
Capítulo 31
Capítulo Reescrito ✓
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— Por mais que esse cara seja um gatinho, eu ainda quero saber quando ele vai sair da minha casa! — Samantha bufa no telefone. — Eu não sou acostumada a dividir meu teto com pessoas! Eu quero minha privacidade de novo!
— Ele causou problemas? Teve algum tipo de recaída? — Pergunta baixinho pois Mew não estava muito longe.
— Não, não teve nenhuma recaída. David é bem tranquilo, e sempre pergunta se pode me ajudar em alguma coisa já que está a três dias na minha casa de graça.
— Você tá achando isso ruim? Não era você que achava injusto ser a única que não tinha um parceiro no bando?
— Ele não é meu parceiro! E outra, David ainda é um problema que você ainda não resolveu!
— Eu sei... Eu só quero ter certeza que ele vai estar 100% caso precise partir...
— Que seja! Apenas se apresse porque eu não quero mais servir de hotel pra um migrante não autorizado! Isso pode me trazer problemas.
— Eu cuido disso, não se preocupe com nada. — Gulf desliga e leva um susto quando Mew o abraça por trás.
— Quem era? — Mew pergunta se referindo ao telefone.
— Samantha.
— O que ela queria?
— Encher minha paciência para sairmos em trio novamente. — Gulf não gostou de mentir, mas ainda não tinha dito nada sobre o beta.
— Se quer ir, então você pode ir, você não tem que ficar apenas em casa. — Diz compreensivo.
— Own, é fofo da sua parte! Mas de jeito nenhum eu vou sair e deixar você se enfiar naquele escritório de novo! — Gulf beija a ponta do nariz do parceiro e sai andando até a sala de estar onde larga o telefone.
— Em minha defesa, se eu entrar naquele escritório de novo vai ser pra buscar algum livro. — Mew se junta ao parceiro no sofá e oferece seus braços para acomoda-lo bem.
Gulf apenas vai e aproveita o aconchego que Mew oferece.
— Avisamos Camilla que Mayse poderá passar o fim de semana aqui se precisar de ajuda novamente? — Gulf se lembra da menina, e já estava com saudades dela.
— Sim, mas avise na próxima semana, eu gostaria de aproveitar alguns dias sozinho com você. — Disse vendo Gulf puxar um de seus cachos e enrolar no dedo. — Sabe de uma coisa?
— Hum?
— Devíamos fazer compras. Andei dando uma olhada nas prateleiras e alguém acabou com o estoque de geleia de uva...
— Ops!...
[...]
Fazendo algo que não faziam a muito tempo, Mew e Gulf estavam dentro de um mercado fazendo suas compras do mês com a ajuda de uma listinha de duas laudas que eles montaram. Gulf ia lendo a lista e Mew empurrando o carrinho pelos corredores.
— Eu odeio beterraba! Mas a Mayse, por algum motivo, ama essa coisa, estão vamos levar algumas e fazer umas vitaminas. — Gulf olha as beterrabas como se fossem seu pior inimigo.
— Pegue alguns tomates também, e cebolas.
— Eca! Odeio cebolas. — Gulf reclama.
— É mesmo? Bem, você odeia tudo que é saudável. — Mew comenta.
— Isso não é verdade! — Gulf se defende.
— Gostaria de alguns alfaces? — Mew oferece e Gulf torce o nariz.
— Eu lá tenho cara de girafa pra comer folha? — Mew apenas revira os olhos e pega o que Gulf julgava ser uma alimentação desnecessária.
Mas Mew sempre o fazia come-los no fim das contas quando cozinhava e Gulf não se atrevia a desperdiçar o talento e disposição do parceiro.
Eles passam por alguns corredores e dão de cara com a sessão favorita de Gulf. Os doces e mais todo tipo de besteira que Mew desaprova para manter seu parceiro nutrido. Gulf era uma formiguinha, e mesmo ficando mais velho a cada ano, não abandonava o paladar infantil por nada.
— Não. — Mew avisa quando Gulf segura dois pacotes de biscoito na frente do rosto.
O ômega faz bico, e mesmo assim Mew nega. Logo ele faz o 1 com o dedo e Mew se dá por vencido e Gulf joga três pacotes no carrinho.
— Pra que tudo isso?
— Criança gosta de biscoitos, sabe, Mayse com certeza amaria! — Gulf andou com a cara na lista de novo.
— Sei... — Mew diz soando desconfiado. — Mayse ama biscoitos, e por acaso, mas só por acaso, são exatamente os seus favoritos, não é?
Gulf apenas sorri cínico.
— Vamos levar sorvete também! E melancia! Algumas maçãs e bananas... Uh! Veja só, pêra! Faz messes que não como uma.
