08 ₃
──── Roubando fogo.
Sinclair e Lincoln estavam prestes a pagar por seus crimes de traição com suas vidas juntos com Kane, embora Olivia ainda não tivesse conhecimento desse destino.
Ela se encontrava ao lado de Miller e Harper, os três trocando olhares inquietos enquanto discutiam seus próximos passos. Estavam, afinal, praticamente isolados e vulneráveis, quando um som repentino de batidas na porta do quarto de Miller quebrou a tensão silenciosa. Miller, com um olhar de advertência, caminhou até a porta. Ao abri-la, a figura de Bellamy surgiu nas sombras.
— O que você quer? — perguntou Miller, com a voz rígida.
Bellamy permaneceu em silêncio, respondendo apenas com um leve movimento de cabeça, o que, surpreendentemente, pareceu ser o suficiente para que Miller saísse do caminho, permitindo que ele entrasse. Logo atrás, Monty entrou sem fazer barulho.
O olhar de Bellamy se estreitou ao perceber Olivia entre eles, mas, como de costume, ele guardou seus pensamentos. Não se falavam desde a noite anterior, e Bellamy entendia o porquê.
— O que... — Miller começou, mas sua voz foi cortada abruptamente quando Bellamy ergueu o dedo indicador aos lábios, exigindo silêncio. Com um movimento preciso, ele retirou uma faca do bolso, e tanto Miller quanto Harper imediatamente se puseram em alerta, os músculos tensos em antecipação ao pior.
— Calma — sussurrou Bellamy, levantando a outra mão em sinal de paz.
Miller lançou um olhar questionador a Olivia, buscando uma confirmação silenciosa sobre se deveriam ou não confiar em Blake. Relutante, Olivia assentiu. Ela sabia — ou pelo menos queria acreditar — que Bellamy não faria mal a seus amigos.
Com uma habilidade prática, Bellamy cortou um pequeno pedaço do uniforme de Miller, revelando uma escuta escondida nas dobras do tecido. Ele entregou o dispositivo a Monty, que o colocou cuidadosamente em um saco e o dobrou com precisão.
— O saco bloqueia o sinal — explicou Monty, a voz baixa e calculada. — Agora podemos falar livremente.
— Quem colocou isso aí? — Miller perguntou, os olhos se estreitando com suspeita.
— Isso não importa agora — Bellamy respondeu de imediato, sem paciência. — Pike condenou Lincoln, Sinclair e Kane à execução.
Olivia franziu a testa, aturdida pela revelação. Miller e Harper trocaram olhares rápidos, a tensão entre eles quase palpável.
— Está tentando nos assustar? — Harper perguntou, sua voz carregada de desafio, enquanto colocava as mãos firmemente na cintura.
— Não — respondeu Monty, depois de uma breve pausa. Ele lançou um olhar furtivo para Olivia, que o fitava como se tentasse desvendar seus pensamentos. — Viemos ajudar. Vocês devem ter algum plano para libertá-los. O que podemos fazer?
Harper lançou um olhar desconfiado para Olivia, antes de soltar um suspiro pesado.
— Você veio aqui para nos espionar também? — ela arqueou uma sobrancelha, o tom ácido.
— Espionar? Harper, não é nada disso! — Olivia tentou soar convincente, assim como a loira— Harper, confie em mim.
— Podemos ajudar de dentro — Bellamy interrompeu, ignorando a troca tensa de olhares. — Mas precisamos de alguém para tirá-los do lado de fora.
Miller olhou para os três à sua frente, balançando a cabeça antes de dar de ombros.
— Não temos a menor ideia do que estão falando.
— Vocês acham que queremos sua morte? — Monty perguntou, sua voz adquirindo um tom mais áspero.
— Quer saber? Esqueça. — Bellamy disse, a frustração clara. — Se minha irmã for salvar Lincoln, diga a ela para me encontrar na nave em uma hora. — E sem esperar por resposta, virou-se e saiu do quarto com passos decididos.
Olivia sentiu uma inquietação crescente, como se algo importante estivesse fora de lugar, embora não conseguisse identificar o que era. Mesmo assim, sem dar muita atenção à sensação, seguiu Bellamy, a tensão rastejando pela sua nuca.
Bellamy caminhava à frente com passadas largas, aparentemente alheio à presença de Olivia atrás dele. Foi então que ela parou, sua voz ecoando pelo corredor estreito.
