
Capítulo 20
Capítulo Reescrito ✓
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O tempo passou voando, o rut de Mew chegou e como o esperado, os garotos foram levados até a cabana com antecedência pois não sabiam quando exatamente aconteceria. E ninguém queria ser pego de surpresa. A semana que passaram juntos foi bem aproveitada pelos dois, pois esse tipo de relação mais íntima só tiveram com a chegada do calor de ambos para o alívio de pais preocupados em serem avós muito cedo.
Mew e Gulf não davam dor de cabeça, eles eram garotos comportados que ouviam os mais velhos e sabiam se cuidar, além de serem bem educados. Na frente de quem importa, obviamente.
Houveram momentos em que o desejo falou mais alto e uma fugida para um canto mais reservado foi a solução, mas eles nunca deixaram de pôr a mão na consciência.
— Mamãe disse que podemos adotar um gato, mas eu realmente acho que não levo jeito para cuidar de animais. — Gulf disse rabiscando em seu caderno enquanto falava no telefone com Mew.
— Por que não adota um peixe? Deve ser mais fácil que um gatinho.
— E o papai querer comer ele frito? Não mesmo! É muito perigoso. — Gulf sabe que não daria certo.
Os garotos estavam a algum tempo falando ao telefone. Já era bem tarde, quase duas da manhã.
— Gulf, vou ter que desligar agora. — Mew disse do outro lado da linha desligando a luz do abajur.
— Ué? Por que? Fica mais um pouco... — Gulf pediu manhoso, rolando na cama. — Eu ainda não estou com sono.
— Temos aula amanhã, não quero você dormindo no meio da aula e a professora chamar a sua atenção de novo.
— Eu nunca durmo no meio da aula! — Gulf bateu a mão no caderno arrumando a folha que amassou.
— Fala isso pra professora Judy, ela deve ter umas três anotações suas.
Gulf fez bico e escutou a risada de Mew do outro lado da linha.
— Mas é sério Gulf, precisamos dormir! Já está tarde.
— Umhum tá bom... Eu vou desligar então.
— Ok, boa noite.
— Boa noite só se for pra você. — Disse revoltado e desligou.
Se deitou na cama abraçando forte o travesseiro ainda carrancudo. Mas logo bufou e pegou o telefone de novo e mandou uma mensagem pedindo desculpas por ser grosseiro e dando boa noite com um coração no final.
— Acho que isso basta... — Disse desligando a tela vendo que Mew estava digitando.
Gulf se deitou na cama e fechou os olhos sentindo o sono bater pesado em sua porta. Ele não sabia que estava tão cansado até fechar os olhos e sentir eles arderem e um puta sono invadir seu corpo.
[...]
Gulf dormia profundamente todo esparramado em cima do colchão com uma perna saindo para fora da cama e o rosto virado. De repente o garoto dá um pulo no lugar ao ouvir um uivo de lobo ecoando em sua cabeça como se pedisse urgência.
Isso o deixou alarmado, e buscando de onde o som teria vindo, ele não achou nada além de um silêncio profundo. Poderia ter sido alguém correndo pela madrugada ali perto, mas nenhum cheiro ficou para trás, havia somente o silêncio estranho da madrugada.
— O que?
Gulf respirava pesado olhando para todos os cantos de seu quarto escuro até decidir ligar a luz e pegar o telefone para verificar se havia alguma coisa, mas na tela somente uma mensagem de Mew estava em destaque.
O garoto iria tentar ligar para seu alfa como primeira reação, mas assim que a porta de seu quarto é aberta por seus pais, ele desiste no susto que levou ao vê-los tão de repente.
— Mãe, o que-
— Desligue as luzes querido. — Hawa disse desligando a luz que ele havia ligado.
Gulf viu seu pai fechando as cortinas da janela do quarto e ao mesmo tempo empunhar uma arma de caça.
Algo estava errado.
— Mãe, o que tá acontecendo? — Willian verificava o lado de fora por brechas na cortina, como se estivesse com medo de algo lá fora.
— Tivemos um alerta, todos ouviram um rosnado e esse é um sinal do líder, ok? — Hawa dizia um pouco afobada, mas ao mesmo tempo tentando manter a calma para não assustar seu filho. — Eu e o seu pai estamos indo-
— Não! — Willian se vira na mesma hora para negar. — Você fica com nosso filho, deixa que eu vou sozinho. — Disse sério.
Ele não deixaria sua ômega se arriscar dessa forma.
— Nem pensar! Eu não vou deixar você ir sozinho, e não adianta tentar me impedir Willian! — Hawa falou deixando claro que não existia abertura para discussão. — Não importa o que diga, eu vou com você!
