
Capítulo 11
Avistei Luffy se levantar de trás das árvores, segurei seu braço com receio do que pretendia fazer. Ele esticou os lábios com um olhar de determinação.
— Luffy? — Perguntei, ele então retirou seu chapéu e entregou para mim, arregalei os olhos.
— Proteja meu tesouro companheira. — Ele riu e então passou por Nami, Usopp, Sanji e Zoro. — Aí bando de idiotas! Eu quero saber de quem é a bunda que eu vou chutar?!
Senti a emoção contagiando meu peito, juntei as crianças e verifiquei se todas estavam por ali, avistei Nami, Zoro e Sanji correrem atrás de Luffy.
— Usopp?
— E-eu vou ajudar você a levar essas crianças adoráveis pra um lugar seguro, vou garantir que vocês não serão seguidos por nenhum pirata. — Ele disse, notei suas pernas trêmulas e o gaguejar na voz. Usopp estava com medo, mas ao menos era corajoso o suficiente para garantir nossa saída em segurança.
— Certo!
Peguei uma das crianças pela mão e as levei em fileira de volta para a trilha, seguimos em silêncio, de repente começamos a ouvir explosões e tiros vindos da vila.
— Vai ficar tudo bem, o meu capitão vai salvar a vila de vocês, não se preocupem. — Tentei explicar, as crianças começaram a puxar-me pela ponta da camiseta. — O que foi?
Os encarei, pareciam preocupados, aflitos, aterrorizados com a ideia de perder sua vila. Me ajoelhei no chão e sorri, um deles virou a cabeça confuso.
— Nada vai acontecer com vocês.
— Eu não diria isso. — Usopp disse puxando-me pelo braço, o encarei confusa, ele apontou para frente.
— Estão ali! Peguem eles! — Dois piratas com o dobri da minha altura nos avistaram, puxaram suas espadas e correram na nossa direção.
— Por ali crianças, corram, vamos! — Apontei, Usopp disparou na frente. — E-espera!
Parei e voltei para encarar os dois piratas, senti toda a energia se espalhar pelo meu corpo. Corri na direção dos dois, desviei do primeiro golpe, me acertaram de raspão no ombro. Caí com o joelho no chão, toquei o sangue em meu ombro.
— Vai se arrepender monstro! — Um deles gritou me puxando pelo pé, o outro acertou um chute na minha coluna, gemi.
O pirata me arremessou em uma árvore, senti as forças se esvaindo de meu corpo. Os pequenos cristais na terra serravam em minhas mãos, um deles apontou sua espada na minha direção. "Proteja meu tesouro companheira" foram as palavras se Luffy, seu chapéu de palha sobre a minha cabeça me dava um objetivo, o de que eu deveria proteger e devolver à ele. Eu precisava ver aquelas crianças novamente em sua vila, voltando a sentirem segurança, eu precisava resistir.
— Ela está levantando. — Ele disse ao parceiro, arranhei os pulsos na terra, me levantei.
— Vocês não merecem... — Resmunguei, um deles riu e me encarou confuso. Toquei o meu ferimento, permaneci de pé.
— O que você disse?!
— Vocês não merecem ser piratas! Covardes! — Gritei, senti lágrimas umedecendo meu rosto.
— Olha só pra você, nem consegue ficar de pé e ainda consegue falar besteiras. — Ele disse apontando a espada agressivamente. — Já chega. Se renda criatura!
— Eu estou de pé, e eu nunca vou me render! — Gritei de volta, ele cumprimentou o companheiro com seus ombros e então os dois correram na minha direção.
Precisei pensar rapidamente, estava desarmada contra dois deles, em desvantagem... mas minhas habilidades eram meu segredo. Minha agilidade poderia surpreendê-los, e principalmente, minha eletricidade. Saltei por cima dos dois homens, acertei o primeiro com apenas um chute no meio das costas, fazendo-o voar contra as árvores. Acertei outro chute na espada do pirata, ele estremeceu e caiu no chão. Fiz com que a eletricidade percorresse meu braço pronta para acertá-lo com uma descarga, o homem levantou as mãos.
— Não. Não me mata por favor. Espera! Espera! — Implorou, parei ao analisar a seguinte reação, ele estava tão aterrorizado que sequer tinha coragem de manter sua postura.
Baixei meus braços, ele respirou aliviado, me virei. Um silêncio se instalou na floresta, a fumaça subia branca no céu indicando o fim do fogo na vila, sorri. De repente senti algo atravessar meu estômago, a espada do pirata que arremessara nas árvores.
— Nunca vire as costas para um pirata. — Ele disse por cima dos meus ombros, senti um gosto metálico na boca. Sangue.