— Bellamy.
Ele parou abruptamente, a testa franzida enquanto se virava para encará-la. Após uma breve hesitação, Bellamy caminhou de volta em sua direção, com passos hesitantes.
— Por que você mudou de ideia? — ela perguntou, a voz calma, mas carregada de curiosidade.
— Porque não vou deixar meus amigos morrerem — ele respondeu, como se fosse óbvio. — Por que você está falando comigo?
Olivia soltou uma risada curta, quase incrédula.
— Por que eu não estaria falando com você?
Bellamy colocou as mãos na cintura, balançando a cabeça lentamente, como se refletisse sobre a conversa.
— Talvez porque, ontem à noite, você disse que eu era a última pessoa que queria ver? — ele ergueu as sobrancelhas, a lembrança claramente gravada em sua mente.
Olivia riu de novo, mas dessa vez foi uma risada verdadeira, desprovida de sarcasmo ou ironia. Bellamy apertou o maxilar, fixando o olhar nela com intensidade.
— Do que você está falando?
— Como assim, "do que eu estou falando"? — Bellamy perguntou, sua voz carregada de uma mistura de preocupação e impaciência. Em questão de segundos, ele avançou em direção a Olivia, encostando a palma da mão suavemente em sua testa, como se tentasse medir sua temperatura. — Você está bem? Não tomou mais remédios do que deveria?
Olivia recuou levemente, surpresa pelo gesto repentino, mas sorriu, um sorriso tranquilo, embora confuso.
— Estou perfeitamente bem. E por que eu tomaria remédios? — ela respondeu, mantendo os olhos fixos na expressão intrigada de Bellamy.
Bellamy franziu a testa ainda mais, sua preocupação agora mais evidente.
— Olivia, os remédios que você pegou com a Abby há alguns dias — ele abaixou a mão, mas não desviou o olhar — para a dor no quadril.
A confusão tomou conta do rosto de Olivia por um breve momento antes de ela balançar a cabeça, negando lentamente.
— Você não está se confundindo? — ela respondeu, com uma careta de descrença. — Eu não estou sentindo dor nenhuma... e não me lembro de ter tomado remédio algum.
As palavras de Olivia soavam genuínas, mas havia algo de inquietante na forma como ela parecia incapaz de recordar o que Bellamy estava descrevendo. Ele ficou em silêncio, observando-a com uma mistura de cautela e dúvida, enquanto a sensação de que algo estava profundamente errado começava a se infiltrar.
— E eu vou com você — afirmou Olivia após alguns segundos de um silêncio tenso.
Bellamy cruzou os braços, seus olhos endurecendo ao encontrar os dela.
— Não, você não vai.
Olivia arqueou uma sobrancelha, desafiadora.
— Vou sim — respondeu, sem hesitar — Não vou deixar você ir sozinho, e isso não está aberto a discussões.
[...]
Era mais uma noite chuvosa na Terra. Bellamy e Olivia caminhavam em completo silêncio pela densa floresta, as gotas de chuva escorrendo entre as folhas e criando um ritmo monótono. Bellamy seguia à frente, os passos firmes e decididos, até que, de repente, parou bruscamente.
— O que foi? — Olivia perguntou, interrompendo o silêncio.
Bellamy havia parado diante da velha nave, seus olhos percorrendo o local. Nenhum sinal de Octavia. Ele permaneceu imóvel, sem desviar o olhar.
— Só estou esperando — respondeu, a voz baixa, sem sequer olhar para ela.
Havia algo nos pensamentos de Bellamy que o deixava inquieto. A recente conversa com Olivia ainda ecoava em sua mente. Ela estava agindo de maneira mais estranha do que o habitual, e, de algum modo, ele sabia que não tinha a ver com o pai dela. Havia algo mais, algo que ele não conseguia identificar.
Mas seus pensamentos foram abruptamente interrompidos quando o som de cascos na lama anunciou a chegada de Octavia, montada em seu cavalo. Ela desceu rapidamente, os olhos varrendo o local, como se estivesse à procura de alguém.
— Estamos sozinhos, O — afirmou Bellamy, numa tentativa de tranquilizá-la. — Vim para ajudar.
