Capítulo 28. Verme
Quando Hanami abriu os olhos, os olhos de Gojo quase saltaram para fora do rosto. Ele tocou o próprio queixo, e então me observou ninar minha filha novamente.
— Tudo bem, volte a dormir. — Resmunguei, ele juntou as mãos educadamente e virou para mim.
— Vou lhe fazer uma sugestão. — Gojo me disse, recuei enquanto balançava gentilmente minha filha. — Venha comigo e eu vou garantir a sua segurança, e a da minha neta.
— Eu tenho escolha? — Retruquei, ele suspirou.
— O verme em seu corpo tem inúmeras formas de ser rastreado. Uma delas, é através da sua visão. — Apontou, franzi o cenho e olhei para a minha filha. — Aquele monstro está assistindo tudo que você consegue ver e tocar neste exato momento.
— O-o que?
— Portanto, daremos um jeito de lidar com esse inseto rastreador. — Gojo sugeriu, hesitei novamente, ele notou. — Não existe vantagens para nós, só para vocês.
— O que quer dizer?
— Que se eu estivesse pensando em tirar vantagem da esposa do meu filho e sua criança, não haveria diálogo. — Ele disse, olhei para minha filha novamente. — Não haverá luta, você decide.
— Tem alguma condição?
— Não me importa o nome que escolheu, peço que a criança tenha o sobrenome Gojo.
— É claro. — Soltei um riso frouxo. — Ele não estava errado afinal.
— O seu pai tem muitos sucessores para continuar com o clã Zenin, mas nós temos apenas Satoru. Hanami nos daria esperança de que o clã Gojo continuará com sua linhagem. — Explicou. Olhando diretamente em seus olhos, não conseguia dizer se estava mentindo ou não, ou se seus motivos eram unicamente estes.
— Quer que minha filha se responsabilize pelos problemas da sua família? — Apontei, ele sorriu e baixou a cabeça.
— Somos todos uma família agora. Quando se casar, também terá o sobrenome Gojo.
— Vou avisar a Mai.
— Eu... — Ele chamou minha atenção. — Prefiro que seja só você e a minha neta.
Meu pai estava certo, o clã Gojo ao qual eu passei a admirar não era tão diferente de nós... não importa se o mundo estivesse em risco, a rivalidade com clã Zenin era como uma equação matemática.
Não importa o tempo que levaria tentando resolver, sem encontrar a incógnita, seria quase impossível chegar ao resultante. Portanro naquele momento, meu único caminho era me tornar esta expressão. Me juntar ao clã Gojo e garantir a segurança da minha filha.
— Eu não tenho muita escolha então. — Concordei, ele afirmou e me guiou até a porta.
— Estará em boas mãos.
— Eu espero que sim. — O respondi. Ao sair, encontrei-me com Mei Mei novamente.
— E então?
— Vamos embora. — A respondi, ela olhou para Gojo e afirmou.
— Foi divertido Zenin.
— É melhor ficar de olho na Mai por mim. — Ameacei, Mei riu e levantou as mãos em rendição.
— Vou cobrar extra por isso.
— Sabe, um dia todo esse dinheiro não vai valer de nada. — Retruquei, ela não expressou reação.
— É porque já valeu, queridinha. — O apelido me fez retirar os olhos, dei as costas e acompanhei Gojo.
Deixamos a escola, ele me levou até o mesmo carro em que Mei Mei me trouxe do aeroporto. Eu já devia saber.
Gojo abriu a porta, entrei e coloquei minha filha na cadeirinha em que veio. Enquanto colocava o cinto, ouvia Gojo falar.
— Me diga Zenin, você já ouviu falar do Rikugan? — Gojo me perguntou tirando uma garrafa do que parecia ser chá, enquanto me observava ajeitar minha filha ele nos servia uma pequena xícara com o líquido quente. Hanami dormia feito um anjo, sem nem perceber o que estava acontecendo à sua volta... eu a invejava.
— A técnica dos seis olhos. — Peguei a xícara e o agradeci com a cabeça, ele afirmou e olhou pela janela.
— É uma técnica herdada pelo clã Gojo. Os seis olhos permitem um excelente domínio e manipulação da energia amaldiçoada. — Explicou, o motorista nos olhou pelo espelho retrovisor. — Só de olhar para ela, notei o poder que herdou de Satoru.
— Está dizendo que...