O pirata retirou a espada e o sangue esguichou no chão, caí de joelhos. O pouco da minha jornada passou diante dos meus olhos, o pirata me chutou para o lado.
— Aberração. — Ele cuspiu, tentei levantar mas a dor era latejante em minha cintura.
— Vamos ajudar os outros. Perdemos muito tempo aqui. — Seu parceiro disse, em partes ainda com receio.
Deitei a cabeça na terra e olhei para o céu azul acima de mim, apoiei o cotovelo no chão e me forcei a ficar de pé, senti minhas pernas estremecerem.
— E-ela. — Seu parceiro estremeceu.
— Quanta força de vontade.
— Eu. Nunca. Vou. Desistir. — Disse caminhando na sua direção a cada palavra que dissera com esforço. — Eu vou lutar até a morte!
Gritei, ele rangiu os dentes e partiu para cima, seu companheiro correu para a mata já sabendo pelo que esperar. Descarreguei apenas uma rajada de eletricidade, foi o suficiente para tostar a pele do pirata e deixar seus cabelos arrepiados. Ele então caiu de joelhos, e deitou-se de cara no chão, os dedos de uma das mãos ainda com pequenos tics.
Cuspi sangue, quando me virei Usopp e as crianças estavam olhando boquiabertos, sorri tentando mantê-los calmos. Não consegui me conter e despenquei no chão.
— Minnie! — Usopp correu, as crianças vieram logo depois.
Pisquei algumas vezes, meu corpo estava pesado e o sangue continuava escorrendo. Usopp usou as mãos para tentar conter o sangramento.
— A-ah! Fica acordada! Olha pra mim! — Ele disse tentando improvisar, tirei o chapéu de Luffy e entreguei para Usopp, minha mão caiu ao lado. — N-não! Minnie! O-o que eu faço?! O que eu faço?!
Uma das crianças, com chifres de touro e patas de coelho tocou seu ombro. Usopp o encarou tentando segurar o choro, a criança apontou para o meu corpo e então o puxou. Usopp me pegou em seus braços e me carregou o mais rápido que podia pela mata até finalmente chegar ao pequeno acampamento.
Outros seres, agora maiores, se reuniram em volta do meu corpo. Um deles, o maior e mais sério me pegou e me levou até uma das tendas. Lá, ele começou a fazer os curativos com folhas e ervas, Usopp se afastou ainda segurando o chapéu de palha. Ele logo percebeu a mensagem que queria passar, Luffy, eu queria que ele encontrasse Luffy.
Determinado a enfrentar quaisquer perigos para passar a mensagem, Usopp correu pela trilha até a vila. Lá, encontrou um bando de piratas atordoados e o bando reunido perto de um poço no centro. Sanji estava surrado com alguns cortes no rosto e o cigarro na boca, Zoro estava guardando suas espadas enquanto Nami analisava algo em seu ombro. Luffy estava de costas, ele se virou com um sorriso no rosto, que logo foi coberto por apreensão. Ele notou o chapéu em uma das mãos e o sangue espalhado pelo peito de Usopp.
— Minnie. — Nami disse, todos trocaram olhares aflitos.
Usopp caminhou seriamente até Luffy, e então o entregou o chapéu. Os dois trocaram olhares, Luffy sentiu-se esperançoso, e então Usopp os levou até o acampamento. Quando chegaram, já ofegantes de tanto correr, os cinco foram até a tenda. Luffy apenas me encarou, sem palavras ao me ver pálida, com os lábios secos e curativos na região da cintura.
— Você fugiu?! — Luffy ouviu Zoro gritar com Usopp. — Por que só ela está ferida?!
— E-eu precisava levar as crianças pra u-um lugar seguro.
— Mentiroso! — Zoro chutou seu pé, Usopp pulou.
— Ei! Eu salvei ela! — Ele retrucou, Zoro apontou para a tenda.
— Aquilo é salvar pra você?!
— Zoro, já chega. — Nami pediu, Zoro a encarou irritado. — O Usopp fez certo.
Luffy se reuniu com o bando, os quatro o encararam esperando alguma resposta. Ele colocou as mãos na cintura, mesmo parecendo aflito, esticou os lábios.
— Ela vai melhorar. Nossos amigos da vila vão salvá-la. — Disse tentando pensar positivo, Zoro soltou um ar incrédulo e saiu pisoteando o chão.
O dia finalmente se tornou noite, os seres híbridos fizeram outro cozido e uma festa em comemoração pela liberdade. Agora, com todos reunidos, até mesmo os seres que havia sido levados pelos piratas, todos libertos e prontos para voltar para sua vila.
Quando abri os olhos, senti meu estômago roncar junto do aroma do cozido entrando em minha tenda. Levantei com dificuldade, meu corpo ainda estava fraco. Perambulei para fora, haviam vários dos nossos novos amigos festejando, alegres, dançando, comemorando. Sorri mesmo ainda com dor, naquele momento entendi que havíamos vencido mais uma vez.
