas não precisam sangrar para sempre.

Bellamy assentiu lentamente, fechando os olhos como se absorvesse a verdade das palavras dela. Quando os abriu novamente, seu olhar era carregado de um peso indescritível, como se estivesse tentando manter as emoções sob controle.

— Eu senti um medo insuportável... Medo de te perder, de que você nunca fosse me perdoar — murmurou ele, a voz quebrando, enquanto o toque suave de Olivia parecia acalmá-lo. — Eu não quero mais viver com esse medo.

Ela afastou a mão do rosto dele com lentidão, e Bellamy, em um movimento involuntário, arregalou os olhos, como se estivesse prestes a dizer algo. Antes que pudesse reagir, Olivia deu um passo à frente e envolveu seus braços ao redor de seu pescoço. Bellamy, surpreso, respirou fundo, antes de envolver sua cintura com os braços e esconder o rosto no pescoço de Olivia, sentindo a suavidade dos cabelos castanho-escuros dela contra sua pele.

— Eu fui um idiota — Bellamy murmurou, sua voz soando abafada contra a pele dela, um sorriso nervoso se formando em seus lábios. — Acho que deu para perceber — disse, afastando-se o suficiente para que seus olhares se encontrassem. — Eu te amo. Me desculpe.

Olivia segurou o impulso de arregalar os olhos ou soltar uma risada nervosa. Continha também o desejo de gritar em seu peito, de liberar o "Eu também te amo, Bellamy Blake!", mas algo a impediu. Ela percebeu algo, ou melhor, alguém emergindo da água. Com um toque rápido, ela cutucou Bellamy, que imediatamente girou a cabeça na direção do som da água. A separação entre eles foi quase instantânea, e a tensão no ar se fez presente.

Antes que pudessem reagir, ambos foram surpreendidos por um ataque inesperado. Rapidamente, estavam sob o domínio de arco e flechas, e não havia mais tempo para qualquer reação — a fuga já não era uma opção.

[...]

Os terráqueos, claramente do povo de Luna, haviam conduzido Bellamy e Olivia de volta até as pedras, surpreendendo Jasper, Clarke e Octavia com sua súbita presença. Ambos, Kane e Blake, estavam com as mãos atadas firmemente atrás das costas, e faixas de pano estavam amarradas em suas cabeças, silenciando-os completamente.

Octavia, com a expressão tensa, trocava palavras com um dos homens, tentando entender suas intenções.

— Skaikrus, portadores da morte — o terráqueo declarou com desprezo, seu olhar fixo na garota — Por que deveríamos permitir que passem?

Olivia, atenta, observou ao redor, o medo crescendo em seu peito ao perceber que os outros terráqueos mantinham os arcos apontados para Jasper, Clarke e, principalmente, para Octavia.

— Lincoln — disse Octavia, observando atentamente os terráqueos que se entreolhavam ao ouvir o nome — Foi ele quem nos enviou.

Olivia soltou um suspiro de alívio quando dois dos terráqueos soltaram ela e Bellamy, retirando as mordaças que os impediam de falar. Embora não quisesse falar, ela sentiu uma pequena onda de gratidão pela possibilidade de se comunicar novamente. Ela e Bellamy se levantaram rapidamente.

— O que está acontecendo? — Bellamy perguntou em voz baixa, olhando para sua irmã.

— Não sei — respondeu Octavia, sua voz firme, mas com o mesmo tom de incerteza.

O terráqueo que conversava com Octavia antes abriu uma bolsa de couro e entregou um pequeno frasco a ela.

— O que é isso? — Clarke questionou, observando com curiosidade a morena aceitar o objeto.

— Uma passagem segura — respondeu o homem, entregando também um frasco a Clarke.

Com rapidez, ele se aproximou de Bellamy e Olivia, entregando-lhes o frasco. Quando chegou a vez de Jasper, o garoto franziu as sobrancelhas, desconfiado.

— O que isso faz? — ele perguntou.

O homem permaneceu em silêncio, encarando-o com intensidade. Jasper, após um momento de hesitação, deu de ombros e aceitou o frasco.

O homem se afastou, cruzando os braços, observando atentamente os arkadianos enquanto Octavia, aparentemente sem preocupação, virou o frasco como se fosse algo trivial. Todos a observaram, surpresos, principalmente Bellamy, que exclamou o nome de sua irmã em um tom de incredulidade.

— Eu confio em Lincoln — Octavia declarou, deixando o frasco escorregar entre seus dedos e cair com um pequeno estrondo no solo ainda úmido.

— Se ela beber, será apenas ela — o terráqueo afirmou, seu olhar severo fixado nela.

— Vejo você do outro lado — Jasper comentou com um tom sarcástico, antes de beber o conteúdo do frasco com pressa.

Clarke ergueu as sobrancelhas e trocou um olhar significativo com Octavia. O silêncio que se seguiu foi quebrado pela loira, que, engolindo em seco, reuniu toda a sua coragem e, com um gesto resoluto, bebeu o líquido misterioso.

Octavia sentiu suas pernas fraquejarem antes que o mundo ao seu redor se tornasse turvo, e em seguida, desabou inconsciente no chão.

