Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

09.

Há dois anos

Olivia estava absorta em seu livro sobre a Terra pré-apocalíptica, perdida em pensamentos sobre um mundo que ela só conhecia por meio de palavras e imagens. A luz suave da sala de estar criava uma atmosfera tranquila, que foi abruptamente interrompida quando seu pai, Marcus, chegou em casa. Ele parecia exausto, carregando o peso de um dia difícil.

A garota ergueu os olhos, cumprimentando-o com um olhar que buscava reconhecimento, mas Marcus não respondeu. Ele seguiu diretamente para o banheiro, como se estivesse fugindo não apenas do ambiente externo, mas também das interações sociais.

Quinze minutos se passaram, e Olivia já havia deixado o livro de lado, inquieta com o silêncio que pairava na casa. Quando Marcus finalmente saiu do banheiro, ela tentou puxar assunto, talvez para aliviar a tensão que sentia no ar.

— Como foi o seu dia?

— Não foi um dia fácil, Olivia. Não quero falar sobre isso agora. — Marcus, no entanto, respondeu de maneira ríspida e sem paciência, como se estivesse carregando um fardo que não queria compartilhar.

A resposta brusca fez com que Olivia abaixasse os olhos, sentindo uma pontada de tristeza. Ela tinha aprendido a navegar pelas águas turbulentas da relação com seu pai, mas, naquele momento, a indiferença dele a atingiu profundamente.

— Desculpe, Liv. Eu não deveria ter falado assim. Estou cansado, isso não é desculpa. — Marcus suspirou, um lampejo de culpa em seus olhos.

Olivia levantou os olhos, encontrando os dele. Ela entendia a pressão e as responsabilidades que pesavam sobre Marcus, mas ainda assim ansiava por uma conexão mais profunda, por um lampejo de compreensão.

— Tudo bem. Só queria saber como você estava. Às vezes, parece que estamos em realidades diferentes.

Marcus ficou em silêncio por um momento antes de finalmente admitir:

— Às vezes, eu sinto isso também. Desculpe por não ter sido mais paciente.

Aquelas palavras eram um raro vislumbre de vulnerabilidade por parte de Marcus, e Olivia aceitou a desculpa, mesmo que a brecha entre eles continuasse a crescer. Naquele instante, o abismo emocional que os separava tornou-se ainda mais tangível, prenunciando eventos futuros que alterariam irreversivelmente o destino de Olivia e Marcus na Arca. A breve troca de palavras e o pedido de desculpas de Marcus trouxeram um momento de paz frágil à sala de estar. Olivia olhou para o pai, vendo nele não apenas um membro do conselho da Arca, mas um homem cansado pelos fardos que carregava.

— Eu só quero que as coisas sejam diferentes, pai. Eu sinto falta da época em que parecíamos uma família de verdade.

A expressão de Marcus vacilou por um instante, um lampejo de tristeza passando por seus olhos antes de ser obscurecido pela máscara de líder resoluto.

— Eu também sinto falta, Liv. Mas a realidade mudou, e nós precisamos nos adaptar.

Olivia assentiu, entendendo que as circunstâncias haviam transformado irreversivelmente o tecido de sua família. Ela ansiava por uma conexão genuína, mas sabia que as barreiras eram mais complexas do que qualquer palavra poderia quebrar.

— Eu só quero que você saiba que não é fácil para mim também. Eu luto todos os dias, mas parece que sempre estamos em lados opostos.

— Eu sei, Liv. Às vezes, as coisas parecem fora do nosso controle. — Marcus suspirou, parecendo resignado.

O breve momento de compreensão foi interrompido pela vibração do comunicador de Marcus. Ele conferiu a mensagem, um olhar preocupado cruzando seu rosto.

— Preciso ir resolver alguns problemas na sala de controle. Vamos conversar mais tarde, está bem?

— Claro. Estarei aqui. — Olivia assentiu, esboçando um sorriso forçado. Marcus se dirigiu para a porta, lançando um olhar de desculpas antes de sair. Olivia ficou sozinha na sala de estar, envolta na atmosfera silenciosa que parecia ecoar com as palavras não ditas entre ela e seu pai.

A casa, antes um refúgio, agora era permeada por uma sensação de isolamento. Olivia sentiu o peso de suas próprias emoções, uma mistura de tristeza, raiva e a contínua luta para encontrar seu lugar em um mundo quebrado. Enquanto observava Marcus se afastar, ela sabia que a jornada para curar as feridas familiares e encontrar um terreno comum seria árdua. O destino deles, como o da Arca, estava longe de ser certo, e a incerteza pairava no ar como uma sombra constante.