Os olhos de Octavia passaram por Bellamy, fixando-se brevemente em Olivia, antes de dar um leve aceno de cabeça em direção a Kane, que estava à espreita. Bellamy franziu o cenho, sentindo uma onda de desconfiança, e ameaçou se virar para Olivia, mas ela foi mais rápida.
Com um movimento certeiro, Kane atingiu a cabeça de Bellamy com um pedaço de madeira. O golpe não foi suficientemente forte para feri-lo gravemente, mas o suficiente para apagá-lo. Olivia suspirou pesadamente ao ver Bellamy desabar no chão, soltando a madeira de suas mãos enquanto encarava o corpo inconsciente dele.
— Desculpa, Bell — murmurou Olivia, o tom amargo na voz. Ela ergueu o olhar em direção a Octavia. — Fui muito agressiva?
— Ele com certeza vai acordar com uma bela dor de cabeça — Octavia comentou, levantando as sobrancelhas. — Você vem comigo?
— Não — Olivia balançou a cabeça, a expressão pensativa. — Seria muito suspeito se nós dois sumíssemos de repente — Octavia assentiu em compreensão — Precisa de ajuda para levá-lo?
— Não, está tudo sob controle — respondeu Octavia, esboçando um leve sorriso, sem mostrar os dentes. — Se cuide, Olivia.
Olivia não disse nada, apenas girou nos calcanhares e desapareceu na escuridão, seguindo o caminho de volta por onde tinham vindo.
Ser membro da Guarda lhe dava certos privilégios: poder sair e entrar quando quisesse, andar pelos corredores sem ser questionada sobre seus destinos, especialmente se participasse das reuniões com Pike. Era como um símbolo de confiança entre os outros Guardas.
Mas confiar em Olivia era a última coisa que eles deveriam fazer.
Ao retornar a Arkadia, Olivia correu direto para o quarto de Miller, a respiração ofegante. Seu desespero era palpável enquanto implorava, quase sem fôlego, por um plano para salvar aqueles que seriam executados ao amanhecer.
Felizmente, eles já tinham um plano.
[...]
Na manha seguinte, a voz de Harper ecoou pelo walkie-talkie que Olivia segurava com mãos firmes.
— A carga está em movimento. Eu repito, a carga está em movimento. Podemos seguir em frente.
Olivia se escondeu em um corredor, pressionando-se contra a parede enquanto observava Pike e seus guardas passarem apressadamente. Ela definitivamente não estava disposta a ser vista.
— Certo, S, sua equipe está posicionada? — perguntou Harper.
"S" era o codinome de Octavia.
— Quase — Olivia respondeu pela Blake, mantendo a voz baixa e cautelosa.
A voz de Octavia ressoou pelo dispositivo.
— Apenas esperando por L.
"L" era Olivia. Ela engoliu em seco, sentindo a adrenalina correr por suas veias enquanto observava os guardas correrem para o outro lado.
Pike ordenava que os prisioneiros fossem deixados numa sala específica, enquanto três guardas permaneciam de vigia à porta. Para sua sorte, um deles era Bryan, o namorado de Miller.
Olivia avançou com passos calculados, o maxilar travado em concentração. Bryan a viu se aproximar e, sem hesitar, assentiu. Ele retirou discretamente uma seringa do bolso.
Num instante, a agulha perfurou o pescoço de um dos guardas, injetando o líquido tranquilizante. O segundo guarda sequer teve tempo de reagir antes que Olivia o golpeasse com a coronha da arma, acertando-o na nuca. O homem caiu, desacordado, no chão de concreto.
Bryan lançou um olhar ligeiramente assustado para Olivia, surpreso com a precisão e a frieza de seus movimentos. Mas Olivia apenas deu de ombros, sinalizando para que ele abrisse a porta rapidamente.
Assim que a porta se abriu, Bryan informou que iria atrás de Miller. Olivia assentiu, entrando no cômodo de uma vez. Lá dentro, ela encontrou seu pai, Lincoln e Sinclair.
Todos os três franziram a testa ao ver a garota ali, surpresa e confusão estampadas em seus rostos.
— Você pode me explicar o que está acontecendo? — Marcus perguntou, perplexo, os olhos fixos na filha.
Olivia respirou fundo, inclinando-se no chão enquanto reunia todas as suas forças. Com esforço, ela puxou uma seção solta do piso, revelando um esconderijo onde Octavia estava oculta.
