
Capítulo 32
Capítulo Reescrito ✓
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"— O que você fez não é algo que deva se orgulhar, pois mesmo que tenha ajudado uma pessoa, você ainda botou em risco a segurança de várias outras. Esse David não tem nenhum tipo de marca mas isso não significa que ele não faça parte de um grupo de exilados, ele ainda pode ter nascido dentro de um desses grupos e por isso não possui nenhum vínculo. Mesmo que a história dele seja real, não é assim que funciona e você não pode apenas trazê-lo pra dentro sem mais nem menos, e pedir para que Samantha te ajude a manter ele escondido é inaceitável! Você conseguiu envolver outras pessoas em um problema que você criou ou trazer ele pra dentro."
"Eu sei que você teve a melhor das intenções, mas como membro do bando, era, e é a sua obrigação ser racional e não se deixar levar pela emoções, e além disso, você deveria acima de tudo ter pensado nas pessoas que vivem aqui, nas pessoas que você jurou proteger quando se juntou ao conselho como parte do bando. Nathan não vai levar em conta que você é meu parceiro, ou que você é tio da filha dele, na hora de ser julgado, Nathan vai ser o supremo líder do bando Suppasit e vai tomar a decisão que vai garantir a segurança de todos. E seja lá qual for a decisão dele, eu vou apoia-lo como seu conselheiro."
Depois disso, Mew deu as costas à Gulf e o deixou sozinho para pensar bem nas escolhas que fez, e se necessário, deixá-lo se martirizar por isso. Talvez assim ele perceba o nível do quão imprudente ele foi.
O Suppasit não conseguia vê-lo com os mesmos olhos, ele ainda estava decepcionado, então tentou manter um tom mais profissional e Gulf fez o mesmo tentando esquecer que Mew era seu parceiro para vê-lo como um membro do conselho que estava de férias das atividades.
Depois que Mew saiu após uma bronca de abrir os olhos, Gulf ficou na sala por longos minutos até decidir tomar um banho e descansar a cabeça. Ele não dormiu, só ficou jogado na cama enquanto pensava e pensava.
Claro que existia a possibilidade de David não ser o que pensavam, mas no dia que o encontrou, ele não conseguia apenas deixá-lo ali a própria sorte, e agora que parou para pensar bem sobre isso, viu várias possibilidades do que poderia ter feito e ter evitado essa bola de neve.
"O que há comigo? Como eu pude ter deixado meus princípios de lado dessa forma?" — Pensou ficando frustrado consigo mesmo.
Gulf queria ter sido mais profissional, não havia margem para erros pois suas ações botaram homens, mulheres e crianças em risco. De tanto que se culpou por ser tão idiota, Gulf tomou uma decisão, e dessa vez ele sabia que faria o certo.
— Continuar a esconder isso não vai ajudar. . .
[...]
Na manhã seguinte, o dia parecia muito estranho, e mais que isso, Gulf sentia que Mew não o queria por perto. Podia ser coisa da cabeça de Gulf, mas toda vez que estavam no mesmo cômodo, o ar entre eles não era o mesmo de sempre e parecia que Mew desejava espaço. Ou talvez Gulf estivesse acostumado com o parceiro sendo bem carinhoso e estivesse estranhando esse silêncio.
— Estou saindo! — Gulf avisou e Mew apenas continuou digitando alguma coisa em seu laptop na cozinha.
— Avise se for chegar tarde. — Mew nem se quer o olhou quando respondeu.
Gulf apenas assentiu e saiu um pouco murcho.
Andando na rua, o Kanawut realmente quis chorar, mas era óbvio que não faria isso. Gulf se manteve firme e endureceu a face andando a passos precisos e determinados até onde sabia que ficava o casarão. Ele iria falar com Nathan, iria até ele e convocaria uma pequena reunião para confessar o que fez e tentar de alguma forma livrar a barra dos amigos que convenceu de ajudá-lo. Mew desaprovaria essa atitude pois ainda não haviam discutido que tipo de argumentos usariam, mas Gulf não achava que merecia tentar se explicar, apenas iria confessar e aceitaria sua punição.
Poderia ser considerado um traidor? Sim. Poderia ser expulso por botar vidas em risco? Sim. Poderia receber até mesmo uma punição severa como o exílio? Quem sabe... Nathan iria tão longe? Por mais que pareça muito radical, ainda era o tipo de punição que Gulf julga adequada.
Após chegar no casarão e conseguir permissão para ver Nathan, Gulf adentrou o escritório encontrando o supremo foleando vários papéis, e quando o viu, já foi até ele o cumprimentando.
— Gulf! Que surpresa boa, não achei que fosse vê-lo tão cedo novamente. — Estava sorrindo feliz em finalmente vê-lo após tanto tempo.
— Olá... — Disse meio acanhado, mas logo respirou fundo e disse. — Preciso confessar algo.
Nathan sorriu abertamente. Talvez ele tivesse um palpite se Gulf o deixasse chutar.
— Bem, eu espero que me traga boas notícias, porque pela sua cara, parece que algo te assusta! — Nathan estava divertido, mas logo seu sorriso foi morrendo quando percebeu que ele e Gulf não estavam pensando na mesma coisa.
O que poderia ter acontecido?
— É algo sério. — Gulf arrumou a postura e Nathan fez o mesmo esperando que ele comece a falar.
[...]
Mew estava em casa. Ele chegou agora após sair de uma longa interrogação com o beta. David ficou nervoso o tempo todo, e parecia intimidado por Mew que fazia questão de espalhar sua presença no cômodo para deixar mais do que óbvio que se ele tentasse algo, não se daria bem lutando contra um alfa de sangue puro do bando Suppasit.