O alfa da casa negou com a cabeça desaprovando essa atitude, mas ele sabe que sua ômega era teimosa e ela nunca o deixaria sozinho nessa.
— Certo... mas e o nosso filho? Quem vai ficar com ele!?
— Ele vai ficar bem, o alfa dele pode cuidar disso. — Hawa falou pegando um casaco de Gulf que estava jogado na cadeira. — Vista querido. — Entregou ao filho que ainda estava visivelmente perdido. — Vamos... — O chamou saindo do quarto do garoto e o levando para fora.
Gulf estava perdido. Ele ouviu um rosnado que aparentemente era de Thomas, e em seguida seus pais entraram em seu quarto e agora ele estava sendo levado até a casa ao lado, a casa dos Suppasit.
— Onde vocês vão!? — Gulf perguntou para seus pais quando os mesmos pegaram um caminho diferente.
— Não se preocupe, nós vamos voltar quando tudo estiver bem. — Willian disse para tranquilizar o filho. — Fique com o Mew e não saia do lado dele, ok?
— Tá bom pai... — Gulf deu um abraço no pai e viu ele sair correndo com um arma na mão enquanto Hawa pegava o carro e eles pareciam discutir sobre algo.
Enquanto estava indo até a casa de Mew, Gulf ainda conseguiu ver mais algumas pessoas saindo para fora de duas casas apressados, e os filhos dessas pessoas estavam do mesmo jeito que Gulf, sem entender nada.
Logo esses foram mandados para dentro de casa e vários adultos se transformaram em lobo e saíram correndo floresta a dentro.
— O que é isso? — Falou consigo mesmo empurrando o portão que separa as duas casas no jardim.
— Eu já estava indo buscar você! — Gulf foi recebido por Mew em um abraço, e em seguida foi sendo puxado para os fundos da casa para entrarem o mais depressa possível.
— Mew, você sabe o que está acontecendo? Cadê a tia Heji e o tio Joel?
— Eles também saíram apressados. — Mew dizia fechando as janelas e trancando as portas ao mesmo tempo que desligava as luzes. — Parece que renegados estão atacando o casarão e andando pelas ruas em forma de lobo, temos que nos esconder pois precisam de ajuda e nosso bairro é o mais remoto. — Mew ia falando enquanto terminava de fechar tudo.
Quando assimilou e entendeu o que foi dito, Gulf não pensou duas vezes.
— A gente devia ir ajudar! Somos da guarda também! — Gulf disse seguindo Mew por onde ele ia.
— Não somos fortes Gulf! Nossos pais já foram treinados como nós a muito tempo e são experientes, eles devem ser bem mais úteis que a gente.
— Meu pai saiu carregando uma arma, uma arma! Eu nem sabia que ele tinha uma arma em casa! — Gulf disse sentindo o coração batendo muita rápido. — Devíamos ir ajudar Mew!
Ele tinha medo que seus pais e seus tios fossem feridos. Ele tinha medo que pessoas fossem feridas.
— Escuta — Mew segurou os ombros de Gulf para ele olha-lo nos olhos. — Eles vão ficar bem, tá? Agora vamos subir pro meu quarto e ficar lá até eles voltarem, aqui é mais seguro já que não é tão perto do casarão... — Mew disse tentando parecer convicto disso, mas até mesmo ele não acreditava que lá era seguro.
Gulf queria muito sair correndo e tentar fazer alguma coisa, mas o que ele poderia fazer? O que restou foi obedecer Mew e subir com ele e ficar no segundo andar da casa até segunda ordem.
[...]
— E como estão as coisas por aí Sammy? — Gulf perguntou usando o celular de Mew enquanto estava nos braços do alfa.
— Eu não faço ideia, papai me trancou em uma passagem no chão, por isso o sinal está ruim. — Disse a garota suspirando de aflita.
— Eu estou trancado no quarto dos meus pais, eles disseram que era mais seguro eu ficar onde não poderiam rastrear meu cheiro... isso nem faz sentido! — Disse Mild.
Ele também estava na chamada em grupo.
— E por que não?
— Eu sou beta Gulf!
— Quando isso vai acabar hein? Já faz muito tempo que meus pais saíram, e até agora não voltaram...
— Eu quero saber mesmo é quando vou poder sair desse lugar, aqui está sujo e muito fedido!
— Não façam barulhos altos! — Mew disse por cima dos ombros de Gulf quando ouviu na chamada alguém fazendo um barulho muito alto no fundo.
— Não fui eu! — Samantha se defendeu.