— Pra ser honesta... — ela disse, recuperando o fôlego, antes de olhar para os outros. — Não temos muito tempo.
Lincoln soltou uma curta risada ao ver sua namorada surgir do esconderijo.
— Venham, entrem — Octavia ordenou ao emergir, sinalizando para que todos a seguissem. — Não é confortável, mas posso garantir que é seguro.
Poucos segundos após todos entrarem no esconderijo, os sons de vozes chegaram de cima. Pike e seus guardas estavam próximos. O Chanceler, claramente furioso por ter sido enganado, ordenava que os homens revistassem cada canto. Quando finalmente se afastaram, Octavia empurrou o piso frouxo para cima, permitindo que o grupo emergisse.
— É um espaço bem apertado lá embaixo — resmungou Kane ao subir.
— Imagine passar dezesseis anos vivendo assim — respondeu Octavia, sem traço de humor, enquanto soltava a corda improvisada que mantinha os pulsos de Kane atados.
Lincoln e Sinclair subiram em seguida. Olivia foi a última. Assim que se levantou, não hesitou; em poucos passos, se dirigiu ao pai, lançando-se em seus braços. Por mais que já tivessem resolvido suas desavenças, fazia muito, muito tempo desde que ela abraçara Marcus daquela maneira.
Kane se surpreendeu, mas retribuiu o abraço, um suspiro de alívio escapando de seus lábios.
— Fiquei tão preocupada com você — murmurou Olivia contra o ombro dele.
Marcus afastou-a levemente, apenas o suficiente para ver seu rosto. Ele sorriu, passando as mãos suavemente ao redor das têmporas da filha.
— Eu sei. Mas vai ficar tudo bem.
O abraço entre pai e filha foi interrompido quando Olivia se virou ao ouvir a porta se abrir. Abby e Miller haviam chegado. Miller foi direto até Bryan, verificando se o namorado estava bem, enquanto Abby se aproximava de Kane com um sorriso reconfortante em direção a Olivia.
— Eu disse para você não fazer isso — Kane contestou, com a testa franzida.
— E por que eu começaria a ouvir você agora? — respondeu Abby, ofegante.
Olivia arqueou uma sobrancelha ao perceber a crescente proximidade entre os dois, e esboçou um leve sorriso.
No entanto, o momento foi interrompido pela voz de Harper, que voltou a ecoar pelo walkie-talkie. Olivia e Octavia se entreolharam, as sobrancelhas arqueadas em sincronia.
— Tudo bem, S, responda.
— O que é isso? — perguntou Lincoln, intrigado.
— Não fazia parte do plano — Olivia comentou enquanto se aproximava de Octavia.
— Usamos suas frequências para nos ouvir — explicou Octavia, levando o walkie-talkie até os lábios. — Fale!
— Fiquem onde estão. Repito. Fiquem onde estão. O caminho não está seguro.
— Quantos guardas? — Octavia perguntou, engolindo em seco.
— Muitos. Eu disse para ficarem aí.
E, mais uma vez, uma nova voz atravessou o walkie-talkie:
— Chamando todos os guardas. Prisioneiros no portão principal. Câmbio.
— Monty — Olivia murmurou para si mesma, reconhecendo a voz.
— Parece que ele está do nosso lado, afinal — comentou Miller, satisfeito.
— Eu podia imaginar — Kane deu de ombros.
— Certo, essa é a nossa deixa. Precisamos sair agora — afirmou Abby, com firmeza na voz.
[...]
Eles finalmente chegaram em segurança à passagem que Kane havia mostrado a Octavia e Olivia dias antes. Um a um, os membros do grupo passaram com cautela.
Restavam apenas Marcus, Olivia, Abby, Octavia e Lincoln.
— Vamos, Abby, você é a próxima — disse Kane, encarando Abby quando percebeu que ela havia ficado imóvel.
— Eu não vou — afirmou Abby, com determinação.
Olivia e Octavia estavam de vigia, certificando-se de que ninguém se aproximava. Olivia, intrigada pela hesitação de Abby, franziu o cenho e a olhou.
— Precisam de alguém que mostre a luz no fim do túnel. Além disso, eu...
Antes que pudesse terminar, Marcus a interrompeu, puxando-a pelo rosto e selando seus lábios em um beijo apaixonado. Olivia arregalou os olhos, rapidamente desviando o olhar, surpresa. Nunca imaginou ver seu pai em uma demonstração de afeto tão intensa.
