(Jack)

Nolan já está na arquibancada da aula de ginástica quando eu o avisto. Ele se encolhe e estica os lábios num esboço de sorriso quando eu me aproximo, o que me faz pensar que ele ainda está um pouco envergonhado pelo que aconteceu no meu banheiro no outro dia.

— Tô muito atrasado? — pergunto, para quebrar o gelo.

— Não muito — ele resmunga. E então sinto o seu olhar pousar em mim com receio, mas não digo nada.

Eu gosto do Nolan. Gosto mesmo. Ele é o meu único amigo até agora, mas sinto que ele já poderia confiar um pouco mais em mim e me contar por que eu o deixo tão sem jeito às vezes.

Eu sei que ele é gay ou bi, e não me importo com isso. Eu sempre tento deixar ele à vontade para me contar os seus segredos, mas é como se ele simplesmente não conseguisse confiar em mim. Ou acha que, se abrindo para mim, eu vou me afastar.

Gosto do Nolan e quero que ele me enxergue como amigo tanto quanto eu o enxergo assim, mas é difícil ser amigo de quem parece uma incógnita para você. Será que ele tem uma queda por mim e não sabe como lidar com isso? Mas eu sou tão sem graça para um cara foda como ele ter crush em mim...

Na verdade, o Nolan é inteligente para caralho. É sensível. Confesso que é bonito também. E levando em conta que ele ficou de pau duro quando me viu pelado no banheiro, acho mesmo que ele sente algo por mim. Ou aquilo foi apenas tesão adolescente acumulado?

Eu fingi que não percebi nada na hora para não o deixar ainda mais embaraçado, mas, porra, ele ficou duraço! Mas de toda forma, vou deixar ele mesmo me contar sobre isso. Não quero forçá-lo ou fazê-lo se sentir pressionado. Vou confiar que ele mesmo vai me dizer no seu tempo.

Só preciso botar um sorriso no rosto dele agora.

— Ei — eu digo. — Tá tudo bem, cara?

— Urrum — ele resmunga, tentando disfarçar.

— Olha, obrigado por falar com o meu pai sobre a minha advertência. Ele só não brigou comigo por causa de você. Você salvou a minha pele, irmão!

Percebo que ele sorri. Menos mal. Acho o sorriso dele tão bonito.

Depois, voltamos a nossa atenção para o time jogando no campo. O time em que o Bailey é capitão. Nolan me conta tudo sobre os seus comparsas.

Ele começa falando do Lamar Murray, um cara grandão, negão, que peita qualquer um. É o braço direito do Bailey quando o assunto é tocar o terror no colégio. Depois, o Crystian Fang, primo do Bailey. Um cara muito violento e silencioso, segundo Nolan. Ele pede para eu ter cuidado com o Crystian. Por último, Alex Brandon. Esse, Nolan fala que é o novato do grupinho e que também é o mais frágil, por ser pequeno e magrelo. Bailey precisa ficar sempre protegendo ele.

Eu sorrio.

Eu e Nolan estamos quase sozinhos na arquibancada. O treinador está apitando e os rapazes, no campo, correm e fazem flexões enquanto nós dois conversamos.

Do outro lado do campo, na outra arquibancada, eu noto um grupinho de quatro garotas conversando e rindo entre si. Elas parecem superamigas. Pergunto quem são e o Nolan prontamente me responde:

— Ah! Aquela do meio é a Anne Marielly, a líder de torcida. Todo mundo baba ela porque ela é talentosa, dança bem e canta também. Além de ser uma gata do caralho! É a namorada do Bailey, mas acho que eu já falei isso para você.

Eu sorrio mais. Já tenho todo o plano traçado na cabeça. Olho o safado do Bailey correndo e fazendo flexões no campo. Maldito... Ele mal perde por esperar!

Eu finalmente me levanto da arquibancada.

— O que você vai fazer? — Nolan pergunta, ainda sentado.

— Fica aí olhando! — Eu sorrio e pisco para ele.

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