(Nolan)

MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS!

Eu estou muito nervoso! Ele disse que a gente vai ser amigos! Que a gente tem que andar juntos! Isso está acontecendo mesmo? Tipo, mesmo?

Cada passo que eu dou do lado dele, lhe mostrando a escola, meu coração bate mais que um tambor!

MEU DEUS! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?

— E aquele é o outro banheiro — eu aponto o lugar, lá na frente.

— Hmm... — ele resmunga, se apressando. — Bem a tempo.

— O quê?

— O banheiro. Estava mesmo precisando saber onde ele ficava.

— Hmm, OK. Vou ficar te esperando ali fora.

O meu peito ainda tamborila e eu não sei se estou sabendo disfarçar. O Jack parece legal para caramba, e eu não quero perder a amizade dele assim, tão cedo. Não quero que ele também me ache um bobão esquisito. Mas ele não se importa de me ter ao seu lado, não se importa que os outros nos vejam andando juntos. Pela primeira vez, eu sinto que não tenho que me esforçar para alguém gostar de estar perto de mim. Eu estou no paraíso?

Mas tudo muda quando eu vejo aquele idiota rodeado da sua pequena gangue vindo lá no corredor direto para a minha direção.

Ah, você não sabe mesmo quem é o idiota? Bailey Day, o valentão da escola. Se acha o fodão só porque tem aqueles músculos todos, e porque é o capitão do time de futebol. Meu Deus, como eu o odeio!

— Olha aí se não é o Picasso da turma! — ele debocha quando chega perto de mim. — Cadê o seu namoradinho novo, hein? Aquele loirinho com carinha de puta? Ah! Ele tá aí dentro? E por que você não tá lá segurando para ele?

Todos caem na risada enquanto eu coro de ódio e vergonha. E, para piorar, bem nessa hora o Jack sai do banheiro.

Bailey o olha de cima a baixo, medindo. Esses segundos de silêncio são o suficiente para congelarem o meu corpo.

— Repete o que você falou — Jack fala, com cara de poucos amigos.

Bailey, vendo que o novato está desafiando a sua autoridade, se aproxima de Jack com a mão em concha atrás da orelha e um esboço de sorriso no rosto.

— Como é? — pergunta. — Não consigo distinguir o seu zumbido.

A resposta de Jack é um soco violento na cara do Bailey. Mas Bailey não se zanga. Ao contrário, ele está sorrindo limpando o sangue da boca.

Nessa hora eu grito não!, fecho os olhos e me encolho. Jack já está morto mesmo, porque o Bailey é apenas duas vezes o tamanho dele.

Agora, um pedaço da escola começa a se reunir em volta dos dois, formando um círculo, gritando e incentivando que o Bailey massacre o novato. E com os idiotas da sua gangue segurando Jack pelos braços, Bailey enterra vários socos na sua barriga e no seu queixo. E eu não consigo fazer nada. Não consigo fazer merda nenhuma.

— Parem! Parem, não machuquem ele! — eu grito, mas ninguém me ouve. Todos estão uivando e assobiando enquanto Jack é massacrado. Todos estão se divertindo com o sangue dele escorrendo pela boca e nariz.

Mas isso tudo dura apenas uns minutos. O diretor da escola aparece e toda a confusão se dispersa num segundo.

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