— Oh, meu Deus! — Jasper exclamou, sendo o próximo a perder a consciência. Clarke, pouco depois, seguiu o mesmo destino.

— Última chance — o terráqueo vociferou, seus olhos fixos nos dois últimos sobreviventes.

Bellamy olhou para Olivia, os olhos amplamente arregalados, ainda imerso em desconfiança. Mas, ao encontrar a firmeza no olhar dela, ele assentiu, confiando nela.

— Juntos — Olivia murmurou, estendendo a mão na direção dele.

Ele rapidamente juntou a sua à dela. Em um movimento ágil, ambos sentiram o líquido do frasco descer pela garganta, e, com a sensação de um peso esmagador, se sentaram rapidamente no chão, na tentativa de evitar uma queda abrupta quando o efeito começasse a tomar conta de seus corpos.

Olivia foi a primeira a sentir a visão turva, e logo perdeu os sentidos, desmaiando sem aviso. Bellamy a observou com uma preocupação silenciosa, mas, logo, seu próprio corpo começou a ceder, e antes de perder completamente a consciência, sua mente formulou uma última ideia: "Espero que fiquemos bem".

[...]

Olivia abriu os olhos devagar, piscando para ajustar a visão à pouca iluminação. Ao seu redor, seus amigos começavam a despertar, igualmente confusos. Ela percebeu que estavam confinados em uma espécie de contêiner metálico. O leve enjoo no estômago e a tontura que a envolvia dificultavam qualquer movimento brusco, mas ela conseguiu se sentar, observando os detalhes do ambiente.

Bellamy, ao seu lado, fez o mesmo, embora com esforço. Ele entreabriu os olhos, apertando-os enquanto absorvia a cena ao redor.

— Onde diabos estamos? — ele perguntou, sua voz firme, carregada de irritação.

Octavia levou instintivamente as mãos às costas, mas, ao perceber a ausência familiar, arregalou os olhos em choque.

— Minha espada... desapareceu.

Olivia franziu o cenho, seu olhar varrendo o contêiner. Sua mochila não estava lá, assim como seu arco e suas flechas.

— As armas também — acrescentou Jasper, que tentava se erguer, ainda desequilibrado.

Já de pé, Bellamy estendeu a mão para Olivia, que a segurou firmemente, usando sua força para se levantar. Clarke e Octavia já estavam de pé, com expressões igualmente tensas. A loira rapidamente verificou o bolso interno de sua jaqueta, soltando um suspiro de alívio ao sentir a chama ainda ali, intacta.

Antes que pudessem trocar mais palavras, o contêiner se abriu com um rangido metálico. A luz intensa do lado de fora inundou o espaço, obrigando os Arkadianos a semicerrar os olhos para se ajustar à claridade repentina. Uma figura feminina cruzou a entrada com passos firmes e determinados.

Octavia congelou ao reconhecê-la.

— Luna.

A mulher parou à frente deles, seus olhos avaliando cada um com uma expressão indecifrável.

— Onde está Lincoln? — ela perguntou diretamente, sua voz firme, mas com um leve tom de urgência.

Octavia engoliu em seco, sua garganta apertada pela dor do que estava prestes a dizer.

— Lincoln... Lincoln está morto.

As palavras atingiram Luna como um golpe invisível. Sua cabeça inclinou levemente para o lado, seus olhos piscaram uma vez, e por um momento, uma dor sutil atravessou sua expressão.

Clarke deu um passo à frente, quebrando o silêncio.

— Lincoln disse que você nos ajudaria.

Luna ergueu as sobrancelhas, seu tom levemente desconfiado.

— Disse?

— Luna, você é a última de sua linhagem. O último sangue escuro.

Os olhos de Luna se estreitaram, e um riso seco escapou de seus lábios, sem qualquer traço de humor.

— Então Lexa também está morta.

— O espírito dela escolheu você como a próxima comandante — afirmou Clarke com determinação, avançando mais alguns passos. — Titus me enviou para entregar a chama a você.

Luna cruzou os braços, seu olhar se tornando mais frio.

— Então ele deveria ter lhe dito que deixei meu conclave jurando nunca mais matar.

Bellamy e Olivia trocaram um olhar carregado de preocupação. A resistência de Luna era clara, e ambos sentiam que aquela relutância os levaria a um impasse perigoso.

— Você não precisa matar — Clarke insistiu, sua voz carregada de um tom esperançoso. — O direito de liderar está no seu sangue, mas como exercer esse poder é uma escolha sua.

Ela ergueu a mão, revelando a chama.

— Tome.

Luna observou o pequeno dispositivo por um instante, sua testa franzida em confusão.

— Reconheço o símbolo sagrado... mas o que é isso?

— A chama — explicou Clarke, com uma leve hesitação. — Ela guarda os espíritos dos comandantes. O espírito de Lexa vive dentro dela.

Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, uma centelha de esperança brilhando em seus olhos.

— Você aceita e se torna a próxima comandante?

Luna permaneceu em silêncio por um momento. Seu olhar percorreu os rostos dos presentes, antes de finalmente voltar para Clarke.

— Não.

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