𝙘𝙖𝙥𝙞𝙩𝙪𝙡𝙤 𝙦𝙪𝙖𝙧𝙚𝙣𝙩𝙖 𝙚 𝙨𝙚𝙩𝙚
O caminho até a casa de Falcão tinha sido silencioso, mas a garota não quis forçar ele a dizer nada sobre o que tinha acontecido. Sabia que já estava sendo difícil para ele ter que passar por isso, e estaria lá quando ele quisesse compartilhar com ela algo sobre o acontecido.
De vez em quando ela olhava na direção dele, e via o mesmo segurando as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos. E tentava passar algum tipo de apoio acariciando a mão dele com o polegar.
Depois que tinha prometido não sair dele tão rápido, e eles saíram juntos de Johnny do dojô, a loira se quer pensou na possibilidade de soltar a mão dele.
Ela se sentia mal por vê-lo tão abatido daquela forma.
Ainda em silêncio ele abriu a porta de sua casa, e deu espaço para a loira entrar e depois entrou também. E ela aproveitou para olhar ao redor enquanto ele fechava a porta novamente, e quis saber se só tinha os dois ali, já que o local estava silencioso e as únicas luzes acessas tinham sido por Eli ao chegarem.
— Seus pais estão em casa? — Sarah perguntou se virando em direção ao garoto que ainda mantia o moletom e o capuz preto em sua cabeça.
— É... eles estão viajando, voltam só semana que vem. — Eli contou em um tom baixo, enquanto sentia que o nó que tinha em sua garganta não iria de desfazer tão cedo. Ela apenas concordou com a cabeça que tinha entendido.
— Você quer que eu te ajude a arrumar? — Sarah perguntou com calma, e apontou levemente para o cabelo escondido atrás de toca dele.
— Você faria isso pra mim? — ele perguntou de volta, subindo o seu olhar que estava sobre os pés para encara-lá.
— Faço qualquer coisa por você. — a garota assim que terminou de responder segurou na mão dele, e se aproximou para deixar um beijo em sua buchecha.
Ela saiu o arrastando pela casa dele, que já conhecia muito bem. Eles subiram juntos as escadas, e entraram no banheiro.
— Espera aqui, já volto. — Eli anunciou e ela nem teve tempo de responder, já que o garoto saiu do banheiro e voltou depois de alguns minutos, trazendo um pequeno banco e uma máquina para ela cortar o seu cabelo.
O garoto se sentou no banco em frente ao espelho que tinha no banheiro, e suspirou antes de tirar o capuz de sua cabeça e o moletom que usava. Ele limpou uma lágrima que correu por seu rosto rapidamente. Não queria que ela o visse naquele estado. Mas, ela percebeu e percebeu também o quanto ele tentava reprimir o que estava sentindo na frente dela.
Por isso, antes de fazer qualquer coisa parou na frente dele, levando as duas mãos até os ombros dele. Fazendo o olhar do mesmo cair em si.
— Você sabe que pode desabafar comigo, né? Não precisa ficar se segurando pra não chorar na minha frente. — Sarah contou ao garoto que olhou novamente para baixo, enquanto tinha memórias do que tinha acontecido com ele naquele dia mais cedo.
— Eu fui um fraco. Deixei o Cobra Kai me atacar sem nem conseguir me defender. — Eli pela primeira vez desde que eles tinham se encontrado no dojô contou algo sobre o que sentia depois de tudo aquilo.
— Eli, você não foi um fraco. Eles são uns idiotas, que não pensam em ninguém apenas neles mesmos. — Sarah tentou tirar aquela ideia da cabeça dele. — Tenho certeza de que fez tudo que podia para se defender. Então, não fala que foi um fraco, porque isso não é verdade.
— Eles estavam em vantagem, tinham mais pessoas. E me pegaram totalmente desprevenido no studio. — Eli contou mais detalhes. — Eu até tentei lutar pra me defender, mas tinha todos aquele combinado entre os senseis, e não achei que resolver as coisas na luta seria a melhor decisão por causa disso.
— Você fez certo. — Sarah deu um sorriso de lado para ele. — Você quer me dizer quem fez isso com você?
Depois daquela pergunta o garoto deu um longo suspiro, e pareceu voltar para o momento em que teve seu moicano cortado. Sarah então sentiu que errou em ter feito aquela pergunta, e que não talvez não tivesse respeitado o tempo dele naquela hora.