— Isso precisa de rabanete, alho, um pouco de páprica. — Sanji dizia mexendo o cozido, enquanto outro ser híbrido discutia com ele fazendo alguns grunhidos.
— O cheiro está muito bom. — Eu disse segurando o ferimento, Usopp pulou de onde estava, Sanji sorriu e Nami sorriram. Luffy levantou-se e caminhou até mim, congelei naquele mesmo instante.
Ele me encarou nos olhos, com um sorriso no rosto, e então virou de costas e se abaixou. Franzi o cenho, o resto do bando esboçou sorrisos sinceros.
— Vamos suba, você ganhou. — Ele disse, senti meu olhar iluminar-se, pulei nas suas costas com toda a vontade abraçando seus ombros.
— Cuidado! — Nami alertou, Sanji começou a rir.
Juntei nossos rostos, Luffy sorriu e então levantou rapidamente, segurei com mais firmeza.
— Vamos crianças! Comigo! — Ele gritou me carregando em volta da fogueira, as crianças correram para nos seguir. — AaaaaAAaaa Minnie ta de voltaAaaAa, ela é nossa companheirAaaaAaa e ninguém pode com elaAaaaAaaAA.
Nami começou a rir, o resto do bando logo riu junto da canção mal elaborada e completamente sem ritmo de Luffy. Minutos depois finalmente nos sentamos, Sanji me entregou uma tigela com cozido, comi a primeira rapidamente, logo depois a segunda em minutos.
— Obrigado por cuidar do meu tesouro companheira. — Luffy disse, parei de comer e o encarei.
— E-eu o entreguei para o Usopp... — Encarei o chão, Luffy tocou meu ombro.
— Eu sei. Mas não deixou de cuidar dele. Então eu perdoo você. — Ele deu de ombros, corei.
— Você me... perdoa?
— Mas não vou te perdoar se fizer aquilo outra vez. Vamos lutar juntos. Somos um bando. — Apontou, senti meu rosto avermelhar.
— Luffy...
— Você é minha companheira. — Ele disse, senti segurança em suas palavras, como nunca havia sentido em toda a minha vida.
— Vocês me enjoam. — Zoro resmungou ao meu lado, saltei e o abracei.
— Zorinho! — O abracei com firmeza, ele sequer se moveu, em partes com receio de abrir meus curativos.
— Devia descansar.
— Já estou melhor. — Afirmei, ele franziu o cenho, olhei em volta.
— Então já podemos ir.
— Na verdade eu queria fazer algo antes de irmos. — Juntei as mãos e pedi, Zoro e Luffy trocaram olhares.
*
Levamos o povo dos híbridos até a vila, agora desabitada, eles voltaram para casa emocionados, felizes, gritando e comemorando. As crianças corriam pela estrada de terra relembrando de quando costumavam morar ali, senti meus olhos marejados em alegria, não havia sensação melhor do que aquela proporcionada pela volta ao lar.
— Está chorando? — Nami perguntou ao meu lado, limpei o rosto rapidamente.
— Eu não.
— Sei. — Ela disse e cruzou os braços, limpei o rosto antes que qualquer lágrima pudesse escorrer.
— Pronta companheira? — Luffy perguntou ao meu lado, segurei seu braço.
— Claro Luffyzinho! — O puxei para baixo, ele sorriu.
Voltamos para o Going Merry, parecia que não o víamos fazia uma eternidade, com a diferença de um dia. Quando pisei no deck novamente, lembrei-me da sensação que tive enquanto lutava com os piratas, a sensação de que não voltaria a pisar naquele navio... uma sensação que nunca mais gostaria de sentir.
Assim, o Going Merry partiu da ilha misteriosa com seres híbridos nada malvados, e assim, nossa entrada na Grand Line se iniciou. A sensação era de que algo mais estava por vir, algo que iria mudar as vidas do bando do Chapéu de Palha. Luffy parecia mais confiante do que nunca, e eu, apoiada na borda do navio, voltava a apreciar as ondas do mar e o sopro da brisa revigorante em meus cabelos.
De um lado estava Zoro treinando para se tornar o melhor espadachim do mundo, do outro estava Usopp treinando com seu estilingue. Nami controlava o manche enquanto analisava o mapa para o One Piece, e Luffy estava sentado sobre o detalhe de cabra na frente do navio. Não preciso mencionar Sanji, o aroma de uma sobremesa deliciosa saindo do forno vinha direto da nossa cozinha de dentro do navio. Estiquei os lábios e fechei os olhos diante do raio de Sol.
Aquela sensação.
Aquele bando...
Era tudo que eu precisava.
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