— Hanami possui o Rikugan, assim como Satoru. — Ele disse, arregalei os olhos. — Sua existência trará o manifesto de forças sombrias nas quais somente ela será capaz de enfrentar.
— Minha filha n-não vai... ela não vai. — Segurei minha cabeça, senti meu corpo formigar. — Ela não vai.
— Eu pretendo garantir que ela seja ensinada desde cedo, não se preocupe. Como prometi, vou mantê-las seguras.
— Seu... velho. Maldito. — Tentei manter meus olhos abertos, mas minhas pálpebras começaram a pesar, acabei adormecendo.
*
Quando acordei, senti meu pulso amarrado e uma faixa cobria meus olhos. Não sabia exatamente onde estava, mas não estava sozinha.
— Que merda é essa?! — Tentei me soltar, olhei em volta mas estava escuro demais para ver através da faixa. — Onde está a minha filha?! Quando eu me soltar, vou acabar com todos vocês!
— Ela está segura, e você também vai estar. Precisa confiar em mim, Zenin. — Ele pediu, tentei me soltar mais uma vez, balancei as mãos.
— Segura? Então me manter refém é me manter segura?! — Bati as mãos em minhas coxas, ele andou pelo cômodo.
— Vou te soltar quando entender. — Me disse, e parou.
— Entender o quê?! Seu maníaco filho da puta! — Gritei, bati mais uma vez. Notei que não eram amarras, pareciam algemas especiais. Provavelmente um objeto amaldiçoado que não me permitia usar minha energia.
— O verme rastreador dentro de você está usando seus sentidos para encontrá-la, sua visão, sua mente.
— O que você quer dizer?!
— Que enquanto você não souber onde está, sua filha estará segura. — Ele explicou, relaxei os ombros e parei de lutar. — Então preciso que não tire suas vendas, por enquanto.
— Isso significa que terei que ficar aqui? Eu quero vê-la. Quero ver a minha filha. Agora! — Estendi as mãos, ele torceu os lábios.
— Você verá ela. Mas preciso garantir que estará pronta.
— Pronta para o quê?! — Gritei, inquieta. Meu corpo ansiava para vê-la novamente.
— Se você a ver, significa que ele também verá. Quer mesmo que aquele monstro veja sua filha?
— Quer que eu use isso? — Me referi a faixa, ele afirmou.
— Você será treinada, vai reaprender a usar seus sentidos sem ver. Até encontrarmos uma forma de retirar este verme.
— Então, o que eu faço?
— Estenda as mãos. — Pediu, estiquei as mãos, senti as algemas se abrindo e as ouvi caindo no chão. Massageei os pulsos, estavam um tanto doloridos. Toquei a faixa em meu rosto. — Agora, eu vou sair e você vai procurar pela sua filha.
— O-o que?
— Ela está segura, você vai encontrá-la.
— Então é isso? Vai apenas sair? Eu poderia remover a faixa... — Sugeri, ele riu.
— Acho que já notou que essas algemas são amaldiçoadas não notou? Esta faixa, também é um objeto amaldiçoado. Se tentar retirá-la, ela vai apertar a sua cabeça até o seu cérebro escorrer pelos seus ouvidos. — Explicou, senti meu coração disparar.
— Mas que... merda doentia.
Ouvi a porta bater, um silêncio se instalou no cômodo. Notei que já estava sozinha, abri os braços e tentei alcançar qualquer coisa. Andei pela vasta escuridão diante dos meus olhos, bati em algo, parecia uma mesa de escritório. Havia uma pequena gaveta, a abri, havia apenas alguns lápis, folhas, nada que me fosse útil naquele momento.
Fechei a gaveta e me virei para o lado oposto, andei reto até bater de cara na porta de madeira bem na minha frente. Procurei pela maçaneta com minhas mãos, encontrei duas maçanetas arredondadas de metal. Abri a porta, e passei por ela cuidadosamente, tropecei nos degraus e caí de cara no chão lamacento.
— Merda. — Resmunguei, senti o chão do que parecia ser o lado de fora. Gotas de chuva fina começaram a cair, ouvi os galhos e folhas das árvores balançando com o sopro da brisa fria. — Não estamos em Shibuya. Mas ele disse para não pensar muito, então só preciso procurar por ela.
Não será muito difícil, ela esteve dentro de mim por um longo tempo. Então a sua energia é familiar, posso sentir...
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