— Se não quiser me contar agora tá tudo bem. — Sarah se corrigiu mas o garoto balançou a cabeça em sinal de negativo.
— Não... eu conto. — Eli rebateu a fala dela. — Foi o Robby Keene. Filho do sensei.
Foi inevitável Clark não sentir uma raiva imensa do garoto naquela hora. E fez uma anotação mentalmente de que não deixaria as coisas daquela forma.
Robby Keene iria se ver com ela.
— Esse idiota não cansa de fazer merda. Primeiro, empurra o Miguel e agora isso? Ele tá pedindo pra levar uma surra. — Sarah disse se descontrolando um pouco, porém, sentiu a mão de Eli segurar em seu braço enquanto bufava irritada.
— Não faz nenhuma besteira, loira. Não quero que se machuque por minha causa. — Eli pediu para ela, que ao ouvir a voz do garoto novamente se acalmou um pouco.
Ele realmente trazia uma paz para ela, que a mesma não poderia explicar com palavras.
— Tudo bem. Se você não quer, eu não vou fazer nada. Mas, quando quiser é só avisar que eu mesma vou lá e dou um soco na cara daquele idiota. — Sarah garantiu ao garoto que deu uma risada baixa.
A loira sentiu seu coração disparar ao ver aquele sorriso. Aquilo era realmente a perdição dela. E o pior é que ele nem imaginava o quanto mexia com a garota, e nem o tanto que ela o amava desde a primeira vez que tinha o visto.
— Agora vamos dar um jeito no seu cabelo. — Sarah disse e voltou para trás do garoto depois de pegar a máquina elétrica para cortar o cabelo dele que tinha deixado encima da pia.
Ele nada respondeu, mas assim que começou a cortar o cabelo dele, percebeu que o mesmo acompanhava cada movimento que ela fazia. A loira raspava os restos do moicano roxo dele, que infelizmente não tinha durado quase nada.
— Terminei. — Sarah anunciou e limpou alguns restos de cabelo que tinham ficado na camisa dele.
Eli encarou seu reflexo no espelho por alguns segundos, e respirou fundo antes de se levantar do banquinho, e se virar para ficar de frente com ela.
— Você pode dormir aqui? — Eli perguntou para a garota.
— Claro. Minha mãe vai entender que é por uma boa causa. — Sarah respondeu dando de ombros.
Os dois terminaram de arrumar a pequena bagunça que fizeram no banheiro, e depois foram até o quarto dele. Os dois estavam deitados um do lado do outro, encarando o teto branco que tinha sobre as suas cabeças.
O silêncio reinava naquele momento, mas era algo confortável. Eles apenas curtiam a companhia um do outro, e pensavam o quanto isso fazia bem para ambos.
— Sarah. — Eli a chamou sem desviar o seu olhar do teto.
— Oi. — a garota respondeu simples e se virou para encará-lo.
— Eu te amo. — Eli disse, se virando para encara-lá. E a garota pareceu paralisar por alguns segundos, raciocinando o que tinha acabado de escutar. Enquanto ele sentia um certo receio por talvez aquela hora não tivesse sido a certa para dizer aquilo.
Só que o sorriso que se formou no rosto dela entregou o quanto a garota tinha gostado de escutar aquilo de forma de repente e inesperada.
— Eu também te amo, gatinho. — Sarah virou seu corpo completamente na direção dele, que fez o mesmo também.
Eli sem pensar muito naquele momento juntou seus lábios em um selinho demorado.
— Obrigado por sempre estar comigo quando eu preciso.
No dia seguinte Sarah acordou bem cedo, já que teria que passar em sua casa antes de seguir para a aula. Não queria ter acordado Eli, mas ele percebeu ter percebido a movimentação dela ao sair da cama. E ele contou para a garota que não iria para a aula naquele dia.
Ela entendeu o lado dele. Sabia que todos já deveriam ter ficado sabendo sobre o que tinha acontecido, e ficariam olhando para o garoto de uma forma estranha.
Depois de ter passado em sua casa, e ter tomado um banho e se arrumado. A loira também aproveitou para contar para a sua mãe sobre tudo que tinha acontecido no dia anterior. A mais velha concordou que ela tinha feito certo em não deixar de apoiar os garoto naquela hora.
E naquele momento Sarah se encontrava em frente ao seu armário, enquanto pegava alguns livros que precisaria para as próximas aulas. E quando fechou a porta de seu armário deu de cara com Miguel e Demetri, que estavam parados bem na sua frente.
