Capítulo 9. Lar
Em algum momento na sua vida, você acaba se tornando quem dita suas próprias regras. Shibuya era a minha torre, e que eu precisava apenas escapar dela para me tornar livre. Ao menos era o que pensava, e por isso consegui viver tão bem longe do lugar no qual cresci.
- Cara, você prefere peito ou bunda?
- Que papo é esse? Óbvio que prefiro peito, quem não gosta de uns melões?
- Vocês são nojentos.
- Aí, a professora chegou idiotas.
- Droga.
- Vocês tem sorte que uma conversa com os pais de vocês é entediante. - Coloquei meus livros de cálculo ao meu lado sobre a mesa, e me sentei em cima dela. - Deve ser divertido objetificar uma mulher, já que pra vocês é uma realidade difícil de alcançar.
- Não senhora, a gente só tava falando das qualidades.
- É óbvio. - Um cumprimentou o outro, baixei a cabeça e ajeitei meu óculos.
- Deixa eu ver suas qualidades Yamada. - Peguei um bloco de folhas de dentro da gaveta e o analisei. - Você tem um Qi médio, se esforça o mínimo, e não tem nota o suficiente pra estar no time de futebol. Acho que alguém aqui vai sair do time.
- Desculpa professora Zenin.
- Peça desculpas aos seus pais. - Me levantei e fui até o quadro, ouvi algumas risadas no fundo da sala. - Bom, vamos começar a aula.
Ouvi um celular vibrar atrás de mim, continuei rabiscando no quadro em completo silêncio. Ele não parava de notificar repetidas mensagens, era difícil de me concentrar, acabei rabiscando algumas rasuras.
- Desliguem os celulares. - Me virei, ninguém me respondeu, um dos alunos apontou para a minha mesa.
- Acho que é o seu celular professora. - Ele disse, cocei a garganta e fui até a mesa, peguei meu celular.
Haviam diversas mensagens de um número desconhecido, o mesmo me ligou assim que peguei meu telefone. Pedi um minuto para a turma e deixei a sala preocupada com o que poderia ser.
- Zenin falando.
- Quanto tempo, pensei que não ia atender. - A voz não me era estranha, senti um desconforto em minhas costas.
- Nanami. O que foi?
- Você já deve ter visto as mensagens, estou ligando a pedido da escola Jujutsu. - O nome me fez arrepiar a espinha, engoli em seco. - O diretor está convocando todos para ajudar em Shibuya.
- Vocês já têm toda a ajuda que precisam. - Respondi de forma ríspida, ele suspirou.
- Não sei se entendeu, é um pedido direto do conselho. - Ele retrucou, senti tensão se espalhar pelo meu corpo. Me virei para a porta e avistei meus alunos concentrados estudando o conteúdo que havia recém escrito no quadro. - Se não se juntar a nós, só nos sobrará alunos, e eles são crianças, não estão prontos.
- Eu sei. Eu sei. - Me virei de volta analisando as possibilidades, torci o nariz. - Me dá um tempo, eu te retorno.
- Não demora, não estamos com muito tempo.
- Ta. - Desliguei, voltei a classe atraindo olhares curiosos. Fui até a mesa e me apoiei, comecei a guardar meu material.
- Vamos encerrar por aqui. Estão liberados, estudem para a prova da semana que vem. - Pedi, a turma se movimentou rapidamente para guardar seus materiais.
- Está tudo bem professora Zenin? - Uma das alunas me perguntou, afirmei sem hesitar.
- Claro. Tudo bem, não se preocupe.
Os alunos começaram a sair um por um, peguei meu material e deixei a sala. Fui até o meu carro e dirigi até em casa pensando na ideia de voltar à Shibuya. Saiba que em algum momento, aquele lugar daria um jeito de me chamar de volta, e estava acontecendo. A vida de inocentes estava em minhas mãos novamente.
Nanami entendeu o que quis dizer quando me referi a "toda a ajuda", e com sua resposta, significa que nem mesmo Satoru Gojo seria capaz de lidar sozinho com o mal que estava por vir. Enquanto preparava minhas bagagens, me perguntava se Satoru sabia da minha volta, se ele ao menos sabia que eu havia deixado Shibuya. Não estava ansiosa só para vê-lo, estava ansiosa pelo reencontro... depois de Geto... depois das mudanças e dos afastamentos.
Peguei o primeiro avião para Shibuya. O clima estava estranho, acinzentado e escurecido, como um vulcão acordando de seus anos inativo. Ao pisar os pés em casa novamente, senti calafrios por todo o meu corpo, a sensação era diferente de qualquer coisa já imaginada. Um carro preto veio até o aeroporto e parou perto do avião, juntei minhas malas e suspirei.
- Vocês cresceram. - Olhei para Maki e Mai, elas estavam mais altas e amadurecidas. Mai tinha o corte de cabelo semelhante ao meu e Maki usava os óculos com a intenção de ver as maldições, mas ambas tinham traços que puxavam ao meu, o que acabou me chamando a atenção. - Venham aqui pestinhas.
- Orie. - Mai se aproximou e me abraçou, puxei Maki pelo braço juntando ambas em um só abraço. - Sentimos sua falta.
- Eu sei. Também senti. - Me afastei, elas me ajudaram a pegar minhas malas.
- Como está a escola? - Maki perguntou, Mai virou-se para mim surpresa.
- Então você finalmente virou professora? - Ela me perguntou, entramos em um táxi que partiu direto para a academia.
Era mais difícil manter contato com Mai, ela sempre esteve distante, se ocupando com os afazeres da família em Shibuya.
- Eu estou na sede da Coreia. Como uma feiticeira de cargo superior, obtive tempo para lecionar em algumas escolas e seguir alguns hobbies pessoais.
- Cálculo eu imagino. - Maki acrescentou, afirmei orgulhosa. - Sempre muito inteligente.
- Obrigada irmãzinha.
- Mas, então te chamaram mesmo pra cá... direto para o inferno. - Mai cruzou os braços e se encostou no lugar, as encarei.
- Sim, vocês tem alguma ideia da situação toda?
- Um feiticeiro reuniu algumas maldições, ele tem um plano para atacar vários civis. É tudo que sabemos, não sabemos quando nem onde.
- Também vazou informação de que existe um espião na academia, passando todas as nossos informações para ele. Ainda não sabemos quem é.
- Entendi. Então eu cheguei cedo. - Me virei para frente e relaxei os ombros, elas trocaram olhares.
- O que vai fazer quando chegar lá?
- Encontrar seus superiores e receber o resto da informação. - Peguei meu celular e mandei mensagem para Nanami, avisei que estava a caminho. Ele apenas visualizou. - Tem mais alguma coisa que querem me contar?
- Tem um garoto, Yuji Itadori, ele é o hospedeiro do Sukuna. Mas está do nosso lado. - Maki explicou, senti um arrepio na espinha.
- Ryomen Sukuna? Do nosso lado?! - Quase saltei no lugar, Mai suspirou.
- É o que dizem.
- Estamos falando do mesmo demônio de nível especial que tem poder para acabar com o mundo que conhecemos? - Perguntei, elas afirmaram, senti um arrepio na espinha. - E ele é um adolescente.
- É.
- Isso é loucura.
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