08.
Bellamy recusava-se a colaborar na busca pelo rádio que ele próprio havia sumido. Então, Raven, com sua extrema inteligência, teve uma ideia: lançar foguetes. A intenção era que, com fé, os habitantes da Arca os vissem, confirmando que estavam vivos. Na Arca, Marcus Kane discutia com o Chanceler Jaha sobre voluntários dispostos a se sacrificar para preservar o oxigênio. A ação estava programada para ocorrer em menos de uma hora.
— Isso é mais do que suficiente. — afirmou Jaha, surpreendido com a quantidade de voluntários.
— Rejeitamos quase 100. — comentou Kane, com as mãos atadas atrás de suas costas. — Pessoal essencial e menores. O anúncio de Abby provou ser bastante convincente.
Abby Griffin, mãe de Clarke, havia revelado à Arca que o suprimento de oxigênio estava se esgotando, restando, no máximo, três ou dois meses.
— Acredito que nem ela, nem o marido convenceram ninguém. — disse Jaha, sentando-se em uma das cadeiras de seu escritório. — Eles apenas tocaram em algo que já existia dentro deles. O novo Chanceler deve ter isso em mente.
[...]
Agora, os foguetes eram lançados em direção aos céus. A esperança no coração de Raven era significativa, enquanto ela torcia para que obtivessem êxito. Alguns delinquentes proferiram exclamações quando os foguetes romperam o firmamento, enquanto outros simplesmente contemplavam o céu, assim como Olivia. Bellamy, relutante, posicionou-se ao lado de Olivia. A jovem lançou um olhar de soslaio para Blake, engoliu em seco e redirecionou sua atenção para os foguetes.
Bellamy, por vezes, desejava compreender a si mesmo. Ansiava por alguém que o entendesse, talvez esse alguém fosse Olivia Kane, uma das Princesas da Arca. Até poucos meses atrás, Bellamy não teria imaginado encontrar-se na situação atual. Até há alguns meses, Bellamy não imaginaria estar na atual situação, ao lado de uma Kane. Mesmo como prisioneira, seu privilégio familiar permanece forte, correndo em suas veias.
― Será que podem avistar de lá? ― questiona Bellamy, dirigindo seu olhar agora para o céu.
— Não sei. Espero que sim. ― responde Olivia, com uma nota de insegurança ― É possível fazer um desejo a esse tipo de estrela cadente? — Bellamy observa a garota, perplexo. Sua expressão é séria, mas um vestígio de incerteza paira sobre ela ― Esqueça. ― diz Olivia, cruzando os braços e relaxando os ombros, suspirando profundamente.
― Eu nem saberia o que desejar. ― comenta Blake, distraído. Agora, desviando o olhar de Olivia, ele volta a contemplar o céu ― E você? — Olivia abaixa seu olhar para Bellamy, fixando-o.
― Também não saberia.
Após o lançamento dos foguetes, todos os delinquentes retornaram às suas acomodações. Olivia estava à beira do sono quando foi surpreendida por Bellamy, que apareceu em sua tenda, chamando por Octavia.
― Está acordada?
― Eu não estava. ― responde a garota, ligeiramente aborrecida. Ela se ergue e sai da tenda acompanhada por Bellamy ― Mas saber que centenas de pessoas podem estar morrendo na Arca torna difícil pegar no sono.
― Os foguetes de Raven vão dar certo. ― ele assegura.
― O rádio teria funcionado melhor.
― Você viu Octavia? ― ele indaga, fitando os olhos castanhos de Olivia.
Bellamy encontra-se em um estado de agitação perceptível. Sua fala, acelerada, não encontra pausas, e seu corpo não cessa de se mover incessantemente. Curiosamente, ele empunha uma tocha, talvez como um reflexo de sua inquietação interior. Os delicados fios de cabelo que recaem sobre sua testa parecem quase saturados pelo suor, testemunhando a intensidade dos sentimentos que o consomem neste momento.
― Não. É Octavia, Bellamy. Provavelmente está caçando borboletas. ― diz Olivia de uma vez.
