vinte e seis - longa noite
(Nolan)
Depois de um tempo, a Anne finalmente dá as caras. Ela está com a Sina. Antes de ir ao encontro delas, Jack me olha com um sorriso bobo no rosto. Um sorriso sincero, no fim das contas. Talvez ele esteja mesmo afim da Anne. Talvez eu tenha sido duro com ele e ele só está apaixonado. E, agora, sinto que se eu gosto mesmo dele, não devo me meter nas questões do seu coração.
O que tiver que ser, será.
Os dois trocam sorrisos tímidos enquanto eu fico assistindo. Droga! Parece até que o DJ adivinhou a minha tristeza, pois bem agora começa a tocar uma música da Lana Del Rey. Uma daquelas bem lentas, bem tristes. Daquelas que pisam de salto alto no nosso coração.
Bem aqui, o Alex aparece ao meu lado.
Vendo a minha decepção, ele estende um copo de refri para mim. Recuso.
— Pega — ele fala. — Não tem só refri aí dentro. — E sorri, malicioso.
Eu aperto os lábios, sorrindo de volta. Não quero ficar bêbado só porque o Jack não me corresponde. Volto a olhar para ele e para Anne na pista. Está tudo bem. Ele não é obrigado a gostar de mim do mesmo jeito que eu gosto dele. Vou superar.
— Por que você não fala para ele? — Alex me arranca dos meus pensamentos e eu o encaro, confuso.
— O quê?
Ele sorri, como se soubesse que eu entendi perfeitamente a sua pergunta.
— Por que você não fala que gosta dele?
Eu fico vermelho.
— Ah, vamos, Nolan! — ele continua. — Para de fingir que ninguém sabe. Todo mundo já percebeu! Até ele deve desconfiar que você tem um fraco por ele. Então, por que não abre logo o jogo para ele?
— Eu, é... — Abaixo os olhos para o chão, constrangido. — Ele é hétero.
Ouço Alex rir.
— Se for hétero como o Bailey, então você tem todas as chances do mundo...
Eu apenas abaixo a cabeça e fico em silêncio. Ainda estou muito constrangido e assustado que o Alex saiba disso.
— Olha — ele suspira, ganhando a minha atenção de novo —, não precisa ficar assim. Gostar de gente babaca faz parte da vida de caras como nós!
Eu volto a subir o olhar para ele enquanto meu sangue ferve. Quem ele pensa que está chamando de babaca? Mas Alex, percebendo a minha irritação, apenas ri.
— Ficou com raivinha, foi? Porque chamei o Jack de babaca? — E ri ainda mais. — É, parece que você gosta mesmo dele. — E vira outro gole do seu refri batizado goela abaixo. — Devia abrir o jogo para ele antes que a Anne saia por aí com o seu prêmio na mão, Nolan!
— Não dá — digo, voltando a encarar o chão um instante, antes de caçar o Jack de novo no meio da multidão. Ele está bailando com a Anne. Lentos, agarrados, colados um no outro. Meu sangue ferve pela segunda vez.
— Por quê?
— Eu não consigo. E também eu tenho medo que ele se afaste... Sabe? Por eu ser gay...
Alex faz uma cara muito séria nesse ponto da conversa.
— Entendi — fala. — Então, você prefere que a garota gostosa mame o Jack no seu lugar só para ele continuar sendo seu amigo?
Eu o encaro apertando os olhos, incrédulo. Não posso ver o meu rosto, mas sei que devo estar vermelho. Droga! O sangue ferve pela terceira vez. É a primeira vez que falo sobre essas coisas com alguém e, esse alguém, em vez de me entender e me ajudar, parece se divertir debochando de mim.
— Não se aborreça, Nolan — Alex fala, forçando um leve sorriso para amenizar esse soco de punho fechado que acabou de me dar. — Como você, sim, é um cara legal, vou te ajudar nessa...
— Como?
Ele olha para o Jack lá no meio do salão, dançando com a Anne, a mão deslizando pelas costas dela até chegar na bunda, e vira todo o conteúdo do copo num gole só. Engole.
— Digamos que eu tenho um plano — ele fala, decidido. — Mas, por enquanto, vamos apenas beber. — E estica de novo o copo de refri para mim.
Dessa vez, eu aceito.
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