Capítulo 10. Zenin
Os tempos realmente mudaram, e os feiticeiros acabaram se flexibilizando mais que o normal. Manter Ryomen Sukuna dentro da barreira da academia Jujutsu nunca foi algo possível para mim, se tornou algo inimaginável, algo incoerente.
— Encontro vocês depois. — Afirmei, minhas irmãs concordaram. Segui pelos corredores densos da academia sentindo-me uma adolescente outra vez. Parece que foi ontem que caminhava com Shoko, Geto e Gojo pelos corredores.
— Você chegou. — Nanami me encontrou na porta da sala do diretor, ele estava com o celular em uma das mãos. Estiquei os lábios e o cumprimentei.
— Estão todos aí? — Fui até a porta, ele afirmou.
— Quem diria que o fim do mundo te traria de volta a Shibuya.
— Não seja por isso... — Brinquei, abri a porta e entrei, o direto parou o que estava falando.
— Zenin.
— Diretor. — O cumprimentei com a cabeça. De um lado estavam Shoko, Meimei, Utahime. Alguns alunos, Aoi Todo, alguém no qual presumi ser Itadori, e Panda.
Bem no centro de costas para mim, estava Satoru Gojo, o mesmo de sempre, com o triplo do meu tamanho. Ele tentou não demonstrar surpresa, mas a situação toda era um choque.
— Zenin. — Ele disse, cruzei os braços, Shoko e Meimei sorriram, já Utahime arregalou os olhos. — Pensei que estivesse morta.
— Não seja idiota, Zenin foi uma peça importante para a sede pelos últimos anos.
— Como eu não soube de nada? — Gojo virou-se para o diretor, ele deu de ombros.
— Seus objetivos estavam todos em Shibuya, você não tinha olhos para outros lugares.
— Nem se tivesse. — Dei um passo à frente e me pronunciei, Shoko riu e deu dois tapinhas em minhas costas.
— É bom te ver irmã.
— Eu não tô entendendo, quem é ela? O que ela tem a ver com os Zenin? — Itadori perguntou, Panda se inclinou para perto.
— É a ex do Sensei. — Sussurrou, Gojo virou as costas e saiu.
— Bom, eu não tenho mais nada pra discutir. — Ele disse, Itadori o seguiu, baixei cabeça.
Gojo com certeza não faria uma discussão maior, ele ainda estava processando o que acabara de ver. Mas foi uma surpresa não começar a gritar e criar uma situação desconfortável.
— Boa sorte com Satoru. — Meimei riu e deixou a sala, todos os outros saíram logo depois. Nanami entrou e fechou a porta atrás dele.
— Você causou uma impressão e tanto.
— Eu não esperava menos.
— Zenin, terão que se entender até o evento beneficente do governo. — O diretor disse, franzi o cenho. — Vocês não podem ter conflitos. Precisamos dos dois para chegar até o deputado, e garantir nosso apoio caso algo saía do nosso controle.
— Do que está falando? — Olhei para Nanami, ele coçou a garganta.
— Os Gojo tem forte engajamento no governo, e a Sede quer você lá para passar as informações.
— Também existe a chance de uma das maldições se infiltrar no evento e tentar atacar o deputado, nós precisamos que você vá e garanta sua segurança. — Ele disse, afirmei, mesmo sem a menor vontade. — Dito isso, discutimos todas as situações possíveis. Nanami vai te deixar por dentro de tudo que tratamos aqui hoje.
— Entendi senhor.
*
Não vi Gojo pelo resto do dia, ele obviamente iria optar por distância depois de todos os acontecimentos que o fiz passar. Eu sinceramente não o julgava, mas o que aconteceu, foi há anos atrás. Talvez fosse hora dele superar.
Recebi uma mensagem de Meimei avisando ter deixado um "presentinho" no meu quarto, um vestido, para usar no evento do governo. Um vestido de cetim na cor verde escuro, com decote oval e um decote na coxa esquerda. Seu caimento era perfeito em meu corpo, realçando minhas curvas de modo que só uma mulher poderia escolher.
— Quanto foi? — Perguntei a ela no telefone, Mei riu.