― Olivia, já verifiquei o campo. Ela não está aqui. ― Bellamy parece desesperado ao pronunciar as palavras. E, de fato, está.
Bellamy dedicava-se incansavelmente à proteção de sua irmã, enfrentando qualquer desafio que se interpusesse em seu caminho. A ausência de conhecimento acerca do paradeiro dela, combinada à constatação de sua solidão, instigava uma profunda inquietude no jovem, inegavelmente acompanhada de um temor palpável. Por alguns instantes, Olivia permaneceu imóvel, abstendo-se de expressar qualquer reação ou resposta imediata. Seus olhos se encontraram com os de Bellamy, captando a agitação evidente no semblante dele, enquanto sua própria preocupação começava a se revelar em gestos e nuances de expressão.
― Está bem. ― disse ela, indiferente — Vou ajudá-lo a encontrá-la.
Deslocam-se juntos, abandonando o espaço da tenda de Olivia sem um destino preconcebido. O andar deles carece de direção específica, como se estivessem impulsionados pela ansiedade que paira no ar. Bellamy, em um gesto de agitação contida, transfere a tocha para a outra mão. Agora, com a mão livre, seus dedos percorrem os fios de seu próprio cabelo, numa tentativa visível de buscar uma sensação reconfortante. No entanto, a incerteza persiste, refletindo-se na expressão do jovem, que procura, por meio desse simples gesto, encontrar um alívio para a inquietação que o envolve.
— Vamos verificar de novo. Vá até a nave. Vou verificar as outras barracas.
― Obrigado. ― expressou sua gratidão.
― Não me agradeça, não estou fazendo isso por você. ― declarou Olivia, com uma voz decidida e firme. Bellamy, surpreso pela atitude da jovem, percebeu a origem do descontentamento ― Estou fazendo por Octavia.
Bellamy regressou à nave, entretanto, como antecipado, não encontrou qualquer vestígio de sua irmã. Olivia percorreu incansavelmente todas as tendas, questionando a respeito de Octavia, seguindo os passos de Bellamy minutos antes. No entanto, mais uma vez, Octavia estava ausente. Agora, Bellamy assumia o papel de informante, alertando todos os delinquentes acerca do desaparecimento de sua irmã. Embora nem todos se mostrassem dispostos a prestar auxílio, muitos ofereciam palavras de encorajamento e apoio diante da situação.
― Todos! Reúnam-se e equipem-se com alguma arma. — conclamou Bellamy. Nesse instante, ele transpirava como nunca antes; o desespero diante da possibilidade de perder Octavia se manifestava intensamente em sua mente, fazendo com que suas pernas cedessem ao peso do temor ― Minha irmã está lá fora, sozinha, há doze horas. Preparem-se. Não retornaremos sem ela.
Olivia, com seu arco e flechas firmemente empunhados, carregava uma pequena mochila adicionada de mais flechas em suas costas. Bellamy posicionou-se ao lado dela. Apesar de sua determinação em não evidenciar, uma crescente nervosismo o envolvia. De alguma maneira, como sempre, Olivia parecia captar os sentimentos dele. Mesmo sem compreender exatamente como, ela tinha uma compreensão inata do rapaz. Olivia lançou um leve cotovelo em direção a Bellamy, buscando chamar sua atenção.
― Bellamy, sua irmã está bem. ― Olivia assegurou o rapaz, embora sua expressão denunciasse um evidente descontentamento. Ele piscou algumas vezes e, reconhecendo o gesto de apoio, sorriu fracamente ― Vamos encontrá-la.
― Eu espero. ― ele suspirou fundo e dirigiu-se até Clarke ― Precisamos de um rastreador. — a loira assentiu, compreendendo de quem Bellamy estava falando.
― Finn! Venha aqui!