A relação entre Olivia e seu pai, Marcus, era uma tapeçaria complexa de dor, culpa e distância emocional. Nas circunstâncias implacáveis da Arca, ter mais de um filho era considerado um crime, uma violação das rígidas leis de controle populacional. Olivia, sendo a segunda filha de Marcus e sua esposa Aurora, nasceu sob a sombra de uma sentença cruel.

Quando Olivia veio ao mundo, sua mãe, Aurora, teve apenas quatro anos para cuidar dela antes de enfrentar a punição da flutuação. A perda de sua mãe foi um evento traumático que desencadeou uma cadeia de eventos devastadores. O primeiro filho de Marcus, incapaz de lidar com a dor, mergulhou na insanidade, culminando em um ato violento que chocou a comunidade da Arca.

Marcus, agora viúvo e com apenas uma filha pequena, se afundou no trabalho, tentando encontrar redenção ou, talvez, uma fuga das feridas abertas de sua vida. A ausência emocional de Marcus deixou Olivia praticamente sozinha, criando um vazio que nenhum ensinamento bruto de sobrevivência poderia preencher.

A falta de uma figura materna e a presença distante de um pai que estava, em grande parte, ausente emocionalmente moldaram a infância de Olivia. Crescer na Arca significava aprender desde cedo a importância da sobrevivência, mas, para Olivia, significava também crescer sem o calor reconfortante de um abraço ou o som de palavras gentis.

Os ensinamentos brutos de seu pai eram mais uma forma de preparação para o mundo implacável do que uma expressão de carinho. Olivia internalizou a ideia de que a fraqueza não tinha lugar em seu ambiente, que a sobrevivência vinha antes de tudo. Essa mentalidade, no entanto, isolou-a ainda mais, transformando-a em uma pessoa que sabia lutar, mas não como ser amada.

A dinâmica pai-filha estava cheia de cicatrizes emocionais, uma teia de mágoas e desentendimentos que lançava uma sombra sobre qualquer chance de conexão verdadeira. Para Olivia, a Arca era um lugar de lutas internas tão intensas quanto as batalhas externas, e ela ansiava por algo mais do que a mera sobrevivência.

Marcus retornou silenciosamente ao lar, encontrando Olivia adormecida. Ao vê-la na serenidade do sono, sua expressão se suavizou momentaneamente. Ele se sentou ao lado da cama, observando o rosto tranquilo de sua filha, perdido em pensamentos que percorriam as memórias de uma infância que parecia distante.

Olivia sempre foi uma criança notável, uma fonte de orgulho para Marcus, mas essa admiração estava envolta em um véu de complexidade. Suas conquistas acadêmicas excepcionais, comportamento exemplar e uma inteligência que ultrapassava as expectativas eram contrabalanceadas pela falta de uma conexão verdadeira entre pai e filha. A solidão de Olivia, mesmo na excelência, ecoava no silêncio do quarto. Marcus sentia falta dela, mas sua própria jornada na liderança da Arca o manteve ocupado demais para realmente estar presente. Enquanto observava a filha dormir, o peso das escolhas difíceis que fez ao longo dos anos pesava em seus ombros.

Quando Marcus percebeu que era o aniversário de Olivia, um momento de reconhecimento passou por seus olhos. Ele se levantou apressadamente, recordando uma herança de família que estava guardada em uma gaveta de seu quarto. Era um presente significativo que deveria ser dado a Olivia quando ela completasse dezesseis anos, e, para sua surpresa, esse dia tinha chegado.

Ao voltar para o quarto de Olivia, Marcus segurava a caixa com um misto de expectativa e apreensão. Ele se sentou novamente ao lado dela na cama, decidido a oferecer algo mais do que apenas palavras vazias. Olivia, inconsciente de seus planos, continuava a dormir, alheia ao presente significativo que aguardava sua descoberta.

A cena refletia não apenas a celebração de um aniversário, mas também uma tentativa sincera de Marcus de se conectar com sua filha de uma maneira que não era governada pela dureza do cotidiano na Arca. O presente guardado, repleto de história e significado familiar, era uma tentativa de romper as barreiras emocionais e criar uma ponte entre eles, mesmo que fosse tarde demais para recuperar o tempo perdido. O quarto de Olivia estava envolto na penumbra da Arca quando Marcus a acordou com uma expressão séria. Ela piscou os olhos, desorientada pela interrupção abrupta.

— Levante-se, Olivia. Hoje é um dia especial.

A confusão se instaurou nos olhos dela enquanto Marcus estendia uma caixa em sua direção. Ela a pegou, desconfiada, e começou a desembrulhar sem dizer uma palavra.

Ao abrir a caixa, seus olhos se encontraram com um colar de lua crescente prateada, um lobo e flechas. A lua era simples, sem detalhes extravagantes, mas emitia uma aura de seriedade e mistério.