— Oi, Sarah. — Miguel disse dando um sorriso de lado, ela retribuiu aquilo.
— Oi. — Sarah respondeu simples.
— Como tá o Eli depois do... Ah você sabe. — Demetri perguntou sem querer se referir em voz alta sobre o que tinha acontecido para que ninguém que estivesse por perto soubesse sobre o que estavam falando.
— Ah... ele tá bem na medida do possível. Mas, achou melhor não vir pra aula pra ninguém ficar olhando pra ele com dó. — Sarah contou e forçou um sorriso. — Ele gostava muito do moicano.
— Sabemos disso muito bem. — Demetri concordou com o que a garota disse.
Um silêncio se instaurou entre os três, até Miguel puxar um outro assunto.
— A união entre os dois dojôs pelo visto acabou mesmo. — Miguel contou. — O sensei Lawrence até nos chamou para treinar em um outro lugar.
— Essa briguinha deles é completamente ridícula. — Sarah deu a sua opinião, e os outros dois garotos pareceram ter o mesmo ponto de vista.
— Desse jeito não vamos conseguir vencer nunca o Cobra Kai. — Demetri também opinou.
— O que tem o Cobra Kai? — Kiara apareceu atrás de seu namorado e também entrou na conversa que eles estavam tendo.
— Estávamos falando que sem os dois estilos de karatê juntos, agora temos menos chance de vencer o Cobra Kai. — Miguel explicou para a morena que tinha se aproximado a poucos instantes.
— Ah, vocês tem razão. Mas, os dois senseis parecem não gostarem de assumir quando estão errados por conta da rivalidade besta que eles tem há anos. — Kiara deu a sua opinião e revirou os olhos ao se lembrar da briga que eles tinha tido na noite anterior. — Ainda mais agora depois do que fizeram com o Falcão.
— Eu descobri na verdade quem exatamente fez aquilo com ele. — Sarah comentou e os três a olharam curiosos enquanto ela ainda não completava a informação.
— Fala logo, Sarah! — Kiara pediu impaciente, e então a loira olhou para os dois lados para checar que ninguém que não poderia escutar aquilo poderia estar por perto.
— Robby Keene. — Sarah contou e a outra garota abriu a boca suspresa, enquanto Miguel e Demetri também pareciam não acreditar no que tinha escutado. — A minha vontade é pegar aquele idiota e dar uma boa surra nele. Mas, o Eli disse que essa não era uma boa ideia.
— E ele tá certo. Não podemos agir igual eles, temos que mostrar que sabemos resolver nossos problemas de uma outra maneira, que não precisamos partir pra agressão. — Miguel discordou da garota que revirou os olhos.
— O Miguel tá certo. Se você fizer isso, também vai estar descumprindo o combinado entre os senseis e o Cobra Kai. — Kiara concordou com Diaz, enquanto demonstrava um pouco de preocupação com sua prima. Não queria que ela sofresse algum tipo de consequência.
Mesmo que o Cobra Kai realmente merecesse uma lição depois de tudo que andava fazemos nos últimos tempos.
— Fiquem tranquilos, não vou fazer nada. Mesmo que eu queira muito mesmo. — Sarah garantiu para seus amigos.
Foi nesse momento que o sinal tocou, avisando que começaria as primeiras aulas do dia. Enquanto Miguel e Demetri iriam para direções distintas, Sarah sabia que Kiara teria a mesma aula que ela naquele primeiro horário.
— Você vai pra aula de história também? — Sarah perguntou para a sua prima que assentiu com a cabeça.
— Te vejo mais tarde no treino? — Miguel perguntou na direção de Sarah e ela fez uma careta.
— Na verdade eu fiquei de ir pra casa do Eli depois da aula. Acho que o sensei vai entender os meus motivos. — Sarah o respondeu e Miguel pareceu entender o lado da garota.
Naquele momento a prioridade de Sarah não era o karatê, e estava longe de ser.
NOTAS.
Voltei mais rápido do que imaginava, já que consegui terminar de escrever o ato 4 também mais rápido que pensava. E agora vou soltando aos poucos todos os capítulos que tenho prontos.
Espero que tenham gostado dessa fofura que foi a Sarah totalmente preocupada e tendo muita calma no momento difícil que o Eli está passando😭😭😭
Não se esqueçam de votar e comentar, isso me incentiva muito!
Até o próximo...
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