— Mando a conta pra você, mas faça meu dinheiro valer. — Ela disse, suspirei e ajeitei o tecido em meu corpo. — Contatei um motorista especial pra você.
— O que?
— Me agradeça depois.
— Mei? O que? — Encarei a tela, "fim da ligação", franzi o cenho e esperei.
Me preparei, passei mais algumas boas horas lendo documentos, entendendo toda a situação de Yuji Itadori, e dos novos alunos. Nobara e Megumi, Megumi particularmente, um Zenin, eu já o conhecia por nome. Já estava tarde, saí pela porta e desci pelo elevador me perguntando do que Meimei estava falando. Ao chegar no lobby, olhei em volta e então verifiquei a hora em um telão.
— Já era hora. — Ele disse, me virei, ele fingiu não me analisar da cabeça aos pés. Ele estava muito bem vestido formalmente de terno e gravata, esse tipo de roupa sempre lhe caiu bem.
— Satoru. Sinto muito por isso. — Me virei, saímos juntos do hotel, ele abriu a porta e me esperou entrar.
— Pelo atraso?
O encarei, ele riu e entrou, fiz o mesmo e coloquei o cinto. Gojo dirigiu até o evento, no percurso, me senti levemente incomodada pelo silêncio, comecei a me perguntar o que ele estava pensando de mim.
— Se quiser me perguntar qualquer coisa, posso te responder. — Expliquei, ele riu e não desviou os olhos da estrada.
— Eu to de boa.
Agora fui eu quem sorriu, ao notar que ele ainda era o mesmo. Que ainda fazia birras como um jovem adolescente mimado.
— O que tem feito desde que.
— Tentando ser melhor para os meus alunos. Tentando não deixar que tenham responsabilidades nas quais não merecem na idade que estão. — Ele me cortou com seriedade, senti um frio no estômago, lembrei-me da nossa situação anos atrás.
— Que... atencioso.
Ele riu debochado, cruzei os braços e permaneci no lugar até finalmente chegarmos. Gojo saiu do carro e abriu a porta para mim, em seguida entregou as chaves à um dos funcionários do evento. Ele estendeu o braço e desviou o olhar, o encarei.
— É minha acompanhante hoje.
— Deve estar adorando isso. — Resmunguei, ele não expressou reação.
— É você quem deveria gostar.
— Por quê?
Ele não respondeu, entramos no evento, logo fomos recebidos com vários olhares. Me encolhi no lugar, Satoru por outro lado, continuou com a mesma postura.
— Satoru Gojo. Bem-vindo. — Um dos deputados convidados veio logo lhe cumprimentar, ele o cumprimentou de volta. — Vejo que não veio sozinho desta vez.
— É sempre bom elevar meus padrões com uma boa companhia. — Ele disse, tentei não demonstrar surpresa, mas estava chocada com sua postura repentina. — Essa é Kaori Zenin, filha mais velha da casa Zenin e... sucessora da família.
O cumprimentei com a cabeça, ele me analisou da cabeça aos pés e então estendeu a mão. Gojo o cumprimentou com um aperto de mão por mim, franzi o cenho.
— É um prazer senhorita, não sabia que o clã Zenin tinha uma sucessora tão... elegante.
— A senhorita Zenin veio do exterior pra resolver algumas situações, ela tem interesse em- — Antes de Gojo completar, me desvinculei e o cumprimentei.
— Se o senhor tiver interesse em compartilhar seus conhecimentos comigo, gostaria de oferecer-lhe algumas propostas. — Afirmei, ele sorriu.
— Claro, podemos conversar depois do evento.
— Obrigada. — Afirmei, assim que ele saiu, fiquei esperando alguma resposta de Gojo.
— Já ouviu falar na cartada surpresa? É bem comum quando lançamos um blefe, e seu adversário não tem ideia do que vai acontecer. — Gojo disse, suspirei, ele continuou. — Pois é. Assim vai entregar todos os nossos planos nas mãos de um deputado qualquer.
— Me desculpe se ninguém me contou sobre o plano. — O soltei, ele me seguiu. — Estava improvisando.
— Claro que estava. — Ele respondeu debochado e nada surpreso, me virei irritada.
— O que quer dizer?
— Que você. Zenin. Não mudou nada.
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