Mas David não tinha essa intenção, e o beta explicou tudo quantas vezes foi necessário e Mew se convenceu por hora e confiou que ele seria vigiado por Samantha.
O Suppasit buscou onde estaria Gulf, e quando não o encontrou, verificou seu telefone, mas não havia nada, então concluiu que ele estaria outra vez tirando um tempo para si mesmo. Ele o deixaria de lado por um momento, ainda achava que ele precisava de espaço para pensar bem em suas próprias atitudes.
Só que depois de uns segundos sentado sozinho na mesa de jantar, batucando os dedos para o silêncio, Mew recebeu a informação de que Gulf estava no casarão por meio de uma mensagem em seu telefone. Ele não achou que fosse verdade, mas levando em conta que não havia motivos para que seus colegas de trabalho estivessem mentindo, se levantou apressado e novamente saiu de casa.
[...]
Nathan encarava Gulf de uma forma assustadora. Após ouvir tudo, ele estava preparado seu discurso sobre imprudência e falta de comprometimento com sua família, que no caso ele se referia a todos do bando que eram unidos pelo brasão Suppasit.
Gulf, que sentia a presença esmagadora do supremo aumentar a cada segundo, tentava se manter firme pois ainda era um ômega diante de seu líder.
— Consegue listar o nome de todas as pessoas que perderam suas vidas no passado após o ataque no bando? — Nathan perguntou sem a intenção de obter uma resposta . — Eu consigo. — Apertou os punhos fechando os olhos firmemente para se controlar.— O rosto de todos eles estão gravados para sempre na minha memória. O último rosnado que meu pai foi capaz de emitir para fazer os renegados recuarem ecoa na minha cabeça, e às vezes acho que vou perder a razão por ser perturbador reviver esse momento. Todas as noites, sem falta, eu posso reviver os últimos segundos de todos aqueles que estavam ligados ao meu pai e a mim pelo vínculo, e que morreram tentando proteger os nossos!
Nathan abriu os olhos revelando os terríveis olhos cor de sangue de um lúpus, auge que somente um alfa pode atingir.
Ele não era exatamente controlado como Thomas era, Nathan não acredita que tem perfil de líder por sentir que poderia explodir a qualquer momento, mas, como não sentir seu sangue ferver quando alguém de sua confiança faz algo tão estúpido?
— Tudo que nós fizemos, todas as medidas de proteção e restrição que foram impostas sobre os membros do bando Suppasit NÃO SÃO a troco de nada! — Nathan tentava respirar, mas era impossível visto que alguém que confiava havia quebrados as regras criadas para manter todos seguros. — Um erro, apenas UM MÍSERO ERRO pode por tudo a perder! E trazer um desconhecido para dentro do bando é equivalente ao mesmo que pisar em uma mina e sair dela confiando de que não vai explodir! Gulf, você foi IRRESPONSÁVEL e totalmente IMPRUDENTE ao por em risco a segurança de várias famílias!!
Nathan encarou Gulf de cima vendo o garoto se encolher, não se atrevendo a dizer uma única palavra em protesto. Ele sabia que Gulf não diria nada, o supremo estava ciente de que Gulf conhecia as regras, e tendo isso em mente, pensou em usá-lo como exemplo para quem quebrava as regras.
Seria algo que um líder de verdade faria!
Mas ele se lembrou de algo importante ao olhar para o ômega, e levantando uma questão importante apenas para si, pesou novamente as consequências das ações de Gulf, do quão arriscado seria para o ômega, e então decidiu sendo mediador.
— Você tem sorte de que veio até mim antes que eu descobrisse por outra pessoa... — Nathan parecia ter perdido aquela aura assombrosa. — Você perdeu minha confiança, Gulf, e você sabe que não trabalho com pessoas que não confio. — Nathan deu um passo a mais na direção de Gulf. — Você perdeu seu status como membro do bando e será afastado de qualquer trabalho.
Dito isso, Gulf levantou o rosto com os olhos arregalados, mas não pelo motivo aparente.
— Como? — A pergunta saiu no automático enquanto gaguejava.
— Você não tem o direito de permanecer sendo parte da guarda do bando quando fez algo tão estúpido e inapropriado quanto trazer uma pessoa de fora para dentro. — Disse Nathan voltando a exibir olhos verdes como o clássico e característico dos Suppasit. — Você está banido de suas atividades como instrutor, e também será inelegível para qualquer possível cargo que pudesse ocupar no conselho por tempo indeterminado.
Gulf queria perguntar o que exatamente Nathan tinha em mente, pois isso foi muito abaixo do que achou que ouviria sair da boca do supremo.
Muito, muito abaixo!
— Perdão, mas... Nathan!?
— Saia antes que eu perca a razão... Fora!! — Nathan mandou e Gulf obedeceu de imediato.
Foi tudo estranho, muito, muito estranho e Gulf até agora não parava de tremer. Perdeu seu cargo, seu status, não poderia trabalhar mais no casarão e não entendia porque sua punição seria algo tão leve quanto isso.
Mesmo que ainda pareça muita coisa, levando em conta a gravidade da situação, Gulf sabe que Nathan não foi muito justo, e o Kanawut se sentiu pior por imaginar que ele teve pena e hesitou em puni-lo como deveria.
E pior ainda era saber que Mew teria mais coragem que Nathan para julgar sua culpa.
Quando estava saindo, pôde ver Boat, Samantha e David sendo levados até outra área, e não ousou olhar para eles. Quando pisou fora do casarão, encontrou Mew chegando ali agora, e ele parecia ter corrido uma maratona pois seu peito subia e descia muito rápido e seus cabelos estavam bagunçados.
Seus olhos perguntavam o que ele havia feito, e Gulf só pôde sentir seus olhos encherem.
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Continua...
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