— Sua mãe costumava usar isso. Agora é seu. — ele não ofereceu muitas palavras, apenas observou enquanto Olivia segurava o colar em suas mãos.

A ausência de afeto explícito deixava a cena tensa, mas havia algo na entrega do presente que indicava uma intenção mais profunda. Sem uma palavra, Olivia colocou o colar ao redor do pescoço. A luz difusa da Arca brilhou levemente no pingente, lançando uma sombra sobre os sentimentos não ditos entre pai e filha.

A cena, carregada de seriedade e austeridade, revelava um gesto inesperado de Marcus, que normalmente não se permitia mostrar emoções. O colar tornou-se um elo silencioso entre eles, uma ponte frágil em meio às complexidades de suas vidas no espaço, onde as palavras nem sempre eram suficientes para expressar as profundezas dos sentimentos.

Olivia olhou para o colar ao redor de seu pescoço, sentindo o peso simbólico da joia. Seu olhar se encontrou com o de Marcus, que permanecia ali, observando-a de maneira intensa, como se as palavras estivessem à beira de seus lábios, mas se recusassem a ser pronunciadas. A Arca, suspensa no espaço, parecia repleta de silêncios não ditos e gestos que tentavam preencher abismos emocionais. Olivia decidiu quebrar o vazio tenso, tentando entender o significado por trás do presente.

— Por que agora, pai? O que isso significa? — Marcus desviou o olhar por um momento, como se estivesse buscando as palavras certas.

— Às vezes, a vida na Arca nos força a tomar decisões difíceis. Eu não sou perfeito, e cometi muitos erros. Este colar... é um pedaço de nossa história que eu quis compartilhar com você. Para lembrar de onde viemos, mesmo enquanto enfrentamos o desconhecido. — quando ele finalmente respondeu, sua voz era contida, mas carregada de uma sinceridade que raramente emergia.

A resposta de Marcus continha um tom de vulnerabilidade, algo que Olivia raramente testemunhava em seu pai. Ela sentiu uma mistura de emoções - a dureza das circunstâncias da Arca, a dor do passado e a tentativa hesitante de Marcus de se conectar com ela de uma maneira que ia além das regras impiedosas do espaço. Olivia, mesmo que relutante, reconheceu a profundidade do gesto de seu pai.

— Entendi, pai. Talvez... talvez ainda haja algo que podemos compartilhar, mesmo aqui na Arca. — Ela acenou com a cabeça, guardando o colar em seu peito como um símbolo ambíguo de seu relacionamento complexo.

Marcus assentiu, parecendo grato pela pequena brecha de compreensão entre eles. Embora o presente não pudesse apagar as feridas do passado, era um sinal de que, mesmo na frieza do espaço, existiam momentos de conexão humana que persistiam contra todas as probabilidades. Marcus deu um "boa noite" severo a Olivia, como se a barreira quebrada durante a entrega do presente fosse rapidamente reconstruída. Ele saiu do quarto, deixando Olivia sozinha, cercada pela penumbra da Arca.

O silêncio se instalou novamente, e os pensamentos de Olivia começaram a voar entre a joia ao redor de seu pescoço e a complexidade de sua linhagem familiar. Ela refletiu sobre as gerações que a precederam, sobre as escolhas difíceis que moldaram a vida na Arca, e sobre o vínculo fragmentado que compartilhava com seu pai.

A solidão no quarto era palpável. Olivia sentiu-se mais uma vez como uma viajante solitária em uma jornada pela qual não pedira. Ela olhou para o colar, perdida em pensamentos sobre a história que ele continha, uma narrativa de sacrifícios e adaptação à vida implacável na Arca.

Os sentimentos em relação a Marcus eram complexos. Ele era, ao mesmo tempo, um líder resoluto e um pai distante. A dualidade de sua natureza era uma sombra constante sobre a relação deles. Olivia, agora sozinha, sentiu a urgência de reconciliar as peças fragmentadas de sua própria identidade, enquanto a lua crescente em seu colar brilhava suavemente na escuridão.

A relação crítica com seu pai, que se manifestava em seus gestos austeros, ecoou em seus pensamentos. O "boa noite" severo de Marcus foi uma lembrança de que, mesmo com um presente simbólico, a distância emocional entre eles persistia. Enquanto a Arca continuava sua órbita solitária no espaço, Olivia se encontrava diante de uma encruzilhada emocional. Seus pensamentos giravam entre a história contida no colar, a busca por sua própria identidade e a ânsia por uma conexão genuína em um ambiente que muitas vezes parecia impiedoso. A noite avançava, carregando consigo as sombras do passado e as incertezas do futuro na vastidão do espaço sideral.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro