12.
Olivia sentia o peso do desespero se acumulando em seus ombros enquanto observava as expressões assustadas dos delinquentes ao seu redor. Ela balançou a cabeça rapidamente, incapaz de aceitar a ideia de perder mais um de seu povo para as circunstâncias cruéis da Terra. Ignorando os chamados de Octavia e a tempestade furiosa que rugia ao seu redor, ela saiu da nave.
O som ensurdecedor da tempestade ecoava em seus ouvidos, enquanto os pingos gelados de chuva batiam contra sua pele exposta. Ela respirou fundo, tentando se concentrar, mas a turbulência em sua mente era avassaladora. Seus dedos buscavam alívio nos fios de cabelo molhados, mas a sensação de asfixia só parecia aumentar.
Cada respiração tornava-se mais difícil, suas mãos tremiam incontrolavelmente. Ela tentou se acalmar, repetindo para si mesma que precisava se controlar, mas as palavras pareciam vazias, impotentes diante do caos que tomava conta de sua mente.
Olivia sentia-se perdida na escuridão que a cercava, enquanto o som assustador das árvores sendo sacudidas pelo vento forte ecoava em seus ouvidos. Cada ruído parecia ampliar sua agonia, deixando sua respiração ainda mais irregular. Ela se via imersa em um pesadelo vivo, incapaz de encontrar uma saída.
O caos ao seu redor desencadeou uma crise de pânico, um antigo inimigo que ela conhecia muito bem. Seu peito apertava-se com uma sensação sufocante, enquanto ondas de medo e desespero a dominavam. Ela pressionou os olhos com força, buscando desesperadamente encontrar algum alívio na escuridão por trás das pálpebras cerradas.
Cinco anos atrás
Na sala vazia da Arca, o ar estava carregado de tensão enquanto Marcus tentava ensinar Olivia a manejar o arco e flecha. A garota lutava para seguir as instruções dele, mas seu nervosismo apenas aumentava a cada momento que passava. Marcus, conhecido por sua rigidez e expectativas elevadas, começou a perder a paciência com a falta de progresso de Olivia. Seus gritos ecoavam pela sala, enchendo o ambiente com uma atmosfera opressiva.
O coração de Olivia batia descompassado em seu peito, e sua respiração tornou-se irregular à medida que as palavras duras de seu pai a atingiam como punhais. Suas mãos tremiam incontrolavelmente, e o arco e as flechas escorregaram de seus dedos trêmulos, colidindo com o chão frio da nave.
Desamparada, Olivia se apoiou na parede mais próxima, sua mente turva e confusa enquanto tentava controlar a avalanche de sensações avassaladoras que a consumiam. O ambiente ao seu redor parecia distante e embaçado, como se estivesse observando tudo através de uma névoa densa.
Quando Marcus finalmente se virou e percebeu o estado de sua filha, sua expressão de raiva deu lugar a uma mistura de surpresa e preocupação. Ele se aproximou rapidamente, ajoelhando-se ao lado dela e colocando uma mão gentil em seu ombro.
— O que foi, Olivia? — ele perguntou, confuso e alarmado com a condição da filha.
— Eu... Eu não sei — murmurou Olivia, lutando para encontrar suas palavras em meio ao turbilhão de emoções que a consumia. Seus olhos fixaram-se nos de Marcus, cheios de angústia e confusão, enquanto o medo a envolvia como um manto escuro.
Olivia estava perdida em meio à sua crise de pânico, seus pensamentos turvados pelo medo e pela ansiedade avassaladores. Ela sentia como se estivesse presa em um redemoinho de emoções, incapaz de encontrar uma saída.
Enquanto observava sua filha tremer e lutar para controlar a respiração, Marcus sentiu um aperto no coração. Ele culpava a si mesmo por ter provocado aquela reação em Olivia, e o remorso pesava em sua consciência. Sabia que suas palavras ásperas só piorariam a situação, mas não conseguia conter a frustração diante de sua própria impotência.
— Certo, me desculpa, filha — murmurou ele, a voz carregada de arrependimento. Ele pressionou os olhos por um momento, tentando conter suas próprias emoções tumultuadas. — Você precisa controlar a respiração. Consegue fazer isso?
A pergunta de Marcus era suave, mas carregada de preocupação. Ele queria ajudar Olivia a superar sua crise, mesmo que suas próprias habilidades para lidar com a situação fossem limitadas. Em seu íntimo, ele rezava para que sua filha encontrasse a força necessária para enfrentar aquele momento difícil.
— Não, eu não consigo e não sei controlar a maldita da minha respiração! — as palavras de Olivia irromperam no ar carregadas de frustração e dor, sua voz carregada de emoção contida. Ela não conseguia controlar o turbilhão de sentimentos que a consumiam, e suas palavras saíam ásperas, como flechas disparadas em meio à escuridão.
Marcus sentiu o impacto das palavras de sua filha, mas não recuou. Ele sabia que precisava ajudá-la a enfrentar aquele momento difícil, mesmo que suas próprias habilidades fossem limitadas. Com a voz suavizada pela preocupação, ele tentou oferecer orientação.
— Certo, está tudo bem — murmurou ele, suas palavras carregadas de compreensão. – Você precisa expirar por alguns segundos a mais do que o tempo da inalação. Assim, tente inspirar contando até quatro e expirar contando até seis.
Marcus tentava transmitir calma e confiança para Olivia, mesmo que ele próprio se sentisse ansioso e incerto quanto ao resultado. Ele rezava para que suas palavras pudessem ajudar sua filha a encontrar alguma paz em meio à tempestade de emoções que a assolava.