— No mínimo você gosta de frutas... — Mew apenas segue Gulf quando o Kanawut sai puxando a ponta do carrinho até aquela área.
— Eu nunca sei pesar essas coisas... — Gulf se enrola todo quando quando tem que colocar as frutas no saquinho para pesar. — Faz você! Eu cuido do trabalho difícil que é guiar o carrinho.
— Ôh sim, é muito complicado gerenciar um carrinho! — Mew pega as sacolinhas que Gulf não tem paciência para tirar sem rasgar e escolhe as frutas mais apresentáveis.
— Qual é? Você já viu como essas rodinhas são malucas? É necessário habilidade! — Gulf ri quando Mew olha para ele com os olhos finos prendendo o cabelo solto em um coque.
Gulf se apoia no carrinho quando seu alfa está atento às frutas e respira fundo buscando voltar ao normal. Seus sentidos pareciam ter desligado por uma fração de segundo, e logo a possível causa disso apareceu com Samantha por um corredor.
Quando Gulf viu David e a Melanie juntos andando sem perceber na direção deles, o Kanawut sentiu seu corpo gelar e um arrepio subir dos pés a cabeça.
"Tudo bem! Eles vão passar direto! Eles não nos viram... Samantha saberá o que fazer!"
Abaixou o rosto só para ter certeza de que não os veriam. Mas então, uma mão em seu ombro o fez abrir os olhos e lá estava ele, David sorrindo.
Gulf quis apenas sumir quando Mew se virou encarando o outro como se estivesse se perguntando quem era ele e por que aquela mão ainda estava no ombro do ômega.
— Olá Gulf! Que coincidência encontrar você aqui. — David não parecia perceber um certo alfa fuzilando ele com os olhos pela mão no ombro do Kanawut.
— Oi... — Gulf viu por cima dos ombros de David que Samantha só agora notou que o beta não estava ao seu lado e meio que correu até eles. — Muita coincidência.
— Eu perdi alguma coisa? — Mew pergunta olhando David e Gulf.
— Ahh! Não é nada... Deixa eu apresentar vocês. . — Gulf não esperava que fosse desse jeito, mas o que poderia fazer? Se o destino quis assim, então assim será né? — Mew, esse é o David, David, esse é o Mew, o meu alfa. — Sorriu no final querendo sumir da face da terra.
— Seu alfa? — O beta parecia surpreso. — É um prazer conhece-lo! — Cumprimentou Mew meio sem jeito. — Me desculpe pelo incomodo, mas eu quis cumprimentar o Gulf de novo e agradecê-lo mais uma vez.
— David! Não terminarmos nossas compras! Oi Mew! Olá Gulf! Agora vamos voltar! — A Melanie tenta tira-lo de lá, mas David apenas franze o cenho e explica.
— Não, eu ainda não agradeci direito por ele ter me ajudado na floresta.
Mew olha Gulf de soslaio vendo o parceiro engolir em seco e apertar os olhos.
— Ajudado?... Como ele ajudou você? — Mew questiona buscando entender essa história.
— Ahh! Isso não vem ao caso, não é!? — Samantha até tenta, mas Mew a impede de se aproximar e fica de frente para Gulf com semblante sério.
— Bem, ele me salvou de morrer quando me encontrou na fronteira do bando, então me trouxe são e salvo e garantiu que seus amigos me ajudassem, por isso sou grato à ele. — David disse tudo e respirou aliviado por finalmente ter dito. — Obrigado por tudo! Mesmo que eu não consiga ficar, ainda sim me sinto bem melhor...
— Você é grato à ele? — Mew perguntou para David, olhando para Gulf como se pudesse arrancar a alma dele do corpo, e Gulf só sabia olhar para os lados nervoso.
— Sim! Devo minha vida à ele! — O beta falou tendo como visão apenas as costas de Mew que estava esperando Gulf se pronunciar.
— Err... Podemos conversar quando chegarmos em casa? — Gulf pede coçando a nuca.
Mew estava calmo, calmo até de mais e Gulf podia ver no fundo dos olhos do alfa que ele estava se controlando.
— Pegue tudo o que estiver faltando na lista, eu vou esperar você no caixa. — Mew dá as costas e sai andando marchando.
Gulf sabia que estava ferrado. Ele olhou para David e o beta parecia não entender o que tinha acabado de fazer, e Samantha só podia sentir pena de Gulf que teria que lidar com um Mew bravo em casa.
[...]
— Sair para fora do bando sem companhia!? Você realmente teve coragem de pisar fora dos limites Gulf!? — Mew não podia acreditar que era real. Ele estava surtando. — Você tem noção do que você fez!? Sabe que tipo de pessoa vive fora dos limites? Você consegue imaginar o quão arriscado é você ir tão dentro da floresta sem proteção!? — Ele não sabia ficar parado, sempre de um lado para o outro enquanto pensava em tudo que daria errado.