Sentindo o desconforto crescer, Olivia coçou a garganta, tentando chamar a atenção dos dois. Finalmente, Abby se separou de Marcus e seguiu seu caminho. Octavia, que observava a cena, soltou uma risada suave, balançando a cabeça.
Logo, o walkie-talkie nas mãos de Octavia ressoou novamente. Olivia e Octavia se aproximaram de Marcus, Abby e Lincoln, agora também prestando atenção.
— Tenho uma mensagem para os traidores do acampamento — a voz ameaçadora de Pike ecoou pelo aparelho. — Haverá uma execução hoje. Ou vocês se entregam, ou os prisioneiros terráqueos morrerão em seu lugar.
Octavia imediatamente ergueu os olhos para Lincoln, cujo semblante se fechou em fúria ao ouvir a ameaça.
— Vamos — disse Octavia, indicando que era hora de passarem pela passagem.
Mas Lincoln não se moveu. Determinado, ele caminhou em direção à saída do local.
Octavia tentou segurá-lo pelo braço, implorando para que ele ficasse. Lincoln, com calma e precisão, pegou disfarçadamente a seringa de tranquilizante que Octavia carregava e a injetou em seu pescoço.
Octavia desabou, inconsciente, e Lincoln a segurou com firmeza em seus braços.
— Lincoln, o que você está fazendo? — perguntou Olivia.
— O que qualquer um faria pelo seu povo — respondeu ele, lançando um último olhar firme para Marcus. — Apenas tire-a daqui.
Marcus não hesitou. Embora preocupado, ele segurou Octavia no colo, carregando-a com cuidado. Olivia balançou a cabeça, sentindo uma tristeza profunda crescer dentro dela.
— Ste yuj — disse Olivia para o terráqueo, em voz baixa.
"Seja forte" era o significado exato. Lincoln assentiu em agradecimento, devolvendo o olhar com uma determinação silenciosa.
— Você também.
[...]
Eles já estavam do lado de fora. Olivia, em seu íntimo, ainda alimentava uma esperança de que Lincoln desistisse, mas sabia que isso não fazia parte da natureza dele. Marcus havia colocado Octavia sobre seu cavalo, pois a garota estava muito tonta para caminhar por conta própria.
Eles avançaram alguns metros, mantendo-se escondidos o suficiente para que não fossem avistados, mas ainda próximos o bastante para verem o que se passava dentro do acampamento.
Olivia se assustou ao ver Octavia escorregar, ou melhor, se jogar do cavalo com determinação, movida por um único objetivo: se aproximar da cerca.
Lincoln estava se sacrificando, e dali, o grupo tinha uma visão clara dele, cercado por Pike e seus guardas no meio do campo.
— Ei! — Olivia sussurrou, tentando chamar a atenção de Octavia, que ignorava qualquer coisa ao seu redor, empurrando as plantas para abrir caminho em direção à grade.
Olivia a seguiu de perto, parando ao seu lado e estreitando os olhos, fixando o olhar na mesma direção de Octavia.
— Não — murmurou Octavia, o desespero tomando conta de sua voz.
Lá estavam Pike e Lincoln, trocando palavras que pareciam pacíficas à distância, embora todos soubessem qual seria o desfecho. As mãos de Olivia pousaram nos ombros de Octavia, sentindo a tensão no corpo da amiga, mas sem saber o que dizer.
Ela nem conseguia imaginar o que Octavia estava sentindo, vendo alguém que amava tanto se despedir da vida, e bem diante de seus olhos.
O coração de Olivia latejava com força ao imaginar que, com um único deslize, poderia ser seu pai ali, na mira de Pike. Esse pensamento a atormentava.
Marcus se aproximou em silêncio, posicionando-se ao lado de Octavia. A jovem Blake parecia ter seus pulmões esvaziados ao ver Pike puxar a arma, apontando-a para a testa de Lincoln.
Olivia cerrou os olhos com força no momento em que o som do disparo ecoou no ar, como uma sentença final. Aquilo era demais para todos. A Kane balançou a cabeça em uma negativa silenciosa, puxando Octavia para um abraço apertado, tentando conter o desespero da mais nova.
Não havia palavras para expressar o quanto Olivia odiava Pike naquele momento, e esse ódio crescia cada vez mais.
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