Olivia afasta-se de Bellamy, recostando-se em uma árvore, enquanto seus pensamentos parecem distantes e tumultuados. Sua mente só é arrancada desse estado ao escutar os gritos dos delinquentes. Dirige o olhar para o céu e avista algo que se assemelha a uma chuva de meteoros, mas claramente não é. Raven adentrou o círculo de pessoas, seus passos pesados ecoando a frustração que carregava consigo. Seus olhos, normalmente determinados, agora exibiam uma sombra de desapontamento. Ao se aproximar do grupo, ela começou a falar, sua voz carregada de pesar.
— Não funcionou. Não viram os sinais. — Bellamy, ao lado de Olivia e outros delinquentes, olhou para Raven com uma expressão séria.
— Uma chuva de meteoros te diz isso? — Bellamy perguntou, demonstrando um certo ceticismo. Olivia engoliu em seco e negou com a cabeça rapidamente, sabendo que a situação ia além da aparente casualidade celestial. O silêncio tenso que se seguiu revelava a compreensão compartilhada de que a realidade era mais sombria do que inicialmente imaginaram.
— Não é uma chuva de meteoros, Blake. É um funeral. — Olivia afirmou com firmeza, baixando seu olhar para o rosto de Bellamy. Seus olhos, normalmente expressivos, transbordavam uma mistura intensa de mágoa e raiva em relação ao garoto. A decepção era palpável na atmosfera carregada de tensão. Afinal, a descoberta de que o evento celestial não era um simples fenômeno natural, mas sim um adeus solene, pesava sobre todos, e Olivia parecia canalizar suas emoções intensas diretamente para Bellamy.
Bellamy abaixou a cabeça, sentindo um peso de culpa por um instante. Seus olhos castanhos transbordavam arrependimento enquanto absorvia as palavras de Olivia.
— Isto é tudo culpa sua! — gritou Raven, tentando avançar furiosamente em direção a Bellamy. No entanto, foi contida por Finn e Clarke, que agiram rapidamente para evitar qualquer confronto físico. A raiva de Raven era palpável, uma fúria alimentada pela sensação de que Bellamy agira de maneira egoísta e, agora, a realidade dura batia à porta.
— Eu ajudei a salvar o seu maldito rádio! — Bellamy esbravejou em resposta, sua própria frustração surgindo em meio à pressão do momento. O acampamento estava mergulhado em um caos emocional, com cada membro do grupo lidando com a notícia de forma diferente, mas Raven estava determinada a fazer Bellamy sentir o peso de suas escolhas.
— É, depois que o arrancou da minha cápsula e o destruiu! — disse Raven, sua tentativa de se libertar dos braços de Finn e Clarke para agredir Bellamy completamente falha. Olivia intercalava o olhar entre os dois, testemunhando a troca intensa de palavras e a crescente tensão que se desenrolava no acampamento. O ressentimento pairava no ar, criando uma atmosfera carregada de emoções conflitantes.
— É, ele sabe. — Olivia respondeu a Raven, sua voz soando dura e sua postura ereta revelando sua raiva em relação a Bellamy. Ficava claro que não estava defendendo Bellamy, mas sim indicando que ele agora teria que lidar com as consequências de suas ações. A tensão no ar era quase palpável, e o grupo enfrentava não apenas as complexidades da situação, mas também as relações pessoais que estavam sendo testadas sob o peso da responsabilidade e do arrependimento — Agora, terá de viver com isto. — Raven acalmou-se após as palavras de Olivia. Bellamy assentiu com a cabeça antes de dirigir seu olhar mais uma vez para o céu, e depois para Raven.
— Tudo que sei é que minha irmã está lá fora, e vou encontrá-la. — declarou, renovando sua determinação diante dos desafios que se apresentavam. O grupo, apesar dos desentendimentos, parecia unir-se em torno da missão de encontrar Octavia e enfrentar as adversidades da Terra juntos.