Olivia tentou seguir as instruções de seu pai, mas as lágrimas continuavam a escorrer por suas bochechas, seu peito continuava a arfar em desespero. A técnica de respiração não parecia ter efeito sobre a tempestade que rugia dentro dela. Cada inspiração era uma luta, cada expiração um suspiro de aflição.
— Não está funcionando, pai — soluçou ela, sua voz embargada pelo desespero que a consumia. Nunca antes havia experimentado aquela sensação avassaladora de perder o controle, e agora estava totalmente submersa na escuridão do pânico. — Faça parar! — implorou ela, buscando nos olhos de Marcus uma resposta para sua angústia.
Marcus sentiu seu coração se apertar diante da agonia de sua filha. Ele queria desesperadamente encontrar uma maneira de aliviar seu sofrimento, mas se sentia impotente diante da intensidade da crise de Olivia. Ele a envolveu em um abraço reconfortante, segurando-a com firmeza.
— Olivia, diga a si mesma, com calma, que essa é uma resposta exagerada do corpo a um estímulo. O objetivo é desarmar o pânico. — ele disse, a garota que tinha a cabeça no ombro do pai, assentiu com a mesma.
— É só uma resposta exagerada. Já passou — ela repetia em voz alta, diversas vezes, até que parasse.
Marcus segurou Olivia com ternura enquanto ela repetia as palavras, buscando acalmar a tempestade interna que a consumia. Ele permaneceu ao seu lado, transmitindo-lhe uma sensação de segurança e proteção, enquanto ela lutava para domar o pânico que a assaltava.
— Isso mesmo, Olivia — encorajou ele, sua voz suave e reconfortante. — É apenas uma resposta exagerada do corpo. Já passou. — ele continuou a murmurar palavras de apoio, sua presença firme e constante servindo como um farol na escuridão da crise de Olivia.
Aos poucos, a respiração de Olivia começou a se acalmar, as lágrimas diminuíram e seu corpo tenso relaxou sob o abraço reconfortante de seu pai. Ela fechou os olhos por um momento, permitindo que a sensação de paz e segurança envolvesse-a como um cobertor quente.
Ao retornar à realidade presente, Olivia sentiu o peso da experiência recente ainda pesando sobre ela. Sua respiração estava mais calma agora, mas o eco do pânico ainda reverberava em seu peito. Ela se esforçou para controlar as batidas aceleradas do coração, concentrando-se em acalmar sua mente agitada. Apertando os punhos com força, ela buscava uma sensação de controle sobre suas emoções tumultuadas. Lembrar das palavras reconfortantes de seu pai era um raio de luz em meio à escuridão de seu medo.
Ela repetia para si mesma, como um mantra, que aquilo tudo era apenas uma reação exagerada, uma tempestade passageira em seu interior. Mesmo assim, a sensação de vulnerabilidade persistia, deixando-a ansiando por um senso de segurança que parecia fugir de seu alcance.
Com passos largos e rápidos, Olivia retornou à segurança relativa da nave, seus cabelos encharcados pingando água no chão enquanto ela avançava. Sua pele estava arrepiada pelo frio, mas o calor da determinação queimava dentro dela.
Ao entrar na nave, ela notou que a comunicação havia sido restabelecida, embora estivesse fraca. Abby estava ocupada fornecendo as instruções tão necessárias para Clarke e os outros. Octavia estava próxima, segurando uma garrafa de álcool, presumivelmente para esterilizar a faca que Raven empunhava. A cena era uma mistura de urgência e esperança, enquanto todos se esforçavam para salvar Finn e lidar com a situação desafiadora diante deles.
— Diga-me que consegue fazer isso. — A tensão na nave era palpável quando Raven dirigiu sua séria pergunta a Clarke. Os olhares das duas se encontraram por um momento, carregados de determinação e incerteza. Antes que Clarke pudesse articular uma resposta, um grito repentino irrompeu do grupo de delinquentes próximo.
— Eles voltaram! — a declaração ecoou pela nave, adicionando uma nova camada de urgência e adrenalina à situação já intensa. Clarke e Raven trocaram um olhar rápido, sabendo que precisavam agir rápido e unir forças para enfrentar mais um desafio iminente.
Olivia observou com curiosidade e cautela quando Bellamy entrou na nave, sua figura encharcada pela chuva ecoando a tensão do ambiente. Acompanhado por dois outros delinquentes, eles carregavam um homem que parecia estar em mau estado. O franzir de sua testa denotava sua preocupação e interesse diante da cena, enquanto ela se preparava para entender o que estava acontecendo e como poderia ajudar.
— Bellamy, isso é um terráqueo? — Olivia arregalou os olhos ao ver o grande homem sendo solto no chão pelos delinquentes. Octavia, ao seu lado, estava visivelmente furiosa, exigindo respostas de Bellamy.
— O que você está fazendo?! — ela exclamou, avançando na direção de Bellamy com determinação.
— Está na hora de ter respostas — ele respondeu, de forma simples, deixando um ar de mistério pairando no ar.
— Quer dizer, vingança? — Bellamy observou Octavia com seriedade antes de responder.
— Quero dizer, informações. — sua determinação era palpável, deixando claro que tinha um propósito maior por trás de suas ações. — Levem-no lá para cima.
— Perdão, Bellamy, mas Octavia está correta — Clarke começou a falar, expressando seu acordo com Octavia.
— Clarke, querida, estamos prontos. Está ouvindo? — a voz da mãe de Clarke ressoou através do rádio, enquanto o olhar de Bellamy assumia uma expressão mais séria ao ouvir aquelas palavras. Olivia engoliu em seco, consciente da opinião de Bellamy sobre o rádio.
— Bellamy, por favor, entenda, não somos assim — disse Olivia, buscando convencê-lo. Bellamy olhou para Kane e, em seguida, para o rádio.
— Clarke?
— Agora somos. — respondeu ele com um tom sombrio.
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