— Você está exagerando... Não é tão perig-
— Não é tão perigoso!? — Mew riu seco com uma mão na testa buscando não se estressar tanto, não era saudável e ele tirou um mês para relaxar. — Você realmente não tem nem noção do que vive além dos limites...
Gulf estava de cabeça baixa se sentindo uma criança travessa pega no pulo enquanto aprontava.
— Eu sei bem o que vive além dos limites, tá bom? Eu não esqueci de seis anos atrás... — Gulf vira o rosto tocando o próprio ombro.
Como poderia esquecer? Estava para sempre registrado em suas costas as marcas daquele dia. Ele assume que agiu de forma errada, mas ele também não tirou tempo para pensar no que estava fazendo.
— E como você pode apenas dizer que foi para fora dos limites!? E pior! Trouxe uma pessoa pra dentro do bando! Um cara aleatório que poderia facilmente ser um renegado!! — Gulf se sentia um pouco intimidado com Mew jogando essas verdades em cima dele.— Para dentro da nossa casa! Sem ninguém ver e sem pensar que aqui dentro existem informações que só nós que somos membros do bando temos! Gulf, eu sou um conselheiro, e nem você que é o meu ômega pode saber de certas coisas!
Mew estava indignado, irritado, assustado e acima de tudo, decepcionado. Quando Gulf confessou o que fez, todas as mil e uma possibilidades de tudo que poderia dar errado entraram na mente de Mew o deixando a um fio de trancar todas as portas e deixar Gulf "de castigo" no quarto.
Seu instinto protetor parecia ter dobrado de tamanho, e trancar Gulf no quarto parecia ser uma opção viável para que o ômega não corresse nenhum tipo de risco. Mew não conseguia parar de reviver o momento que não foi capaz de proteger Gulf, e agora com isso, parecia que quase aconteceu a mesma coisa.
E se o beta do nada se transformasse em lobo e aproveitasse que Gulf não se sentia bem para ataca-lo? E se Mew voltasse para casa e descobrisse que perdeu seu parceiro?
Terrível!
— Me desculpa! Eu não achei que fosse tão ruim!
— Não é ruim, é PÉSSIMO!— Mew bateu várias vezes o dedo na mesa de costas para Gulf, buscando se acalmar. Seu parceiro estava bem, Gulf estava bem e o beta não parecia ser perigoso. Ele só teria que lidar com o problema que foi trazê-lo para dentro. — Você não podia ter feito isso! Agora nós temos que avisar o conselho sobre isso e explicar tin tin por tin tin essa história e- — Mew parou de falar quando ouviu um soluço.
Ele se virou pegando Gulf de cabeça baixa, aparentando estar chorando. Por que ele estava chorando? Não havia motivo para chorar! E mesmo tentando se conter, Mew podia ouvi-lo fungar.
— Gulf? — Mew caminhou até ele, parando em sua frente e se agachando para ver seu rosto. — Por que está chorando?
— Eu não sei! — Disse gaguejando e limpando os olhos das lágrimas involuntárias. — Você está irritado e com razão! Eu sabia que isso ia acontecer! Mas não consigo não chorar!
— Gulf, se acalme para que possamos conversar... — Mew deixou o sermão de lado por um segundo. — Olha pra mim, Gulf, olha pra mim... — Mew pediu um pouco mais calmo. Certo que Gulf estava errado, mas o Suppasit esperava que o Kanawut pudesse aguentar ouvir o quão imprudente foi. — Me desculpa, tá bom? Mas você ainda precisa ouvir que sua atitude foi mais do que apenas mal pensada, foi um tiro no escuro! — Mew disse e Gulf concordou, e assim o alfa ficou de pé finalmente. — Entende que o que você fez é muito grave e estou decepcionado com você?
Gulf apenas concorda sentindo seu coração afundar. Ele queria dar um soco na própria cara por fazer uma cena no meio de uma discussão séria, mas ele apenas não conseguiu segurar.
— Eu sei, apenas não levante tanto o tom de voz, droga! Eu mereço ouvir tudo isso... — Gulf fungou segurando as mãos que tremiam levemente. Ele sempre se sentiu fraco, emocionalmente falando. — Eu vou cuidar de tudo com o beta... Você não tem que bater cabeça com nada! Isso é um problema que eu criei e que eu vou resolver.
— Nós vamos resolver... Tudo que eu preciso é de tempo e que me expliquem exatamente toda a situação dele, assim posso ter uma luz sobre o que fazer. — Mew disse voltando a ficar sério.
Mew queria parecer calmo para Gulf, mas a verdade é que ele não podia acreditar que seu companheiro pudesse ter agido de maneira tão inconsequente.
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Continua...
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