— Tem alguém batendo na minha porta! — Mild disse amedrontado.
— Mild, não abra para ninguém!
— Nem se eu quisesse, meus pais me trancaram no quarto deles.
Gulf ia dizer mais alguma coisa quando o som de vidro quebrando no andar de baixo chamou a atenção dos dois garotos. Eles se entre olharam e engoliram em seco.
Gulf ia se levantar e verificar quando Mew o segurou e mandou ele ficar no quarto com o celular em mãos enquanto ele mesmo iria ver o que foi a causa do barulho.
— Não venha atrás de mim! — Avisou vendo Gulf asentir e saiu.
Mew desceu as escadas lentamente, concentrado nos sons de passos que podiam ser ouvidos. Quando estava a dois degraus de finalmente pisar no primeiro andar, algo, ou melhor, alguém o atingiu nas costas o fazendo curvar para frente.
Mew foi rápido em se recuperar e pôde segurar as mãos do invasor que iria usar uma jarra de vidro para atingir sua cabeça. O Suppasit chutou o tronco do invasor para trás e correu para outro canto, e quando olhou para trás, se assustou ao ver a pessoa puxar uma faca na cozinha e avançar em sua direção.
Mew agradeceu mais de mil vezes a Josh que o ensinou a lutar com facas e usou esse conhecimento para desviar e desarmar seu inimigo.
Ele torceu o braço da pessoa para trás, e em seguida usou o joelho para acerta-lo no estômago e depois o cotovelo nas costas para enfim bater a cabeça da pessoa na mesinha de canto que sustentava um vaso de flores e a derrubar.
Pôde identificá-lo como beta, então como era um alfa teve certa vantagem no quesito força para derrubar o invasor no chão. Enquanto deveria socos e mais socos nele até desacorda-la, viu Gulf descer as escadas com pressa.
— Mew!
— Gulf! Volta pra cima! — Mew disse com os punhos cheios de sangue de tanto bater na pessoa.
— Estão vindo pra cá! — Gulf havia descido quando viu pela janela do quarto de Mew alguns lobos simplesmente invadindo as casas e quebrando os vidros.
O susto maior foi quando um lobo em específico, mesmo de longe, viu Gulf e começou a correr com mais dois em seu encalço até a casa dos Suppasit.
— Temos que sair daqui. — Mew disse se levantando, pronto para abandonar sua casa e fugir com Gulf para outro canto.
Mas o caminho que iriam pegar pelo corredor que daria acesso a varanda foi completamente destruído por um lobo preto que estava agora dentro da casa se espremendo no estreito corredor. Alfa e ômega correram para o lado oposto dando de cara com outro lobo, e assim como o anterior, esse rosnava a todo momento deixando claro que era um predador.
Sem mais opções de fuga, Mew e Gulf pularam a janela que estava com as portas quebradas, e sem demora, se transformaram em lobo e saíram correndo floresta a dentro para fugir dos invasores que claramente estavam com a intenção de matar os dois. Gulf ainda pôde ver na distância que os lobos estavam indo de casa em casa, e isso o preocupou pois ele sabe que seus vizinhos também estavam dos.
Um rosnado alto se fez presente de repente, e olhando para trás, era possível ver no mínimo três lobos, um em cada lado de Mew e Gulf correndo com eles. O Suppasit parou sua corrida sob quatro patas rosnando para os outros três lobos enquanto defendia Gulf, e o Kanawut não estava diferente, eles formaram uma pequena roda de dois onde iriam se proteger de qualquer ataque.
Os três lobos rodavam os dois devagar em meio a rosnados, e pareciam se preparar para o abate quando mais dois lobos chegaram em cena acabando com a ameaça. E por sorte, esses eram Tainara e Khai, lobos do bando que chegaram no melhor momento possível.
"Saiam daqui!" — A voz de Tainara ecoou na mente de Gulf e Mew.
Os dois rosnaram mostrando que não iriam recusar, mas Tainara não estava disposta a aceitar tamanha rebeldia.
"Não é um pedido! É uma ordem! Vão!"
A ômega ordenou, e com certa hesitação, os dois correram para o outro lado sendo protegidos pelos dois lobos do bando que mesmo em forma de lobo, pareciam saber lutar e lidavam bem com os três lobos inimigos.
Gulf realmente não queria sair e deixar Tainara e Khai sozinhos, mas Mew no momento só queria ter certeza de que Gulf não iria se pôr em perigo e garantia que ele continuasse a fugir. Como o centro dos ataques era principalmente o casarão, a pedreira onde estavam escondidos não seria achada por nenhum lobo.
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Continua...
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