Bellamy declarou a partida em busca de sua irmã, mas Clarke não estava satisfeita. Ainda reconhecendo a necessidade de se comunicar com a Arca, ela comentou,
— Trezentos não serão suficientes — expressando sua preocupação com a situação na estação espacial. A tensão persistia, agora não apenas entre os membros do grupo, mas também em relação ao desafio maior que enfrentavam. O dilema entre encontrar Octavia e lidar com as questões pendentes com a Arca acrescentava uma camada adicional de complexidade à jornada do grupo — Se não lhe dissermos que podemos sobreviver aqui, vão matar mais gente. Terão que matar.
— Gente, estão partindo. Precisamos ir — disse Jasper, e Finn concordou com a cabeça, dirigindo-se até ele. A urgência no tom de Jasper ecoava a necessidade de se moverem rapidamente diante dos desafios que se desdobravam. O grupo, apesar das diferenças e das tensões, estava unido pelo objetivo comum de enfrentar o desconhecido e superar os obstáculos que surgiam em seu caminho.
— Eu tenho que fazer isto — disse Finn a Raven — E você tem que ficar aqui e consertar o rádio. — a decisão de Finn refletia a necessidade de distribuir tarefas entre os membros do grupo para aumentar as chances de sucesso em suas empreitadas. Enquanto alguns partiam em busca de Octavia, outros, como Olivia, Raven e Clarke, precisavam lidar com as responsabilidades técnicas essenciais para a sobrevivência do grupo. A dinâmica da equipe estava em jogo, exigindo que cada membro desempenhasse seu papel para enfrentar os desafios que a Terra apresentava.
— Consertar? O transmissor foi estraçalhado — disse Raven, confusa, demonstrando sua perplexidade diante da tarefa que se apresentava. A frustração pairava na voz dela, pois a realidade cruel da situação começava a se manifestar. O desafio técnico diante dela não seria simples, e a incerteza sobre como proceder adicionava uma camada adicional de complexidade às dificuldades que o grupo enfrentava na Terra — A menos que haja um estoque de peças por aqui, não vamos falar com a Arca.— mordendo os lábios, Clarke pensou em um lugar.
— A loja de material artístico — ela disse. Finn intercalou seu olhar entre Clarke e Raven. Olivia, no meio deles, observava sem entender completamente o motivo dos olhares intensos e estava incerta sobre o que falar ou fazer. A sugestão de Clarke para procurar na loja de material artístico indicava uma possível solução para o problema, mas a tensão no ar denotava que a situação estava longe de ser resolvida — Conheço um lugar onde poderá conseguir um transmissor.
Raven estranhou a troca de olhares entre Clarke e Finn. A morena negou com a cabeça e começou a falar com Clarke.
— Ótimo, parece que você virá comigo. — a dinâmica entre os membros do grupo estava longe de ser harmoniosa, e a decisão de Clarke de acompanhar Raven talvez indicasse uma necessidade de resolver não apenas os problemas técnicos, mas também as tensões interpessoais que surgiram no grupo. Olivia observava a interação, percebendo a complexidade dos relacionamentos à medida que o grupo se preparava para enfrentar os desafios à frente.
Um dos delinquentes acabara de chamar por Finn, indicando que ele ajudaria Bellamy a encontrar Octavia. Olivia assentiu com a cabeça, pronta para se juntar ao moreno. No entanto, ele a interrompeu. Olivia franziu os olhos.
— Vá com elas. — ele disse.
— Por quê? — a garota perguntou, arqueando uma de suas sobrancelhas.
— Porque também é perigoso elas saírem sozinhas à noite. — mesmo relutante, Olivia assentiu e seguiu com o grupo, consciente da importância de manter a segurança em primeiro lugar.
— Entendido, proteger sua namorada e amante. — disse Olivia. Finn desfez seu sorriso anterior, olhando seriamente para Olivia — Desculpe, não sei fazer piadas sem ofender as pessoas.
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Oi gente! Parece que essa é a minha estreia nas nossas conversas por aqui, e gostaria de pedir gentilmente que não se tornem leitores fantasmas. Amo muuuuuito ler os comentários de vocês e realmente me divirto com eles. Por favor, não deixem de compartilhar suas opiniões e votar nos capítulos. Agradeço imensamente. Beijinhos! 🤍
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